quarta-feira, 19 de março de 2025

Detidos em flagrante 5 indivíduos por furto de cabos elétricos.

A GN, em colaboração com a POP, detiveram em flagrante, hoje (19-03-2025) em Buba, sul do país, cinco indivíduos por furto de cabos elétricos. 

No âmbito de uma investigação pela prática de diversos furtos ocorridos, através de cortes de cabos elétricos no sul do país, os militares da GN e Agentes da POP realizaram diligências policiais que permitiram as detenções dos suspeitos.

Por  Júlio Sambú

Afeganistão: Talibãs proíbem vozes femininas nas rádios da província de Kandahar

© Getty Images/WAKIL KOHSAR/AFP   Lusa  19/03/2025 

As vozes femininas foram proibidas nos programas de rádio da província Kandahar, no sul do Afeganistão, ao abrigo de uma diretiva hoje anunciada pelo regime talibã e justificada com a proibição de as mulheres se fazerem ouvir em público.

"A transmissão de vozes femininas na rádio, incluindo a transmissão de quaisquer mensagens de mulheres em programas de entretenimento, é estritamente proibida", referiu a ordem emitida pela Direção de Informação e Cultura de Kandahar.

A decisão segue a ordem, emitida em agosto passado, que proíbe as vozes de mulheres afegãs em público em todo o Afeganistão.

Esta é uma proibição sem precedentes na província, que até agora enfrentava restrições à transmissão de vozes femininas, mas ainda podia exibir certos anúncios ou programas produzidos em Cabul que incluíam vozes femininas, informou o Centro de Jornalismo do Afeganistão, em comunicado.

Kandahar é a segunda província, depois de Helmand, no sudoeste do país, a impor uma proibição total e oficial das vozes femininas na rádio.

Os talibãs proibiram ainda a publicidade na rádio de medicamentos, cremes e cosméticos, bem como promoções de clínicas e hospitais, sem autorização oficial da Direção de Saúde Pública.

Atualmente, Kandahar tem 12 estações de rádio, 11 das quais privadas, e nenhum canal de televisão local.

Isto deve-se à decisão publicada no ano passado pelos talibãs de proibir a transmissão de imagens de seres vivos na televisão.

O Afeganistão assistiu ao desaparecimento de mais de metade dos 547 meios de comunicação social que operavam no país antes de agosto de 2021, quando os talibãs voltaram a assumir o controlo do poder.

Muitos jornalistas fugiram do Afeganistão após a ascensão dos fundamentalistas ao poder, sendo que vários dos que ficaram foram ameaçados ou mesmo presos.

A isto somou-se um aumento do número de restrições aplicadas às mulheres, a quem foram restringidos os direitos quase por completo.

De acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Afeganistão ficou em 178.º lugar entre 180 países analisados no 'ranking' da liberdade de imprensa em 2024, à frente apenas da Síria e da Eritreia.


Educação Nacional! 50 Bolsas para os estudantes guineenses à República Bolivariana da Venezuela.

 

Umaro S. Embaló/Presidente de Concórdia Nacional

O Governo francês afirmou hoje que a França não quer uma guerra com a Argélia, sustentando que é Argel quem está a atacar Paris, ao reagir à recusa argelina em receber de volta os seus cidadãos sujeitos a expulsão.

© IAN LANGSDON/AFP via Getty Images   Lusa  19/03/2025

 Tensões nas relações entre França e Argélia intensificam-se

O Governo francês afirmou hoje que a França não quer uma guerra com a Argélia, sustentando que é Argel quem está a atacar Paris, ao reagir à recusa argelina em receber de volta os seus cidadãos sujeitos a expulsão.

"Não somos beligerantes, não queremos a guerra com a Argélia. É a Argélia que nos está a atacar. A Argélia não deve impedir-nos quando estamos convencidos, com um documento de identidade, um passaporte, que o nacional é argelino. A Argélia deve readmiti-lo"", declarou hoje o ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, em declarações à emissora Sud Radio.

No meio de uma crise diplomática entre os dois países, o ministro apelou a uma "resposta gradual" a Argel, argumentando que podem ser aprovadas diversas medidas.

Para Ratailleau, uma resposta gradual significa que Paris pode dizer: "Não somos o agressor".

"Começámos a aplicá-la com a suspensão das facilidades para a 'nomenklatura' argelina", acrescentou o ministro, referindo-se ao questionamento dos acordos de 2007, que permitem que os titulares de passaportes diplomáticos não necessitem de visto.

