sábado, 8 de fevereiro de 2025

A Ucrânia fez o que "não vemos os russos conseguirem fazer em nenhuma parte da linha da frente". Mas nem tudo corre bem

Kursk (CNN Newsource)   Por  cnnportugal.iol.pt

A Ucrânia lançou novos ataques na região de Kursk, no sul da Rússia, numa altura em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insiste em negociações de cessar-fogo.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um monitor de conflitos com sede nos EUA, refere que as forças ucranianas lançaram uma nova série de ataques na região de Kursk esta quinta-feira, avançando até cinco quilómetros atrás das linhas russas a sudeste de Sudzha.

Embora não seja claro se os ataques têm como objetivo a conquista de mais território ou o reforço das posições defensivas da Ucrânia, a analista da ISW Angelica Evans afirma que avanços desta dimensão são impressionantes.

“Ver os ucranianos conseguirem penetrar nas defesas russas e avançar até cinco quilómetros é algo que não vemos os russos conseguirem fazer em nenhuma parte da linha da frente”, sublinha numa entrevista à CNN.

Kiev surpreendeu até os seus aliados com o ataque ao território russo e continua a lutar em Kursk, mesmo quando enfrenta situações extremamente difíceis noutros pontos da linha da frente.

A Rússia afirmou já esta sexta-feira que já tomou Toretsk, uma cidade industrial no leste da Ucrânia que tem sido um dos epicentros da luta nos últimos seis meses. A Ucrânia não comentou a alegação, mas, a confirmar-se, a queda de Toretsk seria mais uma vitória estratégica para Moscovo, uma vez que aproximaria as tropas russas de importantes posições defensivas ucranianas.

Ao mesmo tempo, as tropas russas têm vindo a aproximar-se de Pokrovsk, um centro logístico no leste da Ucrânia que tem estado na mira da Rússia desde o verão, e de Kupiansk, no norte.

Algumas pessoas na Ucrânia, incluindo algumas tropas que combatem em Kursk e noutros locais, questionam o facto de Kiev gastar recursos preciosos na Rússia quando está a lutar para defender o seu próprio território.

A resposta provavelmente resume-se à expectativa de que Trump possa começar a pressionar a Ucrânia a aceitar conversações com a Rússia em breve.

“Não há nada de intrinsecamente valioso nas terras que os ucranianos detêm em Kursk. São campos e povoações, não estão a ameaçar a cidade de Kursk nem a fazer uma corrida a Moscovo”, explica Evans.

“Mas quando pensamos em negociações de paz, manter o território russo pode ser um trunfo fundamental para os ucranianos quando pensam em negociar a devolução do seu próprio território ou outras coisas que possam querer dos russos em futuras negociações de paz”, acrescenta.

Os líderes militares e políticos ucranianos afirmaram repetidamente que a operação de Kursk tinha como objetivo impedir uma nova ofensiva russa no norte da Ucrânia e forçar Moscovo a deslocar algumas das suas tropas de outros locais da Ucrânia.

O presidente do país, Volodymyr Zelensky, afirmou esta sexta-feira que as tropas norte-coreanas regressaram à batalha na região de Kursk, depois de ter sido noticiado que as unidades tinham sido retiradas dos combates após terem sofrido baixas em massa. Segundo Zelensky, centenas de soldados norte-coreanos e russos foram “eliminados” durante o combate com as forças ucranianas.

A incursão foi o maior ganho estratégico da Ucrânia desde a libertação de Kherson em novembro de 2022 e deu ao país um grande impulso moral.

Mas esta semana, enquanto Trump continuava a apelar a negociações para acabar com a guerra, Zelensky deixou claro que Kiev vê Kursk como uma potencial moeda de troca.

Falando na quarta-feira, apelidou a incursão de “uma operação muito importante”.

“Veremos mais tarde, quando chegarmos a um acordo diplomático para acabar com a guerra, que condições os russos enfrentarão em relação à direção de Kursk”, reiterou no seu discurso noturno à nação.

Trump deixou claro que quer que as conversações entre a Rússia e a Ucrânia comecem “o mais rápido possível”. Disse ainda que a sua administração está em contacto direto com a Rússia e a Ucrânia.

