quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Embaló detido e militares "controlam" Guiné-Bissau. Portugal faz apelo... Três dias após as eleições, foram ouvidos tiros no centro da cidade de Bissau. O presidente foi preso e os militares anunciaram a suspensão do processo eleitoral e o encerramento das fronteiras.

Por LUSA 

Três dias após as eleições na Guiné-Bissau, os militares anunciaram que assumiram o "controlo total do país" e suspenderam "o processo eleitoral". O presidente Umaro Sissoco Embaló diz ter sido detido no palácio presidencial. O Governo português já apelou a "todos os envolvidos" que "se abstenham de qualquer acto de violência".

Umaro Sissoco Embaló terá sido detido esta quarta-feira no seu gabinete no palácio presidencial, em Bissau, por volta do meio-dia, na sequência de um alegado golpe de Estado.

Segundo revelou o chefe de Estado à Jeune Afrique, homens fardados invadiram o palácio. O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, General Biague Na Ntan, o Vice-Chefe do Estado-Maior, General Mamadou Touré, e o Ministro do Interior, Botché Candé, foram presos ao mesmo tempo. 

Embaló acrescentou que não houve recurso à violência durante esse "golpe".

Entretanto, em comunicado, as Forças Armadas guineenses informaram também que os militares tomaram hoje o poder na Guiné-Bissau, depois de um tiroteio que durou cerca de meia hora.

O comunicado foi lido na televisão estatal guineense TGB pelo porta-voz do Alto Comando Militar, Dinis N´Tchama, que informa que os militares assumiram a liderança do país.

Na comunicação informa-se que foi "instaurado pelas altas chefias militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, o Alto Comando Militar para a restauração da segurança nacional e ordem pública" e que o mesmo "acaba de assumir plenitude dos poderes de Estado da República da Guiné-Bissau".

Há militares posicionados na principal via de acesso ao palácio presidencial, como mostram também imagens recolhidas no local, que pode ver na galeria acima.

Recorde-se que foram ouvidos tiros no centro da cidade de Bissau desde as 12h40, segundo relatos feitos à Lusa via telefone por testemunhas no terreno.

A Guiné-Bissau aguarda os resultados oficiais das eleições gerais, presidenciais e legislativas, de domingo.

O candidato da oposição à presidência da República, Fernando Dias, reclamou na segunda-feira vitória e disse que tinha derrotado o Presidente Umaro Sissoco Embaló na primeira volta.

No entanto, também o presidente em exercício reivindicou a vitória com 65% dos votos, segundo sua própria contagem. Os resultados oficiais eram esperados na quinta-feira.

Governo português pede que não haja violência e se retome normalidade

Numa nota emitida esta tarde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português garantiu estar em "contacto permanente" com a embaixada portuguesa em Bissau para perceber em que situação se encontram os cidadãos portugueses e a população em geral.

O ministério tutelado por Paulo Rangel escreve também que "face dos acontecimentos que interromperam o curso da normalidade constitucional na Guiné Bissau", o Governo português apela "a que todos os envolvidos se abstenham de qualquer acto de violência institucional ou cívica e que se retome a regularidade do funcionamento das instituições, de modo que se possa finalizar o processo de apuramento e proclamação dos resultados eleitorais".

Guiné-Bissau: Atos consulares estão suspensos na Embaixada de Portugal em Bissau... A Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau informou hoje que estão suspensos os atos consulares agendados, devido à situação política no país africano, com a tomada do poder por um comando militar.

© Lusa   26/11/2025 

Nos canais oficiais, a Embaixada portuguesa informa "que, tendo em conta a atual situação de segurança, se encontra temporariamente suspensa a realização dos atos consulares agendados na Secção Consular".

De acordo com a informação disponibilizada, "os atendimentos afetados serão reagendados para a primeira oportunidade possível, logo que as condições o permitam".

A embaixada ressalva que "a Secção Consular mantém-se em funcionamento para efeitos de apoio consular de emergência aos cidadãos portugueses".

Na mesma nota informativa, a Embaixada de Portugal em Bissau indica que "continua a acompanhar de perto a situação de segurança na cidade de Bissau" e reitera "a recomendação de prudência e vigilância, bem como de evitar deslocações desnecessárias".

A representação diplomática portuguesa lembra que "de acordo com o comunicado emitido em nome do 'Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional e Ordem Pública', todas as fronteiras terrestres, aéreas e marítimas da Guiné-Bissau encontram-se encerradas, tendo sido também estabelecido um recolher obrigatório entre as 19:00 e as 06:00".

