sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Detidas 12 pessoas suspeitos do linchamento de nigeriano em Bissau


Os factos remontam à última terça-feira, quando populares em fúria andaram pelas ruas atrás de “raptores de crianças nigerianos”. Mas o boato lançado na capital da Guiné-Bissau, não tem qualquer ponta de verdade. É apenas ódio xenófobo 

Doze suspeitos de terem participado no linchamento de um cidadão nigeriano ocorrido na última terça-feira na capital da Guiné-Bissau foram esta quinta-feira detidos numa operação conjunto da Guarda Nacional e da Polícia Judiciária. Os agora detidos estão indiciados por crimes de participação material no linchamento, incitação à violência e xenofobia.

A vítima, um comerciante de 35 anos, foi agredida por populares até à morte no bairro de Massacobra, após terem sido postos a circular boatos de que nigerianos estariam a raptar crianças em várias regiões do país, apesar de não existirem qualquer prova ou indício de que tais actividades criminosas estejam a acontecer, promovidas por cidadãos nigerianos ou quaisquer outros.

No dia em que ocorreu o trágico acontecimento, centenas de pessoas em fúria apedrejaram a Embaixada da Nigéria em Bissau e chegaram mesmo a perseguir um homem que acusavam de ser um nigeriano raptor de crianças. Detido e interrogado pela polícia, veio a comprovar-se que o homem estava inocente e que nem era nigeriano, mas sim guineense.

No caso da morte do cidadão nigeriano, os 12 suspeitos de envolvimento no crime foram apanhados em diferentes bairros, entre Bissau e Cumeré, e vão ser ainda esta quinta-feira ouvidos pelo Ministério Público, que deve pedir prisão preventiva para todos.

O PGR refere que “não haverá impunidade” e sublinha que as investigações continuam, nomeadamente com uma equipa com várias forças de segurança criada depois dos distúrbios de terça-feira. Abdu Mané assinou na quarta-feira um despacho em que criou um grupo de investigação para averiguar “a existência de crimes de tráfico de órgãos e seres humanos no país” e levar os eventuais autores perante a justiça.