“Fizemos muitos progressos em relação à Rússia e à Ucrânia”, disse Trump. “Vamos ver o que acontece. Vamos acabar com essa guerra ridícula”.

Raro ganho estratégico para a Ucrânia

Já passaram seis meses desde que Kiev lançou a sua incursão surpresa na região de Kursk e, embora a Rússia tenha conseguido recuperar mais de metade do território inicialmente cedido por Kiev, isso teve um custo enorme para Moscovo.

O Estado-Maior ucraniano afirmou na quinta-feira que a Rússia perdeu 40 mil soldados durante os seis meses de combate em Kursk - 16.100 dos quais foram mortos.

“As forças ucranianas capturaram 909 militares russos, o que permitiu a centenas de defensores ucranianos a possibilidade de se defenderem em Kursk. Isto permitiu que centenas de defensores ucranianos que se encontravam nas prisões russas regressassem a casa”, acrescentou o Estado-Maior.

A incursão marcou a primeira vez que tropas estrangeiras assumiram o controlo do território russo desde a Segunda Guerra Mundial - um enorme embaraço para o presidente russo, Vladimir Putin, que tem apresentado a invasão da Ucrânia como um meio para “defender” o país.

Os militares ucranianos estimam que a Rússia enviou cerca de 78 mil soldados para Kursk, um número várias vezes superior ao da Ucrânia. “Estas forças russas, que incluem elementos de unidades de elite, estão amarradas e realmente distraídas em Kursk. Caso contrário, estariam mais do que provavelmente a lutar nas linhas da frente no leste da Ucrânia, onde poderiam causar muitos danos”, diz Evans.

No entanto, apesar da vantagem numérica, os militares russos tiveram dificuldade em empurrar os ucranianos para fora do seu território e, por isso, Moscovo acabou por chamar reforços estrangeiros, enviando cerca de 12 mil soldados norte-coreanos para a região de Kursk.

Ao fazê-lo, Putin tornou-se o primeiro dirigente russo a ter de recorrer a tropas estrangeiras para libertar o território russo, segundo Evans.

Para a especialista, o impacto estratégico dos ganhos obtidos pelas tropas ucranianas destacadas para Kursk foi “significativamente maior do que essas forças poderiam ter conseguido defendendo-se dentro da Ucrânia”.

“A atividade militar não vai fazer colapsar o Estado russo, mas as pressões que estão a exercer sobre os russos são coisas que podem acontecer”, acrescenta, afirmando que o descontentamento está a crescer na Rússia pelo facto de a Ucrânia ter conseguido manter o território russo durante seis meses. “Isso é algo que prejudica a credibilidade de Putin na Rússia e a visão que ele criou para si próprio como defensor e estabilizador”.

Falando com o governador interino da região de Kursk, Alexander Khinshtein, Putin admitiu que a situação em Kursk era “muito difícil”.

Além disso, as tropas norte-coreanas pouco fizeram para ajudar a Rússia a reconquistar o seu território, utilizando-as sobretudo como soldados rasos que levam a cabo ataques terrestres em massa e brutais que provocam enormes baixas.

Segundo as autoridades ucranianas e os serviços secretos ocidentais, cerca de quatro mil desses soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos. Os serviços secretos sul-coreanos afirmaram, no início desta semana, que as tropas norte-coreanas destacadas para Kursk não entram em combate desde meados de janeiro, de acordo com os meios de comunicação locais, confirmando informações anteriores dos militares ucranianos.

Evans completa, dizendo que a Rússia está a ter dificuldades em repelir as forças ucranianas devido à utilização superior de tecnologia por parte de Kiev, sobretudo drones e tecnologia de interferência de guerra eletrónica.

Após a ordem de detenção dos membros do governo e altos dirigentes do partido PTG, nomeadamente a Diretora-Geral da Floresta e Fauna, Fatumata Baldé, de Mama Saliu Lamba e Ministra da Agricultura, Fatumata Djau Baldé, o presidente do partido, Aladje Botche Cande, convoca uma reunião de urgência com os altos dirigentes na sede nacional do partido.