Na segunda-feira, a Argélia rejeitou a lista de argelinos expulsáveis fornecida por Paris dias antes, reiterando a sua "rejeição categórica das ameaças, intimidações, injunções e ultimatos" de França.

No final de fevereiro, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, tinha ameaçado "denunciar" o acordo de 1968, que confere um estatuto especial aos argelinos em França, antiga potência colonial, em termos de circulação, residência e emprego, se a Argélia não aceitasse os seus cidadãos em situação irregular no prazo de seis semanas.

No entanto, no início de março, o Presidente francês, Emmanuel Macron, tentou apaziguar a tensão entre Paris e Argel, defendendo que era a favor "não de denunciar, mas de renegociar" o acordo.

Quando questionado sobre a sua ameaça de se demitir caso o Governo desistisse de uma luta de poder com a Argélia, o que fez segunda-feira, Retailleau respondeu hoje, na essência, a mesma intenção.

"Obviamente, se um dia me deparar com um obstáculo que possa pôr em causa a segurança dos nossos compatriotas, então teria de me questionar", afirmou hoje à Sud Radio.

As relações entre a França e a Argélia têm vindo a deteriorar-se constantemente desde que Macron reconheceu, em julho passado, um plano de autonomia sob a soberania marroquina proposto por Rabat para o Saara Ocidental, um território "não autónomo" de acordo com a ONU.

Em sentido contrário, já hoje, os tribunais franceses pronunciaram-se contra seis pedidos de extradição para a Argélia de Abdesselam Bouchouareb, ministro da Indústria e das Minas de 2014 a 2017, durante o mandato do Presidente Abdelaziz Bouteflika (1999/2019), pondo assim um fim definitivo a este processo.

Citando as "consequências excecionalmente graves" que esta extradição poderia ter devido ao "estado de saúde e à idade" de Bouchouareb, de 72 anos, a câmara de instrução do tribunal de recurso de Aix-en-Provence considerou que tal violaria o artigo 3.º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos e o artigo 5.º do acordo de extradição franco-argelino de 2019.

Há cerca de 18 meses que a Argélia exige a extradição de Bouchouareb, que vive atualmente nos Alpes Marítimos, para cumprir cinco penas de prisão de 20 anos e para o julgar num sexto caso de infrações económicas e financeiras.

A divisão de instrução do Tribunal de Recurso de Aix-en-Provence seguiu, assim, a posição do Ministério Público, que se tinha oposto ao pedido de extradição na audiência de 05 de março.

"O afastamento de Bouchouareb, gravemente doente, expô-lo-ia, se não a um risco de vida, a um risco de degradação rápida e irreversível do seu estado de saúde", segundo o procurador Raphaël Sanesi de Gentile, citado pelas agências internacionais.

A advogada da Argélia, Anne-Sophie Partaix, considerou que as autoridades judiciais tinham, a 13 de fevereiro, "dado as garantias necessárias" aos tribunais franceses.

"Bouchouareb roubou dinheiro aos argelinos, foi condenado e deve responder pelos seus atos", insistiu a representante de Argel, sem sucesso.

"Se Bouchouareb for enviado para a Argélia, é para morrer lá", argumentou, por seu lado, o seu advogado, Benjamin Bohbot, referindo-se a dois antigos primeiros-ministros e a vários membros do governo que foram condenados a longas penas de prisão em 2020.

Bohbot sempre apresentou o seu cliente como uma vítima das "purgas" pós-Bouteflika, forçado a demitir-se pelo movimento popular de protesto Hirak, em abril de 2019.


Leia Também: A Argélia recusou hoje a lista de 60 nomes de argelinos que a França pretende expulsar e lhe tinha apresentado há dias, rejeitando a iniciativa francesa "em termos de forma e de fundo", segundo um comunicado do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Comunicado à Imprensa do Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz, Democracia e Desenvolvimento sobre o ataque ao diplomata

@Fode Caramba Sanha

Pedro Arrojo-Agudo, relator especial da ONU para direitos humanos à água e saneamento, em Conferência de imprensa para Compartilhar as conclusões preliminares sobre a situação da a água e saneamento na Guiné Bissau após a visitar as Regiões de Bafatá, Gabú, Tombali, Oio e Cacheu.

