quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Editorial: POLITÓLOGOS GUINEENSES CANTAM NOS MEDIA PARA ENGANAR A COMUNIDADE INTERNACIONAL

17/09/2020 / Jornal Odemocrata 

Os nossos politólogos cantam todos os dias nos media nacionais, internacionais e nas redes sociais que a comunidade internacional está cansada da crise política na Guiné-Bissau ou acusam as organizações internacionais de interferirem nos assuntos internos do nosso país. Todos cantam em voz alta para enganar o Zé-Povinho de Bandim e escamotear a própria comunidade internacional da verdadeira realidade da narrativa da Showbiscracia construída pelos Showbiscracistas democratas que violaram todos os princípios de governação que Amílcar Cabral projetara durante a luta armada da libertação nacional.

Para evitar a situação atual da canção da Showbiscracia, Amílcar Cabral organizara entre 9 a 16 de Agosto de 1971, uma reunião ordinária do Conselho Superior da Luta, em Boke, onde adotara uma decisão inédita de realizar as eleições gerais para a Assembleia Nacional Popular que viria a proclamar o Estado independente da Guiné-Bissau. 

Ou seja, foi há 49 anos que o fundador da nossa nacionalidade alertou os guerrilheiros e a população das regiões libertadas que o processo eleitoral poderia vir a ser, hoje, uma das pedras no sapato do Estado da Guiné-Bissau que atormentará e criará graves convulsões políticas, militares, golpes de estado e corrupção generalizada no país depois da independência.

Amílcar Cabral conseguiu controlar, durante a Luta Armada da Libertação Nacional, os Showbiscracistas rurais, rurbanos e urbanos, criando um pensamento coletivo revolucionário único para a Luta Armada da Libertação Nacional. Alertou, na altura, que se os Showbiscracistas revolucionários urbanos que estavam na luta armada não se suicidassem depois da luta armada, a nossa independência não teria substância no seu conteúdo real democrático nem justificar-se-ia a razão da luta dos nossos gloriosos combatentes da liberdade da pátria.

Para controlar as três variáveis dos Showbiscracistas revolucionários e armados durante a luta armada, Amílcar Cabral construiu uma nova narrativa semiose discursiva revolucionária que distinguia de forma clara o “Pensar” do “Pensamento”. O que lhe permitiu construir um pensamento coletivo revolucionário único para a nossa Luta Armada da Libertação Nacional. No pensamento coletivo revolucionário de Amílcar Cabral, o desejo do consenso comum da libertação nacional da Guiné-Bissau predominava sobre o desejo singular dos Showbiscracistas rurais, rurbanos e urbanos. Ou seja, abrangia um grande número de pessoas com capacidade de “Pensar” e de possuir um “Pensamento” que os permitia refletir e reagir diante de conflitos eleitorais a imprevistos vindos de fora.

O golpe de estado de 1980, matou o pensamento coletivo revolucionário de Amílcar Cabral e abriu a porta ao conflito direto entre os Showbiscracistas rurais, rurbanos e urbanos. Marcou também o ponto de partida para a instabilidade política e militar que permaneceu até hoje,em pleno Estado de Direito democrático. Aliás, os nossos politólogos que cantam diariamente nos Media nacionais e internacionais sabem-no muito bem e apenas não querem dizer a verdade à comunidade internacional que a verdadeira razão de convulsões políticas e recorrentes golpes de estado militares advém do conflito dos Showbiscracistas rurais, rurbanos e urbanos na aquisição eleitoral do poder para a governação do país.

No conflito eleitoral dos Showbiscracistas democráticos para obter o poder de governar o país os fins não justificam os meios. Em suma, não, há um pensamento coletivo com uma narrativa semiose discursiva única de um Estado democrático na Guiné-Bissau. De entre os três géneros das Showbiscracistas democráticos, não há desejo nem vontade comum de apresentar projetos de governação da Guiné-Bissau. No pensar dos Showbiscracistas democráticos, não exige ter um pensamento coletivo e robusto como armazém para guardar os valores de um Estado de Direito Democrático. Por isso, abriu-se, na esfera política democrática da Guiné-Bissau, uma porta de enriquecimento ilícito, corrupção generalizada, um olhar duvidoso aos sucessivos governos Showbiscracistas e uma sociedade em permanentes convulsões políticas e militares porque ninguém reconhece ninguém. Todos se apresentam, ao olho do Zé-Povinho de Bandim, como uma alternativa eleitoral democrática para o país e expressam uma opinião popular de Showbiscracia rural, rurbana e urbana. Nenhum deles consegue coletivamente mobilizar e abranger grande número de guineenses para governar o país.

Ou seja, dentre os atuais Showbiscracistas democratas da Guiné-Bissau, não há ainda um cabralista capaz de criar e implementar um pensamento com os enunciados semiose coletivo para congregar os guineenses em torno de um projeto eleitoral digno para a governação e de um Estado do Direito Democrático na Guiné-Bissau. A situação éhoje ainda mais grave porquanto os Showbiscracistas democráticos estão a segmentar-se em movimentos sociais de caráter fakenewsiana perigoso para uma democracia pluralista dos Estados modernos.

Aliás, as canções dos nossos politólogos nos Media nacionais, internacionais e nas redes sociais estão a fomentar e espalhar cada vez mais os Showbiscracistas hoje em todas as categorias socioprofissionais que vivem e trabalham na Guiné-Bissau. Mesmo, assim, os nossos politólogos fecham os olhos e não cantam na imprensa nacional e internacional as razões destes conflitos dos Showbiscracistas que dificultam a instauração, na esfera política nacional, de um pensamento coletivo com os enunciados semiose de um Estado de Direito Democrático na Guiné-Bissau.

Por: António Nhaga

Director-Geral

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