 Radio voz do povo

Empresa de eletricidade Edison processada devido aos incêndios na Califórnia

 Em Los Angeles, os habitantes das zonas devastadas pelo fogo estão a instaurar processos contra o fornecedor de eletricidade da cidade. Alguns residentes têm vídeos que, segundo eles, mostram que as faíscas nos cabos eléctricos causaram um dos incêndios mais destrutivos.

Angelina Bagdasaryan visitou a zona e falou com os residentes. Ana Guedes narra a sua história.

@VOA News

ONG americanas pedem acesso a imigrantes detidos em Guantánamo

© Reuters   Lusa  08/02/2025

Um grupo de 15 organizações de defesa dos direitos humanos apelou sexta-feira ao governo dos Estados Unidos para que lhes permita o acesso aos imigrantes enviados para a base naval de Guantánamo, em Cuba.

Numa carta dirigida aos responsáveis do Departamento de Segurança Interna, do Pentágono e do Departamento de Estado, as organizações acusam o governo de não fornecer informações sobre "a autoridade legal que foi utilizada para estas ações sem precedentes". 

"A Constituição e o direito federal e internacional proíbem o governo de utilizar Guantánamo como um buraco negro legal", refere o documento.

Um grupo de mais de uma dúzia de imigrantes foi enviado para Guantánamo esta semana em dois aviões militares, de acordo com informações partilhadas pela Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.

As autoridades americanas afirmaram que estes imigrantes têm ligações ao grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua, mas não divulgaram mais pormenores sobre as suas identidades ou os seus alegados antecedentes criminais.

De acordo com o The New York Times, os imigrantes estão detidos na mesma prisão militar onde estão presos indivíduos acusados de pertencerem a organizações terroristas e onde estiveram detidos os acusados de planearem o ataque de 11 de setembro de 2001.

A base de Guantánamo tem sido alvo de críticas por parte de organizações internacionais, incluindo a ONU, que denunciaram torturas e violações dos direitos humanos contra os detidos. Os antigos presidentes democratas Joe Biden e Barack Obama prometeram encerrá-la.

Na carta, publicada hoje, as ONG pedem ao governo que as autorize a prestar aconselhamento jurídico aos imigrantes e exigem informações sobre eles, incluindo o seu estatuto de imigração.

"Enviar migrantes dos EUA para Guantánamo e mantê-los incomunicáveis, sem acesso a um advogado ou ao mundo exterior, abre um novo capítulo vergonhoso na história desta prisão", disse em comunicado Lee Gelernt, advogado da União Americana das Liberdades Civis (ACLU), uma das organizações que assinaram a carta.

A decisão de Trump de enviar migrantes para Guantánamo surge no âmbito da sua campanha para deter e deportar os mais de 11 milhões de migrantes indocumentados no país, que apelidou de "criminosos".

Nas suas primeiras semanas de mandato, as autoridades detiveram mais de 8 mil pessoas em todo o país, segundo a Casa Branca.

O Presidente ordenou a expansão da capacidade de detenção em Guantánamo para mais de 30 mil pessoas e o Pentágono já destacou mais de 150 militares para esta tarefa.

A base militar já foi utilizada no passado para deter pessoas detidas nas rotas marítimas de migração para os EUA, mas esta é a primeira vez que os migrantes são transferidos do continente americano para a ilha.

Vários tribunais bloquearam uma ordem executiva assinada pelo Presidente Donald Trump que põe fim à cidadania por nascimento para os filhos de pais que estão nos Estados Unidos ilegalmente.

Um juiz federal de Seattle e o tribunal federal de Maryland bloquearam a ordem executiva sublinhando a sua inconstitucionalidade.

A ordem executiva emitida por Trump na semana em que tomou posse, em janeiro, já tinha sido suspensa temporariamente a nível nacional devido a uma ação separada apresentada no estado de Washington, onde um juiz considerou a ordem "flagrantemente inconstitucional".

No total, 22 estados norte-americanos, bem como outras organizações, recorreram à Justiça para tentar impedir a aplicação daquela ordem executiva presidencial.


A população da Guiné-Bissau passou a ter acesso gratuito nas comunidades locais a testes a doenças sexualmente transmissíveis no âmbito de um projeto da sociedade civil que se propõe realizar 250 mil rastreios em três anos.