Radio Voz Do Povo 

BANCO MUNDIAL | Comunicado de Imprensa: O Capital Humano é fundamental para reduzir a pobreza e impulsionar o desenvolvimento na Guiné-Bissau

BISSAU, 18 de março de 2025 - As principais conclusões da Análise do Capital Humano, um novo relatório do Banco Mundial lançado ontem em Bissau, salientam que o reforço do capital humano é crucial para reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável a longo prazo na Guiné-Bissau. Os investimentos na saúde, nutrição, proteção social e educação são fundamentais para permitir que os cidadãos atinjam o seu pleno potencial como futuros trabalhadores e contribuam para o crescimento económico do país. 

“A Análise do Capital Humano é uma avaliação fundamental do estado atual do capital humano na Guiné-Bissau, identificando lacunas e apresentando dados importantes para informar as políticas de desenvolvimento do governo e alinhar as nossas operações com as necessidades do país”, refere Rosa Brito, Representante Residente do Grupo Banco Mundial na Guiné-Bissau. “Este estudo destaca a necessidade de mais investimentos em saúde, educação e proteção social para fortalecer o capital humano na Guiné-Bissau. Em resposta, o Banco Mundial aprovou um projeto de 20 milhões de dólares para impulsionar o progresso nestes setores essenciais, lançando as bases para o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza.”

O capital humano consiste nos conhecimentos, competências e saúde que as pessoas acumulam ao longo das suas vidas, permitindo-lhes atingir o seu pleno potencial como membros produtivos da sociedade. Na Guiné-Bissau, constrangimentos transversais como os desafios climáticos, as disparidades de género e a fragilidade impedem o reforço e a preservação do capital humano.

Algumas das recomendações apresentadas no relatório incluem a melhoria do acesso a cuidados de saúde de qualidade para diminuir as elevadas taxas de mortalidade materna e neonatal; a melhoria da nutrição de mulheres grávidas e crianças com menos de cinco anos para evitar efeitos negativos no seu desenvolvimento físico e cognitivo; a expansão do acesso a um ensino básico de qualidade; a criação de um sistema de proteção social para apoiar a população mais pobre e vulnerável; e o desenvolvimento de medidas de inclusão económica para apoiar jovens desempregados com formação académica.

O relatório aconselha ainda a Guiné-Bissau a reativar o Conselho Nacional de Proteção Social para facilitar uma forte coordenação entre as várias partes interessadas; aumentar a participação local e comunitária na prestação de serviços; e estabelecer um registo social nacional.

Leia e descarregue o relatório aqui👈.

Contactos:

Em Bissau: Joana Rodrigues, +245 96 640 17 28, jdossantosrodrig@worldbankgroup.org

Para saber mais sobre o trabalho do Banco Mundial na Guiné-Bissau: https://www.worldbank.org/en/country/guineabissau

Para mais informações visite: https://www.worldbank.org/en/region/afr/western-and-central-africa

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Comunicado de imprensa

2025/054/AFW

O governo francês está a preparar um manual de sobrevivência para preparar a população para “ameaças iminentes”, o que inclui conflitos armados, ameaças nucleares, crises sanitárias ou desastres naturais, avança a imprensa francesa, que diz que este documento de 20 páginas será entregue a cada família ainda antes do verão.

CNN Portugal
França vai entregar manual de sobrevivência a cada família antes do verão - para que estejam preparadas para "ameaças iminentes"

Esta espécie de livro de instruções será à base de conselhos para as pessoas se protegerem a si mesmas e às que as rodeiam em casos de ameaça

O governo francês está a preparar um manual de sobrevivência para preparar a população para “ameaças iminentes”, o que inclui conflitos armados, ameaças nucleares, crises sanitárias ou desastres naturais, avança a imprensa francesa, que diz que este documento de 20 páginas será entregue a cada família ainda antes do verão. 

Esta espécie de livro de instruções, conta o Le Figaro, será à base de conselhos para as pessoas se protegerem a si mesmas e às que as rodeiam em casos de ameaça. O documento, ainda para aprovação do primeiro-ministro François Bayrou, contará com contactos de emergência e informações para inscrições nas corporações locais de bombeiros.

Uma vez que o objetivo é preparar a população para os vários tipos de ameaças, algumas delas capazes de voltar a confinar as pessoas às suas próprias casas, como aconteceu com a pandemia de covid-19 e poderá acontecer com uma nova crise sanitária ou ameaça nuclear ou terrorista, este manual de sobrevivência francês aconselha ainda as famílias a criarem um kit de sobrevivência com alguns mantimentos, como seis litros de água, uma dúzia de enlatados, pilhas, lanternas e conjuntos de primeiros socorros, incluindo medicamentos não sujeitos a receita médica, como analgésicos ou anti-inflamatórios de venda livre.

