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quinta-feira, 18 de julho de 2024

O Presidente da Coreia do Sul nomeou hoje um ex-diplomata norte-coreano como vice-ministro, o cargo governamental mais alto atribuído a um desertor da Coreia do Norte

© Reuters
Por Lusa  18/07/24 
 Ex-diplomata norte-coreano nomeado vice-ministro na Coreia do Sul
O Presidente da Coreia do Sul nomeou hoje um ex-diplomata norte-coreano como vice-ministro, o cargo governamental mais alto atribuído a um desertor da Coreia do Norte.


Tae Yong-ho era diplomata na representação diplomática da Coreia do Norte em Londres quando desertou para a Coreia do Sul em 2016, sendo o funcionário norte-coreano de mais alto nível a mudar-se para a Coreia do Sul nos últimos anos.

Na altura, Tae disse ter desertado com a família porque não queria que os filhos tivessem uma vida miserável na Coreia do Norte e porque entrou "em desespero" com as execuções de funcionários e as ambições nucleares do líder do país, Kim Jong-un.

A Coreia do Norte classificou-o de "escória humana", acusando-o de ter desviado dinheiro do Estado e cometido outros crimes.

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, nomeou Tae secretário-geral do conselho consultivo para a Unificação Pacífica, organismo que presta assessoria à Presidência sobre a unificação pacífica das Coreias.

A nomeação faz de Tae o primeiro desertor norte-coreano nomeado para um cargo de vice-ministro na Coreia do Sul, entre os cerca de 34 mil norte-coreanos que se estabelecerem na Coreia do Sul, de acordo com o Ministério da Unificação sul-coreano.

Em 2020, Tae foi eleito para o parlamento da Coreia do Sul, havendo ainda outros desertores norte-coreanos que foram deputados na Coreia do Sul.

O gabinete de Yoon afirmou, em comunicado, que Tae é a pessoa certa para o cargo, porque pode utilizar a experiência de vida na Coreia do Norte e outras experiência de trabalho como membro da comissão parlamentar sul-coreana para as questões da política externa e da unificação.

A maioria dos desertores deixou a Coreia do Norte após um período devastador de fome em meados dos anos de 1990.

Ao chegarem ao Sul, os desertores norte-coreanos recebem cidadania, apartamentos quase gratuitos, dinheiro para a instalação e outros benefícios.

No entanto, de acordo com entrevistas e inquéritos realizados, muitos deles, provenientes de uma Coreia do Norte autoritária e empobrecida, são vítimas de discriminação e têm dificuldade em adaptar-se à nova vida num país capitalista e altamente competitivo.

No domingo, na cerimónia inaugural do "Dia dos Desertores Norte-coreanos", Yoon prometeu prestar mais apoio governamental para melhorar a vida de quem escapa do Norte.

A maioria dos desertores norte-coreanos são mulheres originárias das regiões mais pobres do Norte, apesar de, nos últimos anos, o número de membros da elite norte-coreana a fugir para a Coreia do Sul tem aumentado, ainda de acordo com o Ministério da Unificação.

Na terça-feira, os serviços secretos sul-coreanos informaram que Ri Il-kyu, conselheiro para os assuntos políticos da embaixada norte-coreana em Cuba, desertou para a Coreia do Sul em novembro.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Ativistas sul-coreanos enviaram 20 balões com 500.000 folhetos e 2.000 notas para a Coreia do Norte

KIM HONG-JI

Folhetos são "uma luta pela justiça em prol da libertação dos norte-coreanos", explica Park Sang-hak, ex-norte-coreano que fugiu para a Coreia do Sul, ativista anti-Pyongyang.

Um grupo sul-coreano lançou centenas de milhares de folhetos na fronteira com a Coreia do Norte durante a noite, relevou hoje um ativista, apesar de Pyongyang ter repetidamente alertado que retaliará estas ações.

O ativista Park Sang-hak disse que sua organização fez levantar voo 20 balões carregados com 500.000 folhetos, 2.000 notas de um dólar e pequenos livros sobre a Coreia do Norte na cidade fronteiriça de Paju, na noite de segunda-feira.

Park Sang-hak, ex-norte-coreano que fugiu para a Coreia do Sul, disse em comunicado que os seus folhetos são "uma luta pela justiça em prol da libertação dos norte-coreanos".

O movimento irá intensificar a já alta tensão entre as Coreias. Recentemente, a Coreia do Norte aumentou a sua retórica contra os folhetos civis sul-coreanos, destruiu um escritório vazio de ligação construído em Seul e pressionou a retoma da sua guerra psicológica contra o sul.

O Ministério da Unificação de Seul, que lida com as relações com a Coreia do Norte, emitiu uma declaração expressando "profundo pesar" pela tentativa de Park Sang-hak de enviar panfletos.

Park Sang-hak, que apelidou o líder norte-coreano Kim Jong Un de "um mal" e o seu governo de "barbárie", disse que continuará a enviar folhetos 'anti-Kim'.

"Embora os residentes norte-coreanos se tenham tornado escravos modernos sem direitos básicos, eles não têm o direito de saber a verdade", questionou.

AUTORIDADES SUL-COREANAS VÃO APRESENTAR QUEIXA CONTRA PARK SANG-HAK E OUTROS ATIVISTAS ANTI-PYONGYANG

As autoridades sul-coreanas prometeram proibir folhetos e disseram que iriam apresentar queixa contra Park Sang-hak e outros ativistas anti-Pyongyang por supostamente aumentarem a animosidades e potencialmente colocarem em risco os moradores da fronteira.

Em 2014, tropas norte-coreanas abriram fogo contra balões de propaganda que voavam em direção ao seu território, desencadeando uma troca de tiros que não causou fatalidades conhecidas.

Park Sang-hak acusou o governo liberal da Coreia do Sul de simpatizar com a Coreia do Norte ou ceder às ameaças. O irmão de Park Sang-hak, outro ativista da Coreia do Norte, cancelou na semana passada os planos de lançar garrafas cheias de arroz seco e máscaras faciais de uma ilha na linha de frente.

A província de Gyeonggi, que governa Paju, já havia emitido uma ordem administrativa proibindo os ativistas de entrar em certas áreas fronteiriças, incluindo Paju, para levar panfletos para o norte.

Se o lançamento de folhetos de Park se mantiver, Kim Min-yeong, funcionário de Gyeonggi, disse que a província exigirá que a polícia o investigue.

A pena por violações é de um ano de prisão ou uma multa máxima de 10 milhões de won (7.345 euros).

O escritório provincial disse, em comunicado, que solicitou à polícia que investigasse quatro grupos de ativistas, incluindo o de Park, por suposta fraude, desvio de fundos oficiais e outras acusações. Acrescentou que os quatro grupos foram acusados de explorar o lançamento de folhetos como forma de recolher doações como parte de negócios lucrativos, em vez de funcionarem como movimentos de direitos humanos na Coreia do Norte.

PARK ACUSOU KIM IL SUNG DE MASSACRAR O POVO E INCENTIVOU OS NORTE-COREANOS A LEVANTAREM-SE CONTRA A FAMÍLIA KIM

A Coreia do Norte não tolera críticas externas à sua família governante, que desfruta de um forte culto de personalidade construído pelo fundador da Coreia do Norte Kim Il Sung, cuja invasão militar surpresa na Coreia do Sul desencadeou uma guerra devastadora de três anos em junho de 1950.

