sábado, 17 de fevereiro de 2024

Arranca em Addis Abeba 37a cimeira da União Africana

Por:  Neidy Ribeiro   RFI.FR  17/02/2024

Inicia neste sábado, 17 de Fevereiro, a 37a cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia. Mais de trinta líderes políticos vão debater as crises que se vivem no continente, abalado por golpes de Estado, mudanças inconstitucionais e conflitos globais.

Durante o fim-de-semana, os chefes de Estado e de Governo da União Africana vão procurar respostas para as crises que se vivem no continente, abalado por golpes de Estado, mudanças inconstitucionais e conflitos.

De acordo com o economista e professor universitário Carlos Lopes a saída do Mali, Burkina Faso e Níger da CEDEAO, a crise política no Senegal e a falta de fundos para o sistema de Paz e Segurança da União Africana vão marcar a agenda dos líderes africanos.

Conflitos Globais

Os conflitos globais serão igualmente debatidos durante a 37ª cimeira da organização pan-africana. A presença anunciada do primeiro-palestiniano,Mohammad Chtayyeh, vai colocar as atenções na guerra de Gaza.

O Presidente da Comissão da UA, no discurso de abertura da 44ª sessão do Conselho Executivo da UA, lembrou que a União Africana, desde o início do conflito no Médio Oriente, defendeu o fim das hostilidades, a libertação dos reféns e prisioneiros e a solução de dois Estados. A União Africana recusou o pedido de Israel para assistir a esta cimeira como Estado observador.

As implicações da guerra da Ucrânia e dos ataques no Mar Vermelho, os conflitos no Sudão, a ameaça jihadista na Somália, a Líbia dividida a exposição do Sahel ao terrorismo e a tensão na RDC vão estar igualmente na ordem dos debates.

Rdc na ordem do dia

Ontem, o Presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, e o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, encontraram-se, em Addis Abeba, durante a na cimeira extraordinária convocada por João Lourenço para debater a situação de paz no Leste da Rdc. De acordo com uma fonte próxima da delegação congolesa, Félix Tshisekedi voltou a acusar o Ruanda de apoiar o grupo M23, enquanto Paul Kagame se manteve na defensiva. A reunião durou cerca de duas horas, os trabalhos foram suspensos ao final da noite e deverão ser retomados neste sábado.

G20 e Lula da Silva

A entrada da União Africana no G2O e a presença do Presidente brasileiro, Lula da Silva, convidado de honra desta cimeira e que preside actualmente o G20, darão espaço aos chefes de Estado para definirem a política africana nesta organização.

Este fim-de-semana será feita a passagem de poder entre as Comores- que ocupa a presidência rotativa da União Africana- e a Mauritânia deve ser confirmada na liderança da organização nos próximos doze meses.

Angola deverá apresentar a candidatura para a presidência rotativa da União Africana em 2025.

Os chefes de Estado de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique marcam presença na cimeira.

ESTUDO: Humanos usam várias regiões do cérebro para processar a melodia musical

© iStock

POR LUSA    17/02/24 

O ser humano percebe a melodia da música através de regiões do córtex auditivo do cérebro especializadas em música e de uso geral, de acordo com um estudo publicado esta sexta-feira pela revista Science Advances.

A melodia é uma característica definidora da música, utilizada para transmitir emoções e significados, mediante a variação do arranjo musical.

Estudos sugerem que certas regiões do cérebro podem ser especializadas em música, incluindo melodia, mas os detalhes sobre os possíveis mecanismos desta especialização não são claros.

Uma nova investigação liderada pela Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), descobriu que o córtex auditivo usa neurónios de uso geral para processar características simples da melodia, como tom e mudança de tom.

No entanto, funções mais complexas, como o processamento da estrutura estatística de uma melodia e a formação de expectativas sobre as próximas notas, requerem neurónios específicos da música.