A rádio Europe 1 divulga a imagem do kit de sobrevivência que consta no documento, ainda sob aprovação do governo francês (Reprodução: Europe 1)

Segundo a rádio Europe 1, o manual aconselha cada família francesa a ter uma mochila também com um canivete-suíço, carregadores para telemóveis, agasalhos (como luvas, cachecóis e gorros), óculos, duplicação das chaves de casa e do carro e ainda fotocópias dos documentos de identificação ou outros importantes. Além disso, e como o cenário de confinamento é uma possibilidade, o governo francês aconselha ainda a ter jogos por perto, como cartas, para entreter os mais novos.

Em declarações a esta rádio, o porta-voz do gabinete do primeiro-ministro diz que “o objetivo deste documento é garantir a resiliência das populações face a todos os tipos de crise, sejam elas naturais, tecnológicas, cibernéticas ou relacionadas com a segurança”.

Assunto: Passagem Rotativa de Coordenação



O que pode acontecer ao corpo depois de vários dias no Espaço

© Keegan Barber/NASA via Getty Images  Notícias ao Minuto  19/03/2025

Os astronautas Suni Williams e Butch Wilmore regressaram, finalmente, à Terra depois da missão na Estação Espacial Internacional que se prolongou mais do que o previsto. Antes de irem para casa, têm de passar por um conjunto de exames médicos. Saiba o que pode acontecer ao corpo.

Esta terça-feira, 18 de março, chegou ao fim a missão de Suni Williams e Butch Wilmore na Estação Espacial Internacional. Aquela que era para uma ser uma estadia curta, acabou por revelar-se num dos períodos mais longos a bordo desta estação no Espaço, com mais de 280 dias.

Segundo o Today, os astronautas têm de passar por um período de avaliação médica antes de voltarem a casa. Podem apresentar alguns problemas que são necessários de monitorizar. É no Lyndon B. Johnson Space Center da NASA, em Houston, que os exames irão decorrer. 

Tonturas e enjoos são apenas alguns dos sintomas que podem experienciar. Com uma permanência tão longa no espaço o corpo pode sofrer outro tipo de complicações. Segundo a Nasa, a perda óssea e muscular é algo mais evidente, especialmente na zona das pernas e na coluna. São áreas que na Terra são bastante usada, mas não no Espaço devido à gravidade.

"É um grande choque para o corpo voltar à Terra. Tudo é muito pesado. É preciso algum tempo para voltar a estar acostumado à gravidade de novo", revelou o ex-astronauta Peggy Whitson.

Por outro lado, os astronautas podem apresentar alguns problemas de visão. Um dos problemas mais comuns é o inchaço na zona posterior do olho. Já segundo a Baylor College of Medicine, a redução do fluxo sanguíneo pode levar a alguns problemas cardiovasculares. 

No regresso à Terra, o coração pode ficar mais fraco. Também o sistema gastrointestinal pode sair afetado, que sente os efeitos da perda de gravidade. Podem ainda acontecer erupções cutâneas e sensibilidade na pele no regresso à Terra.


Leia Também: Astronautas chegaram seguros à Terra e até foram recebidos por golfinhos

EUA: "III Guerra Mundial? Seria ridículo, mas coisas estranhas acontecem"

© Kevin Lamarque/Reuters  Notícias ao Minuto com Lusa  19/03/2025

Trump sugeriu que o seu impulso para um cessar-fogo mais alargado na Ucrânia tem como objetivo manter as forças norte-americanas fora de um conflito alargado.

Depois de conversar com Vladimir Putin, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avisou que os norte-americanos "poderiam" vir a estar envolvidos na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, caso esta escalasse para a "Terceira Guerra Mundial", atirando que "coisas estranhas acontecem".

Estas declarações surgiram numa entrevista ao programa 'The Ingraham Angle', da Fox News, quando Trump falava sobre o facto de o presidente russo ter rejeitado um cessar-fogo total. 

"Neste momento, temos muitas armas apontadas umas às outras e um cessar-fogo sem ir um pouco mais longe teria sido difícil", disse Trump. 