Park disse anteriormente que iria pressionar para concretizar o lançamento de um milhão de folhetos sobre a fronteira na quinta-feira, o 70.º aniversário do início da Guerra da Coreia.

Uma grande faixa que Park disse ter sido levada para a Coreia do Norte com os panfletos na segunda-feira mostra a imagem de Kim Il Sung, acusando-o de "massacrar o povo (coreano) " e instando os norte-coreanos a levantarem-se contra o domínio da família Kim, de acordo com fotos distribuídas por Park.

Pelo menos uma das faixas e um balão com folhetos foram encontrados em Hongcheon, uma cidade sul-coreana a sudeste de Paju, informou a agência de notícias Yonhap. A polícia de Hongcheon não confirmou esta informação.

"ESCÓRIA HUMANA" E "CÃES RAFEIROS"

Nas últimas semanas, a Coreia do Norte desencadeou insultos contra ativistas de folhetos como Park, descrevendo-os como "escória humana" e "cães rafeiros".

Na segunda-feira, os media estatais da Coreia do Norte disseram que foram fabricados 12 milhões de folhetos de propaganda para serem lançados em direção à Coreia do Sul, naquela que foi apelidada de maior campanha de folhetos anti-Seul de todos os tempos.

Especialistas dizem que a Coreia do Norte estará a usar o folheto civil sul-coreano como uma forma de aumentar a sua unidade interna e fazer mais pressão sobre Seul e Washington, numa altura de negociações nucleares paralisadas.

Embora Seul por vezes tenha enviado a polícia para impedir que ativistas deixem de lançar folhetos em momentos sensíveis, já tinha resistido aos pedidos de proibição da Coreia do Norte, dizendo que os ativistas estavam a exercer a sua liberdade de expressão.

Fonte: sicnoticias.pt

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

A Coreia do Norte está a demolir um local que acolheu reuniões de famílias separadas durante décadas pela Guerra da Coreia e pela divisão da península coreana, disseram hoje as autoridades do país vizinho.

© Lusa  13/02/2025

Coreia do Norte destrói local que acolheu reuniões de famílias separadas

A Coreia do Norte está a demolir um local que acolheu reuniões de famílias separadas durante décadas pela Guerra da Coreia e pela divisão da península coreana, disseram hoje as autoridades do país vizinho.

"A demolição do centro de reuniões do Monte Kumgang é um ato desumano que desrespeita os desejos sinceros das famílias separadas", disse um porta-voz do Ministério da Reunificação da Coreia do Sul.

A Coreia do Sul "apela à interrupção imediata destas ações" e "expressa o seu profundo pesar".

Esta "demolição unilateral pela Coreia do Norte não pode ser justificada em nenhuma circunstância, e as autoridades norte-coreanas devem assumir a total responsabilidade por esta situação", acrescentou o porta-voz.

Desde 1988, mais de 133.600 sul-coreanos registaram-se como "famílias separadas", o que significa que têm familiares no Norte, do outro lado da zona desmilitarizada que separa o Norte e o Sul.

Cerca de 36 mil destes sul-coreanos ainda estarão vivos, de acordo com dados oficiais.

Algumas famílias foram selecionadas aleatoriamente para participar em ocasionais reuniões transfronteiriças realizadas no resort turístico de Mount Kumgang, no sudeste da Coreia do Norte.

A última reunião deste tipo ocorreu em 2018. Mas o evento tem sido sujeito aos caprichos das relações intercoreanas e frequentemente utilizada como ferramenta de negociação pela Coreia do Norte.

As notícias da demolição do local surgem três dias depois da Coreia do Norte ter acusado os Estados Unidos de cometer um "ato militar hostil", após um submarino da Marinha norte-americana ter atracado na Coreia do Sul para reabastecimento.

"Estamos muito preocupados com o perigoso ato militar hostil dos Estados Unidos, que pode levar o agudo confronto militar na região da península coreana a um conflito armado total", destacou um porta-voz do Ministério da Defesa norte-coreano.

Num comunicado divulgado pela agência de notícias oficial norte-coreana KCNA, Pyongyang pediu aos Estados Unidos que "parem com as provocações que alimentam a instabilidade", acusando-os de ignorarem as preocupações de segurança da Coreia do Norte.

A agência de notícias pública Yonhap, da Coreia do Sul, informou que o USS Alexandria, um submarino nuclear norte-americano, chegou à base naval de Busan, na Coreia do Sul, na segunda-feira.

Uma visita semelhante tinha ocorrido em novembro.

"As nossas forças armadas estão a monitorizar de perto o frequente aparecimento de ativos estratégicos dos EUA na península coreana e estão prontas para utilizar todos os meios para defender a segurança e os interesses do Estado, bem como a paz regional", sublinhou ainda o Ministério da Defesa norte-coreano.

A Coreia do Norte enfatizou a importância de desenvolver as capacidades de autodefesa e referiu a promessa do líder Kim Jong-un, em janeiro, de continuar o programa nuclear do seu país "por tempo indeterminado".


Leia Também: A Coreia do Norte acusou hoje os Estados Unidos de cometer um "ato militar hostil", depois de um submarino da Marinha norte-americana ter atracado na Coreia do Sul para reabastecimento.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

"Idiotas". Irmã do Kim Jong-un ameaça e insulta líderes da Coreia do Sul

© Getty Images

Por LUSA  24/11/22 

Kim Yo-jong, a influente irmã do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, produziu hoje ameaças e insultos contra a Coreia do Sul, pelo país vizinho estar a considerar adotar sanções unilaterais a Pyongyang.

Entre os insustos, Kim Yo-jong chamou ao novo Presidente da Coreia do Sul e ao seu Governo "idiotas" e "cães selvagens a roerem um osso dado pelos EUA".

As críticas da irmã do líder norte-coreano surgem dois dias depois do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul ter divulgado que está a rever a adoção de sanções unilaterais adicionais ao Norte, devido ao grande número de testes de armamento que tem sido realizado por Pyongyang.

A diplomacia sul-coreana também referiu que considera adotar sanções e reprimir os alegados ciberataques da Coreia do Norte, uma nova fonte importante de financiamento para o seu programa de armas, caso o vizinho avance com uma grande provocação militar, como um teste nuclear.

"Eu questiono-me que 'sanções' o grupo sul-coreano, não mais do que um cão selvagem a roer um osso dado pelos EUA, vai impor descaradamente à Coreia do Norte", destacou Kim Yo-jong em comunicado divulgado pelos 'media' estatais.

Entre as críticas ao novo Presidente sul-coreano, a irmã do líder norte-coreano acrescentou que a Coreia do Sul "não era o alvo" quando o antecessor Moon Jae-in, que procurou uma reconciliação com o Norte, estava no poder.

Estas palavras podem ser vistas como uma tentativa de fomentar sentimentos anti-Yoon na Coreia do Sul.

"Avisamos os atrevidos e os estúpidos, mais uma vez, que as sanções desesperadas e a pressão dos EUA e dos seus fantoches sul-coreanos contra [a Coreia do Norte] irão adicionar combustível à hostilidade e raiva deste último", sublinhou ainda.

O cargo oficial de Kim Yo-jong é de vice-diretora de departamento do Comité Central do Partido dos Trabalhadores (KCNA), único do país e no poder, mas o serviços secretos da Coreia do Norte acreditam que esta é a segunda pessoa mais poderosa do Norte, a seguir ao seu irmão, e que lida com as relações entre Seul e Washington.

