terça-feira, 27 de maio de 2025

BAD prevê Guiné-Bissau a crescer acima de 5% mas aponta riscos

Por LUSA  27/05/2025

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) apresentou hoje perspetivas económicas "favoráveis" à Guiné-Bissau, a crescer 5,6% em 2025 e 5,8% em 2026, impulsionada pela agricultura, mas limitada pela instabilidade e corrupção, segundo uma análise ao país.

Os setores primário e secundário "em expansão", a par de aumentos do investimento e do consumo final dão um empurrão decisivo à economia, acrescentou a instituição financeira, no capítulo dedicado à Guiné-Bissau no relatório de Perspetivas Económicas Africanas (AEO, sigla inglesa) de 2025.

A inflação deverá descer para 2,7%, em 2025, e 1,8%, em 2026, "devido à estabilização dos preços internacionais". 

O país cresceu 4,4% em 2023 e 5% em 2024, conduzido pelas indústrias agroalimentares, forte produção de caju, instalação de fibra ótica e fornecimento de eletricidade através do projeto regional do rio Gâmbia, indicou o BAD -- com a inflação a descer de 7,2% em 2023 para 3,6% em 2024.

O AEO 2025 foi publicado hoje, durante as reuniões anuais do BAD que decorrem em Abidjan, Costa do Marfim, cujo tema central é a mobilização dos recursos do continente, libertando-o de dependência externa.

"Na vertente orçamental, prevê-se que o défice diminua gradualmente para 3,6% do PIB em 2025 e para 1,6% em 2026, devido a uma gestão orçamental mais rigorosa. Isto deverá reduzir o rácio dívida/PIB para 76,2% em 2025 e para 72,8% em 2026", acrescentou. 

O défice da balança corrente também deverá melhorar, atingindo 5% do PIB em 2025 e 3,9% em 2026, "impulsionado por uma recuperação das exportações, especialmente de castanha de caju". 

Do lado dos riscos, o banco receia "instabilidade política antes das eleições de novembro", a par de "incertezas sobre a colheita de caju, uma possível queda na procura global de matérias-primas e condições financeiras mais restritivas". 

O aumento da mobilização de financiamento externo concessional "será essencial para preservar a estabilidade macroeconómica e reforçar a resiliência do país", indicou.

"Os desafios relacionados com a corrupção continuam a pesar no ambiente empresarial", assim como aspetos ligados a uma "governação frágil, instabilidade institucional e um Estado de direito a enfrentar inúmeros desafios", concluiu o relatório do BAD.

*** A agência Lusa viajou a convite do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) ***


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Os Presidentes Umaro Sissoco Embaló e Mahamat Idriss Déby Itno realizaram um importante encontro bilateral, reforçando as relações de amizade e cooperação entre a Guiné-Bissau e o Tchad.

Durante a reunião, foram discutidas parcerias estratégicas nos sectores da mineração, comércio, defesa e segurança. O Presidente do Tchad agradeceu a hospitalidade recebida e destacou os laços de solidariedade entre os dois povos.

O encontro culminou com a assinatura de vários acordos de cooperação entre os dois países.


@ Presidência da República da Guiné-Bissau

A convite do Presidente da República, General Umaro Sissoco Embaló, o Marechal Mahamat Idriss Déby Itno, Presidente da República do Tchad, chegou a Bissau esta terça-feira, 27 de Maio, para uma visita de Estado de 48 horas.

Recebido com honras militares no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, o Chefe de Estado tchadiano foi calorosamente acolhido pelas autoridades nacionais, corpo diplomático e representantes de organismos internacionais.

No Palácio da República, seguiu-se o acto solene da visita com a entoação dos hinos nacionais e 21 salvas de canhão — homenagem a um ilustre hóspede, símbolo das históricas relações de amizade entre a Guiné-Bissau e o Tchad.

Durante o encontro, os dois Chefes de Estado reforçaram os laços de cooperação iniciados sob a liderança do Marechal Idriss Déby Itno, pai do actual Presidente.

Agora também cidadão de Bissau, Mahamat Idriss Déby Itno deixou registado no Livro de Honra da Presidência os seus agradecimentos pela hospitalidade fraterna do povo guineense.


@Presidência da República da Guiné-Bissau

No âmbito da visita de Estado à Guiné-Bissau, o Presidente do Tchad, Marechal Mahamat Idriss Déby Itno, foi condecorado com a Medalha Amílcar Cabral, a mais alta distinção do Estado guineense.