© Getty Images   Lusa   08/02/2025

 Rastreio para acelerar luta contra doenças sexuais na Guiné-Bissau

A população da Guiné-Bissau passou a ter acesso gratuito nas comunidades locais a testes a doenças sexualmente transmissíveis no âmbito de um projeto da sociedade civil que se propõe realizar 250 mil rastreios em três anos.

A particularidade do projeto é a realização em simultâneo de testes a várias doenças, através do chamado rastreio integrado, como explica à Lusa Ricardo Fernandes, diretor geral adjunto do Grupo de Ativistas em Tratamento, uma organização portuguesa.

O GAT está a dar assistência técnica ao projeto lançado no final de janeiro e que em três dias, no arranque, realizou quase três mil testes ao HIV, hepatites B e C e sífilis.

Trata-se de um rastreio integrado a várias infeções, algumas das quais associadas entre si, que está a ser feito nas zonas de maior incidência das doenças, concretamente Bissau, Gabu, Bafatá, Tombali, Oio e Farim.

Os testes são feitos nas comunidades em pontos de maior concentração de pessoas, como o mercado do peixe do porto de Bandim, em Bissau, onde a Lusa falou com os promotores e beneficiários da iniciativa.

O VIH e a tuberculose foram as doenças que mais mataram na Guiné-Bissau, em 2019, segundo os dados que o projeto tem disponíveis, só superadas pelas doenças respiratórias inferiores, concretamente pneumonia, bronquite, gripe ou tosse convulsa.

Os rastreios, acrescenta Ricardo Fernandes, são gratuitos, anónimos e confidenciais e quando surgem casos positivos são encaminhados para tratamento ou organizações a trabalharem na área.

Com este projeto pretende-se também fazer recolha de dados para o conhecimento epidemiológico destas doenças na Guiné-Bissau.

O projeto é financiado pela Expertise France, a agência pública francesa que apoia projetos internacionais de cooperação técnica, e promovido, em parceria com outras organizações no terreno, pela ADPP (Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo), que trabalha há 32 anos na Guiné-Bissau.

Fernando Binhafa, desta organização, destaca a importância do rastreio num país onde é difícil estes serviços chegarem às comunidades mais necessitadas, com o obstáculo, também, das questões culturais que fazem destes temas tabu, como indica.

"Em três dias tivemos uma média de 20 a 25% positivos, se não houvesse este rastreio não sabíamos o que está a acontecer", aponta.

A aposta é trabalhar no terreno com os filhos da terra a fazerem a sensibilização, algumas dezenas dos quais têm assegurado emprego remunerado durante os três anos do projeto, depois de receberem formação para realizarem o rastreio integrado junto das comunidades.

Esta é uma das vertentes realçadas por Luís Mendão, diretor geral do GAT, que aponta a necessidade da melhoria das remunerações na área da saúde para resolver parte do problema, para que haja motivação entre os profissionais e organização.

"Se um médico ganha 250 euros por mês, quem vive aqui na Guiné não é possível viver dignamente com um salário destes e, portanto, as pessoas vão embora", concretiza.

A Guiné-Bissau foi escolhida para este projeto por ser um país com uma baixa esperança média de vida, de 47 anos, devido à mortalidade infantil, mas também a doenças como a sida, a tuberculose, as hepatites virais, a malária, que matam as pessoas mais cedo que as tradicionais doença da obesidade, diabetes e outras.

"E é por isso que este projeto procura melhorar os índices nas doenças que mais matam na Guiné-Bissau e que matam as pessoas em idade produtiva", afirma.

Por parte da população têm, garante, encontrado vontade em fazer os testes e na prevenção como comprovam as solicitações de preservativos que o projeto distribui a quem faz testes.

O que falta não é vontade, mas oportunidade, na opinião de Rober Henri Djane, que foi fazer os testes gratuitos no porto de Bandim e que teria de pagar "muito dinheiro" para poder fazer estes testes no hospital público.

Acresce ainda, como aponta à Lusa, que nos serviços de saúde guineenses boa parte das vezes as queixas dos utentes são atribuídas ao paludismo e acaba por ser "tudo malária, quando podem ser outras doenças".