Em outubro, a Coreia do Sul impôs as suas próprias sanções a 15 norte-coreanos e 16 organizações suspeitas de envolvimento em atividades ilícitas para financiar os programas de armas nucleares e mísseis da Coreia do Norte.

Estas foram as primeiras sanções unilaterais de Seul à Coreia do Norte em cinco anos, embora os analistas tenham referido que este foi um passo simbólico porque as duas Coreias têm poucos acordos financeiros entre elas.

No entanto, observadores apontam que o esforço de Seul para se coordenar com os Estados Unidos e outros aliados para reprimir as alegadas atividades ilícitas do vizinho do norte pode irritar Pyongyang.

No início do ano, um painel de especialistas da ONU salientou num relatório que a Coreia do Norte continua a roubar centenas de milhões de dólares de instituições financeiras e empresas e bolsas de criptomoedas, dinheiro ilícito que é uma importante fonte de financiamento para os seus programas nuclear e de mísseis.

A tensão na península atinge atualmente níveis sem precedentes devido aos testes de armamento pela Coreia do Norte, às manobras dos aliados e à possibilidade de, segundo provas recolhidas por satélites, o regime de Kim Jong-un estar preparado para realizar um primeiro teste nuclear desde 2017.

O Presidente norte-coreano assegurou na sexta-feira que utilizará a bomba atómica em caso de um ataque nuclear contra o seu país.


Leia Também: Irmã de Kim Jong Un alerta EUA para "crise de segurança mais fatal"

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

"A existência será impossível": Kim Jong-un ameaça destruir Coreia do Sul com armas nucleares

Por  cnnportugal.iol.pt

O líder norte-coreano Kim Jong-un visita a base de treino das forças armadas de operações especiais do Exército da Coreia, num local não revelado, na Coreia do Norte, nesta imagem divulgada pela Agência Central de Notícias da Coreia do Norte, em 4 de outubro de 2024.  KCNA

Tensão na Pensínsula Coreana, depois de Seul ter apresentado um míssil balístico, que diz ser o mais potente de sempre, e outras armas destinadas a dissuadir o Norte durante um desfile do Dia das Forças Armadas

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ameaçou utilizar armas nucleares para destruir a Coreia do Sul em caso de ataque, informaram os meios de comunicação social estatais esta sexta-feira, depois de o presidente sul-coreano ter avisado que, se o Norte utilizasse armas nucleares, “enfrentaria o fim do seu regime”.

A retórica inflamada não é nova, mas surge numa altura de tensão na Península Coreana e poucas semanas depois de os meios de comunicação social estatais norte-coreanos terem divulgado imagens de Kim Jong-un a visitar uma instalação de enriquecimento de urânio, que produz materiais nucleares para armas.

Durante uma visita a uma base militar na parte ocidental do país na quarta-feira, Kim disse que se o Sul invadir a soberania do Norte, Pyongyang “usará sem hesitação todas as forças ofensivas que possui, incluindo armas nucleares”, informou a Agência Central de Notícias da Coreia.

“Se tal situação ocorrer, a existência permanente de Seul e da República da Coreia será impossível”, acrescentou Kim, utilizando o nome próprio da Coreia do Sul.

As hostilidades entre os dois líderes coreanos têm vindo a aumentar este ano, uma vez que a Coreia do Norte parece ter intensificado os seus esforços de produção nuclear e reforçado os seus laços com a Rússia, o que tem suscitado uma preocupação generalizada no Ocidente quanto à orientação da nação isolada.

Os comentários de Kim parecem ter surgido em resposta direta ao presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol, que na terça-feira apresentou o míssil balístico mais potente de Seul e outras armas destinadas a dissuadir as ameaças norte-coreanas durante um desfile do Dia das Forças Armadas.

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul estão separadas desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953, que terminou com um armistício e não com um tratado de paz, deixando as duas partes ainda tecnicamente em guerra.

Embora ambos os governos tenham há muito procurado o objetivo de um dia se reunificarem pacificamente, no início deste ano Kim Jong-un anunciou que o Norte deixaria de perseguir esse objetivo, chamando ao Sul o “inimigo principal” e demolindo um monumento que simbolizava a unificação.

A Coreia do Norte poderá revogar um acordo fundamental que consagra o potencial de reunificação das Coreias já na segunda-feira, altura em que se espera que a sua legislatura se reúna, informou o Ministério da Unificação de Seul à CNN.

No mês passado, os meios de comunicação social norte-coreanos divulgaram fotografias de Kim a visitar uma instalação nuclear, num raro vislumbre do programa de armamento do país, que se encontra bem guardado. Segundo os especialistas, as imagens - que mostram Kim ladeado por homens com uniformes militares e batas brancas - sublinham a crescente confiança da Coreia do Norte na sua posição de potência nuclear.

Visitantes observam o míssil Hyunmoo-5 da Coreia do Sul durante uma cerimónia para assinalar o 76.º aniversário do Dia das Forças Armadas da Coreia na Base Aérea de Seul, em Seongnam, a 1 de outubro de 2024. Jung Yeon-je/AFP/Getty Images

A Coreia do Sul também tem estado a construir o seu arsenal para responder a uma potencial ameaça do Norte.

Na terça-feira, Yoon apresentou o míssil balístico Hyunmoo-5, que, segundo consta, é capaz de penetrar nos bunkers subterrâneos norte-coreanos.

“Se a Coreia do Norte tentar utilizar armas nucleares, enfrentará a resposta resoluta e esmagadora das nossas forças armadas e da aliança SK-EUA”, afirmou Yoon, referindo-se aos Estados Unidos, o principal parceiro militar do país. “O regime norte-coreano deve agora libertar-se da ilusão de que as armas nucleares o protegerão.”

Os Estados Unidos sobrevoaram com um bombardeiro B-1B a cerimónia do Dia das Forças Armadas, na terça-feira, em Seongnam, perto de Seul, numa aparente demonstração de solidariedade.

Na quarta-feira, Kim Jong-un chamou Yoon Suk-yeol de “fantoche” e disse que ele era um “homem anormal” por se gabar de seu poderio militar às portas de uma nação que possui armas nucleares, informou a KCNA.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

China garante apoio a Pyongyang após novo lançamento de míssil balístico

© Reuters

POR LUSA  18/12/23 

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, garantiu hoje o “firme apoio” do seu país à Coreia do Norte, após Pyongyang ter lançado um novo míssil balístico intercontinental, algo criticado por Seul, Tóquio e Washington.

A China, que partilha uma fronteira comum com a Coreia do Norte, é o principal parceiro político e económico do país, alvo de uma série de sanções internacionais.

“Diante da turbulência internacional, a China e [a Coreia do Norte] sempre se apoiaram firmemente e confiaram uma na outra”, disse Wang Yi, durante uma reunião em Pequim com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Pak Myong Ho.

De acordo com um comunicado da diplomacia chinesa, Wang Yi disse que "a amizade tradicional” entre os dois países “é um ativo valioso".

Estes comentários foram divulgados depois de a Coreia do Norte ter lançado hoje um míssil balístico intercontinental (ICBM), o quinto disparado por Pyongyang este ano.

No sábado, a agência de notícias oficial da Coreia do Norte avançou que Pak Myong Ho trocou “opiniões sobre o fortalecimento das relações bilaterais em 2024” com o seu homólogo chinês, Sun Weidong, em Pequim.

