domingo, 10 de maio de 2020

Covid-19: União Africana defende suspensão de pagamentos da dívida por dois anos


O presidente em exercício da União Africana, o chefe de Estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, defende que a suspensão dos pagamentos da dívida deve vigorar durante dois anos e não apenas até dezembro.

“Apesar de o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional terem apoiado uma suspensão dos pagamentos da dívida durante nove meses, nós acreditamos, devido à extensão dos danos previstos, que vamos precisar de uma suspensão durante dois anos”, disse o chefe de Estado durante uma reunião virtual com os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

Na reunião, que decorreu com a presença dos presidentes de Angola e Moçambique, membros da região, o chefe de Estado da África do Sul passou em revista as medidas financeiras que foram tomadas nas últimas semanas e defendeu novamente a permissão de os Estados acederem aos Direitos Especiais de Saque (DES) do FMI, ou seja, às reservas financeiras do próprio Fundo.

“Defendemos, entre outras medidas, a alocação de mais DES a África para providenciar uma liquidez muito necessária aos bancos centrais, ao setor empresarial e às Pequenas e Médias Empresas”, disse Ramaphosa, de acordo com o comunicado colocado no site da Presidência sul-africana, enfatizando que, durante as reuniões virtuais dos Encontros Anuais do FMI e Banco Mundial, a União Africana “argumentou pela suspensão de todos os pagamentos de juros sobre a dívida multilateral e bilateral, o que daria aos governos africanos o espaço orçamental necessário para dedicar todos os recursos à resposta e recuperação”.

As declarações do Presidente em exercício da União Africana e da África do Sul, a economia mais industrializada da África subsaariana, surgem na sequência da discussão pública que tem existido nos mercados financeiros sobre como os governos podem honrar os compromissos e, ao mesmo tempo, investir na despesa necessária para conter a pandemia da covid-19, cujo número de mortos em África se aproxima dos dois mil, em mais de 49 mil casos registados.

A assunção do problema da dívida como uma questão central para os governos africanos ficou bem espelhada na preocupação que o FMI e o Banco Mundial dedicaram a esta questão durante os Encontros Anuais, que decorrem em abril em Washington, na quais disponibilizaram fundos e acordaram uma moratória no pagamento das dívidas dos países mais vulneráveis a estas instituições até dezembro.

Em 15 de abril, também o G20, o grupo das 20 nações mais industrializadas, acertou uma suspensão de 20 mil milhões de dólares, cerca de 18,2 milhões de euros, em dívida bilateral para os países mais pobres, muitos dos quais africanos, até final do ano, desafiando os credores privados a juntarem-se à iniciativa.

O Instituto Financeiro Internacional (IFI), que junta os credores a nível mundial, anunciou na semana passada a intenção de participar na iniciativa do G20 que propõe a suspensão dos pagamentos aos credores, entre maio e dezembro, embora sem se comprometer com os termos e sem apresentar detalhes.

A operacionalização da suspensão dos pagamentos é, por isso, uma das principais dificuldades logísticas, já que os países em desenvolvimento têm diferentes tipos de dívida, desde a concessional (a bancos multilaterais), até à oficial bilateral (a outros países) e a comercial, detida pelos credores privados.

A União Africana e Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), entre outras instituições, estão a desenhar um plano que visa trocar a dívida soberana dos países por novos títulos concessionais que possam evitar que as verbas necessárias para combater a covid-19 sejam usadas para pagar aos credores.

Este mecanismo financeiro seria garantido por um banco multilateral com ‘rating’ de triplo A, o mais elevado, ou por um banco central, que converteria a dívida atual em títulos com maturidade mais alargada, beneficiando de cinco anos de isenção de pagamentos e cupões (pagamentos de juros) mais baixos, segundo a UNECA.

