segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Níger. Golpistas querem dialogar de novo com a CEDEAO

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POR LUSA   07/08/23 

Os militares golpistas do Níger pediram à delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para "regressar" a Niamey, disse o primeiro-ministro do Níger, Ouhoumoudou Mahamadou, numa entrevista à TV5 Monde.

"A junta pediu à delegação da CEDEAO para regressar", e os seus membros "estarão provavelmente em Niamey hoje ou amanhã (terça-feira)", disse o primeiro-ministro, cujo governo foi derrubado na sequência do golpe militar.

A delegação da CEDEAO que chegou a Niamey na quinta-feira à noite para encontrar uma saída para a crise partiu algumas horas mais tarde sem se ter encontrado nem com o chefe das forças armadas no poder, o general Abdourahamane Tiani, nem com o Presidente deposto, Mohamed Bazoum.

Hoje, primeiro dia do termo do ultimato dado pela CEDEAO aos militares no poder para restabelecerem a ordem constitucional (meia-noite de domingo em Lisboa), a organização da África Ocidental, que tinha ameaçado recorrer à "força", anunciou que os seus dirigentes se reunirão em Abuja, na Nigéria, na quinta-feira, para uma "cimeira extraordinária".

Na passada sexta-feira, os chefes de estado-maior da CEDEAO definiram os contornos de uma "possível intervenção militar" contra os autores do golpe de Estado, segundo um responsável da organização.

"O nosso objetivo não é a intervenção militar. O nosso objetivo é a restauração da democracia e o fim do sequestro do Presidente Bazoum", afirmou Mahamadou.

O primeiro-ministro afirmou que as condições de vida do Presidente Mohamed Bazoum, detido desde o dia do golpe de Estado de 26 de julho, juntamente com o seu filho e a sua mulher, estão a tornar-se mais difíceis.

"A eletricidade e a água foram cortadas", lamenta."As negociações ainda são possíveis", disse.

Mahamadou disse não ter ficado "surpreendido" com as manifestações de apoio aos militares, afirmando que "para encher o estádio como foi feito, basta fornecer os meios e prometer ajudas de custo aos participantes", referindo-se aos 30.000 apoiantes do golpe de Estado que se reuniram no estádio Seini Kountché, em Niamey, no domingo.

Por fim, segundo Mahamadou, o "sentimento antifrancês" expresso por bandeiras e palavras de ordem hostis à França durante as manifestações a favor dos golpistas em Niamey não passa de "uma manipulação" de "um pequeno grupo de atores da chamada sociedade civil".

"O que esperamos da França é que continue a apoiar o Níger", acrescentou.


Leia Também: O secretário-geral das Nações Unidas lamentou hoje que a "ordem constitucional" ainda não tenha sido restabelecida no Níger pós-golpe de Estado, manifestando "total apoio" ao trabalho da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Geraldo João Martins é o novo Primeiro-ministro da República da Guiné-Bissau.

POR LUSA  07/08/23 

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, nomeou hoje Geraldo Martins primeiro-ministro do país, após audiências com os partidos com assento parlamentar, depois das legislativas de 4 de junho.

"Éo senhor Geraldo João Martins nomeado primeiro-ministro", refere o decreto presidencial divulgado à comunicação social.

Num decreto divulgado anteriormente, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Nuno Gomes Nabiam, que afirmou aos jornalistas que tinha apresentado a sua demissão a Umaro Sissoco Embaló.
@Presidência da República da Guiné-Bissau.  Decreto Presidencial Nº 48/ 2023. É nomeado Geraldo Martins para exercer o cargo do Primeiro Ministro da Guiné-Bissau.
Antigo ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, Geraldo Martins assumiu a vice-presidência do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no anterior congresso do partido.

Político do círculo restrito de amizade do líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, Geraldo Martins licenciou-se em química e física, na Moldávia, e mais tarde, já em Bissau, em direito pela Faculdade de Direito, tendo ainda concluído um mestrado em Gestão e Políticas Públicas numa universidade de Londres, Inglaterra.

Embora tenha sido ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, por diversas vezes, a grande paixão de Geraldo Martins, como o próprio o admite, é a condução de políticas no setor da Educação, pasta que também liderou no Governo guineense.

Também foi ministro da Ciência e Tecnologias da Guiné-Bissau.

Entre 2005 até entrar para o Governo do PAIGC, em 2014, Geraldo Martins foi quadro sénior do Banco Mundial, responsável pelos dossiês de desenvolvimento humano de 25 países subsarianos, entre os quais Cabo Verde, Guiné-Bissau e Senegal.

Recentemente, Martins lançou-se na escrita, tendo publicado já dois romances: "Mil pedaços de amor", em 2017, e a "Desilusão -- Governação e exercício político durante a IX legislatura na Guiné-Bissau", em 2019.

Antigo militante do Partido da Convergência Democrática (PCD), Geraldo Martins aderiu ao PAIGC em 2018, e foi eleito deputado nas legislativas de 04 de junho passado.


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O Presidente Embaló já tem em mãos o nome de Geraldo Martins como a proposta da Coligação PAI-TERRA RANKA para chefiar o futuro Governo.

PR da Guiné-Bissau recebe formalmente proposta de Geraldo Martins para PM

POR LUSA   07/08/23 

A Plataforma Aliança Inclusiva (PAI)-Terra Ranka, vencedora com maioria das legislativas da Guiné-Bissau, entregou hoje formalmente ao Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, a proposta de nomeação de Geraldo Martins para o cargo de primeiro-ministro.

A proposta foi entregue pelo coordenador da coligação vencedora das legislativas de 04 de junho, Domingos Simões Pereira, ao Presidente guineense após audiências com todos os partidos com assento parlamentar.

"Já foi entregue", disse Domingos Simões Pereira.

Antes o também presidente da Assembleia Nacional Popular e líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) já tinha afirmado, no final da audiência com o chefe de Estado, que iria entregar ainda hoje a proposta formal de nomeação de Geraldo Martins para liderar o futuro Governo guineense.