Os dois responsáveis discutiram em particular “questões de interesse comum e (...) o reforço da cooperação estratégica entre os dois países”, indicou a KCNA.

Num comunicado, o Estado-Maior Conjunto sul-coreano confirmou ter detetado "um míssil balístico de longo alcance lançado da zona de Pyongyang para o mar do Leste [nome dado ao mar do Japão nas duas Coreias] por volta das 08:24" (23:24 de domingo em Lisboa).

Horas depois, a presidência da Coreia do Seul condenou “de forma veemente” o lançamento, que ocorre depois de Pyongyang ter lançado outro míssil balístico de curto alcance, no domingo, e marca o 27.º teste de armamento só este ano.

Num comunicado divulgado após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional, Seul acusou o Norte de criar “uma grave ameaça à paz e segurança da península coreana e da comunidade internacional”.

Os Estados Unidos e o Japão também condenaram o lançamento.

"Estes lançamentos, tal como os outros lançamentos de mísseis balísticos efetuados por Pyongyang este ano, violam várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", declarou, em comunicado, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA à agência de notícias France-Presse (AFP), quando ainda era domingo naquele país.

Os lançamentos "representam uma ameaça para os vizinhos da RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] e comprometem a segurança regional", acrescentou o comunicado.

O Japão também reagiu negativamente, admitindo que os últimos dois lançamentos de mísseis norte-coreanos constituem "uma ameaça para a paz e a estabilidade na região".

"Condenamos firmemente" estes lançamentos, notou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, sublinhando que os disparos violam igualmente as sanções contra Pyongyang adotadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A China, que partilha uma fronteira comum com a Coreia do Norte, é o principal parceiro político e económico do país, alvo de uma série de sanções internacionais.

“Diante da turbulência internacional, a China e [a Coreia do Norte] sempre se apoiaram firmemente e confiaram uma na outra”, disse Wang Yi, durante uma reunião em Pequim com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Pak Myong Ho.

De acordo com um comunicado da diplomacia chinesa, Wang Yi disse que "a amizade tradicional” entre os dois países “é um ativo valioso".

Estes comentários foram divulgados depois de a Coreia do Norte ter lançado hoje um míssil balístico intercontinental (ICBM), o quinto disparado por Pyongyang este ano.

No sábado, a agência de notícias oficial da Coreia do Norte avançou que Pak Myong Ho trocou “opiniões sobre o fortalecimento das relações bilaterais em 2024” com o seu homólogo chinês, Sun Weidong, em Pequim.

Os dois responsáveis discutiram em particular “questões de interesse comum e (...) o reforço da cooperação estratégica entre os dois países”, indicou a KCNA.

Num comunicado, o Estado-Maior Conjunto sul-coreano confirmou ter detetado "um míssil balístico de longo alcance lançado da zona de Pyongyang para o mar do Leste [nome dado ao mar do Japão nas duas Coreias] por volta das 08:24" (23:24 de domingo em Lisboa).

Horas depois, a presidência da Coreia do Seul condenou “de forma veemente” o lançamento, que ocorre depois de Pyongyang ter lançado outro míssil balístico de curto alcance, no domingo, e marca o 27.º teste de armamento só este ano.

Num comunicado divulgado após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional, Seul acusou o Norte de criar “uma grave ameaça à paz e segurança da península coreana e da comunidade internacional”.

Os Estados Unidos e o Japão também condenaram o lançamento.

"Estes lançamentos, tal como os outros lançamentos de mísseis balísticos efetuados por Pyongyang este ano, violam várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", declarou, em comunicado, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA à agência de notícias France-Presse (AFP), quando ainda era domingo naquele país.

Os lançamentos "representam uma ameaça para os vizinhos da RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] e comprometem a segurança regional", acrescentou o comunicado.

O Japão também reagiu negativamente, admitindo que os últimos dois lançamentos de mísseis norte-coreanos constituem "uma ameaça para a paz e a estabilidade na região".

"Condenamos firmemente" estes lançamentos, notou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, sublinhando que os disparos violam igualmente as sanções contra Pyongyang adotadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.



Leia Também: Taiwan afirma ter detectado dois balões chineses perto do seu território


Leia Também: As Forças Armadas da Coreia do Sul confirmaram que o projétil lançado hoje pela vizinha Coreia do Norte é um míssil balístico intercontinental (ICBM), o quinto disparado por Pyongyang este ano.


Leia Também: Os Estados Unidos e o Japão condenaram o lançamento, hoje, de um míssil balístico intercontinental (ICBM) norte-coreano, declarou o porta-voz do Departamento de Estado.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

COREIA DO NORTE - Coreia do Norte lança míssil balístico

É o primeiro teste balístico realizado pelo regime de Pyongyang desde setembro.


Coreia do Norte voltou a lançar um míssil balístico, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, que cita fontes militares. Fonte do governo norte-americano também confirmou o lançamento. 

Não se sabe, para já, que tipo de míssil foi lançado.

O míssil terá sido lançado numa zona a norte de Pyongyang e dirigiu-se para leste. A trajectória do projéctil está a ser analisada pelas autoridades sul-coreanas e norte-americanas.

Fonte do governo japonês afirma, contudo, que o míssil poderá ter aterrada em zona económica exclusiva do país. 

Este é o primeiro teste realizado por Pyongyang desde setembro, quando foi lançado um míssil sobrevoou a ilha de Hokkaido, no Japão. 

Até este último teste, a Coreia do Norte, principalmente desde abril, testou, em média, cerca de dois ou três mísseis balísticos por mês.

O teste desta terça-feira surge momento depois de fontes do governo norte-americano terem afirmado à Reuters de que Pyongyang estava a preparar um lançamento de um míssil "para os próximos dias". 

Uma das fontes ouvidas pela Reuters, diz que o governo japonês detetou sinais de rádio suspeitos nos últimos dias, vindos da Coreia do Norte. 

NAOM

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EUA dizem que míssil balístico disparado por Pyongyang é intercontinental


O Pentágono anunciou que o míssil lançado hoje pela Coreia do Norte é um engenho balístico intercontinental, que realizou um voo de mil quilómetros.

"Detetámos um lançamento de míssil desde a Coreia do Norte. Estamos em processo de avaliação da situação e divulgaremos informação adicional quando esta estiver disponível", disse o porta-voz do Pentágono, coronel Robert Manning.

O míssil balístico intercontinental, com alcance que permite atingir território norte-americano, foi o primeiro ensaio em dois meses e meio, depois do último, de médio alcance, ter sobrevoado o norte do Japão antes de cair no mar.

"A Coreia do Norte lançou um míssil balístico não identificado em direção a leste das cercanias de Pyongsong, província de Pyongan del Sur, a norte da capital norte-coreana (Pyongyang)", revelou o Estado-maior Conjunto sul-coreano.

Os continuados ensaios com armas feitos pelo regime de Kim Jong-un, entre os quais um ensaio nuclear no passado 03 de setembro, aumentaram a tensão na zona a níveis nunca vistos depois da guerra da península da Coreia (1950-1953).

No passado dia 21, os Estados Unidos impuseram sanções contra 13 entidades encarregadas do transporte marítimo e terrestre na Coreia do Norte, com o intuito de pressionar Pyongyang para que ponha um fim aos ensaios de mísseis balísticos e às suas aspirações nucleares.