Sublinha ainda que "estas medidas produzem efeitos imediatos e permanecerão em vigor até indicação em contrário pelas autoridades competentes".

Os militares tomaram hoje o poder na Guiné-Bissau, depois de um tiroteio que durou cerca de meia hora, segundo um comunicado das Forças Armadas guineenses.

O comunicado foi lido na televisão estatal guineense TGB pelo porta-voz do Alto Comando Militar, Dinis N´Tchama, que informa que os militares assumiram a liderança do país.

Na comunicação informa-se que foi "instaurado pelas altas chefias militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, o Alto Comando Militar para a restauração da segurança nacional e ordem pública" e que o mesmo "acaba de assumir plenitude dos poderes de Estado da República da Guiné-Bissau".

O Alto Comando Militar informa que depôs o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló e que encerrou, "até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau".

Informa ainda que estão suspensas "as atividades de todos os órgãos de comunicação social", assim como decidiu "suspender imediatamente o processo eleitoral em curso".

Os guineenses votaram no domingo em eleições gerais, presidenciais e legislativas, tendo sido anunciada para quinta-feira a divulgação dos resultados, com o candidato da oposição Fernando Dias a reclamar vitória na primeira volta contra o atual Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que concorreu a um segundo mandato.

O comunicado explica que se trata de uma reação "à descoberta de um plano em curso de destabilização do país", atribuído a "alguns políticos nacionais com a participação de conhecidos barões de droga nacionais e estrangeiros".

Segundo os militares, o plano consistiria ainda na "tentativa de manipulação dos resultados eleitorais" das eleições gerais de domingo.

O Alto Comando Militar acrescentada que "foi descoberto pelo Serviço de Informação de Estado um depósito de armamento de guerra" destinado à "efetivação desse plano".

O Alto Comando Militar exercerá o poder do Estado a contar da data de hoje "até que toda a situação seja convenientemente esclarecida e respostas as condições para o pleno retorno à normalidade constitucional".

Os militares apelam "à calma, à colaboração dos guineenses e compreensão de todos perante" o que classificam como "grave situação imposta por uma emergência nacional".


Declaração do Estado Maior General das Forças Armadas face ao tiroteio ocorrido esta manhã em Bissau…

ÚLTIMA HORA: As forças armadas da Guiné-Bissau anunciaram que estão a assumir o controlo dos poderes do Estado, suspendendo as instituições e a interromper o processo eleitoral, de acordo com um comunicado emitido na quarta-feira.

O Comando Militar da alta para a Restauração da Segurança Nacional e da Ordem Pública disse que descobriu um plano de desestabilização envolvendo políticos, cidadãos estrangeiros e um "barão de drogas bem conhecido", juntamente com um depósito de armas.

O comunicado ordenou o encerramento imediato de todas as instituições, a suspensão das atividades sociais e o encerramento das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas. Também foi imposto um recolher obrigatório noturno das 21h às 6h.

Os militares disseram que iria exercer o poder do estado até que as condições fossem restauradas para um retorno à normalidade constitucional, apelando à calma e à cooperação dos cidadãos naquilo que descreveu como uma emergência nacional.

Palavras para Quê...?

 

@Abel Djassi Primeiro

Taiwan anuncia planos para "defender" a ilha contra "ameaça chinesa"... O Presidente taiwanês anunciou hoje uma série de iniciativas para reforçar as capacidades defensivas da ilha, com o objetivo final de consolidar uma força capaz de "defender permanentemente" a "Taiwan democrática" contra a "ameaça chinesa".

Por  LUSA 

Numa conferência de imprensa, no gabinete presidencial, em Taipé, William Lai Ching-te sublinhou a intenção de equipar as forças armadas com um "alto nível de prontidão" para "dissuadir de forma eficaz" a China até 2027, ano em que, segundo relatórios dos serviços de informação norte-americanos, o Presidente chinês, Xi Jinping, ordenou a conclusão dos preparativos para a "reunificação pela força".

Neste contexto, o Governo de Taiwan planeia investir 1,25 biliões de novos dólares taiwaneses (34,4 mil milhões de euros) entre 2026 e 2033, para alcançar uma "capacidade defensiva altamente resiliente e dissuasão plena", afirmou William Lai.

