domingo, 26 de novembro de 2017

Guiné-Bissau: "Terra ka Ranka" (país não arrancou)

Há vinte meses, teve lugar em Bruxelas a conferência internacional dos parceiros da Guiné-Bissau "Terra Ranka", um plano desenhado por guineenses e para guineenses para, até 2020, reconstruir e desenvolver o país.

Mesa-redonda de Bruxelas sobre a Guiné-Bissau (25.03.2015)

A 25 de março de 2015, havia na Guiné-Bissau um sentimento palpável de recomeço com o lançamento do programa "Terra Ranka" (País Arranca), o Plano Estratégico e Operacional que a Guiné-Bissau levou à mesa-redonda de Bruxelas. O objetivo deste plano era reconstruir o país até 2020, consolidar as instituições democráticas e lançar as bases para a estabilidade e o desenvolvimento socioeconómico sustentavel.

No final do encontro, os parceiros internacionais responderam prontamente e assumiram compromissos financeiros, principalmente porque a Guiné-Bissau atravessava um momento crítico após anos de fragilidade e instabilidade política.

Um ano e oito meses depois, os mais de mil milhões de euros prometidos não estão a ser direcionados para a execução do "Terra Ranka", devido à instabilidade política em que a Guiné-Bissau se encontra mergulhada.

É verdade que nomeação e posse (18.11) do atual primeiro-ministro, Umaro Sissoko, marcaram mais uma etapa no complexo xadrez político guineense. Mas o acto em si não representou o fim da crise política naquele PALOP.

A propósito, a DW África entrevistou o guineense Luís Barbosa Vicente, economista e professor universitário.

DW África: 20 meses depois do lançamento do "Terra Ranka", "Terra ka Ranka". Porque acha que a situação na Guiné-Bissau chegou a este ponto?

Luís Vicente (LV): Julgo que a falta de um diálogo institucional e a quebra de confiança entre os órgãos de soberania, que posteriormente resultou no Governo liderado por Domingos Simões Pereira, acabou por colocar em causa o projeto "Terra Ranka”, possivelmente por uma questão de agenda, ou seja, quem teria o controle da gestão dos fundos obtidos na mesa redonda de Bruxelas. Por um lado, a Presidência da República entendia que deveria ter um papel importante na gestão desses fundos, e que fosse criada uma equipa mista com gestores da sua confiança, e não apenas da parte do Governo. Mas num regime semi-presidencialista (que é o caso da Guiné-Bissau), cabe ao Governo fazer essa gestão e não à Presidência da República. Portanto estamos num impasse com essas oportunidades que acabaram por desaparecer, o que fez com que a Guiné-Bissau entrasse num ciclo vicioso de não conseguir captar e rentabilizar os financiamentos que são disponibilizados.

Luís Barbosa Vicente
DW África: Durante esse período, o desenvolvimento do país foi praticamente inexistente. Acha que a tendência é para piorar?

LV: Sem dúvida que este longo período de impasse criou sérios problemas ao país em todos os aspetos, nomeadamente no económico. Temos a estagnação da atividade económica empresarial, falta de captação das receitas devido à ausência de investimentos. Na componente social temos greves sistemáticas na saúde, na educação e numa grande parte da administração pública. Portanto julgo que a tendência é para piorar, uma vez que ainda não existe um consenso entre as partes desavindas o que poderá resultar em graves prejuízos para a população.

DW África: O que a sociedade civil, os atores políticos, os quadros, a diáspora poderão fazer para Inverter esta situação?

LV: A sociedade civil e alguns quadros guineenses no país e na diáspora através de várias ações têm apelado ao diálogo para chegar a um consenso para o melhor caminho para o país. No entanto, as partes desavindas neste doloroso processo extremaram as posições de tal forma que praticamente se tornou inviável um diálogo franco e frontal. Entre as partes estão a própria Presidência da República, a Assembleia Nacional Popular, os partidos com assento parlamentar e o grupo dos deputados dissidentes do PAIGC. O acordo de Conacri tentou fazer uma aproximação, que, no meu entender, acaba por romper definitivamente a Constituição da República da Guiné-Bissau, permitindo que seja o Presidente da República a decidir quem deve ser o primeiro-ministro. Mas não resolveu o problema de fundo, que é permitir aos guineenses expressarem o que acham desta crise e qual é o melhor caminho para que a estabilidade seja garantida.