As sanções foram divulgadas um dia depois de Donald Trump ter remetido para a Coreia do Norte a lista de países "patrocinadores do terrorismo", da qual o país asiático tinha saído há quase uma década.

Depois desta decisão, o Presidente dos Estados Unidos instou o regime comunista norte-coreano a "pôr fim a seu ilegal desenvolvimento nuclear e de mísseis balísticos".

Na assembleia-geral da ONU, em setembro, Trump foi duro quanto aos programas nucleares norte-coreanos e ameaçou "destruir totalmente" a Coreia do Norte se Pyongyang continuasse com as provocações.


Por várias vezes, Trump afirmou também que não descarta uma ação militar contra o regime de Pyongyang, uma vez que, disse, anos de diálogo não serviram para nada.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Militares norte-coreanos reocupam espaços destinados ao intercâmbio com o Sul

KIM HEE-CHUL/EPA

Os passos militares norte-coreanos ocorrem um dia depois de terem destruído uma instalação destinada à interligação coreana na fronteira, no que foi uma escalada na tensão entre estes Estados peninsulares

Os dirigentes militares norte-coreanos anunciaram esta quarta-feira que vão deslocar tropas para o espaço económico e turístico inter-coreano, agora encerrado, próximo da fronteira com a Coreia do Sul, e tomar outras medidas para anular o acordo de 2008.

Os passos militares norte-coreanos ocorrem um dia depois de terem destruído uma instalação destinada à interligação coreana na fronteira, no que foi uma escalada na tensão entre estes Estados peninsulares.

O Estado-maior norte-coreano adiantou que unidades militares seriam deslocadas para os locais do projeto turístico Diamond e do complexo industrial de Kaesong, ambos localizados a norte da fronteira.

Estes locais, que já foram símbolos da cooperação inter-coreana, estão encerrados desde há anos, no seguimento das animosidades levantadas pelo programa nuclear norte-coreano.

A Coreia do Norte adiantou também que vai reiniciar exercícios militares e restabelecer guardas fronteiriços em áreas da linha da frente, além de lançar balões com propaganda para a Coreia do Sul.

Estas decisões significam que a Coreia do Norte vai anular um acordo com a Coreia do Sul, alcançado em 2018, para reduzir as tensões militares nas zonas fronteiriças.

Kim Yo Jong, a irmã do líder norte-coreano, Kim Jong Un, emitiu um comunicado separado em que revelava que a Coreia do Norte tinha recusado uma proposta do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, para enviar representantes especiais a Pyongyang para reduzir as animosidades.

Kim Yo Jong adiantou que Moon Jae-in tinha proposto o envio do seu diretor de Segurança Nacional, Chung Eui-yong, e o chefe dos serviços de informações, Suh Hun, a Pyongyang, tão depressa quanto a Coreia do Norte o pretendesse.

A irmã de Kim Jong Un, que tem estado a dirigir a recente retórica norte-coreana contra a Coreia do Sul, classificou a oferta de Moon como "irrealista" e "sem sentido" considerou que os sul-coreanos têm de pagar o preço pela sua incapacidade de impedir ativistas de lançarem propaganda para a Coreia do Norte.

Na terça-feira, a Coreia do Norte destruiu com explosivos o edifício destinado à interligação coreana na cidade fronteiriça de Kaesong, aberto em 2018, quando as relações bilaterais estavam a melhorar.

Apesar de o edifício estar vazio e de a Coreia do Norte ter revelado os seus planos para o destruir, a decisão de o fazer foi o ato mais provocador feito pela Coreia do Norte desde o início das conversações nucleares com os EUA, em 2018, cujo impasse, ocorrido entretanto, suscitou receios de uma guerra. Foi também um revés para os esforços de Moon Jae-in com vista à reaproximação com Pyongyang.

A agência noticiosa estatal norte-coreana Korean Central News Agency informou que o edifício tinha sido destruído com uma "terrível explosão".

A Coreia do Sul emitiu um comunicado a expressar "um lamento profundo" com a destruição do edifício e preveniu para uma resposta severa se a Coreia do Norte tomar passos adicionais que agravem as tensões bilaterais.

expresso.pt

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Coreia do Norte não responde à vizinha do Sul há quatro dias. Porquê?

Soldados sul-coreanos vigiam Coreia do Norte na fronteira (Ahn Young-joon/AP)

Por cnnportugal.iol.pt   10/04/23

Comunicações são diárias há vários anos, mas decisão "unilateral" terá interrompido os canais. Exercícios com envolvimento dos Estados Unidos ou um relatório inédito podem ser a causa da interrupção

Já são quatro os dias de total isolamento da Coreia do Norte, que continua sem responder às chamadas de rotina da Coreia do Sul. O governo de Seul afirma que Pyongyang não responde às tentativas de comunicação habitualmente feitas por um canal criado para o efeito.

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul afirma que esta decisão “unilateral” cortou todas as linhas de comunicação desde quinta-feira, suspendendo uma tradição que pressupõe chamadas diárias entre os dois países às 09:00 e às 17:00, incluindo aos fins de semana.

“Enquanto monitoriza a situação, o governo está a analisar como responder [à decisão da Coreia do Norte]. Não vamos demorar muito a tomar uma posição oficial”, afirmou o porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul, Koo Byoung-sam, citado pela agência de notícias Yonhap, acrescentando que esta é a primeira vez que todos os canais de comunicação são cortados desde outubro de 2021.

Um relatório inédito

As autoridades sul-coreanas continuam sem perceber as razões para a falta de resposta por parte de Pyongyang, mas acredita-se que será uma forma de protesto contra os exercícios militares que têm sido conduzidos pela Coreia do Sul e pelos Estados Unidos. Outra hipótese é o silêncio norte-coreano ser uma resposta ao apoio sul-coreano a uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que condenou as violações de Direitos Humanos na vizinha do Norte.

Depois de cinco anos a ficar à margem desta condenação, Seul voltou a assinar um documento que é renovado anualmente desde 2003, com críticas a Pyongyang.

Em paralelo, o próprio Ministério da Unificação da Coreia do Sul publicou um relatório com 450 páginas em que critica a postura do país nos cinco anos anteriores. O regresso a uma lei de 2016 que previa a publicação de um documento deste género todos os anos, mas que o então primeiro-ministro sul-coreano, Moon Jae-in, decidiu nunca tornar público, alegando a proteção de testemunhos vindos do outro lado da fronteira.

"O objetivo desta lei é contribuir para a proteção e a melhoria dos Direitos Humanos dos norte-coreanos através da procura pelo direito à liberdade e o direito à vida como dito na Declaração Universal dos Direitos Humanos e outras convenções de Direitos Humanos", pode ler-se no primeiro artigo da referida lei.

Esse mesmo documento refere que a Coreia do Norte nega direitos básicos como as liberdades de expressão, reunião ou movimento, entre outros. É sublinhado ainda que Pyongyang desrespeita o valor da vida humana ao conduzir execuções públicas de menores e de adultos, além de utilizar pessoas para testes médicos.

No início do relatório, a própria Coreia do Sul reforça que esta publicação "é significativa porque é o primeiro relatório publicado de acordo com o Ato de Direitos Humanos dos Norte-coreanos", naquilo que o governo de Seul garante ser uma "demonstração da determinação para fazer esforços e melhorar substancialmente os Direitos Humanos dos norte-coreanos".