Além da coligação PAI-Terra Ranka, o chefe de Estado guineense esteve reunido também com o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), que disse ao Presidente não se opor à nomeação de Geraldo Martins para o cargo.

"O Madem-G15 não tem nada a dizer sobre a proposta apresentada pela PAI-Terra Ranka. O Madem está disponível e aberto. Respeitamos os resultados eleitorais e vamos fazer uma oposição democrática no sentido de continuar a estabilizar o país", disse Abdu Mané, líder parlamentar do partido.

O Madem-G15 elegeu 29 deputados e vai liderar a oposição no parlamento.

O Presidente ouviu também o Partido de Renovação Social, que assinou um acordo de incidência parlamentar e governativa com a coligação vencedora das eleições, e o PTG (Partido dos Trabalhadores Guineenses), que está também a negociar um acordo com a PAI-Terra Ranka.

Os encontros terminaram com a audiência ao primeiro-ministro cessante e líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Gomes Nabiam, que informou que entregou a sua demissão do cargo.

"Nós reiteramos a nossa total colaboração, no sentido de o Presidente avançar e nomear o candidato proposto pela PAI-Terra Ranka para primeiro-ministro e consequente formação do novo Governo. Também apresentei a demissão do Governo por mim liderado", afirmou Nuno Gomes Nabiam.

O líder da APU-PDGB, que elegeu um deputado nas legislativas de 04 junho, disse também que não vai assinar nenhum acordo de incidência parlamentar com a coligação vencedora e que vai "colaborar com o novo Governo em tudo o que for bom para o país", mas que também é bom haver oposição.

"Isto é um processo democrático e quem ganha tem de governar e tem de haver oposição. O exercício tem de ser feito assim. A APU está preparada para fazer o seu trabalho enquanto oposição", salientou.


Níger. África do Sul espera que diplomacia leve ao recuo dos golpistas

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POR LUSA   07/08/23 

A África do Sul qualificou hoje o golpe de Estado no Níger de "perturbador" e manifestou-se esperançada que a diplomacia permita o recuo dos militares golpistas, sem tomar posição a favor ou contra eventual intervenção militar da CEDEAO.

"Esperamos que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO] tenha interações bem sucedidas com os líderes do golpe de Estado e os convença a regressar às suas casernas", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, Naledi Pandor, durante uma videoconferência de imprensa.

Pandor espera que a junta militar que tomou o poder no Níger "permita que o Presidente democraticamente eleito do Níger retome o papel de líder do país".

A possibilidade de uma intervenção militar da CEDEAO no Níger divide o continente africano e até os membros do bloco de 15 membros da organização, após ter dado à junta golpista um ultimato de sete dias para se retirar, que expirou à meia-noite de domingo.

Até à data, os governos da Nigéria, do Benim, da Costa do Marfim e do Senegal confirmaram claramente a disponibilidade dos seus exércitos para intervir no Níger.

Do outro lado, o Mali e o Burkina Faso, países governados por juntas militares, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra si.

A Guiné-Conacri, a Argélia e o Chade também se opuseram à intervenção.

Por seu lado, a junta golpista do Níger, que avisou a CEDEAO de que todas as ações contra o Níger seriam objeto de "uma resposta imediata e sem aviso prévio" do exército, reforçou o seu dispositivo militar e fechou o seu espaço aéreo no domingo, no final do ultimato que lhe foi dirigido.

O golpe de Estado no Níger foi conduzido em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CLSP), que anunciou a destituição do Presidente, a suspensão das instituições, o encerramento das fronteiras (que foram posteriormente reabertas) e um recolher obrigatório noturno até nova ordem.

O Níger tornou-se assim o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.


Vários deputados alemães favoráveis ao envio de mísseis de longo alcance

© Reuters

POR LUSA   07/08/23 

Vários deputados do Partido Social-Democrata alemão e de outros partidos minoritários manifestaram-se a favor da entrega de mísseis de longo alcance a Kyiv, desencadeando uma crise na coligação governamental face à recusa do ministro da Defesa, foi hoje divulgado.

O porta-voz para a área da política externa do Partido Social-Democrata alemão (SPD), Nils Schmid, não excluiu em recentes declarações ao jornal Der Tagesspiegel o envio deste tipo de armamento (mísseis Taurus) a Kyiv, juntamente com os Estados Unidos, recordou hoje o diário Welt.

Por sua vez, o deputado do SPD Andreas Schwarz assegurou no portal noticioso digital Spiegel ser favorável a essa possibilidade, ao argumentar que a contraofensiva ucraniana está a falhar porque Kyiv "não tem uma força aérea significativa para a apoiar".

Em simultâneo, a responsável pelo setor da Defesa dos Verdes (que também integra a coligação governamental alemã), Agnieszka Brugger, também se mostrou a favor, indicando que a Alemanha e a Ucrânia abordaram e concordaram sobre a criação de zonas de exclusão de uso destes mísseis.

O vice-presidente do comité da Rada (parlamento ucraniano) sobre Segurança Nacional, Defesa e Informações, Yehor Chernev, afirmou hoje que as principais forças parlamentares na Alemanha chegaram a um acordo sobre esta questão, apesar de ainda não existir confirmação oficial.

Em maio, as autoridades ucranianas solicitaram à Alemanha o envio destes mísseis, apesar de o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, não ter fornecido tal autorização, pelo facto destes equipamentos possuírem um alcance de 500 quilómetros, permitindo assim a Kyiv atingir infraestruturas militares russas mais recuadas.

Por seu turno, e seguindo os passos do Reino Unido, a França anunciou na cimeira da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco militar ocidental), em meados de julho, a entrega à Ucrânia de mísseis franco-britânicos de longo alcance Scalp.