Outra hipótese, avançada por um dos cinco enviados especiais da União Africana para a resposta à pandemia, Ngozi Okonjo-Iweala, é este veículo financeiro (‘Special Purpose Vehicle’, no original em inglês) poder também ser financiado pelos Direitos Especiais de Saque que as nações mais ricas têm no FMI, e que compõem as reservas do Fundo.

interlusofona.info/

COVID-19: sobe para 726 casos de infeções na Guiné-Bissau. O Laboratório Nacional de Saúde Pública testou 94 amostras.

Deste número, 85 positivos, 8 negativos e 1 inclusivo. Registrou-se ainda 1 recuperado.
Assim o Centro de Operações de Emergência em Saúde anuncia 726 infectados pelo novo coronavírus, 26 recuperados e 3 mortes.



Fonte: Aliu Cande

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GUINÉ-BISSAU - 726 casos de Covid-19: Bissau, Cumura e Bôr focos de infecção

Bissau, capital guineense. Imagem de Ilustração. © AFP - EMILIE IOB
Texto por: Mussá Baldé

O Centro de Operações de Emergência de Saúde da Guiné-Bissau aumentou este domingo para 726 o número de casos registados de Covid-19 no país.

Os números de pessoas infectadas pela Covid-19 continuam a aumentar na Guiné-Bissau. 726 pessoas estão infectadas pelo novo coronavírus e três pessoas perderam a vida devido à doença. As autoridades guineenses querem um isolamento da cidade de Bissau, foco principal da infecção.

Das 94 amostras analisadas ontem, 9 de Maio, no laboratório da saúde pública em Bissau, 85 testaram positivo ao Covid-19.

A Guiné-Bissau passa, assim a somar 726 casos de infecção pela doença, dos quais três óbitos, cerca de 80 pessoas tidas como assintomáticas em isolamento em duas unidades hoteleiras e 16 em tratamento no hospital Simão Mendes.

26 pessoas são dadas como recuperadas, mas as autoridades sanitárias continuam preocupadas pela forma como a maioria de guineense encara a doença.

Os rituais de aglomeração de pessoas, nomeadamente velórios e convívios sociais continuam um pouco por todo o país.

Bissau, Cumura e Bôr são os principais focos de infecção. A situação tende a complicar a cada dia que passa, por exemplo, neste momento, das 16 pessoas em tratamento no hospital Simão Mendes, cinco estão em estado grave, por serem pessoas com outras patologias.  Dois destes cinco doentes estão a precisar de oxigénio induzido, um produto que é escasso no país.

O médico Dionísio Cumba, presidente do Comité Operacional de Emergência em Saúde diz que os casos de infecção vão continuar a subir enquanto não houver uma mudança de mentalidade dos guineenses.


Dionísio Cumba propõe mesmo um isolamento total de Bissau do resto do país, impedindo a saída ou entrada de pessoas provenientes de outras partes.

Organização Mundial da Saúde junta-se à União Europeia para homenagear os profissionais de saúde Guineenses


Fonte: Organização Mundial da Saúde - OMS Guiné-Bissau

Organização Mundial da Saúde junta-se à União Europeia para homenagear os profissionais de saúde Guineenses

A convite da Delegação da União Europeia (#UE) na Guiné-Bissau, a #OMS integrou uma delegação que visitou hoje os hospitais Nacional Simão Mendes e de Cumura, no âmbito da comemoração do Dia da Europa.

O primeiro ato da visita foi a passagem pelo centro de triagem #COVID19 do Hospital Nacional Simão Mendes, gerido pelo Centro de Operações em Emergência de Saúde (COES). De seguida, decorreu uma sessão de perguntas e respostas, onde a delegação liderada pela Embaixadora da União Europeia, Sonia Neto, ouviu as preocupações da equipa médica daquele centro hospitalar.

Segundo a Embaixadora da União Europeia, a visita seria a melhor forma de comemorar o Dia da Europa. “Não existiria melhor forma de comemorar o Dia da Europa do que aquela que escolhemos fazer na Guiné-Bissau: a de homenagear os profissionais de saúde guineenses e europeus, que não poupam mas sim reforçam o seu empenho para garantir que fazem tudo o que está ao seu alcance para salvar todas as vidas possíveis”.

