terça-feira, 19 de setembro de 2017

"Desprezo canino". Santos Silva reage a acusações de embaixador guineense

ANTÓNIO COTRIM/LUSA
Em causa a alegada ausência de respostas a novas propostas para negociar os protocolos de transmissão da RTP e RDP na Guiné-Bissau

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, considerou esta terça-feira as declarações do embaixador da Guiné-Bissau sobre a revisão do acordo de transmissão da RTP e RDP "inaceitáveis".

"Foram atribuídas ao senhor embaixador da Guiné-Bissau declarações que são inaceitáveis. O senhor embaixador já foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e teve oportunidade de esclarecer que não foi isso que disse, ou que quis dizer, e, portanto, o incidente está resolvido", disse o ministro em Nova Iorque.

O embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa acusou ontem as autoridades de Portugal de "um desprezo quase canino" face à ausência de respostas a propostas para negociar o protocolo de transmissão da RTP e RDP naquele país.

"Houve um desprezo quase canino, permitam-me a expressão. Nós somos um Estado, não somos outra coisa qualquer", disse o embaixador Hélder Vaz, acrescentando que "quando se pretende espezinhar o Estado da Guiné-Bissau e colocar o país na situação de ter de ceder por ser país mais pobre, estamos a afrontar o povo da Guiné-Bissau".

No seguimento destas declarações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chamou hoje o embaixador ao Palácio das Necessidades para prestar esclarecimentos.

"O que o senhor embaixador nos disse foi que, na opinião dele, tinha havido uma deturpação das palavras e que as palavras que lhe tinham sido atribuídas não tinham sido as palavras que tinha proferido, ou pelo menos não era essa a intenção. Portanto, a explicação está dada", disse Augusto Santos Silva.

Para o ministro, "o importante" é que Portugal tem "vários programas de cooperação" com o país e quer "continuar e aprofundar esses programas."

"Um deles diz respeito a área da comunicação social: A Guiné-Bissau fez-nos chegar a sua vontade de rever o protocolo e o Ministério da Cultura, que tem a tutela da comunicação social, já manifestou disponibilidade para analisar esse processo. Evidentemente que há condições para que essa revisão seja efetiva e a condição básica é que as emissões da RTP África e da RDP África sejam repostas", explicou Augusto Santos Silva, que está em Nova Iorque para participar na Assembleia Geral da ONU.

Dn.pt

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