"É importante porque as pessoas andam com a doença e não sabem, com esta iniciativa as pessoas vão descobrir que estão com as doenças", considera.

Convencer as comunidades locais a fazer o teste de HIV é uma dificuldade que Vitória Pereira constata no trabalho que faz de supervisão na região de Oio.

"As pessoas têm medo por causa do estigma e da discriminação, as pessoas nem têm coragem de fazer teste", diz, assegurando que "com a sensibilização, pouco a pouco" começam a aderir à testagem e a aceitar o tratamento nos casos positivos.

Vitória nota ainda resistência de algumas pessoas a fazerem testes não se sentindo doentes e mesmo a irem ao médico, quer por questões culturais, religiosas ou crenças tradicionais.

"Se não está a sentir nada diz: eu estou muito são. Por isso deixam-se estar até adoecer, mesmo doentes, se não sentirem complicações, permanecem na comunidade, recorrendo a outras formas de tratamento, como curandeiros tradicionais", conta.


Leia Também: Campanha de caju de 2024 foi a melhor dos últimos anos na Guiné-Bissau 

Países bálticos: A Estónia, a Letónia e a Lituânia abandonam a partir deste sábado a rede elétrica russa para aderirem ao sistema europeu, um processo iniciado há anos e acelerado após a invasão da Ucrânia por Moscovo.

© Lusa   08/02/2025

 Países bálticos desligam-se da rede elétrica da Rússia

A Estónia, a Letónia e a Lituânia abandonam a partir deste sábado a rede elétrica russa para aderirem ao sistema europeu, um processo iniciado há anos e acelerado após a invasão da Ucrânia por Moscovo.

"Estamos a retirar à Rússia a possibilidade de utilizar o sistema elétrico como instrumento de chantagem geopolítica", disse o ministro da Energia lituano, Zygimantas Vaiciunas. 

Na rede social X, Kaja Kallas, chefe da diplomacia europeia e antiga primeira-ministra da Estónia, celebrou "uma vitória para a democracia".

Estão previstas comemorações oficiais nos três países. Hoje, a Letónia vai cortar um cabo elétrico que a liga à Rússia e, no domingo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participa numa cerimónia com os dirigentes bálticos em Vilnius, Lituânia.

"Estamos prontos", afirmou o primeiro-ministro lituano, Gintautas Paluckas, nas redes sociais, elogiando "o início de uma nova era de independência [energética]".

O processo demorou vários anos devido a inúmeros problemas tecnológicos e financeiros e à necessidade de diversificar o fornecimento, nomeadamente através de cabos submarinos.

A mudança tornou-se urgente após a invasão russa da Ucrânia em 2022, que despertou nos países bálticos o receio de que Moscovo os visasse também.

Desde então, os três países deixaram de comprar gás e eletricidade russos, embora as redes elétricas continuassem ligadas à Rússia e à Bielorrússia, com regulação da frequência controlada por Moscovo.

Por isso, continuavam dependentes da Rússia para um fluxo estável de eletricidade, crucial para os aparelhos que necessitavam de um fornecimento de energia fiável, em particular nos processos industriais.

Depois de abandonarem a rede russa, às 07:00 de hoje, os países bálticos vão funcionar em "modo isolado" durante cerca de 24 horas para testar a frequência da rede.

"Precisamos de realizar testes para garantir à Europa a estabilidade do nosso sistema energético", explicou Rokas Masiulis, diretor do Litgrid, operador estatal da rede elétrica lituana.

Os três países vão ser depois integrados na rede europeia através da Polónia. As autoridades lituanas e polacas iniciam o processo de sincronização por volta do meio-dia de domingo.

As autoridades alertaram para possíveis problemas. "Vários riscos a curto prazo, tais como operações (...) contra infraestruturas críticas, ciberataques e campanhas de desinformação" levadas a cabo pela Rússia, afirmou o departamento de Segurança lituano.

O operador polaco de eletricidade PSE anunciou o envio de helicópteros e 'drones' para controlar a ligação com a Lituânia.

