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POR LUSA 31/08/23
O novo homem forte do Gabão, general Brice Oligui Nguema, que derrubou na quarta-feira o presidente, Ali Bongo Ondimba, tomará posse como "presidente de transição" na segunda-feira, perante o Tribunal Constitucional, anunciaram hoje os militares golpistas.
A junta militar gabonesa anunciou igualmente a "criação progressiva de instituições de transição" e prometeu que o país respeitará todos os seus "compromissos externos e internos".
"O presidente de transição será empossado perante o Tribunal Constitucional na segunda-feira, 04 de setembro de 2023, na Presidência da República", anunciou no canal estatal de televisão Gabon 24 o coronel Ulrich Manfoumbi Manfoumbi, porta-voz do Comité de Transição e Restauração das Instituições (CTRI), que reúne todos os comandantes das forças armadas gabonesas.
O general Oligui também "decidiu (...) o estabelecimento progressivo das instituições de transição" e "deu instruções a todos os secretários-gerais, gabinetes ministeriais, diretores-gerais e a todos os responsáveis dos serviços do Estado para que assegurem o reinício efetivo imediato do trabalho e a continuação do funcionamento de todos os serviços públicos", acrescentou o porta-voz.
A principal plataforma da oposição gabonesa, Alternância 2023, apelou às forças militares que derrubaram o presidente Ali Bongo Ondimba para concluírem a contagem dos boletins de voto, a fim de reconhecerem a "vitória" do seu candidato, Albert Ondo Ossa, 69 anos, ex-ministro do pai de Ali - Omar Bongo - entre 2006 e 2009.
A Alternância 2023 também "convidou as forças de defesa e segurança a discutir a situação num quadro patriótico e responsável e a encontrar, entre os gaboneses, a melhor solução" para "permitir que o país saia mais forte desta situação".
O Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) reuniu-se hoje para analisar a situação no Gabão, anunciou a organização continental em comunicado.
A reunião, que está a decorrer, é presidida pelo comissário da UA para os Assuntos Políticos, o nigeriano Bankole Adeoye, e pelo atual detentor da presidência rotativa do Conselho, o burundiano Willy Nyamitwe, ainda segundo o comunicado.
O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, condenou na quarta-feira "veementemente" o que descreveu como "a tentativa de golpe de Estado" no Gabão, um país centro-africano rico em petróleo que foi governado durante mais de 55 anos pela família Bongo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, associou-se à condenação, embora tenha alertado para a existência de irregularidades no processo eleitoral que conduziu à vitória de Bongo.
Na quarta-feira, um grupo de militares anunciou ter tomado o poder no Gabão, pouco depois de a comissão eleitoral ter declarado a vitória de Bongo nas eleições presidenciais e legislativas de dia 26, que a oposição considerou fraudulentas.
Os golpistas afirmaram que o escrutínio não foi transparente, credível ou inclusivo e acusaram o Governo gabonês de governar de forma "irresponsável e imprevisível", prejudicando assim a "coesão social".
No final do dia de quarta-feira, os líderes do golpe de Estado anunciaram a nomeação do general Brice Oligui Nguema, comandante da Guarda Republicana do país, responsável pela segurança do próprio chefe de Estado, como novo "presidente de transição".
Este não é o primeiro golpe de Estado enfrentado por Ali Bongo, cuja família detém o poder desde 1967.
Bongo sofreu uma tentativa de golpe em janeiro de 2019, reprimida no próprio dia, quando se encontrava em Marrocos a recuperar de uma doença.
O golpe de Estado no Gabão - uma das potências petrolíferas da África subsariana - é o segundo a ocorrer em pouco mais de um mês no continente, depois de o exército ter tomado o poder no Níger, em 26 de julho.
O Gabão junta-se, para já, à lista de países que tiveram golpes de Estado bem-sucedidos nos últimos três anos: Mali (agosto de 2020 e maio de 2021), Guiné-Conacri (setembro de 2021), Sudão (outubro de 2021) e Burkina Faso (janeiro e setembro de 2022).
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