DW África: Então a nomeação de Umaro Sissoco para o cargo de primeiro-ministro não solucionou o problema? Que solução deveria ser encontrada para que este impasse não se eternize?

LV: Acho que acaba por aprofundar a crise, uma vez que o vencedor das eleições legislativas de 2014, que é o PAIGC, entende que a governação deveria ser entregue a ele ou a um nome indicado pelo partido. Temos que ser muito concretos. Na verdade  esta nomeação foi um ato anti-constitucional. Daí sublinhar que o acordo de Conacri  foi um mau acordo para a Guiné-Bissau, ainda por cima com o alto patrocínio da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), que deveria e deve sempre tentar criar consensos entre as partes, observando sempre os principios constitucionais dos países membros.

DW África: Acha que a realização de eleições antecipadas, como alguns admitem, ou entregar a administração do país à ONU, CEDEAO e UA, seria uma resposta para se acabar com a crise político-institucional na Guiné-Bissau?

LV: As eleições antecipadas são uma alternativa viável em termos políticos. Só que temos de admitir que não é uma solução economicamente favorável para um país como a Guiné-Bissau. No entanto, talvez a comunidade internacional e alguns parceiros tenham uma palavra de amizade nesta matéria, uma vez que têm sido eles a financiar esses pleitos eleitorais nos últimos vinte anos. Quanto a entregar transitóriamente  a administração à ONU, a ideia tem sido veiculada pelas várias bancadas parlamentares guineenses e defendida um pouco por todo o lado no mundo. Mas julgo que esta não é a melhor solução, uma vez que temos que perceber que tipo de administração se pretende, se toda a administração civil efetiva, incluindo a execução das autoridades legislativa, executiva e judicial. Julgo que é um assunto que deve ser colocado na mesa para discussão. Porém acredito que faz mais sentido as autoridades guineenses, a sociedade civil, os orgãos de soberania, os atores políticos, as entidades religiosas, etc. fazerem uma conferência nacional sob os auspícios da ONU e com os parceiros multilaterais da Guiné-Bissau e não apenas a CEDEAO, no sentido de refletirem sobre os problemas do país, e que assumam um compromisso geral para o bem do povo guineese.

DW África: Um país instável, como é o caso atualmente da Guiné-Bissau, está aberto a todo o tipo de outros problemas também graves: tráfico de todo o género, incluindo da droga, de madeiras preciosas, para além da permeabilidade das suas fronteiras numa altura em que o terrorismo radical procura instalar-se em vários países de África. Como vê o futuro imediato do país? 

LV: Enquanto não se erradicar o cancro que aflige a Guiné-Bissau, acredito que nunca haverá no país tranquilidade e estabilidade. A corrupção e os interesses particulares estão tão enraizados na cultura política da Guiné-Bissau que não sobra espaço para se pensar o país. E quanto mais o Estado se desmoronar, mais possibilidade haverá para os indivíduos pilharem o país. Na verdade, a Guiné-Bissau está numa encruzilhada  muito grande e só com a maturidade política dos atores é que as coisas poderão mudar. É importante assumirem que o país precisa de novas dinâmicas para os desafios que se avizinham. E porque não pensarem na própria refundação do Estado?

Dw.com/pt

* o assassino do casamento *


- a preguiça mata o casamento;
- a suspeita mata o casamento;
- a falta de respeito mútuo mata o casamento;
- não perdoar mata o casamento;
- a briga mata o casamento;
- manter um segredo ao seu cônjuge mata o casamento;
- qualquer forma de infidelidade (financeira, emocional, psicológica, material) mata o casamento;
- a falta de comunicação mata o casamento;
- mentira, não ser sincero com o seu cônjuge em todos os aspectos, mata o casamento;
- relações parentais (filha / filho com a mãe & Pai, Tia & Tio, entre irmã & Irmão, prima & primo) mais do que as do seu esposo mata o casamento;
- a falta, a insuficiência, o não gozo do sexo mata o casamento;
- a crítica estéril mata o casamento;
- a falta de comunicação, falar demasiado, a desatenção do cônjuge mata o casamento;
- não ou pouco tempo ao seu cônjuge mata o casamento;
- ser demasiado independente, demasiado inteligente mata o casamento;
- curtir a festa, dinheiro ou gastar para as festas mata o casamento;
- expor os seus problemas aos pais mata o casamento;
- não ser fiel, devoto em mente mata não só o casamento mas toda sua vida;
- adiar com desprezo mata o casamento;
- mal se veste mata o casamento;
- encontrar resposta para tudo e sempre justificar-se mata o casamento;
- não controlar o seu temperamento mata o casamento;
- não compreender o seu papel e a sua posição no casamento criado por Deus mata o casamento;
- não ser sensível à espiritualidade, à emoção física do seu cônjuge mata o casamento;
- a posição ou a segurança ameaçada da mulher, torna as suas acções prejudiciais e mata o casamento;
- a falta de conhecimento da palavra de Deus mata o casamento.