Por sua vez, o Representante da OMS, Jean Marie Kipela, expressou solidariedade para com os profissionais de saúde, apelando à união de todos no combate à COVID-19. “Nesta tónica achamos por bem vir apresentar os nossos reconhecimentos e agradecimentos pelo empenho e sacrifício profissionais consentidos pelo pessoal e serviços de saúde. Contem com a nossa solidariedade e votos de União no combate à COVID-19”.

Durante a visita, a Embaixadora da União Europeia anunciou disponibilizar 1.3 milhões de euros à OMS para apoiar a implementação do plano nacional de contingência contra a COVID-19, em coordenação com o COES.

Recorde-se que a OMS é a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que representa todas as agências da ONU na Guiné-Bissau e o P5 no COES, estrutura nacional de coordenação para a resposta à COVID-19.

“Hoje sentimo-nos unidos quando fazemos face à COVID-19, em matéria de parcerias, em matéria de consolidação da coordenação e constituição de equipas de trabalho e contamos com o apoio da União Europeia”, expressou o Representante da OMS.

A delegação terminou o programa da visita no hospital de Cumura, onde também ouviu as preocupações da equipa médica. Fizeram parte da delegação a Embaixadora da União Europeia, Sónia Neto, o Embaixador de Espanha, Marcos Rodriguez Cantero, o Representante da OMS, Jean Marie Kipela, o Coordenador do COES, Dionísio Cumbà, a Representante do Instituto Marques Vale Flor, Joana Cortez, e o Representante da AIDA, Vitor Madrigal.





#EuropeDay #covid19gw

Covid-19: Número de casos em África ultrapassa 60 mil e há 2.223 mortos

O número de casos da covid-19 em África ultrapassou hoje os 60 mil e 2.223 pessoas morreram em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.


De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nas últimas 24 horas, o número de doentes infetados passou de 57.746 para 60.657, e o de mortos subiu de 2.151 para 2.223.

O número total de doentes recuperados aumentou de 19.351 para 20.792.

O norte de África mantém-se como a região mais afetada pela doença, com 1.243 mortos e 21.536 infetados pela covid-19.

Na África Ocidental há 385 mortos e 17.873 infeções, enquanto a África Austral contabiliza 205 mortos e ultrapassou os 10 mil infetados (10.096).

A pandemia afeta 53 dos 55 países e territórios de África, com seis países -- África do Sul, Argélia, Egito, Marrocos, Nigéria e Gana - a concentrarem cerca de metade das infeções pelo novo coronavírus e mais de dois terços das mortes associadas à doença.

O Egito é o país com mais mortos (514), em 8.964 casos, seguindo-se a Argélia, que tem 494 mortos e 5.558 infetados.

Marrocos totaliza 186 vítimas mortais e 5.910 casos e a África do Sul conta 186 mortos e 9.420 doentes infetados, continuando a ser o país do continente com mais casos da covid-19.

A Nigéria tem 128 mortos e 4.151 casos, enquanto o Gana tem 22 mortos, mas é o quinto país do continente com mais infetados (4.262).

Apenas o Lesoto e a República Saarauí continuam sem notificar casos da covid-19.

Entre os países africanos lusófonos, a Guiné-Bissau é o que tem mais infeções, com 641 casos, tendo anunciado no sábado a terceira morte devido à doença.

Cabo Verde regista 236 infeções e dois mortos e São Tomé e Príncipe tem 212 casos e cinco mortos.

Moçambique conta com 87 doentes infetados e Angola tem 43 casos confirmados de covid-19 e dois mortos.

A Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mantém 439 casos positivos de infeção e quatro mortos, segundo o África CDC.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 276 mil mortos e infetou mais de 3,9 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.

Por NAOM 

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Covid-19: Vírus já matou 276.435 pessoas e infetou quase quatro milhões no mundo

A pandemia do novo coronavírus já matou 276.435 pessoas e infetou quase quatro milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço da agência AFP, às 19:00 de hoje, baseado em dados oficiais dos países.



