sábado, 29 de março de 2014

Candidato Nuno Nabiam quer mudar imagem externa da Guiné-Bissau


Engenheiro formado na Rússia em aviação civil, Nuno Gomes Nabiam, de 50 anos, é candidata-se como independente, mas com apoio de uma das alas do Partido da Renovação Social (PRS), a segunda maior força política da Guiné-Bissau.

O presidente da Agência de Aviação Civil, até aqui um desconhecido na cena politica guineense, está a ser orientado pelo antigo Presidente do país Kumba Ialá, fundador do PRS.

Segundo Nuno Nabiam, Kumba Ialá, que classifica como “um político incontornável no sistema político da Guiné-Bissau” entendeu que “é hora de dar oportunidade aos jovens, para criar uma certa dinâmica na governação”. Sublinha ainda que “o país só tem a ganhar com isso”.

O apoio de Kumba Ialá, que faleceu poucos dias antes da primeira volta, a Nuno Nabiam é uma indicação clara de que o PRS enfrenta divisões profundas, já que a cúpula partidária já apontou um outro candidato, na figura do empresário Abel Incada.

Mudar imagem da Guiné-Bissau

Nuno Gomes Nabiam (esq.) está a ser orientado pelo antigo Presidente Kumba Ialá (centro)

Nuno Nabiam apresentou-se no dia 25 de março como candidato às eleições presidenciais de 13 de abril como forma de ajudar a “mudar a imagem e estabilizar o país”, que, acrescentou, tem sido destruído por conflitos políticos e armados desde a independência até hoje.

“Depois da independência, houve muitas perturbações a nível da governação. O país está onde está hoje por causa da instabilidade, o que não ajudou de forma alguma ao desenvolvimento do país. E foi isso que me motivou a candidatar-me”, explicou.

Assume-se como um “candidato de consenso”, que “poderá de facto juntar a família guineense” e que vai apostar no saber para que a Guiné-Bissau possa sair da situação em que se encontra”.

O candidato disse que pode ajudar a criar um clima de entendimento com o Governo, promover o desenvolvimento e ainda dar as condições de base, nomeadamente água potável, energia eléctrica da rede pública, saúde e educação. Se ganhar as eleições, afirma que a sua prioridade será “trabalhar com o Governo que sair das eleições legislativas”, concentrando-se então “nos aspectos fundamentais do desenvolvimento”.

Remodelação militar

Kumba Ialá (esq.) e Nuno Gomes Nabiam

Nuno Nabiam disse que conta com o apoio de uma grande franja dos jovens e mulheres para ser eleito "próximo Presidente" da Guiné-Bissau, acrescentando que espera também o voto de António Indjai, actual chefe das Forças Armadas, que conhece desde os tempos me que ambos eram estudantes em Kiev.

Sobre as remodelações das chefias militares que muitos defendem com o mais ideal para a estabilização do país, Nuno Nabiam defende um modelo diferente. “A reforma não é só do setor de defesa e segurança. Tem de ser a todos os níveis”, sublinhou, defendendo que a remodelação das chefias militares “tem de ser bem pensada”.

Caso seja eleito presidente, promete recuperar os princípios e valores da sociedade guineense, para construir um Estado que proteja os interesses e os ideais dos seus cidadãos.


Água de alto risco na G-Bissau


Na Guiné-Bissau, as crianças morrem por beber água contaminada com fezes. Num país em que quatro em cada cinco pessoas não têm acesso a redes de distribuição de água, proliferam as doenças hídricas, a maioria mortais.

A malária é a principal causa de morte, sobretudo em crianças - as mais vulneráveis -, mas há também doenças gastrointestinais (diarreias) e doenças do foro respiratório, resultantes da falta de higiene. E 90% dos casos de diarreia acontecem em crianças até aos 15 anos, sobretudo em Junho, no início da época das chuvas. As raparigas são mais afectadas do que os rapazes - e uma em cinco crianças morre da doença.

“Esta realidade não tem sido percebida quer pelas ONG que operam no país, quer pela UNICEF, quer pela Organização Mundial de Saúde, que continuam a 'tapar buracos', em vez de ir ao fundo da questão”, denuncia Adriano Bordalo e Sá, que investigou durante sete anos as condições de acesso a água das populações na Guiné-Bissau. O professor de Hidrobiologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto acusa as organizações internacionais de promoverem sobretudo “ajuda de emergência” e não resolverem os problemas em si. 

Na sua investigação, desenvolvida no país entre 2006 e 2013 em mais de 300 poços, Adriano Bordalo e Sá percebeu que um dos principais problemas a resolver é a elevada contaminação dos poços, onde as pessoas, sobretudo mulheres e crianças, vão buscar água - e que considera serem “presentes envenenados” das organizações internacionais. 

