sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Cerca de uma centena de tanzanianos acusados de traição devido aos protestos... Cerca de uma centena de pessoas compareceu hoje em tribunal na Tanzânia e foram acusadas de traição devido aos fortes protestos desencadeados no país durante as eleições gerais de 29 de outubro, anunciou o Ministério Público.

Por LUSA 

Segundo uma fonte do Ministério Público deste país vizinho de Moçambique, 98 pessoas compareceram no Tribunal de Primeira Instância de Kisutu, em Dar es Salaam, capital económica do país, onde enfrentam acusações de traição, de cometer atos de vandalismo e destruir infraestruturas públicas.

As manifestações, em alguns casos violentas, eclodiram durante o dia das eleições, prolongaram-se por três dias em várias cidades do país e foram reprimidas pela polícia com gás lacrimogéneo e munições reais, enquanto o Governo impôs um recolher obrigatório e interrompeu o acesso à Internet em todo o território.

Pelo menos 150 pessoas morreram em Dar es Salaam durante as mobilizações, confirmaram à EFE, em 31 de outubro, fontes sanitárias, embora o principal partido da oposição, o Partido da Democracia e do Progresso (Chadema, em suaíli), tenha falado em até 1.000 os mortos às mãos das forças de segurança em diferentes pontos do país, segundo detalhou esta terça-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

Perante estes números, a Ordem dos Advogados de Tanganica (Tanzânia continental) confirmou à EFE esta quarta-feira que começou a distribuir formulários junto da população para que registem os seus familiares desaparecidos ou alegadamente mortos, face à recusa do Governo em entregar os corpos.

Entretanto, o Chadema denunciou que a polícia recolheu cadáveres de hospitais para "apagar provas e estatísticas".

Também esta semana, o vice-presidente do Chadema, John Heche, que estava detido, foi acusado de terrorismo.

Em outubro, nas semanas que antecederam a votação, a HRW e outras organizações denunciaram que o executivo intensificou a repressão da oposição e silenciou os seus críticos e os meios de comunicação social.

A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, foi investida na segunda-feira para um mandato de cinco anos, depois de a Comissão Eleitoral Nacional Independente (INEC) a ter declarado no sábado vencedora das eleições com 97,66% dos votos, numa votação em que os dois principais opositores ficaram excluídos.

Esta foi a primeira prova nas urnas de Hassan, que acedeu à presidência do Estado em 2021 devido à morte repentina do seu antecessor, John Magufuli, de quem era vice-presidente.

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