quarta-feira, 30 de agosto de 2023

GABÃO: Chefe da guarda republicana do Gabão diz que Ali Bongo foi "reformado"

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POR LUSA   30/08/23 

O chefe da guarda republicana do Gabão e um dos líderes do golpe de Estado que afastou o Presidente do Gabão, disse hoje ao jornal francês Le Monde que Ali Bongo Ondimba foi "reformado".

"Não tinha o direito de exercer um terceiro mandato, a Constituição foi desrespeitada e o próprio método eleitoral não foi bom, por isso, o exército decidiu virar a página e assumir as suas responsabilidades", argumentou o general Brice Oligui Nguema, em declarações ao jornal Le Monde, citado pela agência France-Presse.

Carregado em ombros por centenas de soldados, segundo imagens transmitidas pela televisão estatal, o chefe da guarda presidencial recusa-se, para já, a considerar-se o novo chefe de Estado do Gabão, garantindo apenas que o presidente, Ali Bongo Ondimba, está "reformado" e detido na sua residência.

"Ainda não me estou a declarar, não estou a pensar em nada neste momento", disse ao jornal, remetendo qualquer decisão para uma reunião das chefias militares, prevista ainda para hoje.

"O objetivo será chegar a um consenso. Todos vão apresentar ideias e as melhores serão escolhidas, assim como o nome da pessoa que vai liderar a transição", garantiu.

Os militares anunciaram que tinham "posto um fim no atual regime" no Gabão e colocaram o presidente, Ali Bongo Ondimba, sob prisão domiciliária, depois de ter vencido as eleições do passado fim de semana.

Há 55 anos que esta nação africana, rica em petróleo e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), é governada por membros da família Bongo, com o atual presidente a ter sucedido ao seu pai em 2009.

Os residentes manifestaram-se nas ruas para apoiar os militares, mesmo depois de o presidente ter pedido aos "amigos" para "fazerem barulho".

O Gabão enfrenta um golpe de Estado levado a cabo por militares, iniciado pouco depois de terem sido anunciados os resultados das eleições de sábado, segundo os quais o presidente, Ali Bongo Ondimba, permaneceria no poder, dando continuidade a 55 anos de domínio do poder pela sua família.

Um grupo de militares do Gabão anunciou na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.

Depois de constatar "uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (...) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor", declarou um dos militares.

O mesmo militar, alegando falar em nome de um Comité de Transição e Restauração Institucional, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam "encerradas até nova ordem".

De acordo com a France-Presse, durante a transmissão televisiva ouviram-se tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.

Horas antes, a meio da noite, às 03:30 (mesma hora em Lisboa), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na sigla em francês) tinha divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.

A comissão eleitoral anunciou que o presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, tinha conquistado um terceiro mandato nas eleições de sábado com 64,27% dos votos expressos, derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, com 30,77% dos votos.

O anúncio foi feito numa altura em que o Gabão estava sob recolher obrigatório e com o acesso à Internet suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das eleições.


Leia Também: Gabão: União Africana condena "firmemente a tentativa de golpe" de Estado



ELEIÇÕES EUA: Trump aumenta vantagem nas sondagens após detenção e falta a debate

© Reuters

Notícias ao Minuto    30/08/23 

A foto do antigo presidente na prisão impulsionou-o ainda mais nas preferências dos eleitores do Partido Republicano, e mantém-se como o favorito a disputar a presidência contra Joe Biden em 2024.

A semana passada foi uma das mais conturbadas na campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, mas a detenção na Geórgia, a divulgação da sua 'mugshot' [foto tirada em contexto policial] e a falta ao debate entre candidatos conservadores tiveram o efeito paradoxal de tranquilizar os eleitores e de alargar a sua vantagem nas sondagens.

Segundo o mais recente estudo da empresa Morning Consult, realizado a nível nacional, a liderança do antigo presidente saltou de 53% para 62% na semana após ter sido detido por crimes relacionados com a tentativa de reverter os resultados das eleições de 2020 no estado da Geórgia. Para os inquiridos, Trump é de longe o candidato republicano com melhores hipóteses de recuperar a Casa Branca para os republicanos, considerando-o mais elegível que Joe Biden.