Os fundos vão financiar o desenvolvimento do 'Escudo de Taiwan' (T-Dome), um "sistema avançado de defesa aérea em camadas, com elevada capacidade de alerta e eficácia de interceção", anunciado por Lai em 10 de outubro e semelhante ao 'Iron Dome' de Israel e ao 'Golden Dome' proposto pelos Estados Unidos.

Os fundos vão permitir, além disso, a incorporação de "alta tecnologia" e inteligência artificial nas forças armadas, de forma a "construir um sistema de defesa resiliente, baseado numa tomada de decisões eficiente e em ataques precisos", contribuindo, ao mesmo tempo, para "reforçar a autonomia de defesa e desenvolver a indústria nacional", observou Lai.

"Taiwan, como o elo mais importante e crucial da primeira cadeia de ilhas, não pode tornar-se um ponto vulnerável na segurança regional. Devemos demonstrar determinação e assumir uma maior responsabilidade pela autodefesa", enfatizou.

No discurso, Lai denunciou os esforços das autoridades de Pequim para transformar a "Taiwan democrática" numa "Taiwan chinesa" através de uma série de medidas que vão desde a intensificação da pressão militar e operações de influência até à "repressão transnacional" dos cidadãos taiwaneses.

Por conseguinte, enfatizou o dirigente, o Governo vai criar um gabinete de trabalho para elaborar "planos de ação" e mobilizar toda a sociedade e "países aliados" para demonstrar "a determinação" de Taiwan em salvaguardar o 'status quo'.

"A soberania nacional e os valores fundamentais da liberdade e da democracia constituem a base da nossa nação. Não se trata de uma questão de ideologias ou de um debate entre 'unificação' e 'independência', mas de uma escolha entre defender a 'Taiwan democrática' e rejeitar a transformação numa 'Taiwan chinesa'", declarou o líder da ilha.

"Compatriotas: em todos os guiões da China para anexar Taiwan, a maior ameaça não é a força, mas a resignação (...). A democracia não é uma provocação. Nem a simples existência de Taiwan é uma desculpa para um invasor romper com o status quo", acrescentou.

As autoridades de Pequim consideram Taiwan "parte inalienável" do território chinês e não descartaram o uso da força para assumir o controlo, uma posição rejeitada pelo Governo de Taipé, que afirma que o futuro da ilha deve ser decidido pelos 23 milhões de habitantes da ilha.


Leia Também: Japão envia aviões militares para perto de Taiwan após detetar drone

O Japão enviou hoje aviões militares para Yonaguni, a ilha japonesa mais próxima de Taiwan, após a deteção de um drone chinês, quando a tensão entre Pequim e Tóquio está a aumentar nas últimas semanas.

Lançado processo de seleção para próximo secretário-geral da ONU... O processo de seleção do próximo secretário-geral das Nações Unidas (ONU) foi hoje oficialmente lançado, com o envio aos Estados-membros de um apelo para apresentação de candidaturas ao cargo de substituto de António Guterres.

Por LUSA 

Numa carta conjunta enviada aos 193 Estados-membros da ONU, o embaixador de Serra Leoa, Michael Imran Kanu, atual presidente do Conselho de Segurança, e a presidente da Assembleia-Geral, Annalena Baerbock, "deram início" ao processo de seleção, "solicitando candidatos".

O cargo de secretário-geral é de grande importância e exige os mais altos padrões de eficiência, competência e integridade, além de um firme compromisso com os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas", escreveram.

Também exigiram candidatos com vasta experiência em relações internacionais e habilidades diplomáticas e linguísticas.

Embora alguns Estados-membros defendam claramente que uma mulher deverá ser finalmente escolhida para o cargo, essa ideia não é unânime.

"Observando com pesar que nenhuma mulher jamais ocupou o cargo de secretária-geral", a carta simplesmente incentiva os Estados-Membros a "considerarem a nomeação de uma mulher como candidata".

Cada potencial candidato deve ser oficialmente indicado por um Estado ou grupo de Estados, apresentando a sua "visão" e fontes de financiamento.

Vários candidatos já são conhecidos informalmente, incluindo a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, o diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, e a costa-riquenha Rebeca Grynspan, atualmente à frente da agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).

Seguindo uma tradição de rotação geográfica nem sempre respeitada, a posição é desta vez reivindicada pela América Latina.

Mas, embora a carta mencione "a importância da diversidade geográfica", não refere nenhuma região específica.