Já a ONU, num documento que também visa o Irão, a Bielorrússia e a Síria, afirma que "adotou uma resolução que decidiu continuar a fortalecer, por um período de dois anos, a capacidade do Alto-comissariado para permitir a implementação de recomendações relevantes na sequência do relatório".

A hipótese militar

A outra hipótese, de uma resposta militar, ganha força por causa dos exercícios realizados pela Coreia do Sul e pelos Estados Unidos nas águas de Jeju, e que levaram a Coreia do Norte a avisar Washington e o seu "Estado-fantoche" de que o perigo aumentava, afirmando mesmo que o arsenal nuclear estava pronto para ser utilizado e deter "movimentos de guerra maníacos e imprudentes".

As manobras, que incluíram operações anti-submarino e de busca e salvamento com um porta-aviões norte-americano, decorreram ao largo da costa sudoeste da Coreia do Sul.

Além do porta-aviões nuclear USS Nimitz, participaram nos exercícios dois contratorpedeiros norte-americanos (USS Wayne E. Meyer e USS Decatur), três sul-coreanos (ROKS Yulgok YiYi, ROKS Choe Yeong e ROKS Daejoyeong) e um japonês (JS Umigiri).

Os exercícios "foram organizados para melhorar as capacidades de resposta da República da Coreia [nome oficial do Sul], dos EUA e do Japão contra as ameaças submarinas cada vez mais avançadas da Coreia do Norte, incluindo mísseis balísticos submarinos [SLBM]", de acordo com uma declaração do ministério sul-coreano da Defesa.

Estas manobras surgiram pouco depois de Pyongyang ter anunciado dois testes de um drone submarino nuclear que pode alegadamente gerar tsunamis radioativos para atingir frotas e portos.

Estabelecidos para tentar evitar um escalar da situação na península coreana, os canais de comunicação foram interrompidos pela Coreia do Norte entre 2020 e 2021, depois de ativistas sul-coreanos terem enviado, através de balões, folhetos críticos do presidente norte-coreano, Kim Jong-un.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Coreia do Norte retomou lançamento de balões com lixo sobre Coreia do Sul

© Lusa
Por Lusa  24/06/24 
A Coreia do Norte retomou hoje o lançamento de balões provavelmente transportando lixo para a Coreia do Sul, segundo as Forças Armadas sul-coreanas, na mais recente iniciativa ao estilo da Guerra Fria na península coreana.

Os lançamentos foram efetuados alguns dias depois de o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, terem assinado um importante acordo de defesa que, segundo os observadores, poderá encorajar Kim a dirigir mais provocações à Coreia do Sul.

Segundo um comunicado do Estado-Maior das Forças Armadas sul-coreanas, os balões norte-coreanos estão a deslocar-se para sul, e os militares estão a monitorizar de perto as movimentações norte-coreanas, porque se previam ventos de norte ou noroeste, favoráveis ao lançamento de balões.

No comunicado, pede-se aos cidadãos sul-coreanos que não toquem nos balões norte-coreanos e que denunciem a sua localização às autoridades militares e policiais. As Forças Armadas não disseram como reagiriam a novos lançamentos de balões.

A partir do final de maio, Pyongyang lançou uma série de balões com estrume, pontas de cigarro, trapos, pilhas gastas e vinil sobre várias zonas da Coreia do Sul. Não foram encontrados materiais altamente perigosos.

A Coreia do Norte afirmou que a sua campanha de balões foi uma ação de retaliação contra ativistas sul-coreanos que lançaram panfletos políticos críticos da sua liderança para o seu lado da fronteira.

A influente irmã de Kim, Kim Yo-jong, afirmou na sexta-feira que a Coreia do Norte retomaria a sua campanha de balões como retaliação contra a nova ação de lançamento de panfletos de grupos civis sul-coreanos.

Um grupo sul-coreano afirmou ter enviado na quinta-feira à noite para o outro lado da fronteira 20 balões com 300.000 panfletos de propaganda, 5.000 'pens' USB com canções 'pop' sul-coreanas e séries de televisão e notas de um dólar norte-americano.

"Quando fazemos uma coisa que fomos claramente avisados para não fazer, é natural que tenhamos de confrontar-nos com algo que era evitável", afirmou Kim Yo-jong.

Em reação à anterior campanha de balões da Coreia do Norte, as Forças Armadas sul-coreanas voltaram a instalar a 09 de junho altifalantes gigantescos ao longo da fronteira, pela primeira vez em seis anos, e retomaram as emissões de propaganda contra o regime norte-coreano.

As emissões incluíram alegadamente músicas famosas dos BTS, a banda sensação da K-pop ('pop' sul-coreana), como "Butter" e "Dynamite", previsões meteorológicas e notícias sobre a Samsung, a maior empresa sul-coreana, bem como críticas ao programa de mísseis de Pyongyang e à sua proibição de vídeos estrangeiros.

A Coreia do Norte considera as grandes emissões informativas sul-coreanas e as campanhas civis de distribuição de panfletos graves provocações, uma vez que proíbe o acesso a notícias estrangeiras à maioria dos seus 26 milhões de habitantes.

Segundo Seul, Pyongyang reagiu a anteriores emissões sul-coreanas com altifalantes e a ações civis de lançamento de balões abrindo fogo sobre o outro lado da fronteira, o que levou a Coreia do Sul a ripostar.

Hoje de manhã, a Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Japão emitiram um comunicado conjunto condenando veementemente a cada vez maior cooperação militar entre a Rússia e a Coreia do Norte.

De acordo com o comunicado, as interações entre Pyongyang e Moscovo constituem uma "grave preocupação" para os esforços de promoção da paz na Península da Coreia, para o regime mundial de não-proliferação e para o apoio ao povo ucraniano, confrontado desde fevereiro de 2022 com uma invasão da Rússia.

Numa reunião em Pyongyang na passada quarta-feira, Kim Jong-un e Putin alcançaram um acordo nos termos do qual cada um dos respetivos países fornecerá ajuda ao outro, em caso de ataque, e se compromete a reforçar outras formas de cooperação.

Segundo os observadores, o acordo representa a mais forte relação entre os dois países desde o fim da Guerra Fria. Os Estados Unidos e os seus aliados creem que a Coreia do Norte tem fornecido à Rússia armas convencionais, muito necessárias para a sua guerra na Ucrânia, em troca de ajuda militar e económica.

O comunicado de Seul, Washington e Tóquio indica que os três países reiteram a intenção de reforçar a cooperação diplomática e de segurança para enfrentar as ameaças norte-coreanas e evitar uma escalada da situação, acrescentando que os compromissos dos Estados Unidos com a defesa da Coreia do Sul e do Japão "permanecem blindados".

No sábado passado, um porta-aviões norte-americano de propulsão nuclear chegou à Coreia do Sul para um exercício militar tripartido Seul-Washington-Tóquio, cujo início está agendado para este mês.

A Coreia do Norte já chamou a essas manobras militares conjuntas dos Estados Unidos um ensaio de invasão e respondeu realizando novos testes de mísseis, argumentando que a hostilidade de Washington a obrigou a desenvolver armas nucleares em legítima defesa.