A entrega solene foi feita pelo Presidente da República, General Umaro Sissoco Embaló, em reconhecimento ao contributo valioso do Chefe de Estado tchadiano para o fortalecimento das relações de amizade e cooperação entre os dois países.

Em sinal de respeito e união entre os povos, seguiu-se uma homenagem a Amílcar Cabral, na Fortaleza de Amura, com a deposição de uma coroa de flores.


@Presidência da República da Guiné-Bissau

Estados Unidos acusam ONU de "hipocrisia" por críticas a ajuda a Gaza

Por  LUSA 

O Departamento de Estado norte-americano rejeitou esta terça-feira críticas da ONU, que qualificou de "cúmulo da hipocrisia", à ajuda humanitária a Gaza através de uma fundação humanitária recém-criada com apoio de Washington.

"É lamentável, porque a preocupação aqui é entregar ajuda a Gaza e, de repente, estamos a queixar-nos da forma como está a ser entregue e da natureza das pessoas que o estão a fazer", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, citada pela agência AFP.

"Isto é o cúmulo da hipocrisia", acrescentou, em resposta às críticas da ONU.

A ONU descreveu hoje como "de partir o coração" as imagens da distribuição de alimentos que a Fundação Humanitária de Gaza, criada pelos Estados Unidos e sem a aprovação das Nações Unidas, lançou hoje em Gaza por iniciativa própria.

Falando em nome do secretário-geral da ONU, António Guterres, o porta-voz Stéphane Dujarric reiterou que a ONU "não estava envolvida" na operação.

Embora sem fornecer mais detalhes, o porta-voz referiu-se a imagens de centenas de pessoas que invadiram uma das áreas de distribuição de ajuda administradas pela fundação, perto de Rafah, no sul do enclave palestiniano.

A nova Fundação Humanitária de Gaza (GHF) disse, em comunicado, que "a certa altura da tarde, o volume de pessoas no ponto de distribuição era tal que a equipa da GHF teve de se retirar para permitir que um pequeno número de habitantes de Gaza recebesse a ajuda em segurança e se dispersasse".

Dujarric insistiu que a ONU "não tem confirmação independente do que aconteceu nesses pontos de distribuição", uma vez que a sua organização "não estava lá" e, portanto, só pode confiar no que viu nos "vídeos" que circulam, mas explicou o motivo do seu desconforto.

"Para nós, a ajuda humanitária deve ser distribuída de forma segura e protegida, sob os princípios de independência e imparcialidade, como sempre fizemos", afirmou Dujarric, advogando que a iniciativa desta fundação criada pelos Estados Unidos e com apoio israelita não cumpre esses parâmetros.

"Vimos o plano deles, o que eles publicaram e o que nos apresentaram, e isso não foi feito dentro dos parâmetros que atendem aos nossos princípios e que se aplicam de Gaza, ao Sudão e à Birmânia", enfatizou.

A fundação norte-americana foi criticada desde o início pela ONU por operar em lugares onde um cessar-fogo nem sequer foi declarado, por trabalhar de acordo com as exigências do exército israelita e por deixar muitas mulheres e crianças de fora, entre muitos outros motivos.

A GHF informou hoje que o grupo islamita palestiniano Hamas estava a bloquear o acesso aos pontos de entrega, causando atrasos na distribuição. No entanto, o governo do Hamas na Faixa de Gaza negou essas acusações, declarando-se "horrorizado" com elas e chamando-as de "invenção total".

Por sua vez, o exército israelita admitiu ter "disparado tiros de advertência na área externa do complexo" para dispersar a multidão e negou rumores de que tropas abriram fogo contra a população a partir de helicópteros, indicou a agência de notícias espanhola EFE.

A guerra na Faixa de Gaza começou após os ataques do grupo islamita Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023, nos quais morreram mais de 1.200 pessoas e cerca de outras 250 foram sequestradas.

Mais de 54 mil pessoas morreram e 123 mil palestinianos ficaram feridos na ofensiva lançada pelo Exército de Israel contra Gaza após os ataques do Hamas ao território israelita em outubro de 2023, disseram hoje as autoridades palestinianas.