O estudo incluiu oito pessoas que sofriam de epilepsia, para as quais foram implantadas grelhas de elétrodos de eletroencefalografia intracraniana subdural (iEEG) para monitorização clínica.

Os participantes foram expostos a pedaços curtos e variados de música ocidental ou de língua inglesa, enquanto eram feitas medições de iEEG, explicou a revista, em comunicado.

Os investigadores diferenciaram o tom (alto versus baixo), a mudança de tom (crescente versus decrescente) e as expectativas, ou previsões estatísticas que o cérebro faz sobre as próximas notas (esperadas versus inesperadas).

Com este estudo, os cientistas descobriram que todos estes parâmetros estavam codificados em diferentes pontos da circunvolução temporal superior, pelo que a expectativa melódica poderia recorrer a mecanismos específicos da música.


Ordem dos Advogados procede entrega de carteiras profissionais aos seus associados.

 Rádio Capital Fm   17.02.2024

Ucrânia vive situação mais precária desde início da invasão russa

© Kostya Liberov/Libkos/Getty Images

POR LUSA   17/02/24 

A Ucrânia enfrenta a situação mais precária desde o início da invasão russa de 2022 e o envio de novo armamento para Kiev poderá ser insuficiente para reverter a situação, segundo vários analistas.

Participantes num debate organizado pelo International Crisis Group (ICG) com o tema "Dois anos de guerra na Ucrânia: os desafios atuais e o futuro da Europa", moderado por Olga Oliker, diretora para a Europa e Ásia central deste centro de estudos, quatro analistas abordaram sexta-feira os principais desafios enfrentados por Kiev e apoiantes ocidentais, e as alternativas que se perspetivam.

O analista ucraniano Simon Schlegel assinalou que, nos Estados Unidos, "os cálculos mais otimistas indicam que a Ucrânia apenas poderá garantir em 2024 entre metade e três quartos das munições de que necessita", apesar de prosseguir confrontada com uma longa linha da frente.

"Outro problema, o receio de não conseguir continuar a suster os ataques aéreos russos, em particular de mísseis, que suscitam uma crescente situação de insegurança", acrescentou.

Outros aspetos sublinhados foram a redução da ajuda externa, na perspetiva de uma deterioração da situação no terreno, os problemas acrescidos para a população civil, a maior pressão sobre os soldados colocados na linha da frente "que estão exaustos após dois anos", ou a necessidade de alterar a forma de mobilizar a população, "um desafio das novas chefias miliares mas que pode implicar a adoção de medidas impopulares".

"A Rússia tem muito mais capacidade de mobilização. Ainda existe um forte sentimento de resistência, mas os fundos para a pôr em prática estão a diminuir drasticamente", referiu.

Na perspetiva desta organização com sede em Bruxelas, fundada em 1995 e vocacionada para a pesquisa e análise de crises globais, as decisões e ações da liderança de Kiev num período crucial do conflito vão determinar o destino da Ucrânia e a segurança da Europa a longo prazo.

A alteração da situação no terreno, e quando permanece incerto o prosseguimento do apoio sustentado dos Estados Unidos, levou à nova "perceção" que existe na Rússia, defendeu o analista russo Oleg Ignatov.

"A perceção que existe na Rússia mudou desde o início de 2024 em comparação com a situação no verão de 2023. Agora existe mais confiança, com objetivos a serem alcançados, acreditam que a Ucrânia será incapaz de acumular os recursos suficientes para libertar territórios no futuro", afirmou.

O investigador também assegurou que a liderança do Kremlin "não valoriza muito a ajuda norte-americana, antes acreditam que o Exército russo se adaptou aos desafios colocados pelas forças ucranianas e que o quadro geral não será alterado mesmo que seja enviado mais apoio ocidental".

Ainda outra perceção que se instalou em Moscovo, segundo Ignatov, reside nos "crescentes problemas de mobilização da Ucrânia, que não conseguirá mobilizar mais soldados como conseguiu em 2022, e que esta vantagem da Rússia em homens e munições será um fator decisivo na guerra".

