24.sapo.pt/ 21 nov 2023
A junta militar que governa a Guiné-Conacri ordenou novos processos contra o ex-Presidente Alpha Condé, que derrubou num golpe de Estado em 2021, por alegados atos de traição, segundo uma carta do Governo enviada ao Procurador-Geral da capital.
O ex-chefe de Estado, no poder entre 2010 e 2021, exilado na Turquia desde que foi deposto, já está a ser processado por alegados atos de corrupção, bem como por “assassínios, tortura, raptos e violações”, neste país, vizinho da Guiné-Bissau, onde a repressão das manifestações políticas é muitas vezes brutal, segundo organizações internacionais.
“Estão ordenados (…) a iniciar processos judiciais por supostos atos de traição, conspiração criminosa e cumplicidade na posse ilícita de armas e munições contra o Professor Alpha Condé, ex-Presidente da República”, escreveu o ministro da Justiça, Alphonse Carlos Wright.
“Foi levado ao conhecimento do Ministro da Justiça (…) que Alpha Condé, em conjunto com o senhor Fodé Moussa Mara”, um famoso blogueiro, se terão “apoderado de munições e materiais relacionados”, disse Wright na carta pública datada de segunda-feira.
O ministro não forneceu mais informações sobre a natureza e a quantidade de armas.
Em 2010, Alpha Condé tornou-se o primeiro Presidente democraticamente eleito da Guiné-Conacri, após décadas de regimes autoritários ou ditatoriais, mas o seu desejo de permanecer no poder e de concorrer a um terceiro mandato suscitou fortes protestos até à sua queda e que foram violentamente reprimidos.
Após o golpe de Estado de 2021, o coronel Mamady Doumbouya foi empossado Presidente e, sob pressão internacional, comprometeu-se a entregar o poder aos civis eleitos no prazo de dois anos, a partir de janeiro de 2023.
E prometeu reconstruir um Estado minado por divisões e pela corrupção considerada endémica. O seu Governo iniciou um grande número de processos contra pessoas próximas do antigo Presidente Condé.
O golpe de 05 de setembro de 2021 é um dos vários que abalaram a África Ocidental desde que os coronéis tomaram o poder no Mali, em agosto de 2020.
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