As autoridades médicas declararam ainda que desde 18 de março, quando Israel abandonou o cessar-fogo acordado em janeiro com o Hamas e retomou a sua ofensiva, 3.901 pessoas foram mortas e outras 11.088 ficaram feridas pelos ataques israelitas.

No entanto, as autoridades palestinianas insistiram que ainda há corpos nos escombros dos edifícios atacados pelo exército israelita e espalhados pelas ruas, já que os serviços de emergência não conseguem chegar a algumas zonas porque estão ocupadas ou porque os locais são muito inseguras, podendo ser ainda maior o número de mortos na ofensiva israelita.


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A Direção Nacional da Polícia Judiciária (PJ) da República da Guiné-Bissau informa que tem acompanhado com particular atenção as informações divulgadas na imprensa portuguesa, nomeadamente no jornal Correio da Manhã, acerca da absolvição do cidadão Manuel Irénio Lopes, conhecido por Manelinho, no âmbito do processo de tráfico de estupefacientes julgado em Lisboa...

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Polícia Judiciária da Guiné-Bissau   27 de maio de 2025

 NOTA DE IMPRENSA

A Direção Nacional da Polícia Judiciária (PJ) da República da Guiné-Bissau informa que tem acompanhado com particular atenção as informações divulgadas na imprensa portuguesa, nomeadamente no jornal Correio da Manhã, acerca da absolvição do cidadão Manuel Irénio Lopes, conhecido por Manelinho, no âmbito do processo de tráfico de estupefacientes julgado em Lisboa. 

A Polícia Judiciária da Guiné-Bissau reafirma que colaborou integralmente com as autoridades judiciais e policiais de Portugal envolvidas neste processo.

Em cumprimento das diligências solicitadas pelas autoridades portuguesas, a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau procedeu ao envio imediato de todos os elementos requisitados. 

Em particular, foram remetidos aos órgãos competentes de Portugal o registo de videovigilância do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, bem como cópias de documentos oficiais e demais expedientes que comprovam a verdadeira identidade do suspeito.

A PJ da Guiné-Bissau enaltece a sólida cooperação existente com as autoridades policiais e judiciais portuguesas no combate ao crime organizado transnacional, em especial no tráfico de estupefacientes. 

Esta parceria de longa data tem-se traduzido numa troca contínua de informações e na realização de diligências conjuntas que visam a desarticulação de redes criminosas que operam entre os dois países.

A Direção Nacional da Polícia Judiciária reitera o seu firme compromisso em reforçar e aprofundar esta cooperação internacional, assegurando que continuará empenhada em apoiar as autoridades portuguesas no desenvolvimento de processos investigativos e operacionais conjuntos.

Trump diz que "Putin está a brincar com o fogo"... O comentário de Trump surge depois de alguns dos maiores ataques feitos pela Rússia à Ucrânia, nos últimos dias.

Por  LUSA   27/05/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esta terça-feira que o homólogo russo, Vladimir Putin, "está a brincar com o fogo".

"O que Vladimir Putin não percebe é que, se não fosse eu, muitas coisas muito más já teriam acontecido à Rússia. Ele está a brincar com o fogo", escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social.

Donald Trump e o Kremlin têm trocado acusações, nos últimos dias, depois de a Rússia ter lançado grandes ataques com drones e mísseis contra a Ucrânia.

De acordo com a força aérea da Ucrânia, o país foi atingido, na madrugada de domingo, por um ataque de 367 projéteis, incluindo 69 mísseis e 298 drones, após outros ataques maciços na noite anterior.

Já na segunda-feira, o presidente norte-americano tinha afirmado que o russo "ficou completamente louco" e avisou que qualquer tentativa de conquistar todo o território ucraniano vai levar "à queda" da Rússia.

Contudo, o líder norte-americano também criticou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por "não fazer nenhum favor ao seu país ao falar da forma como fala".

Em resposta, a presidência russa disse que Putin toma as decisões necessárias para garantir a segurança do país e acredita que as afirmações do presidente dos Estados Unidos têm mais que ver com "emoções" do que com razão.

Recorde-se que Trump reuniu-se há uma semana, por telefone, com o homólogo russo durante quase duas horas. Na altura, mostrou-se positivo e excluiu qualquer pressão adicional sobre Moscovo.


Leia Também: A Rússia acusou hoje os países europeus de participarem indiretamente na guerra contra a Rússia ao fornecerem armas à Ucrânia e advertiu que tal comportamento não contribui para uma solução pacífica do conflito.


