sexta-feira, 17 de abril de 2020

Guiné-Bissau: Suspeitos de infeção na Guiné-Bissau recusam-se a fazer testes


O porta-voz da autoridade sanitária da Guiné-Bissau que lida com a pandemia de covod-19, Tumane Baldé, disse hoje à Lusa que há pelo menos 42 pessoas suspeitas de estarem infetadas, mas que se recusam a serem testadas.

Tumane Baldé, porta-voz do Comité Operacional de Emergência de Saúde (COES), indicou que as pessoas que se recusam a fazer os testes vivem em Bissau e em Canchungo, a cerca de 80 quilómetros da capital guineense, dado como outro foco de infeção da doença na Guiné-Bissau.

"Pedimos os bons ofícios de entidades da sociedade civil, para falarem com essas pessoas para que possam compreender a situação", declarou Tumane Baldé.

A Guiné-Bissau regista 46 casos de covid-19, três dos quais recuperados.

Em termos de distribuição geográfica, 31 casos foram registados em Bissau, 10 em Canchungo, na região de Cacheu, e cinco na região de Biombo.

O responsável disse que, enquanto médicos, a equipa do COES não pretende "ir para os extremos", impondo nomeadamente outras medidas previstas no decreto do Governo que regulamenta o estado de emergência em vigor no país.

No decreto que regulamenta o prolongamento do estado de emergência no país até 26 de abril, as autoridades guineenses endureceram algumas medidas, nomeadamente considerar crime de desobediência nos termos da legislação penal aplicável a rejeição de submissão a teste de diagnóstico para covid-19.

Tumane Baldé precisou que aquelas pessoas fazem parte do grupo de guineenses que ainda continua a negar a existência da doença no país.

"As pessoas estão a dizer que não acreditam que há o novo coronavírus na Guiné-Bissau. Dizem que é tudo estratégia do Governo para arranjar dinheiro junto da comunidade internacional", observou o médico.

O porta-voz do COES, médico obstetra, lamentou que ainda haja pessoas na Guiné-Bissau "a colocar em causa uma evidencia científica e mundial", afirmando que enquanto profissional de saúde vai continuar a fazer o seu trabalho.

"Nós, médicos fazemos a nossa parte, quando a pessoa já está infetada, mas prevenir a infeção é da responsabilidade de toda a sociedade, sobretudo dos órgãos de comunicação social", sublinhou Tumane Baldé.

Contactada pela Lusa, Elisa Pinto, do Movimento da Sociedade Civil (plataforma que congrega cerca de centena e meia de organizações) disse que estão disponíveis para ajudar na resolução da questão, mas aguardam que as autoridades sanitárias lhes forneçam os elementos necessários.

"Precisamos saber, por exemplo, quem são essas pessoas, onde é que moram, para irmos falar com elas, como sempre fizemos no passado. Acreditamos que com diálogo, a situação será facilmente ultrapassada, pois está em causa a saúde de todos nós", observou Elisa Pinto.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Por Lusa

Sem comentários:

Enviar um comentário