sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Guiné-Bissau pondera parcerias público-privadas para estradas

© Lusa

POR LUSA    24/11/23 

O Governo da Guiné-Bissau pondera recorrer a parcerias público-privadas para construir mais de mil quilómetros de estradas até ao final da legislatura, disse o primeiro-ministro, Geraldo Martins, à Lusa.

A infraestruturação do país é uma das prioridades do executivo da coligação PAI-Terra Ranka, em funções há pouco mais de três meses, num país com uma rede viária deficitária, em que predomina a terra batida e buracos.

O primeiro-ministro, Geraldo Martins, reconheceu, em declarações à Lusa, que a Guiné-Bissau tem mais necessidades, mas disse que o Governo está a ser prudente em função das possibilidades e designou como objetivo "alcatroar mais de mil quilómetros de estradas".

O financiamento, disse, é possível pela via da dívida, ou seja pedir dinheiro emprestado, "mas a dívida tem as suas limitações e a Guiné-Bissau já está num patamar de dívida extremamente elevado que requer alguma prudência".

A outra opção de financiamento, a qual o Governo está a ponderar, é as parcerias público-privadas.

"É uma das coisas que nós estamos a pensar, é procurar parcerias público-privadas", afirmou, apontando concretamente mecanismos como os chamados BOIT, Bussiness of Idle Things, recursos inativos que investidores usam para financiar e que recuperam através da exploração dos equipamentos.

"Devemos ser realistas e considerarmos, primeiro, não temos muita margem para dívida para fazermos mais do que mil quilómetros de estrada em quatro anos, ou teremos condições de fazer parcerias público-privadas, mas essas parcerias público-privadas também não podem levar-nos a fazer mais do que mil quilómetros de estrada", insistiu.

Este é o objetivo mínimo do Governo, sublinhou, acrescentando que "se conseguir mais, melhor para o país".

O objetivo dos mil quilómetros de estradas é "para quatro anos" e, segundo o primeiro-ministro, "o que vai acontecer é que, anualmente, o Governo vai apresentar à Assembleia Nacional Popular o Orçamento Geral do Estado para o ano seguinte e o Plano Nacional de Desenvolvimento.

Será nesse Plano nacional de Desenvolvimento que o executivo irá "determinar quais são as prioridades para cada ano de governação".

O primeiro-ministro observou que "as estradas prioritárias são aquelas, por exemplo, que servem para o escoamento de produtos e da produção agrícola local".

"Quando há estrada numa zona de produção, as populações têm mais estímulo para produzirem e isso pode dar um "boost" (impulso) em termos e produção, crescimento económico, etc.", considerou.

Para Geraldo Martins, "essa produção leva a um crescimento económico, o crescimento económico leva a que o Estado possa ter mais receitas e as receitas podem contribuir para pagar a estrada".

Outras obras rodoviárias estão em curso no país como a reabilitação de 40 quilómetros da principal estrada de Bissau, no troço Safim-Jugudul, onde esteve hoje o primeiro-ministro,

A cerimonia marcou o lançamento dos trabalhos de manutenção corrente da estrada em terra e revestida da rede rodoviária nacional prioritária.


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POR LUSA   23/11/23 

A Guiné-Bissau recebeu hoje um drone submarino para monitorizar o lixo nas ilhas Bijagós, oferta de uma expedição que partiu de Portugal, com velejadores de várias nacionalidades, para chamar a atenção para o arquipélago considerado "um paraíso".

As 88 ilhas das Bijagós, 20 das quais habitadas, são área protegida para onde as correntes do oceano Atlântico arrastam lixo de diferentes origens, o que as autoridades locais reconhecem como um problema para a biodiversidade.

A expedição Bijagós, uma iniciativa da sociedade civil, entregou hoje ao Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) da Guiné-Bissau um drone que vai permitir monitorizar os meios aquáticos no arquipélago e obter informação sobre biodiversidade e formação de depósitos de lixo no leito marinho.

Miguel Teixeira foi o impulsionado da iniciativa que partiu da ilha da Madeira, em Portugal, e juntou velejadores de várias nacionalidades, assim como os 1.300 euros para aquisição do drone.

Segundo explicou, na entrega, que decorreu na Embaixada de Portugal, em Bissau, este equipamento irá dar uma ideia mais precisa do que ocorre "até 50 metros de profundidade, porque o que se vê à tona de água é para aí 10% do que existe lá em baixo".

