sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

A solução dos problemas da Guiné-Bissau passa pelos próprios guineenses

Por  Presidência da República de Cabo Verde

“Do meu ponto de vista, a solução dos problemas da Guiné-Bissau passa pelos próprios guineenses.”

Numa altura em que a Guiné-Bissau volta a enfrentar momentos de tensão e incerteza, com rumores, interpretações e especulações a circularem tanto na comunicação social quanto nas redes sociais, vale a pena revisitar estas palavras escritas em abril de 2020 pelo então cidadão comum, José Maria Neves, no seu livro de Crónicas “Nos Tempos de Pandemia” que, aliás, vale ler para compreender a sua visão política.

Seguindo, nesse texto — verdadeiro testemunho de amizade, respeito e profunda admiração pela Guiné-Bissau e pelas suas gentes — José Maria Neves sublinhava não apenas o seu afeto pelo país, mas sobretudo a sua confiança inabalável na capacidade dos guineenses de resolverem as suas próprias contendas. Já então defendia o diálogo como ponto de partida e o “sacrifício” da elite política como imperativo ético em prol do bem comum, num momento em que se vivia outra crise institucional, com as eleições de 29 de dezembro de 2019, que viriam a consagrar Umaro Sissoco Embaló como Presidente da República.

Cinco anos se passaram e hoje, como Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves mantém exatamente a mesma convicção: a solução para os problemas da Guiné-Bissau reside, antes de tudo, nos próprios guineenses, na sua capacidade de diálogo, de reconciliação, de construção de consensos fundamentais e de renúncia às lógicas de confronto que apenas adiam a paz e o progresso.

A citação de Amílcar Cabral que então evocou — “Por mais quente que seja a água da fonte, ela não cozerá o teu arroz” — continua atual e pertinente. Ela recorda-nos que nenhum ator externo, por mais empenhado que esteja, pode substituir-se à responsabilidade nacional de refundar o Estado, estabilizar as instituições, reconstruir consensos e abrir caminho ao desenvolvimento político e económico.

À CEDEAO e à comunidade internacional cabe, naturalmente, um papel de mediação ou facilitação — discreto, prudente e respeitador da soberania — apoiando processos de diálogo genuinamente conduzidos pelos próprios guineenses, cujo desejo coletivo de estabilidade, paz e desenvolvimento é claro e inequívoco.

Cabo Verde, país irmão, não esquece a dívida histórica e moral que tem para com a Guiné-Bissau, berço de uma luta conjunta pela liberdade e independência. E José Maria Neves, como Chefe de Estado cabo-verdiano, reafirma a sua confiança e solidariedade para com o povo guineense — um povo resiliente, generoso e profundamente comprometido com a construção de um futuro melhor.

A Guiné-Bissau já demonstrou, ao longo da sua história, que sabe superar adversidades.

Sabê-lo-á fazer novamente.

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