sábado, 17 de março de 2018

Máfia em família

Bardadi i Malgueta
A Verdade é como Malagueta. Arde!


A foto é de Naka Gnassingbé de Souza, irmã de Faure Gnassingbé e mulher de Marcel de Souza, literalmente chamada aqui (com provas) de "cocufiée" (cornuda).

Marcel de Souza é um mentiroso compulsivo.
Lomé, meados de Outubro do ano passado.

Faure Gnassingbé, que se apoderou do poder em 2005 por meio de um banho de sangue, estava entrincheirado no seu palácio e remetido a um absoluto mutismo, perante manifestações populares por todo o país, que exigiam o seu abandono imediato da Presidência do Togo, país dominado pela sua família há cinquenta anos. Sem outras soluções, ordena uma repressão militar cega. Os testemunhos das exacções cometidas e as imagens das barbaridades cometidas contra a população correram o mundo.

Segundo o jornal L'Alternative, para tentar romper o isolamento, aproveitou uma fugaz acalmia da situação para se deslocar a Conacri, "para se encontrar com Alpha Condé, presidente em exercício da União Africana, que também alimenta veleidades de alteração da constituição do seu país, para poder candidatar-se a um terceiro mandato. (...) deslocando-se precipitadamente a Conacri para visitar Alpha Condé, que sofre da mesma bulimia do poder, Faure Gnassingbé procurava um aliado de peso, com quem pudesse contar na sua sistemática recusa em abandonar o poder. (...) 

A viagem a Conacri torna-se ainda mais intrigante quando se descobre que a bordo do avião viajava um passageiro clandestino, na pessoa do seu cunhado Marcel de Souza, presidente da Comissão da CEDEAO. A CEDEAO parece ter-se tornado no estabelecimento comercial de "Gnassingbé & Aliados". De que outra forma se pode compreender que o Presidente da CEDEAO, contestado no seu país pelas populações, embarque no seu avião o Presidente da Comissão da mesma instituição, que por acaso até é seu cunhado, para irem discutir as ameaças pesando sobre o seu regime com o Presidente da União Africana? Eis como os Chefes de Estado da África Ocidental reduziram a CEDEAO a uma instituição de pacotilha, cujos principais órgãos de decisão se encontram nas mãos de uma mesma família. 

Faure Gnassingbé quer implicar o seu aliado na crise togolesa na esperança de salvar o seu regime com um acordo da treta. Cabe à oposição, que já por mil vezes assinaram compromissos que a comprometeram, evitar cair na armadilha de Faure Gnassingbé e do seu aliado Alpha Condé, cujo único objectivo é enfraquecer a oposição e retomar a situação em mãos".

Manifestações em Lomé, em princípios de Novembro, declaram Marcel de Souza indesejável no Togo, podendo ver-se cartazes exigindo a sua retirada do processo de mediação, por parcial.

No mês seguinte, quando foi eleito o novo presidente da Comissão da CEDEAO, o marfinense Jean-Claude Brou para o lugar de Marcel de Souza, durante a 52ª Conferência da CEDEAO realizada em Abuja a 16 de Dezembro de 2017, Pape Kane, especialista regional da Open Society, aplaudiu a substituição, e criticou o papel de mediação de Marcel de Souza, em declarações à RFI: "Um dos desafios da CEDEAO deve ser a sua capacidade de resolução de crises. (...) O Presidente da Comissão tem interesses no caso, uma vez que a sua irmã é a esposa do actual Presidente do Togo. Portanto a sua capacidade para gerir esta situação é difícil de aceitar, pois não se pode ser árbitro e jogador ao mesmo tempo". Constatação do jornalista no mesmo artigo: "já o tom dos Chefes de Estado era mais firme, em relação à Guiné-Bissau"...

Mais recentemente, em meados de Fevereiro, a oposição togolesa queixa-se que a multiplicação de encontros (25) não deu em nada. 

Um comunicado imprudente da mediação de Alpha Condé dá a entender ter sido fabricado no próprio Togo pelo interessado (numa clara semelhança com o que se passou na Guiné-Bissau), o que apenas veio envenenar ainda mais uma já remota aproximação de posições. "Ao pedir a suspensão das manifestações da oposição popular enquanto dava início às negociações políticas, em 15 de fevereiro de 2018, a equipa de Alpha Condé estava a brincar com fogo, enfraquecendo o papel de mediação. (...) Faure Gnassingbé não tem causa no Togo; só tem um desejo, que é permanecer eternamente no poder, recusando a alternância política (...). A legitimidade de Faure Gnassingbé está em queda livre."

O Presidente Buhari já afirmou que a escolha de Faure Gnassingbé para Presidente da CEDEAO foi infeliz. Resta desfazer todo o mal que esta máfia trouxe à credibilidade da organização com o processo de mediação na Guiné-Bissau (onde não há violação de Direitos Humanos nem se matam os manifestantes com bala real, como em Conacri ou em Lomé) que culminou na imposição de sanções, apenas por diversão, para distrair a atenção dos seus próprios casos terminais de regime.

Sexta-feira, 16 de março de 2018
Fonte: Prs Diáspora