O PAIGC, como qualquer organização delituosa, não nutre simpatia, respeito ou condescendência para com as suas vítimas, neste caso o povo guineense. Ao PAIGC interessa-lhe o poder a qualquer preço, porque sem o poder torna-se insignificante, não sobrevive por muito tempo. Só se aproxima do povo quando quer manipulá-lo para recolher o seu voto para legitimar o tão desejado e almejado poder, que garante a sobrevivência, acima das possibilidades do país, dos seus mais destacados membros.
A prova de que o PAIGC não nutre qualquer sentimento para o país, é o estado da degradação do Estado e da própria sociedade em que a Guiné-Bissau se encontra.
O PAIGC não se importou com as perseguições e os assassinatos que houve nessas quatro décadas e meia na Guiné-Bissau, desde que tenham conseguido manter-se no poder e sustentar os seus vícios. Nunca se ouviu um único líder do PAIGC a penalizar-se pelos danos que o seu partido fez ao país e aos familiares dessas vítimas, muitos sem possibilidade sequer de efetuarem o funeral dos seus entes queridos. Também nunca se ouviu do PAIGC, um reconhecimento do erro de percurso e uma promessa da sua emenda!
Foi preciso termos tido um Presidente da República determinado em mudar a rota desses acontecimentos trágicos que já eram rotineiros para os guineenses e, ainda, normalizar o funcionamento dos quarteis, para que o nível do medo dos guineenses ao monstro PAIGC tenha baixado significativamente. Muitos que insultam e ofendem ao Presidente da República e até à sua família direta, não se lembram que só foi possível terem voz, de forma destemida, graças ao próprio Presidente da República. Muitos desses que hoje o insultam, julgavam-no incapaz de destituir o General António Indjai do cargo de CEMGFA. Mas fê-lo, com a serenidade e discrição que o carateriza, sem que tenha havido um único tumulto, um único tiro nem uma morte. Mesmo tendo-se tornado a principal vítima da repentina e real liberdade de expressão na sociedade guineense, fruto da batalha que travou contra os desmandos do PAIGC, o Presidente da República tem se mostrado satisfeito e regozija-se pelo facto de hoje qualquer guineense que não goste do Presidente da República possa criticá-lo publicamente quer de forma verbal ou escrita, sem que seja perseguido, espancado ou morto.
O grande crime cometido pelo Presidente da República, foi ter-se insurgido contra os hábitos de corrupção e de crimes de sangue que já faziam parte da genética do PAIGC! E a máquina desinformadora do monstro que faz do país o seu refém, investiu na diabolização da figura do Presidente da República.
Apenas para se ter a ideia do medo ao PAIGC, que ainda existe na cabeça de muitos guineenses, é o facto de muitos guineenses acharem-me muito corajoso, ao ponto de criticar abertamente o PAIGC da forma que o faço e deslocar-se à Guiné-Bissau como um cidadão normal, sem qualquer proteção! Chegaram a pedir-me para deixar de escrever, para poder regressar à minha pátria de forma segura, como se aquele país tem apenas um dono, como tentam fazer crer aos guineenses menos informados! Sinto-me tão dono daquele país, como qualquer elemento do PAIGC, até mais que alguns…
No entanto, a maior prova de falta de respeito e falta de condescendência para com o povo guineense, tem sido demonstrado por este PAIGC dito renovado e da sua liderança.
Na IX legislatura quando a justiça andava “à caça” dos membros desse governo indiciados por corrupção, o PAIGC opôs-se fortemente à essa ação judicial e resistiu proceder à remodelação governamental. Quando o Presidente da República decidiu derrubar o primeiro governo da IX legislatura, consta que o próprio líder do PAIGC disponibilizou-se para efetuar a remodelação governamental e até ceder ao Presidente da República a possibilidade de escolher nomes para integrar o novo governo, desde que continuasse ele como Primeiro-Ministro!
Como não foi satisfeita a sua vontade, o PAIGC sem respeito pelo sofrimento que podia impingir ao povo, fez tudo para bloquear o funcionamento do Estado. Mobilizaram blogueiros, pseudo-jornalistas e claqueiros no terreno, com o único propósito de denegrir a imagem do Presidente da República e de todos aqueles que se atreverem a associar-se a ele, tentando dessa forma destruir a imagem do mais alto magistrado da nação e fragilizá-lo em termos políticos. Criou-se um movimento cujo o único propósito era efetuar manifestações a pedir demissão do Presidente da República! Até ao anúncio do preço da castanha de cajú feito pelo Presidente da República, com a única intenção de melhorar a condição de vida dos produtores, fizeram uma forte oposição, sem qualquer sentimento pelo sofrimento do povo.