Como sublinhou, o arquipélago guineense "é um paraíso que está a ser violentado por um lixo que não é produzido" localmente.

Uma questão "muito preocupante", segundo a diretora-geral do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), Aissa Regalla de Barros, explicando que "as Bijagós recebem muitos lixos, por causa das correntes e acabam por ser tipo um depósito de lixo que não é produzido a nível nacional".

Para a diretora-geral do IBAP, "estas pequenas iniciativas que dão orientações sobre como gerir o lixo ou pequenas ações de sensibilização mesmo da comunidade para recolha desse lixo, são extremamente importantes".

As praias afetadas, como disse, "são zonas muito importantes de desova de muitas espécies de aves migratórias e tartarugas".

Na Guiné-Bissau, chegou a ser feito um despacho governamental, para acabar com os sacos plásticos, proibindo a comercialização de sacos de plásticos não biodegradáveis, mas estes continuam a ser usados.

"Temos que começar a falar disso e o Governo atual tem que ter isso em consideração", defendeu.

Um dos propósitos da expedição de velejadores às Bijagós foi justamente, como enfatizou Miguel Teixeira, monitorizar e elaborar um relatório sobre os plásticos e resíduos médicos que se acumulam após a época das chuvas nas ilhas, assim como limpar as praias da ilha de Poilao para que as tartarugas-de-couro possam desovar.

A expedição serviu também para entregar bens essenciais, como medicamentos e roupas, aos habitantes das 20 ilhas habitadas, e colocar um farol na ilha de Urangozino.

O mentor adiantou que "o próximo passo" será "tentar oferecer uma incineradora de lixo ao hospital de Bubaque", num país onde não existe este tipo de equipamento.


Rússia recruta alegadamente migrantes para combater na Ucrânia

© SERGEY BOBOK/AFP via Getty Images

POR LUSA    24/11/23 

A polícia russa coagiu alegadamente trabalhadores migrantes nos arredores de Moscovo a combaterem na campanha militar na Ucrânia, segundo os canais digitais Telegram Baza e Mash.

Durante uma intervenção no centro de distribuição da empresa de comércio digital Wildberries, a polícia terá distribuído avisos para que os homens se apresentassem nos gabinetes de recrutamento o mais rapidamente possível.

Supostamente, os agentes da autoridade detiveram vários imigrantes sem documentos, três dos quais foram deportados, bem como imigrantes que receberam recentemente a cidadania russa.

A direção da Wildberries, que emprega cerca de 180 mil trabalhadores em toda a Rússia, disse que está a cooperar com a polícia, publicou o jornal RBC.

Nos últimos meses, a imprensa independente russa (no estrangeiro) tem noticiado várias ações junto de estrangeiros que obtiveram a nacionalidade russa e que não cumpriram o serviço militar no país nem combateram na Ucrânia.

As autoridades ofereceram aos trabalhadores migrantes, maioritariamente da Ásia Central, passaportes russos em troca de seis meses de serviço na Ucrânia.

Alguns altos funcionários russos defenderam a retirada da cidadania aos migrantes que se recusassem a cumprir o "dever militar no país vizinho".

Nos últimos meses, mais de 400 mil homens assinaram contratos profissionais para servirem nas fileiras do Exército russo.



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ISRAEL/PALESTINA: Ocupação de Gaza, dois Estados ou protetorado. Os cenários pós-guerra

© Ahmad Salem/Bloomberg via Getty Images

POR LUSA   24/11/23 

O conflito em Gaza desencadeado a 07 de outubro pelo ataque surpresa do movimento islamita Hamas a Israel prossegue sem fim à vista, embora se perfile uma trégua humanitária condicionada às exigências das várias partes.

Com as forças israelitas a reforçarem o seu controlo em Gaza e a destruírem os centros de poder do Hamas e infraestruturas civis, Estados Unidos, União Europeia, Nações Unidas e países árabes já começaram a tomar posição sobre a administração do território pós-conflito.

Segundo dados das autoridades locais da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, cerca de 45% de todas as habitações do enclave já foram destruídas ou gravemente danificadas. Eis alguns pontos essenciais sobre os cenários pós-conflito defendidos pelas diferentes partes:

- PROTETORADO DA ONU EM GAZA REJEITADO POR GUTERRES

A 20 de novembro, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, rejeitou que Gaza se torne "protetorado da ONU" depois da guerra, defendendo em alternativa uma "transição" envolvendo múltiplos atores, nomeadamente os Estados Unidos e os países árabes.