O seu principal rival, Ron DeSantis, continua a cair, depois de uma prestação que pouco entusiasmou os analistas e o eleitorado. A campanha do governador da Florida tem conhecido muitos tropeções e gaffes, um contraste dramático em relação à imagem que tinha em 2022 como o grande sucessor a Trump na liderança de um Partido Republicano cada vez mais populista, autoritário, nacionalista e reacionário.

Segundo o Morning Consult, DeSantis caiu de 15% para 13% nas preferências do voto.

Em terceiro lugar mantém-se o empresário multimilionário Vivek Ramaswamy, que tem aproveitado uma fortíssima presença nas redes sociais para ganhar votos junto da classe neoliberal norte-americana. Apesar de cair de 10% para 6% no estudo da Morning Consult, os eleitores conservadores apontaram que Ramaswamy foi o que melhor se saiu no debate do dia 23 de agosto, apesar de ter sido o candidato mais atacado e mais questionado por todo o painel.

Fora do pódio estão o antigo vice-presidente de Trump, Mike Pence (5%), a antiga embaixadora da ONU, Nikki Haley (3%), o antigo senador da Carolina do Sul, Tim Scott (1%), e o antigo governador da Nova Jérsia e maior crítico de Trump, Chris Christie (1%).

Fora do debate e da lista estão vários republicanos que deverão cair da corrida nos próximos meses, incluindo Perry Johnson, Asa Hutchinson, Larry Elder, Ryan Binkley, Doug Burgum e Will Hurd.

O autarca de Miami, Francis Suarez, anunciou que iria suspender a sua campanha, tornando-se no primeiro candidato a desistir.

Do lado dos democratas, Joe Biden já anunciou que se irá recandidatar à presidência e mantém-se como o indiscutível favorito à nomeação no seu partido. Os únicos candidatos a desafiar o atual presidente são a escritora de livros de autoajuda Marianne Williamson, e o magnata Robert F. Kennedy Jr., conhecido pelas suas teorias de conspiração.

O único candidato independente até agora confirmado é Cornel West, o importante professor universitário e ativista dos direitos afro-americanos, que vai procurar conquistar a nomeação pelo Partido Verde.



Leia Também: Biden é visto como demasiado velho para um segundo mandato na Casa Branca

"Uso da força não é forma de resolver problemas"_disse Helena Assana Said Membros da rede de mulheres da CEDEAO para a prevenção de conflitos e mediação _(FEMWISE_WEST ÁFRICA)._G_B


©Radio Voz Do Povo

Delegado da Floresta e Fauna da Região de Cacheu esclarece a situação das madeiras aprendidas em São Domingos


©Radio TV Bantaba

O Gabão é membro da Comunidade Económica e Monetária da África Central, CEMAC, um bloco económico que tem alguns dos líderes do mundo há mais tempo no poder:

 
Por VOA Português 

🇨🇲Nos Camarões, Paul Biya, de 90 anos, é Presidente há 41 anos, desde 1982.

🇨🇬Na República do Congo, Denis Sassou Nguesso, de 80 anos, foi Presidente de 1979 a 1992 e depois de 1997 até ao momento - um total de 39 anos no poder.

🇬🇶O Presidente Teodoro Obiang Nguema, de 81 anos, da Guiné Equatorial, venceu as eleições para um sexto mandato em 2022. Obiang chegou ao poder através de um golpe militar em 1979 e é o chefe de estado mais antigo do mundo.

🇨🇫O Presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadera, não está no poder há tanto tempo, mas recentemente prolongou o mandato Presidencial de cinco para sete anos e eliminou o limite de dois mandatos para Presidentes.



Senegal toma uma decisão importante com a Costa do Marfim e o Benin

Por: Mamasamba Balde   Radio TV Bantaba   Agosto 30, 2023

CEDEAO:  OS RELATÓRIOS SOBRE O ENVIO DA FORÇA DE INTERVENÇÃO DA CEDEAO PARA O NÍGER PARECEM ESTAR A MATERIALIZAR-SE, COM INDICAÇÕES DE QUE A CONFERÊNCIA DOS CHEFES DE ESTADO DA SUB-REGIÃO ESTÁ PRESTES A DAR O SEU CONSENTIMENTO PARA UMA INTERVENÇÃO IMINENTE.