O Ministério da Defesa alemão indicou no final de maio à agência de notícias francesa AFP ter recebido um pedido oficial de Kyiv sobre o fornecimento de mísseis Taurus, transportados por caças e fabricados pela empresa germano-sueca com o mesmo nome.

A Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) dispõe de cerca de 600 unidades, 150 das quais operacionais, segundo o deputado liberal Marcus Faber, membro da comissão de Defesa do Bundestag (câmara baixa do parlamento federal alemão).

No contexto da difícil contraofensiva lançada pela Ucrânia contra as tropas russas, o embaixador ucraniano em Berlim reiterou recentemente este pedido e recebeu o apoio tanto da oposição conservadora como dos ecologistas e dos liberais do FDP, membros da coligação governamental liderada pelo chanceler social-democrata Olaf Scholz.

Mas o partido de Scholz receia uma escalada do conflito com a Rússia no caso de este tipo de armamento ser disponibilizado à Ucrânia.

A Alemanha mantém-se também contra um apoio à aviação militar ucraniana, por exemplo através do fornecimento de caças F-16.

Contudo, o país aumentou significativamente o seu abastecimento de armamento a Kyiv nos últimos meses, fornecendo em particular, após muita hesitação, tanques do tipo Leopard.

Berlim "é líder no domínio da defesa antiaérea, do apoio à formação e dos veículos de exploração e blindados e é essa a nossa maior prioridade", disse na ocasião Boris Pistorius.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.


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Mali. Antiga rebelião tuaregue acusa exército e grupo Wagner de ataque

© Reuters

POR LUSA   07/08/23 

A antiga rebelião tuaregue do norte do Mali acusou hoje o exército do país e o grupo paramilitar russo Wagner de perpetrarem um ataque a uma das suas bases na sexta-feira, no qual foram mortos dois dos seus homens.

"Após o cruzamento de informações com provas concretas, a CMA [Coordenação dos Movimentos do Azawad, ex-rebelião] está em condições de afirmar que este ataque foi perpetrado pelas forças armadas malianas e pelos seus auxiliares da Wagner", disse a antiga rebelião num comunicado enviado à agência France-Presse.

A junta militar no poder no Mali desde 2020 afastou-se da França para se virar política e militarmente para a Rússia, embora negue a presença do grupo de mercenários russos Wagner e fale de instrutores do exército russo destacados em nome da cooperação entre Estados.

Os antigos rebeldes informaram na sexta-feira que tinham sido atacados no mesmo dia em Foïta (norte) por "homens armados em três veículos", sem especificar quem eram.

Posteriormente, condenou um "ato odiosamente premeditado" e "concluiu que se tratava de um desafio deliberado ao cessar-fogo de 23 de maio de 2014 e aos dispositivos de segurança" acordados entre Bamaco e os ex-rebeldes.

A CMA "denuncia mais uma vez a atitude belicosa do governo (maliano) e apela à mediação internacional como testemunha das consequências que podem resultar desta atitude".

Desde há vários meses que as relações entre Bamaco e a antiga rebelião são tensas e ameaçam o acordo de paz assinado sob a égide da Organização das Nações Unidas.


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Assinatura do acordo de incidência parlamentar e Governativa entre coligação PAI e PTG.

Radio TV Bantaba 

SENEGAL: Advogado de líder da oposição senegalesa foi detido e será deportado

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POR LUSA   07/08/23 

O advogado do líder da oposição senegalesa Ousmane Sonko, o franco-espanhol Juan Branco, foi hoje acusado de vários crimes, entre os quais atentados contra as autoridades e associação criminosa, antes de ser libertado e aguardar a deportação para França.

As autoridades senegalesas libertaram o advogado de Sonko depois de este ter sido apresentado a um juiz, ao qual recusou responder, segundo o jornal Sud Quotidien.

Branco foi detido no sábado na fronteira com a Mauritânia, quando tentava sair do Senegal, onde entrou na semana passada de forma ilegal e apesar de um mandado de captura internacional solicitado pelas autoridades senegalesas.

O Senegal acusa Branco, que tem origem espanhola, de "ataques contra o Estado", na sequência de uma petição que apresentou perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigar a violência política desencadeada pelas autoridades senegalesas contra Sonko e os seus apoiantes nos últimos dois anos.

O advogado, que entrou no Senegal para participar num fórum em que insistiu nos seus ataques contra a Procuradoria do país e na sua submissão ao Governo do Presidente Macky Sall, foi detido de madrugada na cidade fronteiriça de Rosso, quando tentava atravessar para a Mauritânia disfarçado de pescador através do rio Senegal.

Sonko está de novo detido após uma altercação na semana passada com um grupo de agentes da polícia que, segundo o líder da oposição, o filmavam em sua casa, e por ter incitado à insurreição ao publicar uma mensagem nas redes sociais antes da sua detenção, na qual apelava à resistência popular.

O seu partido, Patriotas do Senegal (Pastef), e os seus apoiantes denunciam a detenção de Sonko como um novo episódio na longa perseguição política de que é alvo por parte das autoridades.

Uma anterior detenção do líder da oposição levou a protestos dos seus apoiantes em meados de maio, que resultaram em 15 mortos e danos materiais significativos.

Sonko pretende concorrer às eleições presidenciais de 2024, mas os problemas com a justiça do seu país podem inviabilizar a candidatura.


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A falta de cebola no mercado foi superada, garantiu hoje o Presidente da Associação dos Retalhistas dos Mercados da Guiné-Bissau. Aliu Seidi apela a diversificação da produção local como forma de fazer face a escassez de produtos alimentícios.



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Guiné-Bissau: Presidente da República ouve partidos sobre nomeação do primeiro-ministro





Guiné-Bissau: Contingente Militar Costa Marfinense em Bissau comemora hoje a data de independência do país

 Radio Voz Do Povo 

ÁFRICA DO SUL: Violência na Cidade do Cabo faz dois mortos, vários autocarros queimados

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POR LUSA    07/08/23 

Pelo menos dois mortos e três feridos na manhã de hoje é o resultado das ações de violência na Cidade do Cabo relacionadas com um protesto de motoristas de carrinhas táxi, anunciou a polícia sul-africana.