"É importante poder transformar esta tragédia em oportunidade e, para que isso seja possível, é essencial que depois da guerra avancemos de forma decisiva e irreversível em direção a uma solução de dois Estados", disse António Guterres à imprensa na sede da ONU.

Isto requer que "a responsabilidade por Gaza seja assumida por uma Autoridade Palestiniana fortalecida", mas esta "não pode ir para Gaza com os tanques israelitas", pelo que "a comunidade internacional deve considerar um período de transição", adiantou.

"Não creio que um protetorado da ONU em Gaza seja uma solução. Penso que precisamos de uma abordagem multilateral, onde diferentes países, diferentes entidades, irão cooperar", disse Guterres.

- ISRAEL QUER CONTROLO DE GAZA APÓS FIM DO CONFLITO

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, assegurou que Israel continuará a controlar Gaza após o fim do conflito com o grupo islamita Hamas, garantindo, por outro lado, que não permitirá que forças internacionais participem num eventual acordo.

Netanyahu tem vindo a moldar o seu discurso nos últimos dias, com sucessivas entrevistas nas quais tem afirmado que Israel assumirá "responsabilidade de segurança" sobre a Faixa de Gaza por um "período indefinido", mas que não tem intenção de reocupar o território.

Apesar de aparente oposição a este cenário pelos Estados Unidos, o primeiro-ministro israelita, noutra declaração, disse querer "outra coisa" em vez da Autoridade Palestiniana (AP), presidida por Mahmoud Abbas, a governar a Faixa de Gaza, após a guerra que está a travar para "erradicar" o grupo islamita Hamas.

"Não pode haver uma autoridade dirigida por alguém que, mais de 30 dias após o massacre [de 07 de outubro], ainda não o condenou (...). Será necessário algo mais lá. Mas, em todo o caso, terá de haver o nosso controlo de segurança", afirmou Netanyahu, insistindo que Israel precisa de "um controlo de segurança total, com a possibilidade de entrar sempre que quiser, para retirar os terroristas que possam surgir novamente".

Mais radical do que Netanyahu, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, defende que a AP "deve ser tratada da mesma forma" que o Hamas, pois o conceito de Palestina falha em Gaza como também na Judeia e Samaria (nome bíblico para a Cisjordânia usado pelas autoridades israelitas para se referirem ao território].

"Temos de confrontar o Hamas e a AP, que tem uma visão semelhante à do Hamas e cujos dirigentes simpatizam com o massacre perpetrado pelo Hamas [nos ataques de 07 de outubro], da mesma forma que o fazemos em Gaza", afirmou.

Ben Gvir disse que confiar no Presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que descreveu como "um negacionista do Holocausto", é um ato de "ilegalidade". "A contenção vai rebentar-nos na cara, tal como aconteceu em Gaza. É altura de agir", afirmou.

Segunda-feira, o ministro das Finanças israelita Bezalel Smotrich, ligado à extrema-direita, disse que Israel deveria "desmoronar o sistema estatal" em Gaza.

Outro membro do Governo de Netanyahu, a ministra da Informação Gila Gamliel, foi ainda mais longe e roçou a ideia do desaparecimento dos palestinianos da região, ao afirmar que a comunidade internacional devia "promover o realojamento voluntário" de palestinianos fora da Faixa de Gaza, noutros países.

"Em vez de enviar dinheiro para reconstruir Gaza ou para a fracassada UNRWA [a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos], a comunidade internacional podia ajudar a financiar o realojamento e ajudar os habitantes de Gaza a construir as suas novas vidas nos seus novos países de acolhimento", afirmou Gamliel em artigo publicado no jornal Jerusalem Post.

Membro do Likud, o partido liderado por Netanyahu, Gamliel defende esta solução por considerar que "todas as outras falharam", nomeadamente a retirada dos colonatos da Faixa de Gaza e a "construção de muros altos na esperança de manter os monstros do Hamas fora de Israel".

"Seria uma situação em que todos ganhariam: para os civis de Gaza, que querem uma vida melhor, e para Israel, depois desta terrível tragédia", afirmou a ministra.