O EXÉRCITO SENEGALÊS, TENDO MOBILIZADO AS SUAS TROPAS (DETSEN1/ECOMIF E DETSEN 12/MINUSMA) EM THIÈS DESDE 11 DE AGOSTO, APARENTEMENTE POR INSTRUÇÕES DO CHEFE DO ESTADO-MAIOR GENERAL DOS EXÉRCITOS, GENERAL MBAYE CISSÉ, E DO VICE-CHEFE DO ESTADO-MAIOR GENERAL FULGENCE NDOUR ESTÁ SUPOSTAMENTE SE PREPARANDO PARA LANÇAR A IMPLANTAÇÃO.

Segundo o seneweb, a Air Senegal foi solicitada a assegurar o transporte de 900 soldados mobilizados e equipamento militar para Cotonou, Benin, que poderia servir de base de retaguarda para a força de intervenção da CEDEAO. O Coronel Moussa Koulibaly, director de informação e relações públicas das Forças Armadas (DIRPA), declarou no entanto não ter recebido esta informação.

Refira-se que, além do Senegal, a Costa do Marfim e o Benim comprometeram-se a enviar tropas para o Níger para restaurar a ordem constitucional após o golpe de Estado de 26 de julho de 2023. Durante a segunda cimeira extraordinária, os chefes de estado da CEDEAO em Abuja, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, anunciou que a Costa do Marfim forneceria um batalhão de cerca de 1.100 soldados. Alguns países membros, como o Mali e o Burkina Faso, manifestaram o seu apoio moral e militar aos perpetradores do golpe no Níger.

No entanto, coloca-se a questão de saber se o recente golpe no Gabão poderá perturbar os planos dos chefes de gabinete da CEDEAO.

Fonte: S.news

Novos diretores da TGB e RDN tomam posse: Na ocasião, o Secretário de Estado da Comunicação Social Muniro Conte pediu a continuidade dos trabalhos dos antigos diretores.


©Radio TV Bantaba

Gabão. Presidente pede "barulho" aos gaboneses contra tentativa de golpe

POR LUSA   30/08/23 

O Presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba, apelou aos gaboneses para "fazerem barulho" contra a tentativa de golpe de Estado no país centro-africano, num vídeo que diz ter sido gravado na sua residência.

Ali Bongo aparece num vídeo sentado numa cadeira com uma estante de livros por detrás de si, na primeira aparição em público desde que um grupo de uma dúzia soldados anunciou hoje na televisão estatal a tomada do poder no país, o cancelamento das eleições presidenciais que o terão reeleito, e a dissolução de todas as instituições democráticas.

O chefe de Estado disse ainda que se encontra na sua residência e que a sua mulher e filho estão em locais diferentes.

O canal de televisão estatal, Gabon 24, divulgou entretanto imagens de Brice Oligui Nguema, comandante da Guarda Republicana -- que garantia até agora a segurança do próprio chefe de Estado -- a ser transportado em ombros por um grupo de soldados que gritavam "presidente, presidente".

O Gabão enfrenta desde a madrugada de hoje um golpe de Estado levado a cabo por militares, iniciado pouco depois de terem sido anunciados os resultados das eleições realizadas no passado sábado, dia 26, segundo os quais o Presidente Ali Bongo Ondimba permaneceria no poder, dando continuidade a 55 anos de domínio do poder pela sua família.

Um grupo de militares do Gabão anunciou hoje na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.

Depois de constatar "uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (...) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor", declarou um dos soldados.

O mesmo militar, alegando falar em nome de um Comité de Transição e Restauração Institucional, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam "encerradas até nova ordem".

De acordo com jornalistas da agência de notícias France-Presse, durante a transmissão televisiva ouviram-se tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.

Horas antes, a meio da noite, às 03:30 (mesma hora em Lisboa), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na sigla em francês) tinha divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.

