quarta-feira, 1 de março de 2023

Bola Tinubu declarado vencedor das eleições presidenciais da Nigéria

© REUTERS/Marvellous Durowaiye

POR LUSA   01/03/23 

As autoridades eleitorais da Nigéria declararam hoje que o candidato do partido no poder, Bola Tinubu, é o vencedor das presidenciais no país, contestadas pelos principais elementos da oposição.

"Tinubu, Bola Ahmed, do APC [sigla em inglês do Congresso de Todos os Progressivos], tendo cumprido os requisitos da lei, é declarado vencedor", disse o presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (INEC, na sigla em inglês), Mahmud Yakubu, ao anunciar os resultados, depois de os principais partidos da oposição terem apelado na terça-feira para que as eleições fossem canceladas e repetidas.

O anúncio deverá por isso ser contestado pelos líderes Atiku Abubakar, do Partido Democrático Popular (PDP) e Peter Obi, do Partido Trabalhista (LP, na sigla em inglês).

Abubakar também terminou em segundo lugar na última votação, em 2019, recorrendo na altura da decisão, mas sem sucesso.

Os dois líderes defenderam que os atrasos no apuramento dos resultados abriram espaço a irregularidades. Já o APC instou a oposição a aceitar a derrota e a não causar problemas.

Tinubu obteve 8,79 milhões de votos (37%), enquanto Abubakar ficou em segundo lugar, com 6,98 milhões de votos (29%), e Obi, na terceira posição, teve 6,1 milhões (25%), de acordo com os resultados anunciados em direto pela INEC na televisão.

O anúncio foi feito após as 04:00 da manhã, mas as comemorações tiveram logo início na terça-feira à noite, na secretaria nacional do partido no poder, onde apoiantes de Tinubu estavam reunidos.

O presidente eleito agradeceu aos apoiantes na capital, Abuja, logo após a vitória ter sido anunciada e dirigiu-se aos adversários de forma conciliatória: "Aproveito esta oportunidade para apelar aos meus colegas concorrentes para que nos deixem formar uma equipa", disse. "É a única nação que temos. É um país e temos de o construir juntos", acrescentou.

Os partidos têm agora três semanas para recorrer dos resultados, mas as eleições só podem ser invalidadas caso seja provado que o organismo eleitoral não cumpriu a lei e agiu de forma a comprometer o resultado.

O Supremo Tribunal da Nigéria nunca anulou umas eleições presidenciais, embora as contestações judiciais sejam bastante comuns.

Observadores apontaram que a eleição de sábado foi pacífica, embora atrasos tenham feito com que alguns eleitores tivessem de esperar até ao dia seguinte para votar.

Muitos nigerianos tiveram dificuldades em chegar ao local de voto, por causa de uma renovação das notas antigas de naira, moeda local, que resultou na escassez de notas bancárias.


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Mundo "não está preparado" para enfrentar desastres naturais

© Reuters

POR LUSA   01/03/23 

Um relatório do Conselho Científico Internacional (ISC), composto por organizações científicas, conclui como "muito improvável" o cumprimento dos objetivos traçados em 2015 para reduzir vítimas e danos de desastres climáticos, como terramotos, cheias ou tempestades, reforçados pelo aquecimento global.

No documento, publicado na terça-feira, os cientistas alertam para a insuficiente preparação, em todo o mundo, para enfrentar tais desastres, aos quais os governos reagem muitas vezes apenas só quando acontecem, pedindo os cientistas um repensar da gestão de riscos, e considerando que "é muito improvável" que os objetivos sejam alcançados.

Em 2015, a comunidade internacional adotou objetivos do Quadro de Sendai para prevenir novos e reduzir os riscos de desastres existentes, até 2030, através da implementação de medidas económicas, estruturais, legais, sociais, de saúde, culturais, educacionais, ambientais, tecnológicas, políticas e institucionais.

Desde 1990, mais de 10.700 desastres, entre terramotos, erupções vulcânicas, secas, inundações, temperaturas extremas, tempestades, afetaram mais de 6 mil milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados das Nações Unidas.

No topo da lista estão as cheias e tempestades, multiplicadas pelas alterações climáticas, que representam 42% do total.

Estes desastres "minam o progresso do desenvolvimento que tem sido difícil de alcançar em muitas regiões do mundo", sublinha o relatório.

Em comunicado, o presidente do ISC, o cientista biomédico Peter Gluckman, destaca que, "como a comunidade internacional se mobiliza rapidamente após desastres, como os terramotos na Turquia e na Síria, muito pouca atenção e investimento são direcionados ao planeamento e prevenção de longo prazo", seja no fortalecimento dos códigos de construção ou no estabelecimento de sistemas de alerta.

"Os múltiplos desafios dos últimos três anos destacaram a necessidade fundamental de uma melhor preparação para futuros desastres", acrescentou Mami Mizutori, representante especial das Nações Unidas para a Redução de Riscos.

"Precisamos fortalecer a infraestrutura, as comunidades e os ecossistemas agora, em vez de reconstruí-los mais tarde", acrescentou.

O relatório chama a atenção para um problema de alocação de recursos, mostrando que apenas 5,2% da ajuda aos países em desenvolvimento para desastres, entre 2011 e 2022, foi dedicada à redução de riscos, com o restante alocado para socorro e reconstrução pós-desastre.

O ISC apela ainda a sistemas de alerta precoce, salientando que o aviso de uma tempestade com 24 horas de antecedência pode reduzir os danos em 30%.

Um outro relatório, publicado no final de janeiro pela Assembleia Geral das Nações Unidas, destacava também que os países "não estavam no caminho certo" para atingir os objetivos de Sendai.

O número de pessoas afetadas todos os anos por desastres climáticos está aumentando, assim como os danos diretos, que atingem uma média de 330 mil milhões de dólares (310 mil milhões de euros) por ano entre 2015 e 2021.


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