"Um homem foi morto a tiro e três pessoas ficaram feridas após um motorista ter sido apedrejado na avenida do aeroporto. O motorista respondeu ao ataque disparando vários tiros", declarou à imprensa local a porta-voz da polícia Novela Potelwa.

Os motoristas de carrinhas táxi bloquearam o acesso ao aeroporto internacional da Cidade do Cabo, segundo a polícia sul-africana. O carro da vítima foi incendiado, na via pública, indicou a imprensa local.

A porta-voz policial adiantou que quatro autocarros da empresa Golden Arrow Bus Services foram incendiados também na manhã de hoje, elevando para 10 o número de autocarros queimados na cidade desde quinta-feira devido à ação de protesto dos motoristas de carrinhas táxi.

De acordo com as autoridades de segurança, cerca de 1.500 efetivos policiais foram destacados para conter a violência em vários "pontos críticos" da cidade.

"Forças adicionais, incluindo apoio aéreo, foram destacadas para vários locais e outras interrupções de tráfego e outros incidentes foram relatados", referiu Potelwa.

Um segundo homem de 28 anos foi encontrado morto após ter sido baleado múltiplas vezes numa outra zona próximo da autoestrada N2, segundo a polícia sul-africana.

"Acredita-se que o motivo desse ataque esteja relacionado com o protesto dos táxis", referiu o porta-voz da polícia, Joseph Swartbooi.

A ação de protesto foi desencadeada na Cidade do Cabo pelo sindicato Conselho Nacional de Táxis da África do Sul (SANTACO, na sigla em inglês), após o que considerou ser o fracasso de negociações com as autoridades provinciais e locais no sul do país.

Os membros afetos ao sindicato, que indicou hoje que a paralisação continuará até quarta-feira, bloquearam ainda várias estradas de acesso à Cidade do Cabo, sede do Parlamento da África do Sul na província do Cabo Ocidental, e que é governada pelo principal partido da oposição Aliança Democrática (DA).   

A autarquia da Cidade do Cabo indicou à imprensa local que pelo menos 110 casos criminais foram registados por incidentes relacionados com a greve de motoristas de carrinhas de transporte de passageiros.

As autoridades provinciais anunciaram a apreensão de pelo menos 43 miniautocarros, juntamente com a detenção dos respetivos motoristas, após o bloqueio dos acessos ao aeroporto.

"Não permitiremos que a ilegalidade crie raízes na nossa província", declarou a uma rádio local o responsável provincial pela Segurança Comunitária e Supervisão Policial, Reagen Allen.


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Detida mulher que estaria a preparar plano para assassinar Zelensky... A alegada informadora estaria a trabalhar com as forças russas.

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Notícias ao Minuto    07/08/23 

Os serviços secretos ucranianos (SBU) detiveram uma mulher que, alegam as autoridades, estaria a "preparar um ataque aéreo russo na região de Mykolaiv durante a visita do presidente ucraniano", que decorreu no final de julho.

À CNN Internacional, o SBU especificou que a alegada informadora estaria a "reunir informações sobre a visita" na véspera da viagem de Volodymyr Zelensky à região, nomeadamente a rota da comitiva do presidente.

Num comunicado, é dito que a alegada informadora "tentou estabelecer o tempo e a lista de localizações da rota aproximada do chefe de Estado", e os agentes do SBU ter-se-ão apercebido das "atividades subversivas da suspeita".

Esta não será a primeira tentativa de assassinato contra Volodymyr Zelensky, cuja segurança, desde o início da guerra, tem sido um dos focos dos serviços secretos ucranianos. Logo em fevereiro de 2022, foi avançado que cerca de 400 mercenários do grupo Wagner teriam tentado entrar em Kyiv com ordens específicas para matar o líder do país.

O SBU acrescentou que a mulher ficou encarregue de identificar a localização de sistemas eletrónicos militares e armazéns com munições para as forças armadas.

A identidade da suspeita não foi revelada, com a CNN Internacional a avançar apenas que a mulher é natural de Ochakov, uma localidade no sul da Ucrânia, tendo trabalhado numa loja com utensílios militares na região.

Além da alegada tentativa de assassinato, o SBU atribuiu-lhe ainda crimes de espionagem, por ter supostamente viajado pelo território e filmado localizados de objetos militares ucranianos.


Níger. Mali e Burkina Faso vão enviar uma delegação oficial conjunta

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POR LUSA   07/08/23 

O exército maliano anunciou hoje que o Mali e o Burkina Faso vão enviar uma delegação oficial conjunta a Niamey em "solidariedade" com o Níger, palco de um golpe militar no final de julho e ameaçado de intervenção militar.

"O Burkina Faso e o Mali enviam uma delegação a Niamey, chefiada pelo ministro maliano Abdoulaye Maïga, um dos homens fortes da junta do Mali, anunciou o exército maliano nas redes sociais. "O objetivo é demonstrar a solidariedade dos dois países para com o povo irmão do Níger", acrescentou.

A delegação deverá chegar hoje ao Níger, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Níger.

O anúncio desta visita surge pouco depois de ter expirado, à meia-noite de domingo, o ultimato estabelecido pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para que os militares nigerinos reinstaurem o Presidente deposto Mohamed Bazoum. A CEDEAO ameaçou recorrer à força após o termo do prazo.

O Mali e o Burkina Faso, onde os militares também tomaram o poder pela força em 2020 e 2022, avisaram numa declaração conjunta que considerariam essa intervenção como uma "declaração de guerra".

A 26 de julho, soldados amotinados instalaram o líder, general Abdourahamane Tiani, como novo chefe de Estado do Níger.