Por favor proteja as casas hoje compartilhando esta mensagem.
Que Deus traga sua misericórdia a todas as famílias ou todos (suas) casas / lares em dificuldade.

"Amém"

Rencontres Serieuses En Vue Mariage

#Conheça um jovem que é o produtor do produtor da Tailândia, ele decidiu amarrar o casamento e o cadáver de seu noivo que morreu por um acidente de carro.

Podes Casar-te com ela / casada com alguém que se casou mesmo que te ame?


Fonte: East Africa Television (EATV)


JAAC: II Congresso termina hoje

Estes são os novos membros do Secretariado do Conselho Central da JAAC - Juventude Africana Amílcar Cabral





Ditaduraeconsenso.blogspot.sn

Grande regresso dos imigrantes clandestino da Guiné Bissau

obrigado a todos..... Mindjer Sufridur Guine Bissau



Opinião - A GUINÉ-BISSAU E AS SUAS CONTINUADAS INCERTEZAS


Tem sido praxe falar de instabilidade política na Guiné-Bissau; tem sido absolutamente normal verificar às práticas nefastas (em todos os domínios da sociedade) que assolam o país. Tem sido quase que natural lidar os sucessivos conflitos entre os partidos políticos que conduzem o destino da nossa nobre e ímpar nação. Tem sido praxe ver, muito embora com dor e angústia, o aumentar da pobreza na nossa querida pátria. Tem sido praxe lidar com as inesgotáveis ondas de incertezas que têm pairado pelas nossas cabeças; incertezas essas que já atravessaram gerações e até hoje continuam pairando pelas nossas cabeças.

Éh… Guiné, até quando Guiné? O que fizestes para merecer tamanho retrocesso? Retrocesso esse protagonizado pelos seus próprios filhos. É verdade que, hoje em dia, verifica-se disputas entre políticos, entre grupos de interesses dentro dos Estados Nacionais; verifica-se estrondosas ondas de apologia à violência em defesa de interesses peculiares e afins em quase toda parte do globo. A incerteza é, podemos dizer assim, uma questão compartilhada por todos os cidadãos do mundo.

Podemos, sem entrar em detalhes, citar alguns exemplos: a Espanha, que depara com movimento independentista da região da Catalunha; a Venezuela que passa por um dos episódios mais sombrios de sua história como um Estado democrático, com a declarada “guerra entre o Presidente em exercício (Nicolas Maduro) e a oposição local; a Líbia que até hoje, depois de ter sofrido a invasão dos países como [França e Estados Unidos], vive uma permanente instabilidade política e social; o próprio Brasil, país no qual eu vivo, que viu consumar o “impeachment” da sua presidente eleita, Dilma Roussef, promovido pela principal oposição, a direita conservadora local entre vários outros exemplos que ilustrariam perfeitamente esse cenário.

Só que, entre todos esses exemplos aqui elucidados, nada se compara a Guiné-Bissau, na minha opinião. Nada! A Guiné-Bissau é um caso à parte, fora do comum. O que acontece na Guiné-Bissau é, no meu entendimento, exclusivo e intrínseco aos guineenses. Dá a impressão de que o país se encontra em outras galáxias, fora do planeta terra e, consequentemente, fora do sistema solar. E isto é algo muito revoltante, muito! Sempre me custou acreditar em tudo que vivenciei e ainda vivencio sobre a minha querida pátria, sempre! Pode acreditar quem quiser, mas custa-me acreditar. Custa-me e muito!

