Por LUSA 06/11/22
O presidente da Câmara Africana de Energia (CAE), uma organização destinada a promover os interesses africanos, defendeu hoje que a COP27 deve reconhecer as necessidades de África e manter o financiamento a projetos de petróleo e gás no continente.
"Eu vou à Conferência das Partes das Nações Unidas (COP27) porque acredito que se África não estiver sobre a mesa, vai estar no menu", escreveu NJ Ayuk numa nota enviada à Lusa, na qual especifica que "aqueles que defendem que África deve continuar a usa os seus recursos de petróleo e gás não estão a ignorar a agenda verde, mas sim a recusar o prazo para a transição energética à custa da segurança energética e do bem estar económico dos africanos".
Na nota, o líder da CAE diz que "a agenda verde das nações ricas ignora África ou, pelo menos, desvaloriza as suas necessidades, prioridades e desafios únicos", já que não tem em conta que o continente representa apenas 3% das emissões nocivas a nível mundial e que as receitas da exportação de petróleo e gás representa mais de 20% em países como Nigéria, Angola ou o Gabão.
Essa agenda verde, continua, "ignora quem aponta que o gás natural tem o potencial para trazer uma prosperidade enorme ao continente, na forma de empregos, oportunidades de negócios, construção de capacitação e monetização, e ignora o caminho lógico e sustentável que propomos, que é usar os nossos recursos naturais, principalmente o gás, para nos ajudar a suprir as necessidades atuais e gerar receitas que nos possam ajudar a pagar a nossa transição para as energias renováveis".
Cerca de 600 milhões de africanos não tinham acesso a eletricidade antes da pandemia, e o número deverá ter aumentado para 630 milhões, de acordo com a Agência Internacional da Energia, diz NJ Ayuk, acrescentando que "por alguma razão, África está a ser transformada no inimigo número 1, quando é um continente que emite uma quantidade negligenciável de dióxido de carbono, 3% do total, e no entanto é apresentada pelas nações desenvolvidas, de forma desproporcional, como uma ameaça para o planeta".
Por isso, conclui, "é absolutamente imperativo que os líderes africanos, em vésperas da COP27 no Egito, apresentem uma voz unida e uma estratégia para a transição energética, tornando claras as necessidades e circunstâncias únicas de África e explicando o papel crítico que o petróleo e o gás terão em ajudar África a alcançar as emissões zero nas próximas décadas".
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