O golpe de Estado vem acrescentar mais um motivo de preocupação na região da África Ocidental, que se debate com a tomada de poder pelos militares no Mali, na Guiné-Conacri e no Burkina Faso, o extremismo islâmico e uma mudança de atitude de alguns Estados em relação à Rússia e ao grupo de mercenários Wagner.


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Formação dos Agentes de Guarda Prisional, Força de Defesa e Segurança organizado pelo Casa dos Direitos e RENLUV-GC/GB com apoio do UNFPA na promoção dos Direitos das Mulheres e Meninas.

 Radio Voz Do Povo 

Barata, inovadora e mortífera. A nova arma ucraniana para recuperar o controlo do Mar Negro

Por Cnnportugal.iol.pt   07/08/23

Com algumas centenas de milhares de euros tornou-se possível afundar navios de guerra de muitos milhões. A tecnologia está a ser criada e desenvolvida na Ucrânia e Moscovo ainda não encontrou forma de lidar com ela

É a primeira frota de drones navais militares da história e a sua lista de vítimas é cada vez maior. São capazes de navegar longas distâncias controlados remotamente e a bordo trazem consigo centenas de quilos de explosivos, capazes de destruir navios de guerra que custam centenas de milhões. Foi esse o caso do navio de transporte militar atingido esta sexta-feira a mais de 500 quilómetros da sua costa, na base naval de Novorossiysk, o maior porto da Rússia, e os especialistas alertam: o número de ataques vai continuar a aumentar.

“É uma nova realidade com que a Rússia vai ter de viver todos os dias. A partir de agora, a Rússia vai ter de estar em constante estado de alerta no Mar Negro e isso vai implicar um esforço militar muito maior para a neutralização desta ameaça. Estes drones podem tornar-se fortes elementos dissuasores”, afirma o comandante João Ribeiro.

Tal como os veículos aéreos não tripulados, estes dispositivos estão a alterar a dinâmica da guerra no Mar Negro. Estes drones navais, que a CNN pode testemunhar em exclusivo no final de julho, têm pouco mais de cinco metros de comprimento, mas conseguem carregar cerca de 300 quilos de explosivos a uma velocidade de 80 quilómetros por hora e atingir um alvo a 800 quilómetros de distância. Podem levar três câmaras HD a bordo e o seu sistema de controlo por satélite é encriptado.

Cada um destes drones tem um custo aproximado de 250 mil dólares, o que pode parecer um valor elevado, principalmente quando estamos a falar de uma arma que é feita para se destruir. Mas o custo destas pequenas embarcações kamikazes é muito inferior aos muitos milhões necessários para adquirir um navio de guerra e a sua tripulação altamente especializada.

“Têm uma relação custo-eficácia bastante grande. Pode-se pegar num casco idêntico ao de uma mota de água, colocam-lhe explosivos, comunicações e visão e podem destruir um alvo de milhões”, destaca João Ribeiro.

Num vídeo publicado esta sexta-feira, é possível espreitar o potencial efeito devastador que estas armas já estão a ter. No vídeo, é possível ver através da perspetiva do operador do drone naval ucraniano, que se aproxima do navio de guerra russo, o Olenogorsky Gornyak, até ao momento em que o sinal desaparece, quando se dá a explosão. Segundo uma fonte da marinha ucraniana, a bordo da embarcação seguiam cem marinheiros. Horas depois, perto do estreito de Kerch, novo incidente. Os locais escutaram três explosões em alto mar, um navio petroleiro russo alvo de sanções tinha sido atingido por uma vaga de drones marítimos. A tripulação sobreviveu, mas os seus efeitos foram devastadores, com um gigantesco buraco no casco do navio.

Não foi a primeira vez que os ucranianos demonstraram as capacidades destas armas. As autoridades ucranianas admitiram que o ataque de 14 de julho à ponte de Kerch também foi executado com um drone naval. A operação vai levar a estrutura que liga a península da Crimeia ao território russo – e que é uma das grandes obras públicas da era de Vladimir Putin - fique fora de serviço até ao final de setembro. A ponte é um dos principais alvos militares ucranianos desde o início da guerra, uma vez que é utilizada pelas forças armadas russas para reabastecer o esforço logístico na Crimeia e no sul do território ocupado na Ucrânia.

Estes sistemas são também uma prova de resiliência e de adaptação por parte do povo e do exército ucraniano. Os drones que têm protagonizado todos estes ataques são produzidos quase totalmente na Ucrânia. Toda a engenharia necessária é desenvolvida internamente. A própria produção dos cascos, dos componentes eletrónicos e do software acontece na Ucrânia. É a resposta “natural” de uma marinha de guerra que perdeu perto de 80% de toda a sua frota desde o início da guerra, mas com muito apoio da sociedade civil.

Parte dos fundos para este desenvolvimento e produção é obtido através da organização United24, que recebe doações de indivíduos e empresas de todo o mundo para financiar várias iniciativas. “A nossa primeira tarefa é montar uma frota de 100 destas embarcações. Eles defenderão as águas de nossos mares, impedirão que navios russos que transportam mísseis saiam da baía, protegerão navios mercantes e realizarão missões secretas”, escreve a organização na página de angariação de fundos. A partir de 100 dólares pode contribuir para a construção da nova “armada” ucraniana.

A Ucrânia descreve mesmo estes ataques com drones no Mar Negro como “perfeitamente lógicos”, segundo líder dos serviços de segurança ucranianos (SBU), Vasyl Maliuk, e Kiev apressou-se a prometer mais ataques. A Rússia já prometeu responder contra o que considera serem “ataques terroristas”, mas, para João Ribeiro, Moscovo tem um problema complexo para resolver, porque, apesar de serem relativamente fáceis de abater, são objetos muito pequenos na vastidão da superfície do mar, o que os torna difíceis de detetar.

"A Ucrânia está a adquirir cada vez mais estas capacidades, por isso, vamos ver um aumento da recorrência destes ataques. Os modelos atuais, são fáceis de abater, mas são difíceis de detetar por serem pequenos. Uma vez detetados é possível destruí-los. Por isso, o próximo passo vai ser o aparecimento de drones submarinos”, antevê o comandante João Ribeiro.