- AP QUER CONTINUAR A GOVERNAR PALESTINA

O presidente da AP, Mahmoud Abbas, curiosamente no discurso que assinalou o 35.º aniversário da declaração de independência da Palestina, acusou Israel de travar uma conflito contra a existência dos palestinianos, salientando a "bárbara agressão e uma guerra aberta de genocídio contra o povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém, a capital eterna" palestiniana.

O presidente da AP tem a sede em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, geograficamente separada da Faixa de Gaza por território israelita. O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007.

Abbas, 88 anos, disse que a Palestina é a terra onde o povo palestiniano "vive há mais de 6.000 anos" e considerou vergonhoso haver quem apoie a agressão israelita e lhe dê cobertura política e militar.

"[A Faixa de Gaza] foi e continuará a ser para sempre parte integrante do território do Estado da Palestina. E é parte integrante das nossas responsabilidades nacionais que não podemos abandonar", acrescentou, numa altura em que se questiona quem assumirá o controlo da Faixa de Gaza se Israel derrotar o Hamas.

Abbas recordou a declaração de independência como o corolário da luta histórica da Organização de Libertação da Palestina (OLP). Disse que o povo decidiu que a OLP "seria o seu único representante legítimo, o portador do seu estandarte nacional e o guardião do sonho da independência, do regresso e do Estado".

- IRÃO QUER MANTER HAMAS NO PODER EM GAZA

O Presidente do Irão, Ebrahim Raisi, exige uma "decisão firme" dos países da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) de apoio aos palestinianos e condenação das ações de Israel na Faixa de Gaza, garantindo novamente o apoio à manutenção do Hamas no poder no enclave.

O Irão é aliado do Hamas e também do grupo xiita libanês Hezbollah, com quem as forças israelitas trocam ataques quase diariamente na fronteira libanesa.

A 17 deste mês, o chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irão prometeu que Teerão e outros membros do "eixo da resistência" impedirão Israel de atingir os seus objetivos em Gaza, incluindo a eliminação do Hamas.

- UNIÃO EUROPEIA E ESTADOS UNIDOS DEFENDEM DOIS ESTADOS

Tal como afirmaram os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Egito, Abdelfatah al-Sisi, o chefe de Estado norte-americano, Joe Biden defendeu que a solução de dois Estados é "mais necessária do que nunca", sublinhando que Gaza e a Cisjordânia devem permanecer nas mãos da AP, mas só depois de Israel conseguir derrotar o Hamas na Faixa de Gaza.

"A solução de dois Estados é a única forma de garantir a segurança a longo prazo tanto do povo israelita como do povo palestiniano. Embora possa parecer um tiro no escuro agora, esta crise tornou-a mais necessária do que nunca", afirmou Biden num artigo de opinião publicado a 18 deste mês no The Washington Post.

Na opinião de Biden, para alcançar a solução de dois Estados, vivendo lado a lado com condições iguais de "liberdade e dignidade", é necessário o empenho de israelitas e palestinianos, bem como dos Estados Unidos e dos seus aliados.

O líder democrata voltou a distanciar-se do plano de Netanyahu, que levantou a hipótese de assumir o controlo da Faixa de Gaza por tempo indefinido.

Para Biden, não deve haver "deslocação forçada" de palestinianos de Gaza, nem "reocupação, cerco, bloqueio ou redução do território" da Faixa por parte de Israel.

Para a Casa Branca, Gaza e a Cisjordânia "devem ser reunidas sob uma única estrutura de governo, em última análise sob uma ANP revitalizada".

No mesmo tom, o alto representante da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que a solução de dois Estados seja real é necessário deixar claras as linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas: não há reocupação dos territórios palestinianos nem deslocação forçada da população palestiniana.

Para Borrell, não há três territórios palestinianos: Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. "Há um território palestiniano. Portanto, não haverá redução do território de Gaza", disse na sua intervenção.

Perante este cenário, Borrell afirmou que "o Hamas já não pode ter o controlo de Gaza" e apontou a ANP como a "única" entidade que o poderá fazer.

- PAÍSES ÁRABES DUVIDAM DA AUTORIDADE PALESTINIANA

Segundo o colunista do The Washington Post Ishaan Tharoor, nem Israel nem os seus vizinhos árabes têm interesse em repetir os ciclos anteriores de conflito, destruição e reconstrução.