“Oficialmente, 72% da população da Guiné tem acesso a água melhorada, mas isso refere-se apenas à infra-estrutura. Ou seja, considera-se melhorada quando o tambor metálico que envolve o poço é substituído por um murete em tijolo e tem à volta uma plataforma em cimento. Mas, incrivelmente, não são feitas quaisquer análises à água”, explica o investigador. 

Água ácida
Por outro lado, a água tem níveis de acidez bastante elevados. “Na Guiné, a terra vermelha está impregnada de sulfureto de ferro que, em contacto com a chuva, se transforma em ácido sulfúrico e isso torna a água extremamente ácida”, adianta. Mas não só. Há ainda os níveis de contaminação fecal: 80% destes poços estão contaminados.

A contaminação começa com a retirada da água dos poços com baldes, puxados por cordas. Baldes que estiveram no chão, em contacto com as fezes que proliferam junto aos poços cavados à mão. “Como a água está a uma temperatura de 30 graus, as bactérias desenvolvem-se e multiplicam-se”, diz Bordalo Sá. 
Também é comum haver latrinas e terrenos com animais junto a estas infra-estruturas: “Quando chove, estes contaminantes infiltram-se na terra até aos 20 metros de profundidade”. Precisamente a profundidade que têm os poços. E há ainda o transporte lateral de contaminantes, uma vez que os aquíferos estão todos ligados. 

As crianças até aos 15 anos são as mais afectadas pelas doenças relacionadas com a falta de água potável - elas, além das mulheres, têm a responsabilidade de ir buscar água para a família. 

Furos de profundidade
A solução seria abrir, em vez de poços, furos pelo país. “Os furos são bastante mais profundos. Atingem os 600 metros e, por isso, chegam aos aquíferos de profundidade”, que não estão contaminados e cuja água é alcalina. Estão protegidos por argila e, por terem uma placa sedimentar com dezenas de metros, composta por cascas de bivalves, contêm carbonato de cálcio que protege os dentes. Mas “estes furos, equipados com bombas solares, são mais caros do que os poços. As organizações não investem neles”, nota o hidrobiólogo. 

Quando a água não vem contaminada do poço, acaba por ficar em casa. Num país em que uma família soma em média 13 elementos, cada pessoa consome 21 litros de água por dia (em Portugal, por exemplo, essa média ronda os 120 litros e, em África, os 50 litros). 
Em casa, o líquido azul é mantido em potes de barro para arrefecer. Mas cada elemento da família mergulha a caneca em inox nesse pote, contaminando a água. O arroz, base da alimentação no país, é cozinhado com essa água, resultando muitas vezes em doenças como a cólera. Até porque o arroz é comido à mão por todos. E, nota Adriano Sá, a população considera “a cólera obra do diabo e não a relaciona com o consumo de água contaminada”. 
Outra das questões levantadas pelo estudo do professor de Hidrobiologia é a relação entre o período das chuvas, sobretudo Agosto, e o pico de doenças como a malária, uma vez que o mosquito da doença eclode na água. 

Para piorar a situação, a maioria dos hospitais distritais, mesmo aqueles que realizam partos e pequenas cirurgias, não têm água canalizada. A Guiné-Bissau é um dos países com as mais elevadas taxas de mortalidade de grávidas e parturientes do mundo. No que diz respeito à mortalidade infantil, o cenário é aterrador: a taxa de mortalidade infantil na Guiné-Bissau é de 120 a 243 por cada mil (consoante os critérios). Noutro PALOP, Moçambique, a mesma taxa é de 77 por cada mil. Em Portugal é 3 por mil. 

Falta de acesso ao sistema de saúde
O sistema de saúde, num país em que apenas 1% do PIB é investido nesse sector, não é favorável. Até recentemente existiam apenas cem médicos em todo o país, concentrados sobretudo em Bissau. Há cerca de dois anos, saíram, para o interior, mais 88, formados por médicos de Cuba, mas os meios continuam a ser escassos e não há ambulâncias.

E na Guiné, onde a maioria da população ganha cerca de 80 cêntimos por mês, há o princípio de que a saúde deve ser paga, até mesmo pelas crianças. “Em 1987, na sequência da guerra civil que destruiu quase todas as infra-estruturas do país, a UNICEF convenceu a OMS e o FMI a ajudar o país e criaram essa regra, que acabou por afastar a maioria das pessoas do sistema de saúde”, lamenta Bordalo Sá.
(Sónia Balasteiro) 
http://bissauresiste.blogspot.com/2014/03/agua-de-alto-risco-na-g-bissau.html

Comunidade internacional avisa que não aceita agressões a candidatos da Guiné-Bissau

A comunidade internacional reuniu-se hoje com o presidente de transição da Guiné-Bissau para dirigir um aviso aos militares do país: as agressões ocorridas a um candidato a deputado são um ato "inaceitável", referiu José Ramos-Horta, representante das Nações Unidas.

"É um ato totalmente inaceitável para o secretário-geral das Nações Unidas e para o Conselho de Segurança", que está a seguir a situação atentamente, sublinhou Ramos-Horta, numa declaração subscrita pelos restantes representantes das organizações internacionais presentes na reunião.