Leia Também: A China está preocupada com o facto de Pyongyang poder ter sido encorajada por Vladimir Putin a tomar medidas "provocatórias" que poderiam levar a uma crise no Nordeste Asiático. 


terça-feira, 16 de junho de 2020

COREIAS - Coreia do Norte fez explodir escritório de ligação com o Sul

A Coreia do Norte fez explodir hoje o escritório de ligação com a Coreia do Sul em Kaesong, uma cidade perto da fronteira, aumentando a tensão na península coreana, revelou o Ministério da Unificação em Seul.


"A Coreia do Norte explodiu o escritório de ligação de Kaesong, às 14h49" (07h49 em Lisboa), disse o porta-voz do ministério encarregado das relações entre as duas Coreias, em comunicado.

Fotos da Agência de Notícias Yonhap, sul-coreana, mostraram fumo a sair do que parece ser um complexo de edifícios e a agência revelou que a área fazia parte de um parque industrial agora fechado, onde ficava o escritório de ligação.

A Coreia do Norte tinha ameaçado demolir o escritório à medida que intensificava a sua retórica sobre o fracasso de Seul em impedir que ativistas usassem panfletos de propaganda através da fronteira.

Alguns especialistas dizem que a Coreia do Norte está a manifestar a sua frustração porque Seul não pode retomar os projetos económicos conjuntos devido a sanções lideradas pelos EUA.

No sábado à noite, Kim Yo Jong, irmã influente do líder da Coreia do Norte, alertou que Seul em breve testemunharia "uma cena trágica do inútil escritório de ligação Norte-Sul (na Coreia do Norte), sendo completamente destruído'', deixando aos militares da Coreia do Norte o direito de dar o próximo passo de retaliação contra a Coreia do Sul.

Em 2018, as Coreias abriram o seu primeiro escritório de contacto em Kaesong, para facilitar uma melhor comunicação e as trocas desde a sua divisão, no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Quando o escritório foi aberto, as relações entre as Coreias floresceram depois de Coreia do Norte ter iniciado negociações sobre o seu programa de armas nucleares.

As forças armadas da Coreia do Norte ameaçaram entretanto voltar às zonas desmilitarizadas sob acordos de paz entre as Coreias. O Estado-Maior General do Exército Popular da Coreia disse que está a analisar uma recomendação do partido no poder para avançar para áreas de fronteira não especificadas que foram desmilitarizadas com os acordos com o Sul, o que "transformaria a linha da frente numa fortaleza".

Embora não tenha sido imediatamente claro quais as ações que os militares da Coreia do Norte poderiam tomar contra o Sul, o Norte ameaçou abandonar um acordo militar bilateral alcançado em 2018 para reduzir as tensões na fronteira.

As relações entre as Coreias começaram a ficar tensas desde o colapso de uma segunda cimeira entre o líder norte-coreano Kim Jong un e o presidente Donald Trump, no Vietname, no início de 2019.

Esta cimeira falhou por causa de disputas sobre quantas sanções deveriam ser levantadas em troca do desmantelamento do principal complexo nuclear norte-coreano.

Kim Jong un prometeu mais tarde expandir o seu arsenal nuclear, introduzir uma nova arma estratégica e superar as sanções lançadas pelos EUA, que disse sufocarem' a economia do país.

Por LUSA

quarta-feira, 19 de julho de 2023

COREIA DO NORTE: Pyongyang disparou 2 mísseis de curto alcance em direção ao mar do Japão

© Reuters

POR LUSA   19/07/23 

A Coreia do Norte disparou hoje dois mísseis balísticos de curto alcance em direção ao mar do Japão, numa aparente resposta à chegada de um submarino norte-americano carregado com armas nucleares à Coreia do Sul.

O Exército sul-coreano detetou dois mísseis, que foram lançados "no mar do Leste [nome dado ao mar do Japão nas duas Coreias] a partir da zona de Sunan [perto de Pyongyang] entre as 3:30 e as 3:46 de hoje (entre as 18:30 e 18:46 de terça-feira em Lisboa)", explicou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) em comunicado.

"Os mísseis balísticos da Coreia do Norte pousaram no mar do Leste após voarem cerca de 550 quilómetros cada, e as especificações detalhadas desses mísseis estão a ser minuciosamente avaliadas pelas autoridades de inteligência da República da Coreia [nome oficial do Sul] e dos EUA", destaca ainda a mesma fonte.

Os lançamentos da Coreia do Norte ocorrem poucas horas depois da primeira reunião do chamado Conselho de Consulta Nuclear (NCG) entre Seul e Washington.

Após a sessão, o coordenador para o Indo-Pacífico do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Kurt Campbell, anunciou a chegada a Busan, a cerca de 350 quilómetros a sudeste de Seul, do submarino USS Kentucky, um submarino de propulsão atómica com capacidade para transportar armas nucleares, o primeiro deste género a visitar a Coreia do Sul em cerca de 40 anos.

Quer a criação do NCG, quer o envio do submarino foram acordados em abril, com a assinatura da Declaração de Washington pelos presidentes dos EUA e da Coreia do Sul, Joe Biden e Yoon Suk-yeol, respetivamente.

No documento, os EUA prometem reforçar a chamada "dissuasão estendida", através da qual protege o seu aliado e procura desencorajar Pyongyang de continuar com o desenvolvimento de armas de destruição em massa.

O Ministério da Defesa Nacional da Coreia do Norte já tinha condenado o plano dos EUA de enviar o submarino para a Coreia do Sul.

Depois, Kim Yo-jong, irmã do líder Kim Jong-un, acusou os EUA de realizar incursões no espaço aéreo norte-coreano e, em 12 de julho, o regime lançou o seu mais sofisticado míssil balístico intercontinental (ICBM), o Hwasong-18.

O teste foi condenado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

A ONU destacou que o míssil testado na semana passada aterrou nas águas da zona económica exclusiva da Rússia e que aqueles 75 minutos supõem potencialmente o voo mais longo desse tipo de míssil entre todos os já testados pelo Exército norte-coreano.

A Coreia do Norte compareceu na sexta-feira no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para defender o teste com mísseis balísticos, apesar da condenação por parte da maioria dos Estados-membros.

O embaixador norte-coreano junto da ONU, Kim Song, argumentou que o país apenas exerceu o direito de autodefesa "para deter movimentos militares perigosos de forças hostis e salvaguardar a segurança" do Estado.

Após a reunião de urgência, dez Estados-membros da ONU defenderam que o Conselho de Segurança "não pode continuar calado diante das provocações" da Coreia do Norte e deve "enviar um sinal coletivo" de desaprovação pelo lançamento de mísseis balísticos.

Os lançamentos de hoje ocorrem também depois de um soldado dos EUA ter cruzado a fronteira com a Coreia do Norte, durante uma visita turística, estando atualmente detido.



Leia Também: Coreia do Norte dispara míssil balístico em direção ao mar do Japão

sexta-feira, 14 de julho de 2023

A Coreia do Norte compareceu hoje no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para defender o seu mais recente teste com mísseis balísticos, apesar da condenação por parte da maioria dos Estados-membros.

© Getty Images

POR LUSA   14/07/23 

Coreia do Norte defende testes de mísseis em raro discurso na ONU

A Coreia do Norte compareceu hoje no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para defender o seu mais recente teste com mísseis balísticos, apesar da condenação por parte da maioria dos Estados-membros.

Na reunião de hoje do Conselho de Segurança, agendada de urgência após o lançamento de mais um míssil por Pyongyang, o embaixador norte-coreano junto à ONU, Kim Song, argumentou que o país apenas exerceu o direito de autodefesa "para deter movimentos militares perigosos de forças hostis e salvaguardar a segurança" do Estado.

