© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
POR LUSA 26/07/23
O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, sublinhou hoje que o país é de paz e defende a soberania dos Estados e explicou que não vai participar na Cimeira Rússia/África em "sinal de protesto" contra a guerra na Ucrânia.
"Cabo Verde não participou, digamos, em sinal de protesto por esta situação difícil por que passa a humanidade, sobretudo por causa desta guerra na Ucrânia", respondeu o chefe de Estado, ao ser questionado por jornalistas à margem de um evento em Santa Catarina, na ilha de Santiago.
A cimeira Rússia/África tem confirmada a presença apenas de dois chefes de estado lusófonos (Moçambique e Guiné-Bissau) e Cabo Verde não envia representação à cimeira que junta a Rússia e os países africanos.
"É um sinal que Cabo Verde dá, porque Cabo Verde é um país de paz, que quer que os conflitos sejam resolvidos de forma pacífica, de forma negociada, e respeitamos a integridade territorial dos países e achamos que esta guerra não faz sentido [...], e que devemos criar todas as condições para que haja diálogo entre as partes e que haja uma solução negociada deste conflito", afirmou.
José Maria Neves lembrou que, desde o primeiro momento, o país condenou de forma veemente a invasão da Ucrânia pela Rússia, reforçando que Cabo Verde defende a soberania dos Estados e a integridade territorial de todos os Estados e condena qualquer intervenção.
De manhã, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, justificou a ausência do país da cimeira, que decorre esta semana em São Petersburgo, para não ter nenhuma ação que possa ser interpretada como apoio à invasão da Rússia à Ucrânia.
"Nós somos e fomos coerentes desde o primeiro momento, nós condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia nos fóruns próprios a nível das resoluções da Nações Unidas e continuamos com a mesma opção de até esta guerra terminar não termos nenhuma ação que possa ser interpretada como apoio a esta invasão", explicou.
De acordo com a recolha feita pela agência Lusa junto dos países lusófonos, a Guiné-Bissau e Moçambique estarão representados ao mais alto nível, com os Presidentes Umaro Sissoco Embaló e Filipe Nyusi, respetivamente, enquanto Angola enviou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Téte António, e São Tomé e Príncipe estará representado pelo embaixador em Lisboa, que está também acreditado em Moscovo.
O evento deverá ser marcado não só pela invasão da Ucrânia, mas também pela questão do acesso aos cereais russos e ucranianos (cujas vendas a África foram dificultadas ou mesmo suspensas devido à guerra), a presença do grupo paramilitar Wagner em vários países africanos, e a venda de armamento.
Na semana passada, o Presidente da Guiné-Bissau afirmou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está preocupada com a presença de mercenários do grupo russo Wagner na região, nomeadamente no Mali.
Para além dos presidentes de Moçambique e da Guiné-Bissau, estarão também presentes na cimeira os presidentes da África do Sul e do Egito; o vice-presidente da Nigéria, Kashim Shettima, e os primeiros-ministros de Marrocos, Aziz Ajanuch, e da Argélia, Aimen Benabderrahmane.
De acordo com a agência russa de notícias, a TASS, Putin terá reuniões individuais com os presidentes das Comoros, Moçambique, Burundi, Zimbabué, Uganda e Eritreia.
O Presidente russo receberá entre quinta e sexta-feira os representantes de 49 dos 54 países africanos, incluindo 17 chefes de Estado, depois de criticar aquilo que chamou de "pressões sem precedentes" por parte dos Estados Unidos e da França para os países africanos não participaram.
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