© Ecowas - Cedeao
POR LUSA 10/08/23
O presidente da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Omar Alieu Touray, ordenou hoje a "ativação imediata" de uma força regional para "restaurar a ordem constitucional" no Níger.
"Ordeno a ativação da força de prontidão da CEDEAO com todos os seus elementos imediatamente", disse Touray em Abuja, durante uma cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de Governo do bloco regional para encontrar uma solução para a crise no Níger na sequência do golpe de Estado de 26 de julho.
O anúncio de envio da força militar consta das resoluções lidas no final da cimeira.
Embora a CEDEAO continue determinada em resolver a crise por meios "pacíficos", o anúncio de Touray na cimeira é um primeiro passo "de facto" para uma eventual intervenção.
O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que detém a presidência da CEDEAO, apelou, no seu discurso de abertura dos trabalhos, ao diálogo e a priorizar "todas as vias diplomáticas".
Nas Nações Unidas, o secretário-geral, António Guterres, advertiu contra "qualquer ameaça de ferir o Presidente eleito do Níger", Mohamed Bazoum, detido pela Guarda Presidencial.
O porta-voz do secretário-geral, Farhan Haq, questionado sobre as alegadas ameaças dos golpistas de matar o Presidente Bazoum, caso se concretize uma intervenção militar contra o país, disse: "Iremos opor-nos a isso", sem ser mais específico.
Horas antes, o partido do Presidente Bazoum tinha denunciado que ele e toda a sua família, detidos ilegalmente no próprio palácio presidencial, não dispõem de eletricidade, água, alimentos e medicamentos.
Indiretamente, António Guterres confirmou esta acusação ao emitir uma declaração em que denunciava "as condições de vida deploráveis" em que Bazoum e a sua família se encontram detidos.
Guterres recordou que a detenção de Bazoum pela Guarda Presidencial é arbitrária e apelou novamente à sua libertação imediata, bem como à dos membros do seu governo que ainda se encontram detidos.
O único ponto de ordem de trabalhos da reunião de Abuja, que juntou chefes de Estado e representantes dos 15 países-membros da CEDEAO era o debate sobre a situação criada pelo golpe de Estado e avaliar uma intervenção militar para repor a legalidade constitucional.
Esta foi a primeira reunião dos líderes da CEDEAO desde o termo do seu ultimato aos militares na anterior cimeira da organização, em 30 de julho.
Todos os presidentes do bloco da África Ocidental participam nesta cimeira, com exceção da Gâmbia, da Libéria e de Cabo Verde, que enviaram representantes.
Os presidentes do Burundi e da Mauritânia, que não são membros da CEDEAO, mas foram convidados pela organização, também participam na cimeira e estão igualmente presentes representantes da Argélia, da Líbia, da Organização das Nações Unidas e da União Africana.
A cimeira extraordinária de Abuja realizou-se tendo como cenário o que fazer para enfrentar o quinto golpe de Estado bem-sucedido na região desde 2020, depois dos do Mali (duas vezes), Burkina Faso e Guiné-Conacri.
No total, desde 2020, a África Ocidental registou nove tentativas de golpes de Estado.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.