Por CNEWS Abril 19, 2021
O ministro da Saúde Pública, António Deuna, terá sido humilhado em Bafatá, no leste da Guiné-Bissau, pelos técnicos de saúde, e o governante ameaçou transferir todos os envolvidos no ato que considera falta de respeito à sua pessoa, disse ao Capital News, uma fonte que assistiu a reunião do responsável com os funcionários.
Na sequência do alegado desvio de cem milhões de Francos FCA, das contas das estruturas regionais de saúde da região de Bafatá, por parte do seu Ministério, o titular da pasta da Saúde Pública deslocou-se este domingo a leste do país, para se reunir com os técnicos de saúde que protestam contra o suposto desvio do fundo.
“Ao usar de palavras, António Deuna foi vaiado, interrompido várias vezes por vozes de contestação e desmentido cada vez que dissesse algo que os técnicos de saúde entendiam que não correspondia verdade”, relata a fonte.
No meio da confusão, disse a confidente do Capital News, o ministro da Saúde Pública terá dito que assim que regressasse a Bissau, iria mandar identificar todos os “perturbadores da reunião” e transferi-los para outras localidades, uma ameaça que foi respondida com salva de Palmas, em tom irónico, explica a fonte.
Mas antes da confusão, tudo parecia que estava para correr bem:
“O ministro chegou e mandou os jornalistas a abandonarem a sala (da Delegacia Regional de Saúde) e começou por pedir desculpas aos técnicos de saúde presentes, afirmando que os cem milhões não foram desviados, mas tomados por empréstimo, para depois serem devolvidos, assim que o Ministério das Finanças desbloquear os 11 bilhões destinados ao setor de saúde, no Orçamento Geral do Estado”, explicou quem presenciou a reunião.
Na reunião, António Deuna justificou o “empréstimo” dos cem milhões de Francos CFA, segundo relata a fonte, porque os outros (doentes) estavam a sofrer no Hospital Raoul Follereau, com falta de alimentação e outros bens.
Mas a “dissertação” do ministro da Saúde não convenceu aos técnicos presentes. Revoltados, pediram a António Deuna que provasse, apresentando documento no qual constasse o consentimento das estruturas regionais de Bafatá para o levantamento dos cem milhões das contas das estruturas regionais, como foi dito na sexta-feira passada, por Silvino Braba, que falou em nome do Ministério, aos jornalistas.
Durante a reunião, soube o Capital News, os técnicos de saúde de Bafatá exigiram ao ministro da Saúde, entre outros, a devolução dos cem milhões de Francos CFA, e a demissão do administrador dos Serviços de Saúde para aquela região, Osvaldo Simão Fieré.
Segundo a fonte ouvida por CNEWS, a secretária de Estado de Gestão Hospitalar, Cornélia Mam, que acompanhou o ministro a Bafatá e estava presente na reunião, mostrou-se claramente solidária com os técnicos de saúde:
“Embora não tivesse pronunciado e dito que estava solidária com os técnicos de saúde, Cornélia Mam estava de olhos cheios de lágrimas ao abordar a situação do dinheiro e afirmou que ela não sabia de nada e pedia calma aos técnicos”, relata.
Em consequência dessa reunião, os técnicos de saúde, a nível da região de Bafatá, decidiram suspender a paralisação das suas atividades, cujo início estava previsto para esta segunda-feira (19.04). Mas dizem que vão parar de trabalhar, se até quinta-feira as suas exigências não forem atendidas.
Na reunião, segundo a fonte do Capital News, estiveram o governador da região de Bafatá, o imame central da cidade, o régulo e o Comissário da Polícia para a Região.
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