"A Rússia está em vantagem, como sabem", acrescentou, referindo que Moscovo tem milhares de soldados ucranianos "bem cercados"  - "e isso não é bom", notou. 

Desta forma, sugeriu que o seu impulso para um cessar-fogo mais alargado tem como objetivo manter as forças norte-americanas fora de um conflito alargado. 

"Estamos a fazer isto - não há americanos envolvidos. Poderá haver se acabarmos na Terceira Guerra Mundial por causa disto, o que é tão ridículo", disse. "Mas, sabe, coisas estranhas acontecem", avisou.. 

Recorde-se que Trump acordou com Putin uma trégua de 30 dias limitada às infraestruturas energéticas.

Após uma conversa telefónica, Donald Trump e Vladimir Putin também acordaram iniciar as negociações de paz de imediato, indicou um comunicado da presidência norte-americana. As futuras negociações vão ter lugar no Médio Oriente.

Moscovo concordou também com a troca de 350 prisioneiros de guerra - 175 de cada lado - com a Ucrânia, na quarta-feira e, como gesto de boa vontade, Putin informou que Moscovo ia entregar 23 prisioneiros gravemente feridos a Kyiv.

A Rússia estabeleceu condições para o fim das hostilidades, incluindo o fim do rearmamento de Kyiv, e a interrupção da ajuda militar ocidental às forças ucranianas.

Além da suspensão dos ataques às infraestruturas, a Casa Branca assinalou também "negociações técnicas sobre o estabelecimento de um cessar-fogo marítimo no mar Negro, um cessar-fogo abrangente e uma paz duradoura" na Ucrânia.

Desde que regressou ao poder, em 20 de janeiro, Donald Trump iniciou uma reaproximação à Rússia, após o congelamento de relações entre os dois países durante o mandato de Biden, devido à invasão da Ucrânia.


Leia Também: Os russos estão do outro lado do rio, a menos de três quilómetros. Na cidade-fantasma da Ucrânia há "apenas horror"

A chamada, a trégua e os ataques. "Jogo" de Putin é "enfraquecer" Kyiv?

© MAXIM SHEMETOV/POOL/AFP via Getty Images  Notícias ao Minuto com Lusa  19/03/2025
A chamada dos dois líderes durou mais de 90 minutos. Zelensky relatou nas redes sociais que perto de 40 'drones' de ataque russos Shahed cruzavam os céus ucranianos durante a noite, em várias regiões do país, e que a defesa aérea estava ativa. Isto, poucas horas depois de Moscovo ter anunciado, na sequência da conversa telefónica, uma trégua de 30 dias nos ataques às infraestruturas e alvos energéticos ucranianos, aquém do cessar-fogo.

Após semanas de expectativa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, conversaram, finalmente, sobre a guerra na Ucrânia. Da chamada telefónica saiu um acordo de cessar-fogo de 30 dias (limitado), uma troca de prisioneiros, mas não só. De que mais falaram - e o que diz Kyiv?

Sabe-se que o  cessar-fogo acordado é limitado a ataques contra alvos energéticos e infraestruturas. Trump e Putin concordaram também, segundo revelou a presidência norte-americana em comunicado,  em iniciar as negociações de paz de imediato. As futuras negociações vão ter lugar no Médio Oriente.

Note-se que a Ucrânia já dera o aval a um acordo de cessar-fogo de 30 dias, proposto pelos Estados Unidos, instando Putin a fazer o mesmo. No seguimento do telefonema, a presidência russa indicou ter concordado em suspender os ataques às infraestruturas energéticas da Ucrânia durante 30 dias, descrevendo a conversa como "detalhada e franca".

Vladimir Putin "emitiu imediatamente a ordem correspondente aos militares russos", referiu em comunicado o Kremlin, que dizia que o presidente russo está pronto para "trabalhar com os parceiros norte-americanos numa análise completa das possíveis formas de chegar a um acordo, que deve ser abrangente, estável e duradouro". 

"E, claro, devemos ter em conta a necessidade incondicional de eliminar as causas profundas da crise e os legítimos interesses de segurança da Rússia", sublinhou a mesma nota.

Moscovo concordou também com a troca de 350 prisioneiros de guerra - 175 de cada lado - com a Ucrânia, na quarta-feira e, como gesto de boa vontade, Putin informou o homólogo que Moscovo ia entregar 23 prisioneiros gravemente feridos a Kyiv.

