sexta-feira, 17 de abril de 2020

O COMPROMISSO PARTIDÁRIO E O EGO TOLHEM A MENTE.

Por Jorge Herbert

Após discussões públicas dos decisores da área da saúde e publicações a demonstrar que, mesmo na fase de contenção da pandemia, o isolamento em regime de internamento hospitalar dos casos assintomáticos de infeção por SARS-COV2, daqueles com COVID com sintomas ligeiros e dos seus contactos, deve ser evitado, por traduzir-se numa sobrecarga dos recursos da saúde, inclusive com riscos de aumento de infeção dos profissionais da saúde, recursos esses que devem ser poupados para o tratamento dos casos de gravidade moderada a grave, eis que agora surge a Ex-Ministra da Saúde Pública da Guiné-Bissau a questionar publicamente o não internamento desses casos assintomáticos, aqueles com sintomas ligeiros e os seus contactos! Pior que questionar é insistir nessa fórmula, como se a Guiné-Bissau fosse um país que a própria Ministra da Saúde deixou com excesso de recursos humanos, técnicos e tecnológicos!

Como essa insistência foi sustentada com uma publicação da OMS, não vou perder meu tempo em trazer aqui publicações e recomendações de Sociedades médicas europeias e, vou limitar-me justamente aos documentos publicados pela OMS.

Um documento publicado pela OMS no dia 1/4/2020, de nome "Adaptt - * Surge Planning Support Tool – instructions*", que nada mais é que uma ferramenta para o cálculo dos recursos hospitalares necessários, adaptados à cada realidade, curiosamente desenvolvido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares em pareceria com a Glintt, exclui os doentes ligeiros desse cálculo, por considerar que são tratados em regime de ambulatório. Aliás, diz para desconsiderar o aconselhamento de internar todos os doentes na fase de contenção da doença, para tornar mais credível o uso desta estimativa de recursos necessários (recorte do documento em anexo).

Para além disso, a OMS publicou a 14 de Abril um "Update" da estratégia para COVID-19 que nos diz que nos diz o seguinte (recorte do documento em anexo):

"Isolamento: todos os casos confirmados podem ser efetivamente isolados (em hospitais e/ou alojamentos designados para casos leves e moderados, ou em casa com suporte suficiente se o alojamento designado não estiver disponível) imediatamente e até que não se resolva a infeção;
• Quarentena: todos contatos próximos podem ser rastreados, colocados em quarentena e monitorizados por 14 dias, seja em acomodações especializadas ou em quarentena própria. A monitorização e o suporte podem ser feitos por meio de uma combinação de visitas de voluntários da comunidade, telefonemas ou mensagens."

Para terminar, queria dizer à Palmira Fortes estou disponível para o apoio às autoridades sanitárisa do meu país, dentro das minhas possibilidades, apesar de marcada falta de tempo, mas não para alimentar este debate, já que não estou comprometido com nenhum governo nem tenho que defender o meu ego, já que o que me massaja o ego é tratar diariamente de doentes COVID e sem COVID nos cuidados intensivos...

Por outro lado, vou intervir sempre que considerar que o país e o povo pode estar a ser prejudicado com desinformações de cariz e interesses politico-partidários, vindos da organização que levou o país ao estado em que está...

Jorge Herbert





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