Acredite quem quiser, mas custa-me acreditar…

Custa me acreditar que, até hoje, já um pouco mais de 1 ou 2? ano, se não me engano, o parlamento guineense ainda se encontra de portas fechadas. Incrível né? Pois bem, estamos falando da Assembleia Nacional Popular, um dos três órgãos máximos da soberania nacional. Custa-me acreditar que os deputados afetos àquele egrégio hemiciclo ainda recebem seus salários sem prestar qualquer serviço à nação e ao povo que os elegeu.

Acredite quem quiser, mas custa-me acreditar…

Custa-me acreditar que até hoje, pleno século XXI, ainda falta “Água e luz” com frequência, coisas que já não são problemas, por exemplo, para os nossos vizinhos: Senegal, Cabo-verde, Gâmbia etc. Parece ficção né? Mas não é, pelo menos na Guiné-Bissau. Pelo contrário, é uma realidade que a geração dos meus pais viveu, que eu vivi e ainda vivo – e que, muito embora o meu desejo seja outro, a geração vindoura tende a viver.

Acredite quem quiser, mas custa-me acreditar…

Custa-me acreditar que, por incrível que pareça, os fantoches políticos ainda acreditam menos nas próprias capacidades e delegam as suas atribuições à dita “Comunidade Internacional”, esbofeteando as próprias caras, dando palmatória às próprias mãos. Custa-me acreditar… custa-me acreditar que ainda vêm nos acordos resultantes das deliberações da Comunidade Internacional como solução para os problemas internos. Foi assim com o “Acordo de Abuja” que ocorreu em Nigéria e está sendo assim agora com o falso e medíocre “Acordo de Conacri”.

Acredite quem quiser, mas custa-me acreditar…

Custa-me acreditar que o pagamento dos salários aos funcionários públicos ainda é “quebra-cabeça”. É normal um funcionário digno e dono de família não receber por vários anos, como está acontecendo com os funcionários da empresa de telecomunicações (Guinetel), que estão sem receber há mais de setenta (70) meses. Os professores, que sempre entram em greves e várias outras categorias que padecem desse mal.

Acredite quem quiser, mas custa-me acreditar…

Custa-me acreditar que ainda hoje haja um sistema de saúde pública deteriorado, um sistema em constante degradação. O principal hospital do país está com penúria de tudo. Penúria desde quantidade de médicos, enfermeiros, especialistas etc., até medicamentos e materiais adequados para um bom atendimento dos pacientes. O que acaba ceifando vidas… vidas dos mais pobres, claro… dos mais necessitados, não da classe política e seus familiares, pois estes vão para Europa ou América fazer tratamento.

Acredite quem quiser, mas custa-me acreditar…

Custa-me acreditar que o sistema judiciário, indiferente doutros setores chaves da soberania, ainda esteja refém de certas personalidades. É incrível como há falta de justiça naquele país! As leis são amaçadas, são desprezadas como se estivéssemos vivendo na sociedade dos homens pré-históricos, sociedades de seres desumanos, até estes conseguem se organizar. Isto só para vocês terem noção da tamanha decepção com relação a esse setor. Sinceramente, custa-me acreditar.

Acredite quem quiser, mas custa-me acreditar…

Custa-me acreditar que para alguns dirigentes políticos guineense é “sine qua non” (imprescindível) ser ministro ou diretor geral e/ou ter qualquer cargo no governo, e por esse motivo não abrem mão por nada desse mundo dos mesmos. Tem que ser somente eles a ocuparem os referidos cargos, e mais ninguém. Ou seja, por incrível que pareça, interpreta-se os referidos cargos como uma profissão, não como cargos a serem ocupados por um tempo determinado.

Enfim, custa-me acreditar…

Custa-me acreditar que volvido 43 anos de independência ainda haja fragmentações no terreno político que sempre coloca o país na situação que hoje se encontra. Custa-me acreditar… custa-me acreditar que ainda não conseguimos deixar de lado a nossa “cultura de matchundadi”, a nossa cultura de “ika kunsim nam”.

Quiçá seja necessário começarmos a fazer algumas indagações, indagações do tipo: o que queremos na verdade com/para o nosso país? É rentável (valioso) ficarmos batendo na mesma “tecla”? Decidimos viver sob regime democrático né? Então que saibamos lidar com a discórdia, com as divergências de opiniões, com o pluralismo de ideias etc., que representam o salutar e/ou, em grande medida, os reais valores do mesmo.

