sexta-feira, 7 de junho de 2024

O julgamento de cerca de 50 acusados, entre os quais vários estrangeiros, envolvidos na alegada tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo (RDCongo), no passado dia 19 de maio, começou hoje, em Kinshasa.

© Getty Images/Arsene MPIANA / AFP
Por Lusa  07/06/24
 Começou julgamento de envolvidos em tentativa de golpe de Estado no Congo
O julgamento de cerca de 50 acusados, entre os quais vários estrangeiros, envolvidos na alegada tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo (RDCongo), no passado dia 19 de maio, começou hoje, em Kinshasa.


A audiência teve início no tribunal militar de Kinshasa-Gombe, instalado na prisão militar de Ndolo, na capital congolesa, segundo a agência francesa (AFP).

Os arguidos - incluindo três norte-americanos - todos vestidos com uniformes prisionais azuis e amarelos, quatro dos quais mulheres, ocuparam os seus lugares, estando a assistir diplomatas ocidentais, bem como numerosos jornalistas além de advogados.

A alegada tentativa de golpe de Estado ocorreu no final da noite de 19 de maio, no bairro nobre de Gombe, em Kinshasa, onde dezenas de homens armados atacaram a casa de um ministro, Vital Kamerhe, que entretanto se tornou presidente da Assembleia Nacional.

Os assaltantes filmaram-se a agitar a bandeira do Zaire, o antigo nome da RDCongo no tempo de Mobutu, o ditador derrubado em 1997, e pediram a saída do atual chefe de Estado, no poder desde 2019 e reeleito em dezembro passado.

A intervenção das forças de segurança que, segundo o exército, prenderam cerca de 40 assaltantes e mataram outros quatro, incluindo o seu líder, Christian Malanga, 41 anos, um congolês residente nos Estados Unidos, terminou com o ataque.

O porta-voz do exército falou rapidamente de uma "tentativa de golpe de Estado cortada pela raiz", com o Governo a referir-se, um pouco mais tarde, a uma "tentativa de desestabilização das instituições".

Os apoiantes de Vital Kamerhe acreditam que se tratou de uma tentativa de assassinato.

A "opacidade que envolveu o interrogatório" dos presumíveis golpistas foi criticada por alguns ativistas dos direitos humanos.

De acordo com a lista que figura no "extrato da ata" da audiência de hoje, estão a ser julgados 53 arguidos, entre os quais Christian Malanga, apesar de já ter morrido.

Há também o seu filho, Marcel Malanga, que tem nacionalidade norte-americana e está entre os detidos, bem como dois outros cidadãos americanos, um conhecido por ser próximo do pai de Malanga e o outro aparentemente um conhecido do filho.

Outras pessoas detidas após os acontecimentos, incluindo um perito militar, Jean-Jacques Wondo, um congolês belga naturalizado, estão também entre os arguidos.

As acusações neste caso são "atentado, terrorismo, posse ilegal de armas e munições de guerra, tentativa de homicídio, associação criminosa, homicídio, financiamento do terrorismo", de acordo com o mesmo documento.

Uma outra investigação está a ser conduzida sobre as execuções sumárias que alegadamente tiveram lugar após a operação, quando soldados foram filmados a disparar contra dois alegados golpistas desarmados, um dos quais tinha saltado para o rio Congo numa tentativa de fuga.

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