A comissão eleitoral anunciou que o Presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, tinha conquistado um terceiro mandato nas eleições de sábado com 64,27% dos votos expressos, derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, que obteve 30,77% dos votos.

O anúncio foi feito numa altura em que o Gabão estava sob recolher obrigatório e com o acesso à Internet suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das eleições.



Leia Também: Portugal apela ao "rápido restabelecimento da normalidade" no Gabão

Guiné-Bissau pede mais apoio à União Europeia para combater a pobreza

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POR LUSA   30/08/23 

O ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, Suleimane Seide, pediu hoje mais apoio à União Europeia (UE) para o país africano dinamizar um programa de microcrédito destinado a combater a pobreza nas comunidades locais.

O governante encontrou-se com o embaixador da união Europeia na Guiné-Bissau, Artis Bertulis, com quem abordou questões ligadas à cooperação entre Bissau e Bruxelas, segundo um comunicado distribuído à comunicação social.

O ministro do novo governo da coligação Plataforma da Aliança Inclusiva (PAI)-Terra Ranka transmitiu ao embaixador que "espera ter mais assistência técnica e financeira da União Europeia com vista a dinamizar as atividades de microcrédito, que visam combater a pobreza nas comunidades locais" e para que estas medidas cheguem "a todas as pessoas interessadas".

Suleimane Seide referiu-se também "à difícil situação económica e social existente" na Guiné-Bissau, lembrando que o Governo tem em curso um "programa de emergência para minimizar, particularmente o aumento do custo de vida".

O embaixador da União Europeia, Artis Bertulis, "renovou o apoio de Bruxelas à Guiné-Bissau para ajudar nas reformas económicas, nas pescas, entre outras", segundo divulgou o Governo.

O representante fez saber que a União Europeia "mantém-se empenhada em apoiar a Guiné-Bissau e o seu povo a debelar os desafios existentes" e que "estão a ser criadas as condições para melhorar a cadeia de valores", destacando a exportação de castanha de caju e de pescado para o mercado europeu.

O embaixador da UE reiterou também "a assistência financeira ao país para assegurar a transição digital, apoiar a boa governação", assim como na criação de eco-cidades inclusivas.

O ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau considerou a União Europeia "um parceiro indispensável" e comprometeu-se a "detalhar as áreas da futura cooperação e de assistência".


Cerimónia de tomada de posse dos restantes membros do Governo.

CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR AO VÍDEO

PRESIDENTE DA REPÚBLICA CONFERE POSSE AOS SEGUINTES MEMBROS DO GOVERNO:

SENHORA INDIRA CABRAL EMBALÓ

Ministra da Cultura, Juventude e Desportos

SENHOR ABAS EMBALÓ

Secretário de Estado da Juventude e Desporto

 Presidência da República da Guiné-Bissau



O PtG reage detenção do seu vice-presidente e atual diretor-geral da Floresta, Leonel Infamara Mané pela Polícia Judiciária no âmbito da OPERAÇÃO BISSILÃO.

O Diretor-Geral da Floresta Leonel Mané, o seu contabilista, João Malaca Quindoco e um exator, Baba Baio são apresentados hoje ao Ministério Público por suspeitas de negócios ilegais de madeira. Recordar aqui o discurso do DG Floresta durante a posse dos delegados regionais.

Radio Voz Do Povo

Os jornalistas Tegna Na Fafé e Baio Danso foram nomeados esta terça-feira em Conselho de Ministros para dirigir a Televisão da Guiné-Bissau_TGB e a Rádio Difusão Nacional_RDN, respectivamente.

Na Fafé substitui o ex-diretor geral, Amadú Djamanca enquanto, Baio Danso substituiu Mama Saliu Sané na direção-geral da RDN.

 Radio Voz Do Povo

Gabão. Ali Bongo enfrenta segundo golpe de Estado em 14 anos de poder

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POR LUSA   30/08/23 

Ali Bongo Ondimba enfrentou nos últimos anos várias lutas para manter o poder herdado do pai, incluindo uma tentativa de golpe de Estado, que agora se repete e ameaça derrubar a dinastia que governa o Gabão há 55 anos.