Que saibamos tolerar uns aos outros, que saibamos dialogar em meio a situações como a vigente, pois se continuarmos com essa política de “ami ku mas nhate” não iremos ao lado nenhum. É preciso desprendermos de certas mordomias, sairmos das nossas zonas de conforto, do nosso aconchego para podermos atingir a meta desejada. Temos tudo, temos tudo para construirmos uma nação próspera e risonha para todos nós. 

“Bo djunda oredja bo sinta na um mesa bo papia, pabia ninguim ka mas importante diki si kumpanher”. 

// Deuinalom Fernando Cambanco, mestrando em Relações Internacionais.
Salvador, Bahia-Brasil
Radiojovem

ANARQUIA



Ke essis tam bindi soberania de se país?

Jomav kansa, te erro protocolar de Senegal, culpado i jomav! Ma povo descubri dja bos



I bu tabaku  reagiu às recentes publicações do 

guineendade.blogspot.sn
OPINIÃO:SUPER BOMBA!!!BANDEIRA DE GB VIROU BANDEIRA DO SENEGAL


GUINÉ-BISSAU UM PAIS SOBERANO!!!AHAHHA
JOSÉ MARIO VAZ CONSEGUIU ENTREGAR A GB DE BANDEJA AO SENEGAL SEM SE APERCEBER .

SENEGAL NEM TEVE O RESPEITO DE MUDAR A BANDEIRA ....

ESTAMOS CADA VEZ MAIS DEPENDENTES DO EXTERIOR.....A GUINÉ-BISSAU NUNCA ESTEVE NA SUA PIOR FASE COMO AGORA....O PAÍS AFUNDOU COMPLETAMENTE.
Agustinho

e
ditaduraeconsenso.blogspot.sn
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
SOBERANIA DE PEDINCHICE: Son bagatela na terra di djinti!!!


Esta imagem mostra o grande respeito que o Senegal tem pela Guiné-Bissau. Dois presidentes, mas duas bandeiras do Senegal...etc...

Terá chegado o fim de bajuladores nos órgãos públicos de comunicação social?

Jovens manifestam-se contra a linha editorial da TPA (foto de arquivo).

O presidente João Lourenço manifestou o desejo de ver uma imprensa que sirva o interesse público, criando espaços de abertura aos cidadão e sociedade civil.

Os órgãos de comunicação social tutelados pelo governo angolano sofreram profundas mudanças, no âmbito das reformas que estão curso no pais, depois da tomada de posse do novo governo.

Depois do longo consulado de José Eduardo dos Santos, durante o qual os órgãos de comunicação social públicos assumiram uma total postura de colagem ao partido no poder, os ventos da quarta república parecem pretender passar uma esponja sobre a imagem negativa do passado.

Assim ficou claro nas recentes recomendações do presidente João Lourenço, que manifestou o desejo de ver uma imprensa que sirva o interesse público, criando espaços de abertura aos cidadãos e, sobretudo, para a chamada sociedade civil.

Nesta perspectiva, o estadista angolano não tem dúvidas em considerar, que só com a liberdade de expressão e de imprensa o pais poderá caminhar para a verdadeira democracia, na medida em que são direitos consagrados na Constituição da República de Angola e devem ser respeitados por todos.

Consciente do facto de ser tarefa difícil encontrar um ponto de equilíbrio, João Lourenço diz acreditar nas capacidades dos profissionais e de interpretação dos gestores, face ao actual momento político do país.

Quem aplaudiu esta nova postura do executivo angolano, é o secretário-geral da Liga Internacional de Defesa dos Direitos Humanos e Ambiente.

João Castro considera que, finalmente, as autoridades do país reconhecem o papel importante que as organizações da sociedade civil desempenham em qualquer sociedade.

Acomppanhe o debate:

VOA

“Guiness Liga”: BULA E BENFICA VENCEM JOGOS DA PRIMEIRA JORNADA MARCADA COM 4 BOICOTES

Nuno Tristão Futebol Clube de Bula derrotou o Sporting Clube da Guiné-Bissau por 3-1 e Benfica de Bissau visitou e venceu os ‘Lobos’ de Canchungo por 1-0, este sábado, 25 de Novembro 2017, nos jogos da primeira jornada do campeonato nacional da primeira divisão, marcada com quatro boicotes.