E Kiev já o está a fazer. No final de abril, o Ministério da Transição Digital ucraniano anunciou a criação de um grupo de trabalho chamado BRAVE1, que tem como objetivos criar uma base tecnológica que ligue o governo, o exército e o setor privado para desenvolver armamento que dê vantagem à Ucrânia no campo de batalha. Durante o seu anúncio, um dos projetos mostrados era um pequeno submarino robótico não-tripulado, com pouco menos de dois metros, com o nome de Toloka TLK-150.

A necessidade aguça o engenho e, talvez por isso, o seu design seja tão pouco convencional. Segundo a imagem tornada pública, o submarino tem estabilizadores muito maiores do que outros modelos conhecidos e as hélices dos propulsores, montadas em pequenas asas estabilizadoras, estão a uma distância muito maior uma da outra. Estas características, combinadas com o leme separado e com as pás de mergulho montadas na frente do drones sugerem que os seus criadores estão a optar por um design ágil. A meio do submarino existe um pequeno mastro, que traz à superfície o sistema de comunicações e de captação e transmissão de imagem.


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CHINA: Um novo documentário produzido pela televisão estatal chinesa CCTV enalteceu a preparação das Forças Armadas chinesas para atacar Taiwan, numa altura em que Pequim intensifica a sua estratégia de intimidação sobre o território.

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POR LUSA   07/08/23

 Documentário chinês exibe capacidade militar para atacar Taiwan

Um novo documentário produzido pela televisão estatal chinesa CCTV enalteceu a preparação das Forças Armadas chinesas para atacar Taiwan, numa altura em que Pequim intensifica a sua estratégia de intimidação sobre o território.

'Chasing Dreams' ('Atrás do Sonho', em português) , um documentário de oito episódios exibido pela CCTV esta semana, para marcar o 96.º aniversário do Exército de Libertação Popular, apresenta exercícios militares e depoimentos de dezenas de soldados, entre os quais vários dizem estar dispostos a sacrificar a vida num possível ataque contra Taiwan.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.

A imprensa estatal e o Exército chinês frequentemente divulgam conteúdo propagandístico sobre a modernização do exército, visando inflamar o crescente nacionalismo chinês e mostrar confiança contra Taiwan e os Estados Unidos, o principal aliado da ilha.

Embora os EUA não reconheçam Taiwan como um país soberano, Washington comprometeu-se a ajudar a ilha a defender-se no caso de invasão.

No mês passado, a Casa Branca anunciou um pacote de ajuda militar de 345 milhões de dólares (315 milhões de euros) para Taiwan.

O documentário 'Chasing Dreams' apresentou, entre outras coisas, os exercícios 'Joint Sword' do Exército de Libertação Popular, que simularam ataques de precisão contra Taiwan.

Os exercícios foram realizados ao redor da ilha, em abril passado, após a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, ter visitado os Estados Unidos.

Entre as partes mais dramáticas do documentário estão as promessas de soldados de várias divisões a expressarem a disposição de se sacrificarem num possível ataque contra Taiwan.

"Se a guerra estourar e as condições forem muito difíceis para remover com segurança as minas navais em combate real, usaríamos os nossos próprios corpos para abrir um caminho seguro para as nossas forças aterrarem", disse Zuo Feng, um soldado da unidade caça-minas.

Li Peng, um piloto do Esquadrão Wang Hai da Força Aérea chinesa, disse que o seu "jato de combate seria o último míssil avançando em direção ao inimigo numa batalha real", se tivesse usado já toda a munição.

Fan Lizhong, comandante da unidade de táticas especiais, disse no documentário que, embora seja doloroso perder companheiros, ele deve manter a calma para responder a emergências e estar sempre pronto para lutar.

O documentário também apresenta o Shandong, um dos três porta-aviões da China, a navegar em formação com vários outros navios de guerra.

As Forças Armadas chinesas repetidamente despacharam o Shandong para o Estreito de Taiwan nos últimos meses. Aviões de guerra chineses também cruzaram a linha mediana do estreito, uma zona de demarcação informal entre a China e Taiwan, com relativa frequência, nos últimos dois anos.


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Cedesa alerta para choque entre estratégia russa para África e Angola

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POR LUSA  07/08/23 

Os académicos da Cedesa, entidade que analisa Angola, defendem haver um "cinturão russo" a ser criado em África que "choca diretamente com os interesses" regionais de Angola e vai afetar o país.

Para a Cedesa, é claro, depois do último golpe de Estado, que ocorreu na semana passada no Níger, mais um país na região do Shael, que há "uma linha quase contínua de leste a oeste de África onde se está a formar um 'cinturão russo'".

"Na prática, falta cair o Chade, onde a influência francesa é grande, mas a instabilidade e a existência de grupos de guerrilha já se faz notar", salienta o grupo de académicos que nasce do Angola Research Network.

Assim, não faltará muito tempo para que aquele país fique totalmente cercado, porque a norte, na Líbia, existe "uma forte presença" do grupo privado russo Wagner, como na fronteira sul na República Centro-Africana, a oeste está o Níger e a Leste o Sudão.

"Pode-se antecipar que o Chade está cercado e em breve poderá completar o 'cinturão russo'", adianta a Cedesa.

Perante este 'cinturão russo' em construção na zona do Sahel africano, os académicos assinalam as suas principais consequências quer globais quer para Angola.

"Angola foi tradicionalmente um aliado russo, um dos principais em África, mas "já não é", sublinham os académicos.

E o atual Presidente do país, João Lourenço, tenta colocar o país como uma potência regional próxima do Ocidente e com boas relações com a China e Rússia, mas tentando resolver os problemas africanos em África.

Por isso, para o grupo de académicos "torna-se evidente que a criação do 'cinturão russo' levanta obstáculos de monta a este desejo de Angola".