"Nesta altura, muitos em Israel não estão preocupados com o que virá a seguir, dado o desejo generalizado de neutralizar o Hamas depois do que este infligiu a civis israelitas inocentes. Alguns políticos da direita israelita, incluindo ministros do gabinete de Netanyahu, querem impor um preço ainda mais elevado à população de Gaza", acrescentou.

E esses doadores de países terceiros também enfrentam questões difíceis, frisou Tharoor, que recorreu às palavras de Gregg Carlstrom, do The Economist: "Os governantes árabes não querem limpar a 'porcaria' de Israel e ajudar a policiar os seus compatriotas árabes".

"Mas também não querem ver Israel reocupar o enclave e admitem, pelo menos em conversas privadas, que a AP é demasiado fraca para retomar o controlo total de Gaza. Se nenhuma destas opções é realista ou desejável, não se sabe o que será", declarou à margem de uma conferência regional no Bahrein.



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ISRAEL/PALESTINA: Primeiros camiões de ajuda humanitária em Gaza após início de trégua

© Lusa

POR LUSA   24/11/23 

Os primeiros camiões de uma caravana de ajuda humanitária começaram hoje a entrar na Faixa de Gaza através da fronteira de Rafah, após a entrada em vigor da trégua, avançou a televisão egípcia Al Qahera News.

A trégua de quatro dias entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas vai permitir a entrada diária em Gaza de 200 camiões de ajuda humanitária, disse hoje um porta-voz do Governo do Egito.

O diretor do Serviço de Informação do Estado egípcio, Diaa Rashwan, disse que "200 camiões carregados com alimentos, medicamentos e água entrarão diariamente pela primeira vez desde o início da guerra israelita contra a Faixa, há cerca de 50 dias".

Num comunicado divulgado antes do início da trégua, Rashwan disse ainda que 130 mil litros de combustível e quatro camiões de gás natural provenientes do Egito entrarão diariamente no enclave palestiniano.

A televisão egípcia divulgou imagens de camiões a aguardar no posto fronteiriço de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito e é a única via de acesso ao território governado pelo grupo Hamas não controlada por Israel.

Rashwan lembrou que o Egito continuará a receber grupos de crianças feridas e doentes vindas da Faixa de Gaza para receberem tratamento médico no país, bem como estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade.

Pela primeira vez desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, as autoridades do Cairo irão permitir que os palestinianos retidos no Egito regressem à Faixa de Gaza.

A entrada de mais ajuda humanitária no enclave palestiniano foi um dos pontos do acordo de trégua, que prevê também a libertação de 50 reféns em troca da libertação de prisioneiros palestinianos, e que entrou em vigor hoje às 07:00 (05:00 em Lisboa).

A trégua entrou em vigor depois de uma noite em que Israel continuou a atacar a Faixa de Gaza e em que o Hamas lançou mísseis contra dois colonatos israelitas situados perto do enclave palestiniano, cujos habitantes já tinham sido retirados.

Cerca de duas horas antes da trégua entrar em vigor, o diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, Mounir Al-Bursh, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que os soldados israelitas estavam "a realizar uma operação no Hospital Indonésio", localizado no norte de Gaza, onde 200 pacientes ainda estão a ser tratados.

O Hamas confirmou "a cessação total das atividades militares" durante quatro dias.

Uma fonte de segurança do Egito disse à AFP que uma delegação de segurança egípcia estará presente em Jerusalém e Ramallah para garantir o "cumprimento da lista" de prisioneiros palestinianos libertados.

Autoridades de segurança de Israel, acompanhadas por pessoal da Cruz Vermelha e agentes egípcios, serão enviadas à fronteira de Rafah para receber os reféns libertados de Gaza, que então voarão para Israel, acrescentou a fonte.


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Cientistas resolvem mistério com mais de 200 anos sobre o mineral dolomite

DIDIER DESCOUENS

SIC Notícias  24/11/23

A dolomite é um mineral composto por camadas ordenadas de carbonato de cálcio e magnésio, que forma montanhas como as Dolomitas, em Itália, ou as das Cataratas do Niágara, nos EUA.

A dolomite é um mineral que forma cadeias montanhosas como as Dolomitas italianas, mas também é protagonista de uma peculiaridade que confunde cientistas há 200 anos e que finalmente foi resolvida, de acordo com um estudo.

