Por: Carmelita Pires
Nota introdutória: Em cidadania, amante do país e aspirante ao seu desenvolvimento e estabilidade, correndo sempre o risco de não haver “pachorra” de ler mais esta prosa, aqui, expondo constatações, algumas certezas, prognosticando… e tentando reforçar, em mim própria, a ESPERANÇA.
O QUE ESTÁ EM JOGO
O MADEM G15 foi o grande vencedor do combate eleitoral. Não há dúvidas! Pela primeira vez, da história da fundação do PAIGC (1956), passando pela pós-liberalização política, a esta data, sabendo que a maioria dos partidos resultaram da sua fratura, tivemos os resultados incontestáveis de uma dissidência, salvo devidas e poucas exceções. Foram capazes, em apenas 8 meses, de convencer o povo e receber dele 27 mandatos. Parabéns ao MADEM G15! Resta saber, com a responsabilidade exigível da outorga da vontade popular, num país muito pobre, como melhor representar esses anseios em prol de um Estado de Direito, limar arrestas internas de recreações étnicas e religiosas, que, conhecendo a Guiné como conheço, não serão toleradas. Saber corroborar em democracia para os alicerces da estabilidade e do desenvolvimento. Esquecer mágoas. OLHAR O FUTURO PELA POSITIVA. Consolidar. Saber fazer oposição democrática. Vai ser muito interessante. Garanto! Preparar-se para os desafios parlamentares de refundação/reconstituição do Estado, País e Nação. Naturalmente que se assim fizerem serão recompensados, ainda que em consciência.
O PRS foi o grande derrotado. Retirou-se-lhe 20 mandatos. Fora acusado de sustentar uma crise de 4 anos, defendeu-se com estabilidade de 4 Primeiros Ministros. Depois, ilegal e exteriormente sancionado, ofereceu ao principal adversário o cargo de Primeiro-Ministro e, logo de seguida, o da Administração Territorial, para que o adversário, em África, organizasse o processo eleitoral. Do pior dos Recenseamentos Eleitorais, assina Pacto de aceitação dos resultados. Nesse intermeio, para a renovação partidária recrutara-se recentemente personalidades prestigiadas na política e ao nível técnico e académico, imediatamente interditados internamente por 3 anos em incapacidade eleitoral passiva e 1 ano em ativa. Vieram como mais-valia outros recrutamentos de alianças da crise censurada. Nisso, o partido não teve cabeça de cartaz para Primeiro-Ministro. Soube-se e notou-se que fora eclipsado quem estatutariamente deveria propor o programa de ação política do Partido, coordenar e assegurar o cumprimento da orientação política do Partido, elaborar a estratégia da campanha eleitoral e responsabilizar-se pela sua execução. Outros interesses se sobrepuseram! Quanto às proeminentes mulheres e de pensamento inovador, nem tidas e nem achadas, sobrepuseram-se as que se dispõem ao papel que há 20 anos se lhes reserva em militância. Mesmo assim, não baixámos a guarda e fomos a jogo. Fui. Esperava-se o quê, particularmente da população citadina e da diáspora, com outra literacia e com aspirações vanguardistas e legítimas para o país e para eles próprios? Foi o que se viu e se teve. Ainda bem que se soube aceitar a derrota. SOMOS SOCIAIS-DEMOCRATAS. Agora é secar as lágrimas, afugentar tristezas, parar com acusações mútuas, assumir as responsabilidades do desaire, em democracia, como se faz em toda a parte. Retirar consequências. Reforçar a consistência e coerência interna, sem as dobrezes que todos viram e souberam. Encorajar os militantes. Pegar na força das melhores CABEÇAS PENSANTES, na força das mulheres, na força da juventude renovadora “AMI I PRS” (diz-se que 60% da população tem menos de 25 anos) e RENOVAR o partido, como diz a própria sigla, insistindo em prepará-lo para a RENOVAÇÃO SOCIAL. Evidentemente que se sabe aquilo que também deve ser feito para a recuperação do ânimo destroçado: ainda mais maturação do partido; agir em ação e não em reação; apresentar trabalho sobre as principais e essenciais reformas dos parâmetros da estruturação do Estado; uma participação política ativa, idónea, competente e capaz de apoiar na estabilidade fundamental para o desenvolvimento. Se assim acontecer, o partido ficará surpreendido pela positiva em eleições vindouras, a começar pelas próximas presidenciais.
O PAIGC foi um vencedor à tangente. Parabéns PAIGC, pelos 47 deputados! Pelo que, antecipadamente em pós-eleitoral, cerradas as fronteiras, acabou por fechar o cerco. Pelo menos provisoriamente, saíram-lhe os 54. Para melhor servir, que saiba refletir sobre o acontecido desde o último dos golpes de Estado e durante a última crise. Que saiba privilegiar a sapiência e a humildade, como parece que a Chefia o está agora a fazer, no tratamento de questões fulcrais de Estado, no relacionamento institucional e interpartidário. Que, com hombridade, se agende a tarefa do reencontro da Guiné-Bissau com os guineenses. Todos iguais e todos diferentes. Produto de uma macedónia harmoniosa de etnias, culturas, credos, ricos, remediados e pobres, gente de bairros insalubres, da tabanca e da praça: somos NÓS. Que se saiba elevar o sonho de 1973, onde já se dizia: “O Estado da Guiné-Bissau assume a responsabilidade de promover o desenvolvimento económico do país, criando, assim, as bases materiais para o desenvolvimento da cultura, da ciência e da técnica, com vista à elevação constante do nível de vida social e económico das nossas populações e para a realização final duma VIDA DE PAZ, DE BEM-ESTAR E DO PROGRESSO PARA TODOS OS FILHOS DA NOSSA TERRA” (§ 13 da Proclamação do Estado da Guiné-Bissau). Sim, lançar em administração os alicerces de um Estado Soberano e fazer, em Programa-Maior, jus ao fundador da nossa Nacionalidade. Pois, com 4 anos de gestão idónea, rigorosa, competente, realista, sustentável, criteriosa, responsável, equilibrada, justa, transparente, o partido, necessariamente recolherá os frutos que perdeu como resultado dos desequilíbrios plantados na sociedade, no Estado e no seu seio.
Por isso, para mim, a cartilha é mais simples do que parece. Porque será? Simples. Porque O ESTÁ EM JOGO depois de mais umas eleições, reconhecidas interna e externamente, somos NÓS, os GUINEENSES, a GUINÉ-BISSAU, o nosso ESTADO, a nossa PÁTRIA, a nossa SOBERANIA POLÍTICA E ECONÓMICA e o nosso FUTURO.
O que está em jogo somos nós, os DJURTUS!
O que está em jogo é a ESPERANÇA: Estabilidade e Desenvolvimento.
Carmelita Pires
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