Absolvido deputado guineense acusado de traficar droga... Manuel Lopes foi absolvido por falta de provas e saiu em liberdade. O deputado foi intercetado, em maio do ano passado, no aeroporto de Lisboa, com 13 quilos de cocaína.

Manuel Lopes: "Não existe e nunca existirá um homem que me impedirá de regressar ao meu país"Foto: João Carlos/DW Por  DW Português para África

Era próximo das 10 horas da manhã, quando um tribunal de Lisboa anunciou a decisão de libertar o deputado guineense Manuel Lopes, absolvido dos crimes de tráfico de estupefacientes, incluindo cocaína, além da posse de 20 mil dólares.

A pronúncia da sentença do coletivo de juízes, esta terça-feira, baseou-se em toda a argumentação da defesa e da acusação, notou o advogado Carlos Melo Alves.

"O tribunal teve dúvidas de que o arguido tenha conhecimento de que transportava com ele a droga que foi apreendida e, nesse sentido, aplicando um princípio que é universal, entendeu absolvê-lo", relatou.

A acusação

"Manelinho", como também é conhecido, foi detido em 7 de maio de 2024 no aeroporto de Lisboa porsuspeita de tráfico de estupefacientes, após terem sido encontradas diversas embalagens de cocaína, totalizando 13 quilos. 

A mala onde se encontrava a droga ter-lhe-ia sido entregue por um trabalhador de uma companhia aérea no aeroporto de Bissau, quando se preparava para viajar para Lisboa.

O deputado do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15) arriscava uma pena entre quatro e doze anos de prisão.

O seu advogado referiu que o processo esteve rodeado de "questões estranhas", nomeadamente relacionadas com imagens de entrega da mala com cocaína captadas no aeroporto de Bissau que não eram conhecidas, nomeadamente pela defesa.

"Esse é um argumento a nosso favor, que utilizámos, uma vez que não se percebe por que razão a prova que deve estar no processo estava noutro local", afirmou Melo Alves.

"Cilada política"

Manuel Lopes, recebido efusivamente por familiares à saída do tribunal, disse que sempre acreditou na Justiça portuguesa e garantiu que "tudo isso não passa de uma cilada política", versão que o tribunal não provou nem descartou.

Mas em declarações à DW a propósito da aludida "cilada política" envolvendo altas figuras do Estado guineense, o deputado foi cauteloso.

"Não posso ser muito aberto consigo nesse aspeto porque ainda quero regressar ao meu país. Quando lá chegar, terei a conclusão [disso]. O meu pai deu toda a sua vida pela libertação daquele país. Não existe e nunca existirá um homem que me impedirá de regressar ao meu país", vincou. 

Sentindo-se injustiçado, o também ex-Presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau garantiu ser um homem honesto, tendo exemplificado que trabalhou com a FIFA, com um orçamento de mais de 12 milhões de dólares, e que dele nunca tirou um centavo.

Cabe recurso

Ouvido pela DW, o jornalista e consultor guineense Hélmer Araújo, que acompanhou o julgamento, ficou surpreso com a decisão do tribunal. Mas admite que a prisão de "Manelinho" poderá ser parte de uma cabala política.

"E a Justiça portuguesa, absolvendo-o hoje, provavelmente [fortalece esta] linha de [acusação]: O 'Manelinho' sempre disse que quem está por detrás de tudo o que aconteceu com ele é o Presidente da República" guineense, acrescenta.

Manuel Lopes saiu em liberdade, embora fique ainda sob termo de identidade e residência, podendo sair do país desde que informe o tribunal, enquanto decorre o período em que o Ministério Público pode apresentar recurso da decisão.

Além da restituição de Manuel Lopes à liberdade, o tribunal ordenou a destruição dos produtos ilícitos apreendidos pela Polícia Judiciária no aeroporto de Lisboa.

O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, recebeu esta terça-feira, em Bissau, o Marechal Mahamat Idriss Déby Itno, Presidente da República do Chade, que inicia uma Visita de Estado à Guiné-Bissau.

A recepção oficial decorreu com Honras de Estado no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, marcando o início de uma agenda que reforça os laços diplomáticos, políticos e de cooperação entre os dois países.


@Presidência da República da Guiné-Bissau