A Rússia estabeleceu condições para o fim das hostilidades, incluindo o fim do rearmamento de Kyiv, e solicitou ao presidente norte-americano a interrupção da ajuda militar ocidental às forças ucranianas.

"Uma condição fundamental para evitar uma escalada do conflito e trabalhar no sentido de um acordo político e diplomático deve ser a cessação completa da ajuda militar estrangeira e o fornecimento de informações para Kyiv", acrescentou o Kremlin.

Além da suspensão dos ataques às infraestruturas, a Casa Branca assinalou também "negociações técnicas sobre o estabelecimento de um cessar-fogo marítimo no mar Negro, um cessar-fogo abrangente e uma paz duradoura" na Ucrânia, que foi invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.

Os comunicados divulgados pelos dois países não mencionam qualquer possível reordenamento territorial da Ucrânia, apesar de Moscovo ter alertado anteriormente que não abdicará das regiões que ocupa parcialmente no país vizinho e de Kyiv se recusar a cedê-las.

Conversa "muito boa e produtiva"

Pouco depois, na sua rede social Truth, Trump disse ter um entendimento com Putin para negociar um "cessar-fogo total" na Ucrânia rapidamente. O presidente dos Estados Unidos considerou a conversa "muito boa e produtiva". 

"Jogo de Putin é enfraquecer Ucrânia o mais possível"

Numa primeira reação, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou-se favorável a uma trégua de 30 dias com a Rússia nos ataques às infraestruturas e alvos energéticos, destacando, contudo, a importância de ver os detalhes com Washington. 

Zelensky advertiu, por outro lado, que as condições estabelecidas por Putin para uma trégua alargada com Kyiv visam enfraquecer a Ucrânia e mostram que não está pronto para acabar com a guerra.

"Todo o seu jogo é enfraquecer-nos o mais possível", declarou o presidente ucraniano. 

Mais tarde, Zelensky voltaria a pronunciar-se para dizer que o homólogo russo "rejeitou efetivamente a proposta de cessar-fogo" apresentada pelos Estados Unidos e que prosseguiu na última noite com os ataques contra a Ucrânia.

O presidente ucraniano relatou nas redes sociais que perto de 40 'drones' de ataque russos Shahed cruzavam os céus ucranianos ontem à noite, em várias regiões do país, e que a defesa aérea estava ativa, poucas horas depois de Moscovo ter anunciado a trégua. 

Negociações de cessar-fogo começam na Arábia Saudita no domingo

Entretanto,  o enviado norte-americano para o Médio Oriente indicou que as negociações para um cessar-fogo na Ucrânia "vão começar no domingo em Jeddah", na Arábia Saudita. 

"Penso que os russos aceitaram ambos os pontos. Tenho esperança de que os ucranianos aceitem", disse na terça-feira Steve Witkoff à televisão norte-americana Fox News, em referência à trégua limitada às infraestruturas energéticas e um cessar-fogo marítimo no mar Negro.

O enviado disse que a delegação dos EUA na Arábia Saudita seria liderada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, mas não especificou quem seriam os interlocutores do lado da Rússia.

Desde que regressou ao poder, em 20 de janeiro, Donald Trump iniciou uma reaproximação à Rússia, após o congelamento de relações entre os dois países durante o mandato do antecessor Joe Biden, devido à invasão da Ucrânia.


Leia Também: A China saudou hoje "todos os esforços" para alcançar um cessar-fogo na Ucrânia, um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter contactado o seu homólogo russo, Vladimir Putin.


Leia Também: O Exército da Ucrânia acusou a Rússia de ter atacado com seis mísseis e 145 'drones' o território ucraniano durante a noite, um dia depois de Moscovo e Washington terem anunciado um acordo sobre uma trégua limitada.

"Uma derrota substancial", uma "estratégia ideal" e uma nova exigência. Como Putin lançou armadilha a Trump para chegar à paz na Ucrânia

Donald Trump e Vladimir Putin Por João Guerreiro Rodrigues  cnnportugal.iol.pt

De uma chamada de 90 minutos saem "sensações" de que foi Putin a liderar as negociações onde a Ucrânia não foi vista nem achada

As expectativas eram elevadas e a bola estava "do lado de Moscovo", porque a Casa Branca tinha conseguido fazer com que Kiev aceitasse um acordo de cessar-fogo de 30 dias em todas as hostilidades, mesmo sem qualquer garantia de segurança. Mas os 90 minutos da chamada telefónica não foram suficientes para Donald Trump conseguir convencer Vladimir Putin a travar a invasão da Ucrânia e "parar a matança" por 30 dias, como tinha sido acordado com a Ucrânia. Para os especialistas, a estratégia do presidente americano saiu "completamente derrotada", com a Rússia a recusar o acordo proposto por Trump e com Putin colocar uma armadilha no caminho do presidente norte-americano que o pode obrigar a voltar atrás numa medida que tomou.

