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Por LUSA 28/10/22
As inundações que têm afetado a África Central e Ocidental desde o verão, forçaram mais de 3,5 milhões de pessoas a abandonar as suas casas, anunciou hoje o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
A porta-voz do ACNUR, Olga Sarrado, explicou hoje que este êxodo é mais uma prova de que "a ligação entre o deslocamento forçado e a crise climática é cada vez mais clara e crescente" numa situação de "deterioração geral" que apenas "agrava os desafios subjacentes enfrentados pelos países afetados".
"Estamos a assistir à pior seca dos últimos 40 anos no Corno de África, que está agora sob a ameaça de fome", enquanto as operações humanitárias estão "cronicamente e perigosamente subfinanciadas", disse, observando que no máximo receberam metade dos fundos solicitados para a ajuda ao Níger.
A situação tem sido especialmente alarmante na Nigéria, onde as chuvas torrenciais, as piores registadas na última década, deixaram 1,3 milhões de pessoas deslocadas e cerca de 2,8 milhões afetadas, especialmente nas regiões do nordeste do país, nomeadamente nos estados de Borno, Adamawa e Yobe.
No Chade e nos Camarões, mais de um milhão de pessoas foram afetadas, particularmente no sul do país, onde os rios Chari e Logone inundaram aldeias inteiras.
A isto, acresce o impacto na região do Sahel Central, especificamente no Níger, Mali e Burkina Faso, onde mais de um milhão de hectares de culturas foram destruídos e mais de meio milhão de pessoas (cerca de 375.000 só no Burkina) foram forçadas a fugir das suas casas.
Em países como o Chade e Burkina Faso, a percentagem de financiamento pouco ultrapassou os 40%. A ajuda recebida pela Nigéria, apesar da gravidade da situação, não atinge sequer esta percentagem (39%), de acordo com as estimativas de Sarrado.
Na África Ocidental e Central inundações graves resultaram, então, em mortalidade e migração forçada devido à perda de abrigo, terras cultivadas e gado, enquanto o clima extremo prejudica o abastecimento de água e alimentos, aumentando a insegurança alimentar e a desnutrição, que causa 1,7 milhões de mortes anuais em África.
As mudanças na ecologia dos vetores, provocadas pelas cheias e pelos danos à higiene ambiental, conduziram também a aumentos da malária, dengue, vírus do Ébola e outras doenças infecciosas em toda a África subsaariana.
No total, estima-se que a crise climática tenha destruído um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) dos países mais vulneráveis aos choques climáticos.
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