A Guiné-Bissau vai receber vacinas contra o novo coronavírus, mas vão abranger apenas os grupos de risco, disse à Lusa a Alta-Comissária para a Covid-19 no país, Magda Robalo. O financiamento está já a ser negociado.
"A Guiné-Bissau faz parte do grupo de 92 países que foram identificados como sendo elegíveis para beneficiar de um apoio de um grupo de parceiros que se organizaram para receberem vacinas contra a Covid-19, que não vai permitir a vacinação de toda a população, por várias razões, todas à volta do financiamento, mas que permitirá vacinar grupos de riscos identificados em cada país", disse Magda Nery Robalo.
O apoio à Guiné-Bissau será dado no âmbito do Convax, uma coligação de 165 países, apoiada pela Organização Mundial de Saúde, para ajudar os países mais pobres a terem acesso à vacina contra o novo coronavírus.
"Nós estamos neste momento a fazer um plano de ação, a identificar a assistência técnica que será necessária, os equipamentos para a cadeia de frio que serão necessários, isto tudo em coordenação com o programa de vacinação, eles têm toda a experiência e todo o material para a implementação", explicou a Alta-Comissária para a Covid-19.
Magda Nery Robalo disse ainda que na atual fase estão a decidir quais os grupos de risco que vão ser privilegiados, se cabem nos 20% a que a Guiné-Bissau tem direito e também a negociar com os parceiros a articulação do financiamento.
Redução de casos sem explicação científica
De acordo com a Alta-Comissária para a Covid-19 na Guiné-Bissau, não há explicação científica para a "consistência de redução de casos" no país. "Pensamos que a maior cadeia de transmissão que terá ocorrido nos picos da pandemia se terá quebrado por medidas de contenção do movimento das pessoas, que teve lugar durante o tempo que foram mantidas as restrições", afirmou.
Magda Robalo: "O vírus continua a circular, mas provavelmente em focos mais fechados"
Magda Nery Robalo disse que vai ser realizado um estudo serológico para permitir ter uma ideia da expansão da circulação do vírus, mas também saber quantas pessoas desenvolveram anticorpos por terem estado em contacto.
A Guiné-Bissau regista atualmente um total acumulado de 2.441 casos de covid-19, 64 dos quais permanecem ativos, e 44 vítimas mortais.
Poucos testes, poucos casos
Para a comissária, o facto de haver "pouca testagem" também contribuiu para haver poucos casos, salientando que a maior parte é feita em Bissau, onde foi o maior foco da pandemia e que o "segredo" para detetar casos está na testagem. "Se houvesse um foco emergente que estivesse a ocorrer, penso que seria detetado", afirmou, salientando que houve um alerta em três dos bairros mais populosos de Bissau e que depois de uma investigação e recolha de colheitas se verificou tratar-se de um surto gripal. "Nenhum foi positivo para covid-19", sublinhou.
Apesar da pouca testagem, Magda Nery Robalo explicou que a afluência de casos graves às tendas de triagem da Covid-19 tem diminuído. "Pensamos que essencialmente o vírus continua a circular, mas provavelmente em focos mais fechados, provavelmente entre grupos que têm uma certa resistência, que não sabemos explicar, mas no fundo as razões para este declínio ainda estão por ser explicadas e compreendidas", sublinhou.
As autoridades guineenses declaram em setembro a situação de calamidade e de emergência de saúde até 08 de dezembro no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus, depois de vários meses em estado de emergência.
Questionada sobre que recomendação deu ao Governo em relação às medidas a serem tomadas a partir de 8 de dezembro, a Alta-Comissária para a Covid-19 disse que apresentou um "conjunto de recomendações".
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