"Com uma Rússia forte na intermediação entre o Norte e o Sul de África, o papel de Angola como potência regional fica esvaziado, e tudo se volta a resumir aos embates da Guerra Fria, agora renovada", realçam.

Por isso, defendem: "o 'cinturão russo' choca diretamente com os interesses prospetivos regionais de Angola e com o seu desejo de paz e estabilidade no continente".

Depois da promoção que João Lourenço tem feito da normalidade constitucional, e condenando todas as alterações não constitucionais em África, o facto é que "as alterações promovidas pela Rússia são não constitucionais, assentam em golpes de força promovidos pelos militares".

Perante este cenário em construção, Angola enfrenta ainda um outro problema: "diretamente, a estabilidade e segurança nacional angolana ficaria ameaçada se houvesse qualquer tipo de intervenção na República Democrática do Congo que agitasse ainda mais o país do que já está", uma vez que faz fronteira com Angola.

Assim, concluem, Angola "não deverá estar a ver com bons olhos o alargamento do 'cinturão russo' no Sahel", apesar das relações cordiais que mantém com o Kremlin.

A nível global, a primeira consequência apontada na análise da Cedesa "é a reafirmação política da Rússia".

"O país demonstra que sabe globalizar uma contenda, não a situando apenas na Ucrânia, mas mundializando-a, reunindo um conjunto de apoios que podem parecer fracos individualmente, mas juntos alcançam extrema relevância estratégica, colocando já em causa a influência francesa na região", defende a Cedesa.

E "a grande derrotada é a França", podendo a Rússia ainda, no entender dos académicos, projetar outras perdas e outros ganhos estratégicos e económicos.

Em termos estratégicos é sabido que a zona do Sahel tem uma forte e direta importância estratégica para a Europa no combate ao terrorismo e à migração.

Assim, "a partir de agora, a Rússia dispõe de uma válvula de pressão em relação à União Europeia em termos de terrorismo e migração, podendo, na prática, aumentar ou diminuir os fluxos migratórios de África para as costas europeias", realça a Cedesa.


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Forças de segurança angolanas acusadas de "homicídios ilegais" por ONG

Por  SIC Notícias  07/08/23

Segundo a Human Rights Watch, “há décadas que as forças de segurança angolanas violam estes direitos fundamentais, cometendo execuções extrajudiciais e outros homicídios ilegais, fazendo uso de força excessiva e desnecessária contra manifestantes”.

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) acusou esta segunda-feira as forças de segurança angolanas de "homicídios ilegais, de abusos graves contra ativistas políticos e manifestantes pacíficos desde janeiro".

A HRW afirmou também que "o Governo deve garantir a realização de investigações urgentes, imparciais e transparentes às alegadas violações de direitos e aplicar sanções adequadas ou levar a tribunal os membros das forças de segurança responsáveis".

"Foram implicados membros da Polícia Nacional de Angola e do seu Serviço de Investigação Criminal, bem como do Serviço de Segurança e Inteligência do Estado, no homicídio ilegal de pelo menos 15 pessoas, bem como na detenção arbitrária de centenas de outras pessoas", apontou a ONG em comunicado, no qual se especifica que "as vítimas incluem ativistas sociais e políticos, artistas que criticam abertamente o Governo e manifestantes que organizaram ou participaram em atividades antigovernamentais pacíficas em todo o país".

Na mesma nota, a investigadora sénior da HRW para África Zenaida Machado disse que "a polícia angolana parece estar a visar quem se pronuncia contra as políticas do Governo".

"As autoridades angolanas devem agir com urgência para acabar com as políticas e práticas abusivas da polícia e para garantir que é feita justiça para as vítimas e para os seus familiares", acrescentou, citada no comunicado.

O relatório da ONG de defesa de direitos humanos é fundamentado em 32 entrevistas efetuadas entre janeiro e junho de 2023, incluindo "vítimas de abusos e familiares das mesmas, testemunhas e fontes de segurança em Luanda, a capital, bem como em Cabinda e Bié".

"Em fevereiro, homens que se identificaram como membros do Serviço de Investigação Criminal detiveram um grupo de jovens cujos corpos foram encontrados três dias depois, na morgue de um hospital em Luanda", indicou o documento, no qual também se sublinhou que "as forças de segurança também detiveram arbitrariamente pessoas que criticaram publicamente o Governo".

A organização lembrou os casos de “um 'rapper' ativista conhecido como Kamesu Voz Seca, que esteve cinco dias na prisão sem nenhuma acusação, após o carro do 'rapper' ter sido parado num bloqueio policial noturno, em Luanda, e agentes da polícia terem encontrado panfletos com 'Fora, Presidente' e mensagens semelhantes”.

Também a detenção de um taxista, acusado de "promover atos de rebelião na sequência de um vídeo em que imita o falecido líder rebelde Jonas Savimbi e apela ao afastamento do governo do partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), se ter tornado viral nas redes sociais".

A HRW afirmou que "há décadas que as forças de segurança angolanas violam estes direitos fundamentais, cometendo execuções extrajudiciais e outros homicídios ilegais, fazendo uso de força excessiva e desnecessária contra manifestantes, bem como perseguindo, detendo arbitrariamente e mantendo na prisão ativistas da oposição".

Contudo, ressalvou que, "nos últimos anos, o Governo fez algumas tentativas para melhorar a aplicação da lei, nomeadamente a demissão de agentes responsáveis por abusos, a integração dos direitos humanos no currículo da academia da polícia e a realização de atividades de direitos humanos regulares em parceria com as Nações Unidas e organizações não-governamentais nacionais".

Ainda assim, lamentou que "a aplicação de ações penais a agentes da polícia por uso ilegal da força continua a ser rara" e que "as tentativas de melhorar a conduta dos agentes não foram sustentadas por medidas de responsabilização fortes, como ações disciplinares e processos criminais, havendo muitos casos de abuso policial que escaparam impunes.