O Presidente da Letónia, Edgars Rinkevics, disse à emissora pública LTV1 que, embora os três países estivessem "totalmente preparados", não podem "excluir possíveis provocações".

Na Estónia, polícia e voluntários vão estar estacionados em infraestruturas elétricas essenciais até ao próximo fim de semana, devido ao risco de sabotagem.

Nos últimos meses, vários cabos submarinos de telecomunicações e de energia foram danificados no mar Báltico. Especialistas e políticos acusaram a Rússia de estar a travar uma guerra híbrida, o que Moscovo nega.


Leia Também: Pequim apresenta protesto ao Panamá por saída da Iniciativa Faixa e Rota 


EUA: Trump pediu a Musk que examinasse o orçamento do Pentágono

© Brandon Bell/Getty Images  Lusa   07/02/2025

Donald Trump disse hoje que deu instruções a Elon Musk para analisar também o orçamento do Pentágono, no âmbito da sua missão de efetuar cortes claros na despesa pública federal.

"Dei-lhe instruções para olhar para a educação, para olhar para o Pentágono, ou seja, para o exército", disse o Presidente dos EUA durante uma conferência de imprensa na Casa Branca.

"Tudo é fértil" para o trabalho do bilionário, disse Donald Trump.

"Ele tem um grupo de pessoas muito qualificadas" que "sabem o que estão a fazer", disse o republicano, enquanto um jovem funcionário da Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês)de Elon Musk acaba de se demitir, após a descoberta de várias mensagens racistas no X.

Em resposta a uma pergunta sobre os limites das ações de Elon Musk, Donald Trump mencionou "talvez as áreas de segurança muito elevada".

Os Estados Unidos têm, de longe, as despesas de defesa mais elevadas do mundo, e o aumento do orçamento do Pentágono é todos os anos objeto de consenso entre democratas e republicanos, dado o elevado nível de apoio às forças armadas entre a população americana.

As atividades de Elon Musk, pelo contrário, suscitam a ira dos democratas e uma avalanche de ações judiciais.

O homem mais rico do mundo, patrão da Tesla e da SpaceX, é acusado de ter agido de forma brutal, fora de qualquer quadro legal e sem respeitar das regras de proteção dos dados públicos.

Em particular, está por detrás do desmantelamento da principal agência humanitária americana, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID sigla inglesa).

A agência, que gere programas de ajuda humanitária em cerca de 120 países, promove ainda a democracia e o desenvolvimento através do seu apoio às organizações não-governamentais (ONG), aos meios de comunicação social independentes e às iniciativas sociais.

O orçamento da USAID, de mais de 40 mil milhões de dólares (48.3 mil milhões de euros), representa 42% da ajuda humanitária concedida em todo o mundo.

O próprio Elon Musk tem uma relação comercial com o Pentágono, entre outros grandes contratos que assinou com o governo federal.

Até ao momento, a Casa Branca garantiu que Musk se recusará a participar se se encontrar numa situação de conflito de interesses devido às suas atividades para o governo.


Leia Também: "Grande vantagem". Trump quer "construir" relações com a Coreia do Norte 


"Sanções dos EUA aumentam risco de impunidade", alertam 79 membros do TPI

© Selman Aksunger/Anadolu via Getty Images   Lusa  07/02/2025 

Cerca de 80 dos 125 membros do Tribunal Penal Internacional (TPI), incluindo Portugal, denunciaram hoje as sanções dos Estados Unidos contra o tribunal, advertindo que aumentam o risco de impunidade para os crimes mais graves.

"Hoje, o tribunal está a enfrentar desafios sem precedentes", alertaram os 79 signatários de uma declaração conjunta, referindo-se às sanções decretadas pelo Presidente Donald Trump contra funcionários do TPI. 

Trump decretou na quinta-feira sanções ao TPI, que acusou de tomar medidas ilegais e sem fundamento, nomeadamente contra Israel, cujo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, é alvo de um mandado de captura por alegados crimes de guerra em Gaza.

"Tais medidas aumentam o risco de impunidade para os crimes mais graves e ameaçam minar o Estado de Direito internacional, que é crucial para promover a ordem e a segurança no mundo", afirmaram os 79 signatários, segundo a agência francesa AFP.

