quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Secretário-geral da UNTG:“PM ARISTIDES GOMES PAGOU SALÁRIOS DE MAIS DE 200 MILHÕES DE FCFA A SI MESMO”

Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio António Mendonça, denunciou que o chefe do governo guineense, Aristides Gomes, pagou salários de mais de 200 milhões de francos CFA a sua própria pessoa, alegando que o Estado da Guiné-Bissau tem dívidas com ele. O sindicalista fez esta denúncia durante uma entrevista exclusiva ao semanário “O Democrata” para falar da greve de três dias decretada na função pública e que termina esta quinta-feira, 09 de janeiro de 2020.   

“O atual primeiro-ministro é mais importante do que os professores?”, Questiona, para de seguida deixar a posição dos sindicatos em como não podem deixar o país ficar refém de pessoas que não têm noção do que é o Estado, pensando apenas viver bem e deixar a maioria do povo a morrer de fome.

“O mais caricato é que até este momento os funcionários públicos não receberam os salários do mês de dezembro de 2019. Que tipo de governação é essa!?”, Questiona.

“Nós, enquanto legítimos representantes dos trabalhadores vamos defendê-los. Portanto essa greve é para os trabalhadores ganharem a noção de que se não lutarem nunca serão dignificados, porque muitas pessoas não lutaram para dignificar a classe trabalhadora e hoje estão a pagar a culpa deles, recebendo uma pensão no valor de 19 mil Francos CFA, o que é injusto”, reclamou.

Júlio Mendonça  referiu que o governo deve aproveitar o memorando de entendimento como “guia de orientação para a atuação governativa”,  e não desviar-se da regra de jogo, enganando as pessoas que vai realizar concurso público na função pública, enquanto coloca pessoas na função pública sem concurso público.

“Em nenhuma circunstância a lei permite que um ministro selecione, arbitrariamente, pessoas nas tabancas para colocá-las na função pública, como está a acontecer no ministério da justiça”, denunciou.

Para Júlio António Mendonça, o país não podia parar devido ao processo eleitoral, porque os trabalhadores públicos precisam trabalhar e produzir receitas para depois beneficiar, não tomar dinheiro do erário público para utilizá-lo na campanha eleitoral, “como aconteceu nestas eleições, onde o Estado foi banalizado a todos os níveis”, criticou sindicalista.

“Esse comportamento  só pode acontecer na Guiné-Bissau, devido a disfuncionalidade das instituições judiciais. Neste momento, a Polícia Judiciária devia começar a fazer o seu trabalho, perceber a utilização do dinheiro financiado aos candidatos para campanha eleitoral como também o Ministério Público deve iniciar investigações sobre esse assunto. O Tribunal de Contas deve começar a fazer auditorias de contas do Estado em todos os ministérios para saber de onde veio o dinheiro utilizado na campanha eleitoral. Infelizmente não vai acontecer e os trabalhadores vão pagar a culpa, portanto vamos lutar até ao fim”, salientou.

Em reação ao ano laboral transato, 2019, Mendonça concluiu que foi péssimo, porque, “nada melhorou em termos de condições de vida dos trabalhadores”. Ou seja,  “tudo continua a piorar, mesmo com o reajuste salarial, portanto o objetivo dessa reivindicação que começou terça-feira, é o aumento salarial na função pública, como também a definição do salário mínimo nacional  que irá abranger todas as instituições estatais e privadas que operam na Guiné-Bissau”.

Segundo Júlio Mendonça, a Guiné-Bissau dispõe de condições necessárias para fazer aumento salarial  para satisfazer a vontade dos trabalhadores, que merecem ter uma vida económica  saudável.

“As campanhas eleitorais das legislativas  de março e presidenciais de novembro e dezembro de 2019 são prova evidente de que há dinheiro no país, porque os partidos políticos não têm empresas que produzem lucros, portanto é o dinheiro que tiram do cofre de Estado e cada vez que chegam ao poder  usam esse dinheiro para criar  patrimónios dos seus partidos, o que justifica os  fundos avultados que têm”, denunciou.

Júlio Mendonça referiu ainda que, antes das duas organizações sindicais  tomarem a decisão  de avançar para a greve, advertiram, o atual executivo liderado por Aristides Gomes sobre  o incumprimento do memorando assinado entre os sindicatos e o governo, mas o governo não reagiu. Assim, os dois secretariados decidiram avançar com a paralisação para fazer valer os seus direitos, porque “não é justo dar benefício de dúvida a um executivo que continua a brincar com a vida dos trabalhadores”.

Por: Aguinaldo Ampa/Assana Sambú

OdemocrataGB

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