© Getty
POR LUSA 26/07/23
O primeiro-ministro de transição do Mali, Choguel Maiga, criticou hoje as sanções anunciadas pelos Estados Unidos contra dirigentes do seu país por terem permitido a implantação do grupo paramilitar russo Wagner no país.
Os três dirigentes malianos sancionados são o ministro da Defesa do Mali, coronel Sadio Camara, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, coronel Alou Boi Diarra, e o vice-chefe do Estado-Maior, tenente-coronel Adama Bagayoko.
Numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), Maiga criticou as medidas anunciadas segunda-feira pelo Departamento de Estado contra os que classificou como "corajosos oficiais".
"Não tem outro objetivo senão o de distrair o povo maliano", escreveu Maiga, que assegura que "nada distrairá as autoridades do trabalho de reconstrução do Mali".
As sanções foram anunciadas pelo Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos por "facilitar a implantação e a expansão das atividades" da Wagner, sublinhando que as medidas "não são dirigidas contra o povo maliano".
"Estes funcionários tornaram o seu povo vulnerável às atividades desestabilizadoras do Grupo Wagner e às violações dos direitos humanos, ao mesmo tempo que abriram caminho à exploração dos recursos soberanos do seu país em benefício das operações do Grupo Wagner na Ucrânia", justificou o subsecretário do Tesouro para o Terrorismo e Informações Financeiras, Brian Nelson.
A atual junta militar que governa o Mali desde o golpe de Estado de agosto de 2020, cortou as ligações com a França, antiga potência colonial, em 2022 e virou-se para a Rússia, abrindo a porta aos mercenários do Grupo Wagner, frequentemente acusado de cometer abusos de direitos humanos.
Esta opção conduziu ainda ao fim do destacamento da Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas no Mali (Minusma).
O Mali e os restantes países do Sahel registaram um recrudescimento da violência nos últimos anos, tanto por parte de organizações ligadas aos ramos da Al-Qaida e do grupo extremista Estado Islâmico que operam na região, como por parte da violência intercomunitária.
Além disso, os abusos cometidos pelas forças de segurança contribuíram para que estes grupos engrossassem as suas fileiras.
Sem comentários:
Enviar um comentário