Os jogos calendarizados entre o Sporting Clube de Bafatá e Pelundo, Lagartos de Bambadinca e Balantas de Mansoa, União Desportiva Internacional de Bissau e Desportivo de Farim, Sonaco e Flamengo de Pefine, não foram realizados pela decisão de récem-criado “coletivo dos 21 clubes comprometidos com a verdade desportiva” em boicotar a época desportiva 2017/2018, para exigir a “verdade desportiva”.

O coletivo continua a exigir transparência na gestão dos fundos doados pela FIFA e CAF. Uma “novela” que vinha decorrer desde as denúncias de desvio de fundos na instituição federativa do país, feitas por Inun Embaló, antigo membro de Comité Executivo da Federação de Futebol e candidato derrotado no último congresso.

Entretanto, 5 clubes da primeira divisão que integram o referido coletivo não marcaram as suas presenças nos estádios para os seus respetivos encontros da jornada.

É o caso de Clube Farim que nem chegou a viajar para Capital Bissau para defrontar a UDIB; a equipa de Balantas de Mansoa não se deslocou para Bambadinca e Pelundo também não esteve em Bafatá. Pefine viajou até Sonaco, mas este não compareceu no seu próprio estádio.

Apesar da providência cautelar interposto pelo coletivo dos 21 clubes, foram realizadas pelo menos dois encontros da primeira jornada. Nesse particular, o Comité Executivo alega não ter recebido nenhum documento do tribunal setorial de Chão de pepel que suspendia os jogos.

Porém, dentro das quatros linhas do estádio Lino Correia, observou-se uma excelente partida de futebol com muitos golos.

Nuno Tristão surpreendeu os leões e derrotou por 3-1 com golos de Morlai Camará (Pauleta) que bisou nos 20 e 43 minutos e Tigana aos 56 minutos. O golo de honra dos “verdes e brancos” foi apontado por intermédio de Ditchon aos 77 minutos.

Numa partida com pouca intensidade, em que os primeiros 45 minutos foram equilibrados, mas com a ligeira vantagem dos nortenhos.

Os rapazes de Mister Gelo geriram a posse de bola e conseguiram concretizar as oportunidades criadas e logo na primeira parte já venciam por 2-0, Pauleta nas duas ocasiões levou resultado confortável aos balneários.

No reatar do jogo, os “verdes e brancos” pareciam mais determinados e começaram a controlar a partida e assumir as grandes iniciativas de ataque, mas a organização defensiva de Bula não permitiu a penetração, pelo menos nos minutos iniciais da etapa complementar.

Bula só saía na contra-ataque e a passagem de minutos 56 Tigana apareceu a frente de guardião leonino e fez 3-0, na sequência de cobrança de livre a entrada da grande área leonina. O atacante levantou-se mais alto e de cabeça fez o terceiro golo da tarde.

Depois de várias tentativas, Sporting reduziu aos 77 minutos por Ditchon que isolou-se e rematou para defesa de guarda redes de Bula e na recarga fez o golo de honra leonina e fixou o resultado final para 3-1.

Na final de partida, o técnico de leões, Abulai Soares Cassama (Axi Roger) não prestou declarações à imprensa, alegando não ter a autorização da direção do clube para falar aos jornalistas.

Por sua vez, o treinador de Bula, Mister Gelo disse ao Jornal O Democrata que a sua equipa está de parabéns por conseguir alcançar o principal objetivo do encontro que era vencer a partida e conquistar os primeiros três pontos.

A jornada encerra, Já amanhã, domingo, “Cavalos Brancos” de Cuntum e os “Estivadores” de Portos de Bissau encerram a primeira jornada do campeonato, no estádio Lino Correia, às 16h00.

Por: Alcene Sidibé    
foto arquiv@ O Democrata
OdemocrataGB

“MANDINTISMO”

Jorge Herbert

Apesar da manifesta falta de tempo para debater nas redes sociais as questões guineenses em voga, por ter muito que estudar, consequência do processo formativo em que me encontro, face à algumas barbaridades que tenho visto publicado nas redes sociais, não posso deixar de fazer o papel a que me propus há anos. Emitir sempre de forma gratuita e livre de quaisquer condicionalismos, a minha opinião escrita ou verbal (esta se me for solicitada), sempre no sentido da orientação dos valores e princípios morais, sociais e culturais à sociedade e, principalmente, à juventude guineense.