"Há aqui uma derrota substancial americana. Os Estados Unidos fizeram uma proposta que foi recusada pela Rússia. Quem é que está a mediar esta paz? É Donald Trump que está a fazer propostas atrás de propostas a que Putin responde com cada vez mais exigências e cada vez mais duras? Parece-me bastante inquietante, porque a sensação que nós temos é de que quem está a comandar as negociações verdadeiramente é a Rússia e não os Estados Unidos", afirma Diana Soller, especialista em relações internacionais. 

Apesar de a Casa Branca ter celebrado o resultado entre a conversa dos dois presidentes, que acabou num acordo para a pausa de 30 dias nos ataques contra infraestruturas críticas de ambos os lados, esta "cedência" do Kremlin fica muito aquém da vontade de Donald Trump. O presidente norte-americano falou com Putin na esperança de fazer Moscovo concordar com aquilo que Kiev concordou uma semana antes: 30 dias sem combates em terra, no mar e no ar, ao longo de toda a frente. 

Esta decisão acontece precisamente numa altura em que Kiev tem vindo a intensificar os ataques de longa distância contra as refinarias petrolíferas e instalações de gás russas um pouco por todo o território, como forma de prejudicar a economia e a logística de Moscovo. E há sinais de que essa campanha estava prestes a intensificar-se, depois do Ministério da Defesa da Ucrânia ter anunciado a meta do fabrico de 30 mil drones de longo alcance em 2025 e de desenvolver com sucesso o seu primeiro míssil balístico de longo alcance, o R-350 Neptune, com um alcance de mais de mil quilómetros.

No sentido inverso, a Rússia compromete-se a parar este tipo de ataques numa altura em que isso pouco interfere com a sua estratégia no terreno. As forças armadas russas, ao longo de três anos de guerra, destruíram de forma sistemática a rede energética ucraniana. Centrais termo e hidroelétricas, subestações, linhas de transmissão e depósitos de combustível foram repetidamente atacados por algumas das armas mais avançadas russas, com o objetivo de paralisar a economia ucraniana e tornar mais difícil a vida da população, de forma a pressionar o governo de Kiev. Com o inverno a chegar ao fim, os efeitos práticos dessa estratégia são mais difíceis de serem sentidos, o que torna menos relevante esta suspensão.

"A montanha pariu um rato. Os russos comprometem-se a não atacar instalações elétricas ucranianas, mas isso é um crime de guerra. Ou seja, os russos comprometem-se a não cometer crimes de guerra durante 30 dias. Donald Trump vai dizer que isto foi um enorme sucesso e que conseguiu um ótimo acordo, mas aquilo que tinha sido acordado na semana passada entre a Ucrânia e os EUA que seria levado à Federação Russa era o cessar-fogo incondicional de 30 dias. A resposta de Putin foi não", refere Francisco Pereira Coutinho, especialista em direito internacional.

A nova exigência

Poucos minutos depois da chamada, o presidente norte-americano celebrou na sua rede social a conversa com Putin, apelidando-a de "muito boa e produtiva", com os dois lados a partilharem "a compreensão de que vão trabalhar rapidamente para chegar a um cessar-fogo completo". As palavras do lado americano, contrastam com o longo e exigente comunicado russo, que coloca ainda mais exigências em cima da mesa para o fim das hostilidades na Ucrânia.

No documento elaborado pela diplomacia russa, Moscovo insiste na "necessidade absoluta" de eliminar "as causas profundas da crise", sublinhando que o fim do envio de equipamento e informações militares à Ucrânia por parte dos aliados é uma "condição-chave" para o fim do conflito. Esta nova exigência surge poucas semanas depois de o presidente americano ter ordenado o fim do envio de ajuda militar e da partilha de informações, dias depois da tensa reunião entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Sala Oval.  

