sexta-feira, 28 de outubro de 2022

UCRÂNIA: Forças russas em "postura defensiva de longo prazo", diz Reino Unido

© Getty Images

Por LUSA  28/10/22 

O Ministério da Defesa britânico considerou hoje que a Rússia assumiu uma "postura defensiva de longo prazo" na maioria das linhas da frente na Ucrânia, numa indicação da má preparação dos reservistas mobilizados.

Numa atualização da sua informação diária sobre a guerra na Ucrânia, os serviços de inteligência militar britânicos disseram que ocorreu uma "mudança clara das forças terrestres russas" para uma postura defensiva nas últimas seis semanas.

"Isto é provavelmente devido a uma avaliação mais realista de que a força severamente sem efetivos e mal treinada na Ucrânia atualmente é apenas capaz de operações defensivas", disse o ministério britânico na avaliação disponibilizada na rede social Twitter.

Face a reveses na Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou, em setembro, uma mobilização parcial de reservistas para reforçar as tropas com 300.000 efetivos.

Os peritos britânicos disseram que a Rússia terá aumentado algumas das suas unidades a oeste do rio Dnipro com esses reservistas mobilizados, devido a um "nível extremamente baixo de efetivos" no teatro de operações.

Em setembro, segundo a mesma fonte, oficiais russos tinham descrito as companhias do setor Kherson, no sul da Ucrânia, "como sendo constituídas por entre seis e oito homens cada", em vez dos cerca de 100 efetivos com que deviam ser destacadas.

Na opinião dos serviços de inteligência militar do Reino Unido, a conceção operacional das forças russas "permanecerá vulnerável", mesmo que Moscovo "consiga consolidar as linhas defensivas a longo prazo" na Ucrânia.

"Para recuperar a iniciativa, [a Rússia] terá de recriar forças móveis de maior qualidade, capazes de contrariar dinamicamente os avanços ucranianos e de realizar as suas próprias operações ofensivas de grande escala", acrescentou o Ministério da Defesa de Londres.

Depois de ter lançado uma ofensiva em quase toda a Ucrânia quando invadiu o país vizinho em 24 de fevereiro deste ano, a Rússia enfrentou a resistência do exército ucraniano e começou a concentrar as suas forças no sul e no leste, onde anexou as regiões de Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk.

Após receber armamento dos aliados ocidentais, a Ucrânia lançou uma contraofensiva nas últimas semanas, que lhe permitiu reconquistar territórios controlados pela Rússia, incluindo em algumas das regiões anexadas.

Face ao avanço das tropas ucranianas, as autoridades pró-russas de Kherson anunciaram a criação de forças de defesa territorial para tentar defender a cidade, de onde retiraram milhares de civis.

Essa operação foi concluída nas últimas horas, segundo um dirigente da Crimeia, a península ucraniana próxima de Kherson que a Rússia anexou em 2014.

A Ucrânia descreve essas transferências de população como deportações.

A invasão russa da Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Nas últimas semanas, a Rússia tem bombardeado deliberadamente as infraestruturas de energia na Ucrânia, obrigando a cortes no fornecimento de eletricidade e fazendo recear um agravamento das condições de vida no país em guerra com a aproximação do inverno.

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