Procurei um título para este texto, que fosse ao encontro daquilo que pretendo aqui abordar e não encontrei, pelo que me ocorreu chamá-lo apenas e só “Mandintismo”.

Para começar, importa referir que o conhecimento e a aprendizagem informal existem desde os primórdios da humanidade, antecedendo como é evidente a ciência. Desde que a humanidade existiu que o conhecimento foi passando de forma informal entre os seus elementos. Por outro lado, o conhecimento formal é um conhecimento previamente estudado, estruturado e transmitido através de instituições acreditadas para tal, com regras pré-estabelecidas, com base no conhecimento que, quanto mais científico for, mais credível torna os seus formandos e a própria instituição.

Eu vejo o conhecimento abrangente de qualquer assunto ou matéria, similar a construção de um puzzle, em que ao longo da vida vamos acrescentando peças (entenda-se informações que ficam), que podem ser de forma orientada ou aleatória. Quanto mais orientada, mais faz sentido no processo da construção e fica guardada de forma mais coesa. Como a vida é curta, é meu entender que, procurar e colocar as peças de forma orientada por quem já fez esse percurso e estruturou esse conhecimento, sem inibirmo-nos do esforço que isso também implica, é o caminho mais seguro, apesar de reconhecer que existem autodidactas que conseguem lá chegar, mas percorrendo individualmente os caminhos já percorridos pelos outros, com idêntico rigor e disciplina, necessitando quase sempre da certificação institucional de entidades licenciadas para tal…

Quando falo do esforço que o estudo orientado exige, falo do rigor que a aprendizagem do conhecimento científico enceta, assentando em horas de estudo, de sistematização, de verificabilidade e da demonstração com provas, perante júris acreditado, que é justamente a orientação que a ciência nos dá na “colocação das peças dos puzzles da nossa obra”, nos devidos espaços vazios, sem baralhar a obra.

Quem passar por esse crivo de conhecimento científico, mesmo através do estudo autodidacta, ou atémesmo sendo um “idiota social”, terá um conhecimento mais sólido sobre a área em que se versou do que aquele não fez esse percurso. Disso não tenho dúvidas.

Antigamente, o conhecimento científico era mais valorizado e respeitado, porque para se tornar conhecedor de uma matéria, implicava a busca e aquisição de melhores livros, o que obrigava também à selecção da instituição com autoridade na matéria, frequentar a sua biblioteca e ser orientado pelos seus professores ou até passar a ser aluno da instituição…

Na sociedade do conhecimento em que vivemos hoje, a aquisição do conhecimento de forma retalhista tornou-se fácil. Como nos ensinou o senso comum, tudo o que é fácil também insere o risco inversamente proporcional de estar contaminado. Hoje em dia, está quase tudo armazenado online. Quem quiser opinar sobre qualquer tema, em qualquer parte em que se encontra, basta ter disponível um dispositivo electrónico com acesso a internet, terá a sua disposição toda e qualquer informação sobre o assunto. Mas, o que faz a diferença entre um indivíduo treinado em obtenção de conhecimento científico e outro habituado na aquisição do conhecimento informal, é a selecção das fontes e a humildade de perceber o que lhe falta aprender, face ao pouco que conseguiu colher nas redes sociais.

Confesso, a título de exemplo, que tenho uma curiosidade aguçada em relação a Sociologia e a Astronomia (mais com o primeiro) e sempre que posso ler qualquer coisa fora da minha área profissional, tenho tendência a ler algo relacionado com a Sociologia e sempre que posso consumo curiosidades astronómicas, mas, contrariamente a um empírico, tenho a plena consciência que isso não faz de mim sociólogo nem astrónomo e que o pior dos sociólogos e o pior dos astrónomos são melhores que eu nas suas áreas e esse facto agravaria, se eu não tivesse treino académico para seleccionar fontes e “mastigar” informações que vou recolhendo.

Toda essa explicação advém do facto de se assistir entre o s guineenses nas redes sociai,s um fenómeno cada vez com mais adesão, a tentativa de desvalorização dos licenciados, mestres e doutores, em prol dos que, apesar de não se terem submetido à qualquer certificação em instituições de ensino superior, vêm adquirindo e acumulando conhecimentos informais a retalho e que, retirados a frente dos dispositivos electrónicos que lhe permitam fazer buscas automáticas, decerto perderiam no emaranhado das informações soltas que foram consultando e, colocados frente a desafios práticos, sabem repetir limitadamente a rotina que aprenderam ao longo dos anos.