Aquele responsável falava no final do encontro no Palácio da Presidência em que participaram também a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Africana (UA), Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e União Europeia (UE). 
http://noticias.sapo.pt/internacional/artigo/comunidade-internacional-avisa-que-nao-aceita-agressoes-a-candidatos-da-guine-bissau_17492687.html

"República di mininos" pede Agenda Nacional para a Criança na Guiné-Bissau


Crianças e os jovens guineenses apresentaram hoje um Manifesto intitulado "Porque a Nossa Voz Conta: Unam-se pela Criança".

O documento de duas páginas que espelha a realidade social das crianças e jovens guineenses e apresenta propostas aos políticos que concorrem as eleições gerais de 13 de Abril próximo, cuja campanha eleitoral entra no sétimo dia.

São crianças e jovens que assim queram passar as suas mensagens junto aos candidatos presidenciais e partidos políticos que concorrem às eleições gerais de 13 de Abril.

Identificados por República di Mininos, coincidentemente o título do filme do cineasta guineense Flora Gomes, as crianças e jovens guineenses indignados, apreensivos, revoltados, preocupados, inquietos, afectados, defraudados, cansados e tristes, atributos qualificativos que constam do Manifesto apresentado hoje, dizem ainda: agastados

Eles dizem ser a maioria, até porque representam 64% da população guineense e por conseguinte apelam a mudança.

Aos políticos que concorrem ou não ao escrutínio geral do próximo mês, exigem que se unam, se reconciliem, que façam concessões e que sejam tolerantes ums para com os outros.

No entender das crianças e jovens guineenses, só assim será possível criar um ambiente favorável conducente á paz e estabilidade nacional, como disse Bacar Mané  vice-presidente do parlamento infantil da Guiné-Bissau:

Para esta tarde, os meninos e jovens guineenses agendam um comício em Bissau para detalhar o conteúdo e os objectivos deste manifesto em que se pode ler ainda que as crianças e os jovens guineenses até aos 24 anos de idade propõem que os candidatos e dirigentes do país, assim como os que estarão na oposição, se comprometam a adoptar os princípios e a implementar acções de uma Agenda Nacional para a Criança, como roteiro para construir um Estado onde os direitos humanos da criança sejam garantidos.

http://www.voaportugues.com/content/rep%C3%BAblica-di-mininos-pede-agenda-nacional-para-a-crian%C3%A7a-na-guin%C3%A9-bissau/1881530.html

Homens armados tentam assaltar casa de vice-Procurador-Geral da Guiné-Bissau

A residência do vice-procurador-geral da República da Guiné-Bissau foi hoje alvo de uma tentativa de assalto por homens armados e encapuzados, disse à agência Lusa o presidente do sindicato dos magistrados do Ministério Público.

De acordo com Bacari Biai, desconhecem-se os motivos, mas presume-se que a tentativa de assalto à casa de Rui Sanha estará ligada aos "processos quentes" em fase de inquérito no Ministério Público.

"Não sabemos o que se passa, mas estamos preocupados, pois é uma situação gravíssima de atentado contra os responsáveis máximos do poder judicial", admitiu Bacari Biai.

Na última semana, o sindicalista denunciou ameaças à integridade física feitas por desconhecidos, via telefone, contra os magistrados que conduzem o inquérito sobre alegada corrupção na administração dos Portos de Bissau.

Tal como na altura, o sindicato voltou hoje a alertar para a situação em carta endereçada aos representantes da Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO), da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da União Africana (UA).

A preocupação só não foi entregue hoje na sede da União Europeia (UE) e gabinete das Nações Unidas para a consolidação da paz na Guiné-Bissau (Uniogbis) devido ao adiantado da hora no momento em que os magistrados se deslocaram às sedes das duas representações.

"Pedimos segurança para os magistrados", disse Bacari Biai.

O presidente do sindicato dos magistrados do Ministério Público sublinhou que o documento representa um "grito de alerta" assinado pelos magistrados judiciais e oficiais de justiça.

"Se não houver segurança ponderamos mandar parar o trabalho de todos os magistrados", ou seja, ficarem "em casa até que haja segurança", disse Bacari Biai, citando parte da carta entregue às representações diplomáticas.

Questionado sobre a situação do vice-Procurador Geral, cuja residência foi atacada, Bacari Biai assinalou que Rui Sanhá encetou diligências junto do Governo de transição que lhe garantiu proteção com elementos da Guarda Nacional.

Em janeiro o Procurador-Geral da República, Abdu Mané, anunciou publicamente que estava a ser alvo de ameaças que o fizeram reduzir consideravelmente a circulação pelas ruas de Bissau.
http://www.dnoticias.pt/actualidade/mundo/438822-homens-armados-tentam-assaltar-casa-de-vice-procurador-geral-da-guine-bissa