De acordo com os dados recolhidos pela agência noticiosa francesa, às 19:00 GMT (20:00 de Lisboa) de hoje, 3.984.960 casos de infeção foram oficialmente diagnosticados em 195 países e territórios desde o início da epidemia, em dezembro passado na província chinesa de Wuhan.

Contudo, a AFP alerta que o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do total real de infeções, já que um grande número de países está a testar apenas os casos que requerem tratamento hospitalar. Entre esses casos, pelo menos 1.312.900 são hoje considerados curados.

Desde a contagem feita às 19:00 de sexta-feira, 4.656 novas mortes e 87.674 novos casos foram ocorreram em todo o mundo.

Os países com mais óbitos são os Estados Unidos com 1.643 novas mortes, o Brasil (751) e o Reino Unido (346).

Os Estados Unidos, que tiveram a sua primeira morte ligada ao coronavírus no início de fevereiro, são o país mais afetado em termos de número de óbitos e de casos, com 77.744 mortes para 1.297.549 casos.

Pelo menos 198.993 pessoas foram declaradas curadas pelas autoridades norte-americanas.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são o Reino Unido, com 31.587 mortes por 215.260 casos, Itália, com 30.395 mortes (218.268 casos), a Espanha, com 26.478 mortes (223.578 casos) e a França, com 26.310 mortes (176.658 casos).

Entre os países mais atingidos, a Bélgica é o que mantém o maior número de mortes em comparação com sua população, com 74 mortes por 100.000 habitantes, seguida por Espanha (57), Itália (50), Reino Unido (47) e França (40).

A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou no final de dezembro, contabilizou oficialmente um total de 82.887 casos (1 novo entre sexta-feira e hoje), incluindo 4.633 mortes e 78.046 curas.

A Europa totalizava às 19:00 de hoje 155.074 mortes e 1.707.797 casos, os Estados Unidos e Canadá 82.528 óbitos (1.365.668 casos), a América Latina e o Caribe 18.679 mortes (341.790 casos), a Ásia 10.367 mortes (284.322 casos), o Médio Oriente 7.502 mortes (218.372 casos), África 2.160 mortes (59.254 casos) e a Oceânia 125 mortes (8.261 casos).

Esta avaliação foi realizada usando dados coletados pelos escritórios da AFP junto das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A AFP alerta que devido a correções pelas autoridades ou a publicação tardia dos dados, os valores de aumento de 24 horas podem não corresponder exatamente aos publicados no dia anterior.

Em Portugal, morreram 1.126 pessoas das 27.406 confirmadas como infetadas, e há 2.499 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.


Portugal é 21.º país em número de mortes e o 20.º em infetados.
Por: General Daba Naualna
Fonte: Estamos a Trabalhar

Muitos amigos meus, preocupados com o meu estado de saúde e, de igual modo, com a minha segurança pessoal, mandaram-me um vídeo do Spac Man Pinto Cardoso, em que este chama atenção às figuras eminentes da etnia balanta, entre eles, políticos, intelectuais e militares a serem prudentes porque alguém estaria a usar veneno para os eliminar fisicamente.

Não sei a que se deve tal chamada de atencao: amor aos balantas, truques, ou intrigas com o objectivo de semear desconfiança entre balantas e o resto dos guineenses? Ou se terá outros objetivos políticos bem macabros? Quem seria esta pessoa a quem interessaria a eliminação, por envenenamento, das elites balantas?

É bom ficar de olhos abertos contra falsa filantdooia!

Que ninguém entre em pânico e, em consequência disso, comece a desconfiar de todos. Fazer isso é agir de acordo com o plano do inimigo, de nos colocar numa situação de isolamento no gueto tribal, ou de uma contra todas tribos guineenses.

Não somos cães para sermos atiçados contra quem quer que seja. Antes devemos ser vigilantes porque aqueles que fingem ser nossos amigos, são os próprios que andam com veneno. Não aceites as suas oferendas e coma em sua casa e evite de certos amigos!