A carta indica ainda que a Assembleia-Geral e o Conselho de Segurança poderão ouvir publicamente os candidatos, um procedimento de transparência iniciado durante a seleção de 2016 que levou ao primeiro mandato de António Guterres.

Contudo, são os membros do Conselho que iniciarão o processo de seleção "até ao final de julho" - e, em particular, os cinco membros permanentes com direito de veto (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França) - que realmente têm o futuro dos candidatos nas suas mãos.

É apenas por recomendação do Conselho que a Assembleia pode eleger o secretário-geral para um mandato de cinco anos, renovável por mais um mandato.

António Guterres assumiu a liderança da ONU em janeiro de 2017, tendo sido reconduzido para um segundo mandato, que termina no final de 2026.


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O Conselho de Segurança da ONU renovou hoje, por seis meses, a autorização para inspeções a embarcações em alto mar ao largo da costa da Líbia que possam estar em violação do embargo de armas no país.


ARTIGO DE OPINIÃO: O FALSO TRIUNFO E O FUNERAL POLÍTICO DO PAIGC DE DOMINGOS SIMÕES PEREIRA

Por: António Óscar Barbosa "Cancan"   25/11/2025

Nos últimos dias, assistimos a uma cena insólita no teatro político guineense: uma estranha explosão de alegria vinda “dos lados de lá”, algures entre a euforia improvisada e a tentativa desesperada de fabricar uma narrativa de triunfo. A imagem evocava, curiosamente, certas cerimónias tradicionais em que, na despedida dos mais idosos, as lágrimas dão lugar a gargalhadas e brincadeiras. Não se trata de desrespeito, mas de costume — uma celebração do fim de um ciclo de vida bem vivido.

Acontece que, no caso em apreço, o simbolismo não podia ser mais irónico: o PAIGC de hoje parecia celebrar não uma vitória, mas o seu próprio funeral político.

E esse funeral, tudo indica, tem organizador identificado: Domingos Simões Pereira, acompanhado da inevitável comitiva de oportunistas que transformaram o partido histórico num veículo pessoal de ambição ilimitada e resultados duvidosos.

A queda dos bastiões

A realidade eleitoral é implacável. Ao contrário do que sugerem os festejos eufóricos, o PAIGC não ganhou aquilo que proclama ter ganho. Os círculos eleitorais que outrora eram a alma do partido — alguns de Bissau, Bolama/Bijagós, Bigimita e outros — caíram um a um.

E, como esses bastiões, cairá também o próprio DSP, cujo maquiavelismo político já não impressiona ninguém.

O partido histórico — o verdadeiro PAIGC, o que libertou a Guiné-Bissau — está hoje sequestrado por uma liderança que confunde propaganda com poder e manipulação com legitimidade. Mas a História tem um princípio simples: o que perde raízes, perde força. E o PAIGC de DSP está a perder ambas.

A ironia da lei

Há ainda uma ironia adicional e profundamente reveladora. Existe uma lei, aprovada pelo governo do PAIGC, que impede qualquer partido de ter sede a menos de 500 metros das instituições da República.

Essa lei, se aplicada, significará a perda da sede histórica do partido — e com ela a simbologia que o mantém visível no imaginário nacional.

Domingos Simões Pereira poderá berrar vitória. Mas será forçado, pela lei que ele próprio patrocinou, a deslocar a sede do partido que diz defender.

A História gosta destas ironias.

A pressa de vencer antes do tempo

O desespero atingiu o auge quando, através de um porta-voz, o partido declarou que não haverá segunda volta nas eleições presidenciais. A afirmação, mais do que política, é emocional; é um grito de ansiedade.

A Comissão Nacional de Eleições dará o seu veredicto — e será esse, e apenas esse, que contará.

As festas apressadas poderão então revelar-se pelo que são: uma encenação para encobrir a derrota.

Conclusão: serenidade e responsabilidade

Num momento em que o país enfrenta desafios complexos, a Guiné-Bissau não precisa de discursos inflamados nem de vitórias imaginárias. Precisa de responsabilidade, maturidade e serenidade.

Aguardemos o pronunciamento da CNE.

A verdade eleitoral não se fabrica; revela-se.

E quando se revelar, talvez o PAIGC reencontre finalmente o seu caminho — livre do peso de ilusões, manipulações e lideranças que confundem o interesse pessoal com o interesse nacional.