quarta-feira, 26 de junho de 2019

Angola diz que Guiné-Bissau não pode ficar "refém de caprichos pessoais" do Presidente

Três meses após as eleições, José Maria Vaz continua sem nomear o Governo.


Manuel Domingos Augusto, Ministro das Relações Exteriores de Angola

O ministro das Relações Exteriores de Angola disse esta quarta-feira, em Lisboa, que a Guiné-Bissau "não pode ficar refém de caprichos pessoais" do Presidente José Mário Vaz que, três meses após as eleições, continua sem nomear o Governo. 

"Não pode aquele povo da Guiné-Bissau ficar refém de caprichos pessoais. A comunidade internacional está atenta e vai aumentar a pressão", disse Manuel Domingos Augusto. 

O chefe da diplomacia angolana falava aos jornalistas à margem do encontro anual do Conselho Europeu para as Relações Exteriores, que decorreu durante dois dias em Lisboa.

A Guiné-Bissau realizou legislativas em 10 de março, mas o novo primeiro-ministro só foi nomeado no sábado, depois de a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ter admitido impor sanções a quem criasse obstáculos à concretização da ordem democrática e ter imposto até domingo passado para a situação ficar resolvida.

O Presidente guineense, que domingo cumpriu cinco anos de mandato e marcou eleições presidenciais para 24 de novembro, continua sem nomear o Governo, não tendo aprovado a lista de nomes proposta pelo primeiro-ministro Aristides Gomes.

Manuel Augusto lamentou, por outro lado, a falta de uma posição coesa da CEDEAO relativamente à crise na Guiné-Bissau.

"Infelizmente, sentimos que a comunidade económica regional, a CEDEAO, está dividida e esta é uma das razões pelas quais alguns atores políticos na Guiné-Bissau tentam tirar proveito", disse.

O ministro angolano assegurou que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está a agir, adiantando que da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da comunidade, agendada para 19 de julho, em Cabo Verde, sairá "uma posição mais forte".

"Estamos otimistas que aqueles que estão a tentar impedir o processo [democrático] na Guiné-Bissau vão acabar por desistir e dar conta que não há clima para continuarem a manter um país e um povo refém de uma pessoa", reforçou.

Fonte:  cmjornal.pt

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