A história nunca registou o extermínio duma tribo inteira. Não será agora que isso vai acontecer.

As tribos desaparecem por aculturação ou domínio, mas nunca por extermínio.

ESSA LU(Z)OFONIA AO FUNDO DO TÚNEL…

Por Jorge Herbert

Durante a minha vida estudantil, o conceito da Lusofonia sempre teve um sentido vago, limitando-se à língua e a história comum dos povos lusófonos! Foi um velho amigo meu, professor catedrático jubilado e recentemente agraciado pelo Presidente da República Portuguesa com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, na altura ligado à Fundação Portugal-África e um entusiasta da afirmação da verdadeira lusofonia, que me fez entender a importância e a potencial abrangência desse conceito e a sua contribuição não só para a aproximação dos povos, como para o verdadeiro desenvolvimento dos países que partilham a língua e uma história comum.

Hoje, assistindo à banalização e ao enfraquecimento desse abrangente e interessante conceito, vejo a Lusofonia como uma luz ao fundo do túnel, mas em progressivo movimento de distanciamento, teimando em apagar-se!

Apesar da guerra colonial da libertação dos PALOP’s do colonialismo português, esses povos privilegiaram Portugal, sem grandes ressentimentos, como parceiro nas várias áreas da cooperação, ao que os sucessivos representantes do Estado português não souberam corresponder, zelando para a preservação e fortalecimento desse espaço cultural e económico comum.

Portugal sempre teve uma postura titubeante no que concerne a afirmação da Lusofonia em prol do benefício dos povos, vacilando entre a afirmação no espaço europeu e a consolidação da lusofonia. Consequentemente, em vez de sérias políticas de cooperação no espaço lusófono, os decisores políticos portugueses sempre privilegiaram os benefícios de individualidades e lobbies de interesses, não do desenvolvimento dos Estados.

Aparentemente, foi nessa lógica corporativista pensada e criada a ineficiente Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), cuja a afirmação e influência no espaço lusófono se faz notar e sentir cada vez menos! Houve uma altura em que o Brasil tentou emergir-se e assumir a merecida importância no seio da CPLP, não só pela sua dimensão territorial, económico e multicultural, mas aparentemente foi bloqueado por determinados interesses instalados no espaço lusófono… O mesmo aconteceu com Angola, que no auge do seu poderio económico quis ter mais afirmação no espaço lusófono, mas isso resultou num enfraquecimento do poder do ex-presidente e posterior perseguição da filha por alegados crimes económicos... Foi esse mesmo espaço de negócio lusófono que outrora aplaudiu e permitiu que a mesma Isabel dos Santos, em plena crise económica que avassalava a Europa e obrigou aos países do Sul à submissão aos programas da famosa “Troika”, investisse uma boa parte da sua fortuna em muitas empresas e bancos portugueses, sem questionar a proveniência da mesma fortuna, que saltava aos olhos de qualquer cidadão menos atento, de que era altamente provável tratar-se de um esquema de lavagem de dinheiro pertencente ao povo angolano. A dúvida que se coloca é, se um dia se provar que essa fortuna investida em Portugal por Isabel dos Santos provinha de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, Portugal estaria disposto a devolver esse património ao seu verdadeiro dono, ao povo angolano!

É essa a Lusofonia que permite ter Secretários executivos da CPLP indicados por Presidentes dos países membros, alguns ditadores e outros com curriculum de estadista coberto de sangue de muitos opositores políticos, mas que depois faz um enorme teatro para a admissão da Guiné-Equatorial como membro desse órgão lusófono! Essa admissão que, apesar de interessar aos países membros, em plena crise económica mundial, por se tratar apenas do terceiro maior produtor de Petróleo de África, Portugal tentou demarcar-se publicamente dessa admissão, deixando o ônus do “crime” ao Brasil e Angola! Montou-se uma hipócrita cena moralista para aceitação da admissão da Guiné-equatorial na CPLP, por se tratar de um regime ditatorial com pena de morte ainda instituída, quando se tolerava o sistema ditatorial Angolano, que oprimia vergonhosamente manifestantes contra o regime e fazia desaparecer jornalistas como a guineense Milocas Pereira (https://www.dw.com/pt-002/mist%C3%A9rio-em-torno-do-desaparecimento-em-angola-de-milocas-pereira-mant%C3%A9m-se/a-19388750). No entanto, eram e são lestos e inflexíveis em condenar qualquer poder emergido na Guiné-Bissau que não alinhasse com os interesses desse espaço pouco lusófono!