A teoria e as experiências que fornecem uma solução para o chamado “problema da dolomite” são explicadas num estudo, liderado pela Universidade de Michigan (EUA), publicado esta quinta-feira pela Science e que sublinha a importância das flutuações dentro de um ambiente geoquímico.

A dolomite é um mineral composto por camadas ordenadas de carbonato de cálcio e magnésio, que forma montanhas como as Dolomitas ou as das Cataratas do Niágara (EUA).

Sendo muito abundante em rochas com mais de 100 milhões de anos, está quase ausente nas formações mais jovens. Além disso, desde que foi descoberto em 1791 pelo francês Déodat de Dolomieu, os cientistas não conseguiram cultivar este mineral em laboratório nas condições que se acredita terem sido formadas naturalmente.

"Se entendermos como cresce na natureza, poderemos aprender novas estratégias para promover o crescimento cristalino de materiais tecnológicos modernos", realçou Wenhao Sun, da Universidade de Michigan, um dos autores do artigo.

Os investigadores apresentam uma proposta "muito brilhante" com uma experiência "muito interessante" baseada em microscopia eletrónica e cálculos computacionais, referiu à agência Efe o investigador Juan Manuel García-Ruíz, do Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC), que não participou no estudo, mas escreveu um artigo na Science onde o comenta.

Dolomitas italianas RATNAKORN PIYASIRISOROST

O que foi descoberto ao certo?

A equipa, formada também por cientistas da Universidade de Hokkaido (Japão), descobriu que para construir montanhas com dolomite é preciso dissolvê-la periodicamente.

Quando os minerais se formam na água, os átomos geralmente acomodam-se ordenadamente numa das bordas da superfície do cristal em crescimento.

No caso da dolomite, essa borda são fileiras alternadas de cálcio e magnésio que aderem aleatoriamente e muitas vezes na ordem errada, criando defeitos que impedem a formação de camadas adicionais e retardam o seu crescimento em milhões de anos.

Mas se houver oscilações de temperatura ou salinidade no local onde o mineral se está a formar, como pode ocorrer numa praia ou lagoa, o tempo de disposição é bastante reduzido, salientou García-Ruíz.

O segredo para “cultivar” dolomite

O segredo para “cultivar” dolomite em laboratório era eliminar defeitos na estrutura mineral que impedem a formação de camadas adicionais.

Como os átomos desordenados são menos estáveis do que aqueles na posição correta, estes são os primeiros a dissolverem-se.

A lavagem repetida destes defeitos - por exemplo, pela chuva ou pelos ciclos das marés - permite que uma camada de dolomite se forme numa questão de anos e, ao longo do tempo geológico, as montanhas podem acumular-se.

As poucas áreas onde a dolomite se forma hoje inundam intermitentemente e depois secam, o que combina bem com a teoria, explicou a Universidade de Michigan em comunicado.

No passado, os produtores de cristal que queriam fabricar materiais livres de defeitos tentavam cultivá-los muito lentamente. No entanto, esta teoria mostra "que materiais livres de defeitos podem crescer rapidamente se os defeitos forem periodicamente dissolvidos durante o crescimento", garantiu Wenhao Sun.

A equipa testou a teoria utilizando microscópios eletrónicos de transmissão, colocando um minúsculo cristal de dolomite numa solução de cálcio e magnésio e dissolvendo os defeitos.

Após esta ação, observou-se que a dolomite cresceu aproximadamente 300 camadas (cerca de cem nanómetros). Nunca antes tinham sido 'cultivadas' mais de cinco camadas em laboratório.

Estas lições aprendidas com o 'problema da dolomite' podem ajudar os engenheiros a fabricar materiais de maior qualidade para semicondutores, painéis solares, baterias e outras tecnologias.

Com Lusa

STJ: Despacho №: 01/VPSTJ/2023

 

Um novo resgate em curso na Guiné-Bissau.

O resgate das dívidas das empresas dos amigos.

A que propósito o Tesouro Público tem de assumir e servir de garantia às dívidas de empresas privadas?

Serão essas as únicas empresas com dívidas à BAO?

Isso tem apenas dois nomes, “bandidascu” e assalto ao cofre do Estado. E, como o Estado somos nós, chegou a altura de travar esses malandros e mandá-los trabalhar, o que nunca fizeram de forma séria na vida…

Por Jorge Herbert


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