Para o analista, e atendendo ao exponencial aumento da produção militar interna, a liderança russa convenceu-se que "a estratégia de [Presidente ucraniano Volodymyr] Zelensky de libertação dos territórios não está a resultar".

A estagnação da crucial ajuda militar norte-americana a Kiev, numa situação em que o dinheiro "está a acabar" foi um dos aspetos sublinhados pela analista norte-americana Sarah Harrison, que recordou a necessidade da administração do Presidente Joe Biden recorrer a "fundos de emergência" para remediar a situação.

"No Congresso surgiu uma proposta para ajuda militar à Ucrânia, Israel e Taiwan, no início de fevereiro registou-se um princípio de acordo", mas o presidente da Câmara dos representantes, o republicano Mike Johnson, sugeriu que essa proposta poderia ser "bloqueada" por muito tempo.

"O problema é que [o ex-presidente Donald] Trump concorre de novo à presidência, opõe-se e encoraja os legisladores. É uma situação disfuncional, Biden tem de continuar a encorajar o Congresso, enquanto a maioria republicana na Câmara dos representantes entende não ser uma prioridade. Uma situação de impasse", afirmou.

Sarah Harrison assegurou ainda que existe equipamento, existem munições, bastando disponibilizá-las, e mesmo que "não exista magia para garantir dinheiro, com o Congresso a ter necessidade de fazer mais".

Para a analista norte-americana, a questão central consiste em garantir no imediato aquilo que a Ucrânia necessita, mas o problema reside da Câmara de Representantes. "É muito controlada por Trump e de momento está mais concentrada na fronteira sul", numa referência ao contencioso migratório que envolvem o vizinho México.

Perante o atual cenário, Alissa de Carbonnel, vice-diretora para a Europa e Ásia central do ICG, admitiu a existência de "algum sentido de alarme" nos líderes europeus. Recordou a recente visita do chanceler alemão Olaf Scholz a Washington, como já tinha feito o Presidente francês Emmanuel Macron, que confirmaram a urgência do momento.

"Não é fácil, após anos de negligência e de desinvestimento na área do armamento e quando existem fenómenos como a inflação que afetam as populações", susteve.

"Existem desacordos na Europa, com a emergência dos nacionalismos. Mas também um sentimento de urgência para tomar decisões, para garantir à Ucrânia o que necessita na linha da frente. A questão consiste em saber se vai continuar a existir unidade e entendimento, apesar da recente aprovação de uma ajuda de 50 mil milhões de euros para os próximos quatro anos", recordou.

Numa perspetiva estratégica, e regressando aos objetivos da Rússia, Oleg Ignatov destacou que o seu principal objetivo consiste em garantir e aprofundar a atual situação no terreno.

"Moscovo considera que as eleições EUA não vão afetar muito a Rússia, que o problema não é de personalidades mas de reconhecimento dos interesses da Rússia", frisou.

"Caso a administração Biden conclua que a estratégia é insustentável, também assinalam que gostariam de assistir a uma alteração das posições da Casa Branca. A um diálogo entre as duas partes, como sucedeu entre Washington e Moscovo durante a presidência de Donald Trump em 2017, mesmo sem muitos resultados. A Rússia não esconde pretender de novo um diálogo direto com os EUA", disse ainda.

O analista retomou outros argumentos do Kremlin, que sempre tem referido que esta guerra acabará com negociações, com envolvimento direto de Washington.

"Está rejeitada a ocupação de Kiev ou Lviv, e como referiu recentemente [o Presidente russo Vladimir] Putin é impossível a Ucrânia ou o ocidente vencerem esta guerra, sendo necessário negociar com o Governo russo, e sem outro interlocutor".

Em caso de diálogo, a Rússia irá insistir nas suas reivindicações de princípio face à Ucrânia: impedir a militarização, limitar o número de tropas, e das armas que poderá possuir.