A declaração resultou de uma iniciativa da Eslovénia, Luxemburgo, México, Serra Leoa e Vanuatu, a que se juntaram, entre outras partes do TPI, Portugal, Reino Unido, África do Sul, França, Alemanha, Canadá, Espanha, Panamá e Palestina, segundo o documento divulgado pela missão da Serra Leoa na ONU.

O Brasil, Cabo Verde e Timor-Leste também figuram entre os 79 signatários da declaração conjunta.

Apesar de não ter poder para reconhecer Estados, o TPI considera que a competência territorial para julgar questões relacionadas com a Palestina "se estende aos territórios ocupados por Israel desde 1967, nomeadamente Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental".

As sanções de Trump poderão "ameaçar a confidencialidade de informações sensíveis e a segurança das pessoas envolvidas, incluindo vítimas, testemunhas e funcionários do Tribunal, muitos dos quais são nossos cidadãos", afirmaram as 79 partes do TPI.

Os signatários alertaram também que as sanções prejudicarão "seriamente todos os casos em investigação, uma vez que o Tribunal poderá ser obrigado a encerrar os seus escritórios no terreno".

"Como fervorosos apoiantes do TPI, lamentamos qualquer tentativa de minar a independência do Tribunal", referiram.

Os 79 signatários reafirmaram o "apoio contínuo e inabalável à independência, imparcialidade e integridade" do TPI, que descreveram como um "pilar vital" da justiça internacional.

"Estamos empenhados em garantir a continuidade do trabalho do TPI para que possa continuar a desempenhar as suas funções de forma eficaz e independente", acrescentaram.

O TPI, criado pelo Estatuto de Roma e com sede em Haia (Países Baixos), é um tribunal internacional encarregado de julgar indivíduos acusados de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.

Os Estados Unidos, a China, a Rússia e Israel não são membros do tribunal e, por conseguinte, não reconhecem a sua jurisdição.


Leia Também: Trump 'castiga' TPI e Kyiv diz: "Que não afete vítimas de agressão russa"

"Ataques violentos". Trump ordena congelamento da ajuda à África do Sul

© ROBERTO SCHMIDT/AFP via Getty Images  Lusa   07/02/2025

O presidente dos EUA assinou hoje uma ordem executiva, que formaliza uma decisão já anunciada, e que visa congelar a assistência à África do Sul, devido a uma lei que a Casa Branca diz que discrimina a minoria branca no país.

"Enquanto a África do Sul continuar a apoiar os maus atores no palco mundial e a permitir ataques violentos a agricultores inocentes de minorias desfavorecidas, os Estados Unidos suspenderão a ajuda e a assistência ao país", declarou a Casa Branca, resumindo a ordem executiva. 

A Casa Branca indicou ainda que Trump vai também anunciar um programa para reinstalar agricultores sul-africanos brancos e as suas famílias como refugiados, escreve a Associated Press (AP).

A decisão da administração liderada por Donald Trump surge em resposta a uma nova lei na África do Sul que dá ao Governo poderes para, em alguns casos, expropriar terras de cidadãos. A Casa Branca aponta que a lei "discrimina de forma flagrante a minoria étnica Afrikaners".

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, promulgou, em 23 de janeiro, uma lei que visa facilitar a expropriação de terras no interesse público por parte dos organismos estatais - autoridades locais, provinciais e nacionais - desde que seja paga uma indemnização justa.

O objetivo é resolver alguns dos erros da era racista do apartheid sul-africano, um regime de segregação racial.

Elon Musk, um aliado próximo de Trump e diretor do novo Departamento de Eficiência Governamental, fez referência a esta nova lei nas redes sociais, apresentando-a como uma ameaça para a minoria branca da África do Sul.

A ordem executiva faz também referência ao papel da África do Sul na apresentação de acusações de genocídio contra Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça.


Leia Também: Os Estados Unidos aprovaram a venda de bombas, munições e mísseis no valor de 7,4 mil milhões de dólares (7,2 mil milhões de euros) a Israel, que utilizou armas norte-americanas na guerra na Faixa de Gaza, divulgou hoje Washington.