Esta decisão provou ter um forte impacto no campo de batalha. A Rússia já vinha a aumentar a intensidade das operações contras as posições ucranianas na região ocupada de Kursk, com uma combinação de novas unidades russas apoiadas por tropas norte-coreanas. No entanto, a suspensão da partilha de informações cruciais por parte dos Estados Unidos da América tornou a defesa de Kursk cada vez mais insustentável, levando ao colapso desta frente. Foi necessário um pedido de desculpas do líder ucraniano para que Trump levantasse as restrições. Agora, para satisfazer Putin, a Casa Branca teria de voltar a reverter a sua decisão. 

"Nós vimos o resultado em Kursk, onde a Ucrânia esteve pouco mais de uma semana sem informações estratégicas e sem informação em tempo real. A Rússia aproveitou para dar um novo ímpeto às suas ações ofensivas. Os ucranianos são frontalmente contra o desarmamento e frontalmente contra a desmilitarização. Portanto, eu penso que a Rússia vai insistir nestas condições para que se vá um pouco mais além do que aquilo que se conseguiu hoje com Trump", defende o major-general Isidro de Morais Pereira.

Apesar de tudo, Vladimir Putin não rejeita completamente o acordo proposto por Trump. O líder russo compromete-se a criar uma equipa técnica para começar a estudar e criar uma iniciativa relativa à segurança no Mar Negro e aceitou uma troca de 175 militares ucranianos em troca de 175 soldados russos, bem como a transferência de 23 ucranianos gravemente feridos que estão a ser tratados em unidades médicas russas. Estas medidas demonstram que existe um esforço da parte russa para abrir os canais de diálogo com os Estados Unidos da América para que se inicie o processo negocial, com medidas de "construção de confiança" como a libertação de prisioneiros.

Os dois comunicados também começam a desvendar o véu sobre o verdadeiro mediador do conflito: a Arábia Saudita. Depois de ter sido o palco da ronda de negociações entre os Estados Unidos e a Rússia e, pouco mais tarde, entre a delegação americana e ucraniana, ambos os lados comprometem-se a continuar as negociações na Arábia Saudita. 

"O que o comunicado não diz mas que me começa a parecer evidente é de que há um novo mediador no ar. A Arábia Saudita parece ter chutado para canto a Turquia, para já. Porque a ideia de que as negociações vão ser no Médio Oriente, depois de a primeira ronda ter sido em Jeddah e em Riade significa que a Arábia Saudita está a tomar a dianteira neste processo. Os sauditas estão a apresentar-se como facilitadores das iniciativas que a Casa Branca quer usar para a deslindar", garante Tiago André Lopes, especialista em Relações Internacionais. 

Mas o acordo que acabou de nascer pode já ter complicações pelo caminho. Ao contrário da Casa Branca, que escreve que o cessar-fogo se aplica a "infraestruturas e energia", a linguagem utilizada pelo Kremlin é vaga o suficiente para poder atingir infraestruturas como portos, pontes, aeródromos e outros edifícios. Poucas horas depois da conversa, o líder ucraniano acusou a Rússia de lançar dezenas de drones contra infraestruturas civis no país, por exemplo.

Em conversa com os jornalistas, Volodymyr mostrou-se cauteloso em relação ao acordo, admitindo que este pode ser um passo em direção à paz e não em direção à "complicação militar de situações de combate". “É claro que estamos satisfeitos por haver um primeiro passo, e foi isso que oferecemos: silêncio no céu e no mar. Os americanos ofereceram mais, um cessar-fogo total. De facto, os russos recusaram”, defende. 

Mas, na Ucrânia, nem todos estão otimistas em relação ao que ficou acordado entre Trump e Putin. Segundo o jornalista ucraniano Illia Ponomarenko, Vladimir Putin está simplesmente a continuar a sua estratégia de "arrastar as coisas indefinidamente" para continuar a conquistar o território ucraniano. 

"O Kremlin está essencialmente a manter a sua estratégia ideal - atrasar as coisas indefinidamente, dizer “não” sem realmente dizer “não”, afogar tudo em demagogia sem sentido, manipular Trump massajando o seu ego, atirando-lhe bugigangas tolas como “milhares de vidas de soldados ucranianos poupadas apenas graças a Trump” e jogos de hóquei (!), tudo isto enquanto continua a sua guerra em grande escala contra a Ucrânia. E enquanto Trump continuar a satisfazer as suas “vitórias” virtuais e a andar em bicos de pés à volta de Putin, não há razão para parar", afirma Ponomarenko.