Tenho verificado o crescimento desse fenómeno nas redes sociais, com a tendência e até o propósito para o culto de imagem desses empíricos. Paradoxalmente, são esses mesmos empíricos que tentam desvalorizar os quadros superiores guineenses, são os que facilmente criticam outros guineenses que, apesar de raciocínios brilhantes, articulam mal a língua portuguesa em termos gramaticais, quando expõem as suas ideias através da escrita! Acrescento ainda que, são os mesmos empíricos que também estimulam os filhos em casa a estudarem com afinco para virem a ter um curso superior!

A facilidade da recolha de dados e na utilização dos recursos informáticos (correcção electrónica automática, consulta de textos modelos, etc) associada à facilidade na publicação literária na Europa, veio confundir ainda mais a cabeça desses empíricos, que acham que o facto de terem um livro publicado, dá-lhes automaticamente o acesso livre ao título de intelectual ou académico! Por essa lógica, Carolina Salgado, a antiga namorada de Pinto da Costa, ou até a mãe do Cristiano Ronaldo, já são intelectuais há muito tempo! 

Essa associação de facilidades, na colheita de dados e na publicação de livros, fez aumentar sem dúvida a produção literária guineense, mas gostava que fosse criado uma instituição que avaliasse a qualidade desses livros e emitisse publicamente a sua crítica, talvez inibia muitos aventureiros de massajarem os seus egos.

A titulo de exemplo, fui uma vez a apresentação do livro de um guineense que já chegou a apresentar-se como professor universitário sem sê-lo. No fim da apresentação, como é da praxe, fui cumprimentá-lo para me assinar a obra. Aproveitei e fiz-lhe uma singela pergunta sobre a forma como classificava o seu livro, em termos de conteúdo. Qual o meu espanto, o escritor não soube responder! O verdadeiro académico que estava ao seu lado e que fez a apresentação do livro, apressou-se a aliviar o embaraço e respondeu-me “é um ensaio”! Confesso que até comecei a ler aquele livro, mas desisti no meio, porque constatei que nada mais era que um compilar de ideias redundantes, extraídas em porções de outras fontes não mencionadas na obra…

Esse fenómeno que denomino de “Mandintismo” não é novo e vem completar o quadro de outros “ismos” que compõem a sociedade guineense, que nada mais é, que a manifestação de medo (em vez do respeito) pelas capacidades ou qualidades de potenciais adversários, tentando eliminá-los antecipadamente. A lógica do mandintismo é “se ele pode ser melhor que eu por ter ou ser isto, vou provar que não é preciso ser ou ter isso para se ser bom”. Em nada o “Mandintismo” difere do tribalismo ou de outros “ismos” que servem para afirmação de uns através da diminuição dos outros na Guiné-Bissau. E assim vamos continuar a cavar o nosso próprio fosso em todas as áreas. Mais preocupante se torna, quando esses “ismos” são manifestados por figuras representantes do Estado ou candidatos a esses cargos!

A Europa tem cerca de 30% da sua população licenciada, com mestrados e/ou doutoramentos e está na organização do seu QNQ (Quadro Nacional de Qualificações), classificando através de graus as qualificações dos seus quadros. Enquanto nós guineenses, insistimos no “baralhar para voltar a dar”, na desinformação e desvalorização dos nossos quadros, conforme interesses individuais e de grupos! Nem aprender com os outros sabemos!

É certo que uma sociedade constrói-se com todos os seus membros, mas qualquer sociedade organizada tem regras e hierarquias e, uma sociedade que não lute pela hierarquia do conhecimento, tem o seu desenvolvimento comprometido.

Só para terminar e, mais uma vez, a título de exemplo, há pouco estive a conversar com um colega mais velho, que se encontra no topo da carreira, que me disse que, “só após cerca de dez anos do fim da sua licenciatura, o Estado português começa a rentabilizar o investimento feito num médico”. Os guineenses, pelo contrário, querem ter quadros a produzirem logo a saída da faculdade, sem graus (somos todos médicos ou todos engenheiros, ou todos economistas) e, se não produzir aquilo que esperam dele, é um burro ou idiota!

“A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”. 
“A cultura é o maior conforto para a velhice”.
Aristóteles