sábado, 18 de março de 2017

Bruxelas pede a Brasil reunião de emergência sobre carne adulterada

A União Europeia pediu hoje ao Brasil uma reunião de emergência para as autoridades esclarecerem o caso de carne adulterada e que envolve a duas maiores exportadoras do país, disse o ministro da Agricultura brasileiro, Blairo Maggi.



Em declarações à rádio Globo, o ministro assinalou que o responsável pela Agricultura da União Europeia lhe telefonou e ambos devem reunir-se segunda-feira.

O Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, foi abalado sexta-feira por uma operação policial que desmantelou uma máfia que adulterava carne e que envolve duas das maiores exportadoras do país, a JBS e a BRF, e que tinha ligações com pelo menos duas partes do Governo do Presidente Michel Temer.

O país é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango e a União Europeia é o seu principal comprador.

"Este problema afeta e vai afetar-nos a todos. Não sei quais serão as consequências, mas vamos ter problemas e de trabalhar para os minimizar ao máximo. Temos um sistema robusto, rígido e que é validado pelos compradores internacionais, mas falha quando as pessoas se corrompem e é lamentável", disse o ministro.

O ministro esclareceu também que as "averiguações da polícia indicam que é um crime contra a população brasileira, que merece ser castigado com todo o rigor".

NAOM


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Empresa brasileira tentou exportar produtos com salmonela para a Europa


A empresa brasileira BRF tentou exportar produtos contaminados com a bactéria salmonela para a Europa, segundo conversas intercetadas no âmbito da operação "Carne Fraca" sobre a venda ilegal de carne, divulgaram hoje as autoridades judiciais.

Segundo informações do delegado Maurício Moscardi Grillo, da Polícia Federal, um alto funcionário da BRF foi gravado a tentar libe contentores de produtos contaminados que foram barrados em Itália.

"Um alto executivo desta companhia [BRF], inconformado com a fiscalização em sete contentores que aparentemente tinham produtos com salmonela, que estavam a ser enviados para Itália e Espanha, tentou desviar este carregamento para o porto de Roterdão, na Holanda, porque estava a ter dificuldade em entrar com esta mercadoria contaminada na Europa", contou o delegado, em conferência de imprensa sobre a operação "Carne Fraca".

Segundo a mesma fonte, a bactéria salmonela foi identificada nos contentores da BRF, mas a fábrica da empresa de onde as carnes exportadas eram oriundas continuou a funcionar normalmente por interferência de fiscais do Ministério da Agricultura, que recebiam 'luvas' para proteger a empresa.

Numa conversa gravada pela polícia brasileira, um diretor da BRF chamado André Baldissera e um interlocutor não identificado falam sobre infrações repetitivas identificadas pela fiscalização italiana, que poderiam suspender as exportações do grupo para a Europa.

Hoje de manhã, a polícia federal do Brasil deu início à operação "Carne Fraca" para recolher provas contra uma organização criminosa liderada por fiscais, executivos e intermediários que estariam a vender carne ilegal e até mesmo produtos estragados no país e para o exterior.

Segundo as investigações, os agentes públicos, utilizando-se do poder de fiscalização do cargo, recebiam 'luvas' para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.

Aproximadamente 1.100 policiais federais cumpriram 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva (sem tempo para a libertação do acusado), 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva (quando o acusado é preso e obrigado a depor para depois ser libertado) e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas alegadamente ligadas ao suposto grupo criminoso

NAOM

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