"Rejeitamos e condenamos categoricamente a convocação do 'briefing' do Conselho de Segurança pelos Estados Unidos e seus seguidores", disse o embaixador, numa rara aparição na ONU, sendo que a última vez que o país participou numa reunião do Conselho sobre os seus próprios programas nucleares foi em 2017, segundo fontes diplomáticas.

Song aproveitou para criticar duramente as manobras militares realizadas por Washington e os seus parceiros na região, as quais classificou como "ameaças e provocações".

A Coreia do Norte disse na quinta-feira que testou com sucesso um novo míssil balístico intercontinental de combustível sólido sob a supervisão do líder, Kim Jong-un, dias após ameaçar abater aviões espiões dos Estados Unidos que violassem o seu espaço aéreo.

Esta é a segunda vez que a Coreia do Norte testa este tipo de projétil, que caiu na água após voar cerca de 75 minutos, segundo as autoridades japonesas.

A ONU disse hoje que este aterrou nas águas da zona económica exclusiva da Rússia e que aqueles 75 minutos supõem potencialmente o voo mais longo desse tipo de míssil entre todos os já testados pelo Exército norte-coreano.

Após a reunião, dez Estados-membros da ONU defenderam que o Conselho de Segurança "não pode continuar calado diante das provocações" da Coreia do Norte e deve "enviar um sinal coletivo" de desaprovação pelo lançamento de mísseis balísticos.

A Albânia, Equador, França, Japão, Malta, Coreia do Sul, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos emitiram um comunicado conjunto no qual condenaram "nos termos mais fortes possíveis" o lançamento.

"O Conselho não pode continuar calado diante dessas provocações e devemos enviar um sinal claro e coletivo à Coreia do Norte (...) de que esse comportamento é ilegal, desestabilizador e não será normalizado", pode ler-se no comunicado, lido pelo embaixador norte-americano Jeffrey DeLaurentis.

"Apelamos a todos os Estados-membros para que enfrentem a geração ilícita de receitas da Coreia do Norte e as atividades cibernéticas maliciosas que financiam as ações ilegais e desestabilizadoras do Governo norte-coreano", acrescentou.

No comunicado, os dez países apelaram ainda a todos os Estados-membros da ONU para que implementem plena e fielmente todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança, incluindo impedir "que a Coreia do Norte escape das sanções para avançar com os seus programas ilegais de armas de destruição em massa e mísseis balísticos e rede de aquisição global associada".

"É hora de unir e restaurar a voz do Conselho sobre esta ameaça e agir para enfrentar a ameaça da Coreia do Norte", instaram.

De acordo com o embaixador norte-americano, a Rússia e a China - dois dos cinco membros permanentes, com poder de veto - têm impedido o Conselho de Segurança de atuar contra Pyongyang.

"Com esses lançamentos repetidos, Pyongyang está a demonstrar que se sente encorajado a continuar dessa maneira, porque a China e a Rússia têm consistentemente impedido este Conselho de tomar medidas para deter essas transgressões. Nada disso deveria ser aceitável", protestou Jeffrey DeLaurentis.


Leia Também: Seul alerta: Coreia do Norte disparou míssil balístico não identificado

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Como a Coreia do Norte ganha dinheiro? ...A Coreia do Norte é conhecida por uma série de razões, mas ganhar dinheiro não é uma delas. Então como o país consegue?

Por Maria Luiza Valeriano  fatosdesconhecidos.com.br

A uma distância de três horas de carro da capital da Coreia do Norte, Pyongyang, você pode encontrar o que pode ser considerado o resort de ski mais isolado de todo o mundo. O Masik Pass oferece 11 pistas além de uma loja para alugar os equipamentos necessários.

Sendo assim, o hotel de luxo anexado tem 120 quartos, uma piscina, sauna, bar e sala de karaokê. As motos de neve foram importadas da China e os teleféricos da Áustria, depois que uma loja da Suíça se recusou a vendê-los. Inclusive, a Coreia do Norte chamou isso de um “abuso de direitos humanos”.

O resort tem quatro estrelas e meia no site Trip Advisor, feitos por turistas contentes. Mas, a maior parte dos visitantes vem de dentro da Coreia do Norte.

O país é geralmente retratado como um lugar muito pobre, como se fosse um retrato do passado em que as pessoas estão sem comida e sem qualquer resquício de alegria. Contudo, relatos recentes de fugitivos começaram a mudar essa imagem.

A realidade é que os cafés de Pyongyang são cheios de pessoas lendo em seus tablets e adolescentes realizando ligações. Alguns até dirigem BMWs e Mercedes! Para entender como isso é possível e se uma revolução pode acontecer, é necessário saber como a Coreia do Norte ganha dinheiro.

A tática da ameaça

KCNA/Divulgação/EPA/Agência Lusa

Você deve conhecer a Coreia do Norte como aquele país que sempre ameaça acabar com a humanidade com uma guerra nuclear. Quando o líder supremo, Kim Jong-Un, se encontra com a população precisando de comida ou quando um de seus brinquedos, que incluem barcos, precisam de conserto, ele se torna uma criança birrenta. 

Até que ele consiga o que ele quer, ele ofende e ameaça a todos. Como resultado, os países não veem saída se não ajudarem para voltar à normalidade. Já satisfeitos, Kim Jong-Un e seus diplomatas saem da posição de loucos raivosos e se tornam mais calmos. Então, seis, 12 ou 18 meses depois, tudo se repete.

A verdade é que a ameaça nuclear é uma das práticas que a Coreia do Norte tem para sobreviver. O país não pode entregar suas armas nucleares sem se tornar irrelevante. Ao mesmo tempo, ele não consegue se desenvolver com o número de pontes queimadas que já acumulou.

Então, as três gerações de líderes tiveram que se tornar especialistas em negociação, conseguindo o mínimo que precisam para manter o país funcionando, sem nunca entregar seus segredos.

As relações da Coreia do Norte

Por um bom tempo, a Coreia do Norte aproveitou da sua posição entre a China e a União Soviética para ser bajulada. Até hoje, isso se mantém. A relação entre a China e a Coreia do Norte envolve interesses dos dois lados. Para a China, é bom ter a Coreia do Norte entre eles e a Coreia do Sul, um forte aliado dos Estados Unidos

Já a Coreia do Norte sabe que não pode irritar a coisa mais próxima que tem como amigo. Quando a União Soviética declinou, cerca de 200 mil e três milhões de norte coreanos morreram de fome! Essa fome e o sistema de distribuição nunca se recuperaram totalmente. 

Trocas ilegais

O capitalismo é proibido, mas trocas ilegais são vistas constantemente. Assim, as autoridades sabem que isso acontece, mas opta por fingir que não. Depois de três décadas de fome, os pobres simplesmente querem sobreviver, então não há interesses políticos envolvidos. Enquanto isso, os ricos querem vidas mais luxuosas, sem a vontade de acabar com o regime atual. 

Então, atualmente, a maior parte das transações acontecem com o Yuan chinês, já que o país já sancionou leis que desequilibraram a moeda nacional. Se você jogar bem e subornar as pessoas certas, pode até se tornar incrivelmente rico, desde que já tenha algum tipo de poder.

Mas, inevitavelmente, em algum momento, essa máquina, que já está funcionando de uma forma bem torta, vai parar de funcionar.