sábado, 5 de abril de 2014

Kumba Yala, a biografia de um político com história

Kumba Yala

Kumba Yala envergava um sentimentalismo nacionalista, que em várias ocasiões sugeria outras interpretações e compreensões, ao ponto de muitos o considerarem uma figura controversial.

O antigo Presidente da República, Kumba Yala, morreu no princípio da madrugada de hoje em Bissau. A notícia apanhou os guineenses de surpresa, já que aparentemente Yala patenteava um aspecto físico razoável, tanto assim que estava envolvido na campanha eleitoral ao lado do candidato independente Nuno Gomes Nabian.
Os restos mortais do malogrado encontram-se na morgue do hospital militar, enquanto se espera da decisão do Governo sobre a data para a realização de cerimónias fúnebres.

Kumba Yala era o líder fundador do Partido da Renovação Social (PRS), criado em 1992 quando deixou de pertencer à Frente Democrática Social, partido onde ocupava o cargo de vice-presidente.

Do seu percurso político, consta que Kumba Yala foi dos mais espontâneos políticos da oposição. Experimentou a maior parte da sua formação política no PAIGC.

Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras na Universidade Clássica de Lisboa, cidade onde fez o Curso de Teologia na Universidade Católica, Kumba Yala envergava um sentimentalismo nacionalista, que em várias ocasiões sugeria outras interpretações e compreensões. Por isso, alguns o consideravam como uma figura controversial.

Assumiu o destino do país em 2000, após a queda de Nino Vieira, afastado do poder em consequência do conflito militar liderado por Ansumane Mané.

Yala exerceu a sua magistratura até 2003, quando foi afastado por um golpe militar, liderado pelo então chefe de Estado-maior General das Forças Armadas, Veríssimo Correia Seabra, morto dois anos depois pelos seus camaradas de armas.

Desde ai, mesmo com o asilo em em Marrocos, Kumba Yala, ou Mohamed Yala, tal como foi baptizado em 2005 por se ter convertido ao islão, participou em todas as disputas eleitorais como candidato presidencial.

Em Dezembro, passado renunciou a liderança do seu partido, PRS, e anunciou a sua retirada da vida política activa:

No dia seguinte dizia aos guineenses que ia apoiar o candidato Nuno Gomes Nabian e o fez. De lado a lado, percorreram o país nesta presente campanha eleitoral.

O ex-presidente da República morreu nos primeiros minutos de hoje, 4,na clínica do seu médico pessoal e sobrinho. Segundo o médico, Kumba Yala lhe disse, antes do seu último suspiro, para que queria ser sepultado “só após o anúncio da vitória do candidato Nuno Gomes Nabian nas presidenciais de 13 de Abril”.


Quem está interessado na desgraça do povo guineense ??

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OPINIÃO: LANTE NDAN NÃO MORRE, PORÉM, SE DEITA PARA DESCANSAR


Diz-se, jamais os seres humanos se conformarão ou se acostuma com a morte, pois, não foram criados para ter esse fim, apesar de antecipadamente, terem consciência desse seus fim, e de há muito tempo estar à lidar com ela (morte).

Faleceu Dr. Koumba Yalá, antigo presidente da República da Guiné-Bissau. Aliás, partiu para o destino posterior de vida de todos seres humano, apesar de um modo não muito comum, mas, deixou corações magoados dos familiares, amigos, etc…

Segundo testemunhou Dr. Martinho Cobdé Nhanca Ialá, sobrinho e médico pessoal do Ex-Presidente:

“Os ponteiros do meu relógio que estava afixado numa das paredes que contornam a minha sala de visita, indicavam zero horas e alguns minutos, foi quando inesperavelmente tocou o meu celular. Atendi, era Dr. Koumba, depois de tomar banho, ao chegar de uma longa viagem, depois de um comício no sul de pais, com o candidato independente às eleições presidencial, à que apoia, Eng°. Nuno Gomes Nabiam. Me anunciou que sabia que vai morrer, por isso, queria morrer na minha casa, sendo filho mais velho, assim poderei cuidar dos mais novos. Entretanto, respondi que estarei lhe esperando em casa.

Minutos depois, senti alguém na porta, não hesitei, deduzi logo que era Dr. Koumba. Abri a porta. Entrou, e lhe perguntei, mas o que está havendo, por me fez anuncio da sua morte?

Respondeu me: “nada, chegou a minha vez, vou atender ao chamado do SENHOR, portanto, vou lhe recomendar sobre como pretendo que tratem o meu corpo e como devem me render as últimas homenagens.”

Pediu que realizemos as cerimônias fúnebres após o anúncio dos resultados finais das eleições gerais, para não paralisar o pais, nem por um segundo, e interromper o processo de eleição geral, já em curso, pois, Eng.° Nuno Gomes Nabiam será o grande vencedor da mesma.

E, ironicamente, lhe perguntei se o Eng°. Nuno vier a sair derrotado?

Respondeu que o Eng.° Nuno vai ganhar para Guiné-Bissau, assim como qualquer outro candidato, pelo que, nenhum guineense sairá derrotado com esse processo eleitoral. Portanto Nuno nunca será derrotado.

Também, me solicitou que depois de dar o banho no seu cadáver para sepultura, primeiramente quer que lhe coloque o seu Barrete Vermelho, pois já sou homem grande.

Respondendo me, após lhe perguntar onde prefere que seja a sua última morada (na sua casa, aldeia, etc.…), disse que preferiu ser sepultado na sua aldeia natal, Bicon, na cidade de Bula, região de Cacheu. Ainda me salientou que se alguém viesse a sugerir outro lugar, sob pretexto que ele foi presidente da República da Guiné-Bissau, podemos deixar.

Depois de termos essa conversa, menos de cinco minutos morreu.”

Contudo, foste cedo e muito repentino, sem se despedir, deixando saudades e perdas incomensuráveis ao seu povo e à sua pátria.

As memorias da fase da minha infância, que ainda são vivas na minha mente, lembro dessa figura de pequena porte, simples, conhecida e respeitada como grande líder ousado, que ambulava no Bairro de Míssira, concretamente em Nghala. Ora na sede, ora na feira do meu tio Cundoc, ora no campo de Cundoc, ora no beco de Sucnandaké, ao lado da nossa casa, ora no campo de bairro d’ajuda, e enfim.

Foi grande estadista, ativista e combatente da democracia guineense, do seu jeito humilde, simples e frontal. Com muita coragem e abnegação pelas causas nacionais, lutou incansavelmente contra qualquer tipo de jugo e exploração contra o seu povo e sagrados valores da democracia, que lhe fez destacar de forma impar como lendário político populista e combatente da liberdade e democracia na Guiné-Bissau.

Hoje apartou-se das nossas vistas e das nossas convivências, porém, permanecerá indelevelmente nas nossas memorias, assim como, as suas marcas emblemáticas e incontornáveis de humildade, simpatia e alto espirito de patriotismo.

Dr. Koumba Yalá, Cobdé Nhanca, obrigado por tudo que fez em prol do desenvolvimento da nossa querida e amada pátria, Guiné-Bissau.Pêsames à toda família enlutada.

"Lanti ndan wot ma lod, a ma ringui a iab. Lanti ndan(Koumba) iab a fiab nin nghala" – (na língua balanta significa, o homem adulto não morre, porém, se descansa. Koumba descanse na paz de DEUS.)

“Un dia no kabas na sabi, nona kume toku no limbi mon”

Nataniel Sanhá (Velho Nael)

Fonte: IBD