Estagnaram o país através do bloqueio do funcionamento do Estado a todos os níveis! Transmitiram má imagem do mais alto magistrado da nação e do próprio país, pelos quatro cantos do mundo. Tinham e têm como se fosse um livre trânsito para conseguir entrevistas e programas inteiros em cadeias televisivas estatais amigas, fora do país, destinados apenas à promoção do partido e do seu líder, a quem criaram e difundiram o mito da inteligência da qual tenho muitas restrições... A sociedade guineense e o seu povo, esses continuaram asfixiados pelo bloqueio criado pelo próprio PAIGC, a sofrer em surdina.
Desencantaram, como sempre, “mares e fundos”, para aplicar nas eleições, num autêntico exercício de compra de votos e criação de ilusão de poder e capacidade de conseguir financiamentos e riqueza para o país, sem dizer ao povo que “não há almoços grátis” e tudo o que PAIGC tem desencantado fora portas, é o país e o seu povo que o paga. Nesse “golpe de magia”, conseguiram inverter a opinião pública até certo ponto selecionada e ganharam as eleições, sem atingir o objetivo principal que era a maioria absoluta.
Necessitados de coligar para governar e conscientes de uma frágil governação que têm pela frente, o PAIGC resolveu ser o foco da criação de dissensos, em vez de procurar consensos.
Aparentemente por ter se esquecido de alguma matéria da área em que se terá versado, o presidente do partido vem dar uma lição de ciência política à sociedade guineense, de que consensos fazem parte do período de transição e na democracia não pode haver consensos e, ainda, trata a oposição legitimada pelo povo, como “aqueles a quem o povo rejeitou”! Como se na democracia existem duas fações, dos escolhidos e dos rejeitados!
Nessa postura arrogante, assente numa maioria frágil, o presidente do PAIGC provocou, mais uma vez e desnecessariamente, a estagnação política do país, com toda a repercussão social que isso representa. Incrédulo e envergonhado pelo nível político da minha pátria, assisti um vídeo em que a esposa do líder do PAIGC, sendo ela também deputada do mesmo partido, veio agradecer aos deputados do PAIGC pelo voto negativo, que manifestaram na votação do segundo vice-presidente da ANP! Constou-me que a senhora, esposa do líder do PAIGC, deputada da nação, até publicou orgulhosamente esse vídeo na sua página da rede social! Ao que chegamos!
Pergunto, que diferença para a governação, para a estabilidade e desenvolvimento do país, faz ser Braima Camará ou outra figura do MADEM-G15 a ocupar esse cargo legitimamente atribuído pelo povo a esse partido? Que diferença faz para a governação, estabilidade e desenvolvimento do país, se o PRS ocupar o cargo do primeiro vice-presidente da ANP?! Porquê e para quê criar dissensos onde a governação e o país nada ganha, muito pelo contrário só sai a perder? Porquê e para quê criar dissensos quando se tem uma maioria parlamentar frágil e um presidente da república nada condescendente com os desmandos do PAIGC?
Imagino que a grande razão desse dissenso, dessa nova estagnação do país, logo no início da X legislatura, foi o inflacionar do ego dos PAIGCistas pelo regresso ao poder, após 3 anos a trabalhar para o bloqueio do país, associada ao facto de ainda não terem perdido o seu tique absolutista, querendo controlar todo o país e, ainda, a pressa de pressionar e provocar o Presidente da República a cometer erros de avaliação, baixar o nível da popularidade e, dessa forma, facilitar-lhes o sonho de também controlarem a presidência da república.
Para mim, esse bloquear do país logo no início da X legislatura, com impacto na economia do país, adiando e atrasando o desenvolvimento do país, é outra clara demonstração do profundo desrespeito que o PAIGC tem para com o povo guineense, que nele inocentemente tem votado…
Se a resolução desse impasse provir de fora das nossas fronteiras, com cedência do PAIGC, vem reforçar ainda mais a minha convicção que ao PAIGC, o povo guineense interessa-lhe apenas e só para legitimar o seu domínio do país, através dos votos.
PS. Sei que prometi escrever sobre os tipos de quadros que a Guiné-Bissau comporta no país e na diáspora, mas para mim este texto era premente.
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