É essa manhosa Lu(z)ofonia ao fundo do túnel que forja líderes e tentam impô-los aos países membros para depois, em caso de fracasso, recebê-los como exilados, propiciando-os canais abertos na comunicação social para destilarem o ódio, as calúnias e ofensas, contra o poder instalado nos seus próprios países!

É essa malvada Lu(z)ofonia ao fundo do túnel que faz corredores diplomáticos para a asfixia económica dos Estados membros que não alinham com os interesses corporativistas que iluminam tenuemente os seus túneis!

É essa maquiavélica Lu(z)ofonia ao fundo do túnel que, em vez de servir como uma porta e um forte intermediário na valorização dos produtos e mares dos países membros, face a União Europeia, aposta na desvalorização económica dos mesmos, para disso retirar proveito e facilitar o apoio político aos seus facilitadores na exploração dos recursos dos países membros!

É essa vergonhosa Lu(z)ofonia ao fundo do túnel que faz políticos e ex-políticos do mesmo espaço lusófono visitarem e apoiarem determinados candidatos durante as eleições nos seus países, enquanto um Chefe de Estado no desempenho das suas funções na CPLP cancela uma visita a um país membro de direito da CPLP, por conselho de um líder partidário, envolvido na disputa eleitoral em curso. Será que agora o Presidente da República de Cabo-Verde estará em condições de visitar, de forma imparcial e descomplexada a Guiné-Bissau, sem fazer a triste figura que o ex-Primeiro-Ministro caboverdeano José Maria das Neves foi lá fazer durante a campanha presidencial?

É essa triste Lu(z)ofonia ao fundo do túnel que faz com que jornalistas esqueçam a ética, a deontologia profissional e os conceitos mais básicos da profissão, como a verificação da autenticidade da informação que recebem e a credibilidade da fonte, antes da sua publicação, apenas porque servem à determinados lobbies de interesse, dentro do espaço lusófono.

É essa Lu(z)ofonia ao fundo do túnel, cada vez mais distante, que faz com que canais televisivos estatais que deviam servir os interesses dos países membros sejam usados como instrumento de propaganda política de determinados políticos e seus grupos de interesse!

É essa Lu(z)ofonia ao fundo do túnel cada vez menos nítida, que guia renomados Constitucionalistas, ao ponto de esquecerem conceitos mais básicos de Direito, como o princípio da Jurisprudência ou que um recurso no contexto eleitoral tem de ser precedido de uma denúncia nos órgãos eleitorais e apressam-se a comentar publicamente acontecimentos políticos de outros Estados lusófonos, de acordo com os seus interesses corporativos…

É essa ténue Lu(z)ofonia ao fundo do túnel que tolera políticos e ex-políticos do espaço lusófono, alguns exilados nos países membros, adquirirem imóveis e outros bens de luxo nesses países, sem que se questione a proveniência dos seus rendimentos! Talvez mais tarde, a esses políticos venha a acontecer-lhes o mesmo que a Isabel dos Santos. Hoje amigos, amanhã talvez não…

Não sei se vou assistir primeiro ao apagar do enorme brilho do meu já velho amigo, ou ao dessa Lu(z)ofonia ao fundo do túnel! Ele que, há muitos anos, pouco tempo depois de nos conhecermos, confidenciou-me que sonhava um dia assistir ao fulgor dessa Lusofonia e à sua vasta influência no desenvolvimento dos povos lusófonos!

Jorge Herbert