Razão pela qual a HRW defendeu que "o Governo angolano deve adotar urgentemente reformas concretas e significativas à conduta e supervisão da polícia, para promover o pleno respeito pelos direitos humanos e o Estado de Direito" e que "a comunidade internacional, incluindo a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, a União Africana, a União Europeia e as Nações Unidas devem exortar" Luanda, "tanto em público como em privado, a responsabilizar os autores destes abusos".

MIGRAÇÕES: O Papa Francisco alertou no domingo que o "Mediterrâneo é um cemitério, mas o maior cemitério é o norte de África", insistindo que "é criminosa a exploração dos migrantes".

© REUTERS/Guglielmo Mangiapane

POR LUSA   07/08/23 

 Deserto do Norte de África é hoje "o maior cemitério"

O Papa Francisco alertou no domingo que o "Mediterrâneo é um cemitério, mas o maior cemitério é o norte de África", insistindo que "é criminosa a exploração dos migrantes".

"O Mediterrâneo é um cemitério, mas o maior cemitério é o norte de África. É terrível", afirmou Francisco, a bordo do avião papal, que regressava a Roma, após Francisco ter presidido à Jornada Mundial da Juventude (JMJ, em Lisboa.

Segundo o Papa, "é criminosa a exploração dos migrantes".

"Aqui na Europa não, porque somos mais cultos, mas nos campos do norte de África...", afirmou, lembrando que "na semana passada, a instituição 'Mediterranea Saving Humans' estava a trabalhar para resgatar migrantes num deserto entre a Tunísia e a Líbia, porque foram deixados ali, para morrer".

Francisco adiantou que vai a Marselha, França, no final de setembro, para os "Encontros Mediterrâneos", por causa desta situação

"Os bispos do Mediterrâneo vão fazer este encontro, com alguns políticos, também, para refletir a sério sobre o drama dos migrantes", acrescentou.

A JMJ começou na terça-feira e terminou no domingo. Cerca de 1,5 milhões estiveram, quer no sábado, quer no domingo, na capital portuguesa, segundo a Santa Sé, a participar naquele que é considerado o maior acontecimento da Igreja Católica.


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BURKINA FASO: França suspende ajuda ao Burkina Faso

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POR LUSA   07/08/23 

A França decidiu suspender "até nova ordem toda a ajuda ao desenvolvimento e apoio orçamental" ao Burkina Faso, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, no domingo à noite.

O anúncio surge numa altura em que o Burkina Faso e o Mali manifestaram solidariedade com os militares que tomaram o poder no Níger.

A França apoia os países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) nos esforços para reintegrar no cargo o Presidente nigerino deposto, Mohamed Bazoum, preso desde o golpe de Estado de 26 de julho.

Os Estados da CEDEAO ameaçaram intervir militarmente e deram aos militares um prazo, que terminou este domingo, para restabelecerem a ordem constitucional.

Os atuais projetos franceses de ajuda ao desenvolvimento para o Burkina Faso totalizam 482 milhões de euros, enquanto a ajuda orçamental prevista para 2022 ascende a 13 milhões de euros.

As relações entre França e Burkina Faso deterioraram-se desde que o capitão Ibrahim Traoré tomou o poder num golpe de Estado em setembro de 2022.


NÍGER: Militares anunciam encerramento do espaço aéreo do Niger

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POR LUSA  07/08/23 

Os militares que tomaram o poder no Níger anunciaram, no domingo, o encerramento do espaço aéreo "face à ameaça de intervenção dos países vizinhos".

"Perante a ameaça de intervenção dos países vizinhos, o espaço aéreo do Níger está encerrado a partir de hoje, domingo, até nova ordem", indicaram em comunicado, no qual acrescentaram que "qualquer tentativa de violação do espaço aéreo" terá como consequência "uma resposta enérgica e imediata".

Num outro comunicado, o Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP, que assumiu o poder) afirmou ter sido "efetuado um pré-deslocamento para a preparação da intervenção em dois países da África Central", sem especificar quais.

"Qualquer Estado envolvido será considerado como cobeligerante", acrescentou.

As fronteiras terrestres e aéreas do Níger com cinco países vizinhos foram reabertas a 02 de agosto, quase uma semana depois de terem sido encerradas durante o golpe de Estado de 26 de julho que derrubou o Presidente eleito, Mohamed Bazoum.

Estes países são a Argélia, o Burkina Faso, a Líbia, o Mali e o Chade.

O ultimato fixado a 30 de julho pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para que os militares que tomaram o poder restabelecessem o Presidente Bazoum, sob pena de intervenção armada, expirou este domingo.

O prazo terminou sem que a exigência fosse cumprida, pelo que a população se prepara agora para o pior já que a CEDEAO admitiu recorrer à força, isto apesar dos recentes apelos internacionais para que a legalidade constitucional seja reposta por meios pacíficos.

A 26 de julho, soldados amotinados instalaram o líder, general Abdourahamane Tiani, como novo chefe de Estado do Níger.

O golpe de Estado vem acrescentar mais um motivo de preocupação na região da África Ocidental, que se debate com a tomada de poder pelos militares no Mali, na Guiné-Conacri e no Burkina Faso, o extremismo islâmico e uma mudança de atitude de alguns Estados em relação à Rússia e ao grupo de mercenários Wagner.

A incerteza no Níger está a piorar a vida quotidiana de cerca de 25 milhões de pessoas num dos países mais pobres do mundo. Os preços dos alimentos estão a aumentar depois de a CEDEAO ter imposto sanções económicas e de viagem na sequência do golpe de Estado. A Nigéria, que fornece cerca de 90% da eletricidade no Níger, cortou parte do abastecimento.

JMC (IM/JSD) // EJ

Lusa/Fim

PR Umaro Sissoco Embalo recebeu no princípio desta tarde um grupo de músicos Nacionais a proposito de apresentação do Projecto musical em memória de Seco Cote.

 Radio Voz Do Povo