"Mas a ideia chave é manter a neutralidade e não-alinhamento da Ucrânia, como antes de 2014. E isso é da responsabilidade da Ucrânia, alterar a Constituição e tornar-se num Estado neutral", mesmo que apenas admitam um cessar-fogo "quando terminar assistência militar do ocidente à Ucrânia", adiantou Ignatov.

Caso contrário, sustentou, a Rússia assegura que, sem negociações, "a guerra vai prosseguir e que o Exército prosseguirá a ofensiva o tempo que for necessário".

A "não-interferência" do ocidente em outras regiões pós-soviéticas em particular na Geórgia e Moldova, constitui outra reivindicação. "A Moldova é importante, a Rússia quer garantias de segurança para as suas tropas. Terá de ser também um Estado neutral, vão exigi-lo".

Pelo contrário, Ignatov exclui qualquer ação militar russa no Báltico ou a países integrados na aliança militar ocidental. "É muito difícil imaginar um ataque da Rússia a país da NATO, o seu poder aéreo é medíocre, tem muitas desvantagens em armas modernas. Não pensam em suicídio, isso é claro".

Num regresso aos atuais desafios de Kiev, após uma alteração radical nas chefias militares, Simon Schlegel, admitiu na sua segunda intervenção "num novo começo, uma nova divisão de tarefas", mas com o prosseguimento dos constrangimentos.

"Não haverá no curto prazo contraofensiva como sucedeu no verão de 2022. A mobilização será inferior aos 500.000 soldados previamente pedidos. E será aplicada uma forma mais económica de utilizar os soldados no campo de batalhas, como tem sido sugerido com crescente utilização de 'drones' e outro tipo de armamento", disse.


Leia Também: Retirada do exército de Avdiivka foi uma "decisão justa", diz Zelensky

Presidente do Burkina Faso apela a luta pela soberania africana

© iStock

POR LUSA   17/02/24 

O presidente do governo de transição do Burkina Faso, capitão Ibrahim Traoré, defendeu hoje a necessidade de lutar pela soberania africana, num encontro com vários milhares de apoiantes, em Ouagadougou.

Ibrahim Traoré, de 35 anos, prestou homenagem à juventude do Burkina Faso pela sua "vigilância cívica e patriótica" e pela "consolidação das conquistas" da transição, afirmando-se determinado em "devolver a soberania ao povo do Burkina Faso", noticia a agência France Presse.

Traoré está no poder desde o golpe de estado ocorrido no final de setembro de 2022, num país alvo da violência 'jihadista', à semelhança dos seus vizinhos Mali e Níger, também governados por regimes militares.

Os três países, que se afastaram de França e aproximaram de Moscovo, formaram a Aliança dos Estados do Sahel (AES) e anunciaram a sua saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Apelando a uma "luta contra o imperialismo", o capitão Traoré desejou hoje que "os africanos deixem de ter pena de si próprios" e apelou a uma luta que coloque a soberania "em primeiro lugar".

O encontro de hoje foi convocado por um grupo de organizações civis pró-regime.

Os participantes, na maioria jovens das 13 regiões do país, reuniram-se no Palácio dos Desportos de Ouagadougou 2000, agitando bandeiras do Burkina Faso e cartazes com a imagem de Traoré.

Os apoiantes destacaram, como conquistas do regime militar, a reabertura de escolas, encerradas pela ameaça dos grupos 'jihadistas', e a reinstalação de famílias deslocadas nos seus locais de origem.

A violência 'jihadista' no Burkina Faso, atribuída a movimentos armados próximos da Al-Qaeda e do grupo Estado Islâmico, provocou a morte a cerca de 20.000 pessoas e mais de dois milhões de deslocados, desde 2015.


Leia Também: Burkina Faso, Mali e Níger reúnem-se para criar confederação do Shael