terça-feira, 21 de novembro de 2023

Quénia pede fim de relações UE-África de "ciclos de dívida e dependência"

© Getty Images

POR LUSA   21/11/23 

O Presidente do Quénia pediu hoje à União Europeia que "redefina" a cooperação internacional e deixe de assentar as relações com África em "ciclos de dívida e dependência", num discurso centrado também nos desafios das alterações climáticas.

William Ruto apelou, num discurso proferido no plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, ao fim das políticas europeias baseadas em dependências, que acabam por promover a "fragilidade económica" dos países africanos. "O Ocidente contra o Oriente é contraproducente", alertou.

Na opinião do líder queniano, é necessária uma "nova era de cooperação e colaboração", centrada nos desafios globais, porque "há ameaças que transcendem as fronteiras e os mares".

"É altura de adotarmos uma abordagem comum às alterações climáticas, à desigualdade e aos conflitos", afirmou.

Observando que o aumento do custo de vida, a tensão orçamental e os desafios migratórios estão a enfraquecer a solidariedade internacional, apelou à UE para que colabore com os países africanos na gestão da migração, abordando as causas profundas da migração ilegal.

O Presidente queniano disse ainda aos eurodeputados que as decisões tomadas agora irão moldar o século XXI, pelo que os instou a serem "visionários" e a investirem num futuro marcado pela "colaboração, solidariedade e compromisso".

África não pode cair na "dependência energética" e deve apanhar o comboio da energia sustentável, seguindo esse caminho com o resto do mundo, para o que precisa de financiamento que não gere encargos a longo prazo ou relações baseadas na extração de matérias-primas, sublinhou ainda o chefe de Estado queniano.

Financiar um país africano custa cinco vezes mais do que um país ocidental, o que é "indefensável, tanto económica como moralmente", afirmou.

A arquitetura financeira global que gera "ciclos de dívida" para os países em desenvolvimento "pode ser mudada", disse William Ruto, "mas é necessária vontade coletiva e novas formas de cooperação baseadas em estratégias mutuamente benéficas", acrescentou.


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