Horas após o anúncio da dissolução das instituições do país por um grupo de militares no canal de televisão Gabon 24, instalado na própria presidência, o destino do chefe de Estado de 64 anos é ainda desconhecido.

Ali Bongo tinha acabado de ser anunciado como vencedor das eleições presidenciais gabonesas do passado sábado, dia 26, e dado como reeleito para um terceiro mandato pela comissão nacional de eleições do país com 64,27% dos votos, mas os golpistas afirmaram que os resultados tinham sido "truncados".

Em 14 anos no poder, o Presidente, eleito em 2009 após a morte do seu pai - o inamovível Omar Bongo -- revelou-se nos últimos anos um caçador de "traidores" e "aproveitadores" no topo do Estado, revertendo paulatinamente a perceção instalada entre a população de que os dias da dinastia Bongo tinham chegado ao fim com o derrame cerebral que o vitimou em 2018.

A convalescença e reabilitação intensa de Ali Bongo prolongaram-se na altura durante 10 meses, período em que esteve desaparecido no estrangeiro, e o seu reaparecimento foi visto como um milagre, ainda que a ausência tenha feito vacilar o seu poder.

Desde então, os seus opositores têm questionado regularmente a sua capacidade intelectual e física para liderar o país, havendo mesmo quem afirme que um sósia o está a substituir.

Não obstante, se uma rigidez na perna e no braço direitos o impede de se deslocar facilmente, a sua cabeça continua intacta, segundo os visitantes habituais, diplomatas e outros.

Durante o primeiro mandato, Ali Bongo foi a antítese do seu pai: sem o carisma e a desenvoltura do "patriarca" - que reinou sem contestação durante 41 anos o pequeno Estado petrolífero muito rico da África Central -, teve dificuldade em afirmar a sua autoridade, nomeadamente perante os membros inquietos do todo-poderoso Partido Democrático Gabonês (PDG).

A sua reeleição em 2016, já muito contestada pela oposição e oficialmente ganha por apenas 5.500 votos, foi para Ali Bongo um primeiro abanão, seguido de um segundo - o AVC -, que precipitou a sua transformação.

A sua convalescença foi pontuada por um golpe de Estado falhado, com contornos difusos, em 7 de janeiro de 2019, e por uma tentativa do seu então omnipotente chefe de gabinete, Brice Laccruche Alihanga, de o demitir.

Laccruche está preso há mais de três anos, juntamente com vários ministros e altos funcionários, alvo de uma operação "anti-corrupção" implacável.

Num Gabão tomado pela corrupção endémica desde as décadas em que Omar Bongo foi o seu pilar mais emblemático, Ali Bongo tem-se apresentado nos últimos anos a ministros e conselheiros como o "pai do rigor", sujeitando-os a auditorias e demitindo-os à menor suspeita.

Para a oposição, porém, o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior num dos países mais ricos de África em termos do PIB per capita e onde a ausência de políticas capazes de diversificar uma economia demasiado dependente do petróleo empurra uma em cada três pessoas para baixo do limiar da pobreza.

Herdeiro de parte da imensa fortuna do pai, o "Sr. Filho" ou "Bebé Zeus", como era então conhecido, foi durante o primeiro mandato retratado pela oposição como um governante distante do seu povo, retirado em propriedades luxuosas no Gabão e no estrangeiro ou ao volante de numerosos carros de luxo, entregando a política e os assuntos do país à gestão de conselheiros e ministros, que os confundiam com os seus próprios interesses.

Nos últimos anos porém, para além de se assumir como "pai do rigor", Bongo transformou-se também num estratega político, tal como o pai, somando vitórias no seu campo assim como no de uma oposição desunida, a quem retirou pastas ministeriais e títulos de relevo.

Hoje, os seus apoiantes veem-no como uma fénix renascida das cinzas, depois de dolorosas sessões de reeducação. Já os seus críticos, acusam-no de ser movido pelos interesses de um séquito próximo, que não quer largar o poder e os ganhos obtidos em 55 anos de "dinastia Bongo".


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