sábado, 7 de novembro de 2020

Os benefícios (para pouca gente) provenientes da exploração de madeira não justificam os tremendos custos para a sociedade guineense na sua íntegra...Umaro Djau

Fonte:  Umaro Djau    Foto: blogue Ditadura e Consenso

Há certas iniciativas, medidas ou políticas que, antes de serem aprovadas ou executadas, requerem a condução de um estudo que se denomina de análise custo-benefício (ACB) [Cost-Benefit Analysis, CBA, em inglês].

Estes tipos de análises não são apenas comuns, mas extremamente importantes, sobretudo, nas áreas tão sensíveis como a exploração de escassos recursos naturais, nomeadamente as florestas.

A Agência norte-americana de Protecção Ambiental (EPA) tem centenas de estudos feitos sobre diversas áreas: florestas, rios, solos, descarga de águas, esgotos, lixos, etc., etc. Para cada problema ou preocupação, existe um estudo científico específico sobre as implicações que um determinado uso ou exploração poderia acarretar para uma determinada comunidade, ou seja, os custos. De igual modo, pode-se detalhar todos os benefícios que uma determinada exploração ou uso poderia produzir.

Em suma, sempre que os custos à sociedade sejam mais elevados que os benefícios, uma iniciativa de exploração não teria pernas para andar. Aliás, assim exige a lógica económica, social e ambiental.

Agora, pergunto: será que as autoridades nacionais da Guiné-Bissau alguma vez conduziram análises deste tipo para saberem se justifica ou não o corte desenfreado das nossas florestas para os efeitos de exportação?

Já chegaram de pensar sobre os custos dessas acções ambulantes e até irresponsáveis dos chamados agentes empresariais guineenses e estrangeiros sobre todo o ecossistema nacional da Guiné-Bissau?

Já pensaram no impacto ambiental?

Já pensaram no impacto sobre as alterações climáticas?

Já pensaram sobre os impactos imediatos e futuros dessas actividades sobre os solos, as caudas de água, a vegetação e a biosfera em geral?

Antes que alguém me responda, sei que tudo isso ocorre com o aval dos governos em funções, através de emissão de licenças de exploração -- uma atitude governamental triste e incompreensível, se tomarmos em conta os enormes custos ambientais para esta e outras futuras gerações de guineenses.

Meus compatriotas,

Os benefícios (para pouca gente) provenientes da exploração de madeira não justificam os tremendos custos para a sociedade guineense na sua íntegra.

Sejam responsáveis e deixem em paz as nossas florestas que, aliás, constituem o último corredor verde de Sahel.

--Umaro Djau

7 de Novembro de 2020

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