quinta-feira, 18 de julho de 2024

O Presidente da Coreia do Sul nomeou hoje um ex-diplomata norte-coreano como vice-ministro, o cargo governamental mais alto atribuído a um desertor da Coreia do Norte

© Reuters
Por Lusa  18/07/24 
 Ex-diplomata norte-coreano nomeado vice-ministro na Coreia do Sul
O Presidente da Coreia do Sul nomeou hoje um ex-diplomata norte-coreano como vice-ministro, o cargo governamental mais alto atribuído a um desertor da Coreia do Norte.


Tae Yong-ho era diplomata na representação diplomática da Coreia do Norte em Londres quando desertou para a Coreia do Sul em 2016, sendo o funcionário norte-coreano de mais alto nível a mudar-se para a Coreia do Sul nos últimos anos.

Na altura, Tae disse ter desertado com a família porque não queria que os filhos tivessem uma vida miserável na Coreia do Norte e porque entrou "em desespero" com as execuções de funcionários e as ambições nucleares do líder do país, Kim Jong-un.

A Coreia do Norte classificou-o de "escória humana", acusando-o de ter desviado dinheiro do Estado e cometido outros crimes.

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, nomeou Tae secretário-geral do conselho consultivo para a Unificação Pacífica, organismo que presta assessoria à Presidência sobre a unificação pacífica das Coreias.

A nomeação faz de Tae o primeiro desertor norte-coreano nomeado para um cargo de vice-ministro na Coreia do Sul, entre os cerca de 34 mil norte-coreanos que se estabelecerem na Coreia do Sul, de acordo com o Ministério da Unificação sul-coreano.

Em 2020, Tae foi eleito para o parlamento da Coreia do Sul, havendo ainda outros desertores norte-coreanos que foram deputados na Coreia do Sul.

O gabinete de Yoon afirmou, em comunicado, que Tae é a pessoa certa para o cargo, porque pode utilizar a experiência de vida na Coreia do Norte e outras experiência de trabalho como membro da comissão parlamentar sul-coreana para as questões da política externa e da unificação.

A maioria dos desertores deixou a Coreia do Norte após um período devastador de fome em meados dos anos de 1990.

Ao chegarem ao Sul, os desertores norte-coreanos recebem cidadania, apartamentos quase gratuitos, dinheiro para a instalação e outros benefícios.

No entanto, de acordo com entrevistas e inquéritos realizados, muitos deles, provenientes de uma Coreia do Norte autoritária e empobrecida, são vítimas de discriminação e têm dificuldade em adaptar-se à nova vida num país capitalista e altamente competitivo.

No domingo, na cerimónia inaugural do "Dia dos Desertores Norte-coreanos", Yoon prometeu prestar mais apoio governamental para melhorar a vida de quem escapa do Norte.

A maioria dos desertores norte-coreanos são mulheres originárias das regiões mais pobres do Norte, apesar de, nos últimos anos, o número de membros da elite norte-coreana a fugir para a Coreia do Sul tem aumentado, ainda de acordo com o Ministério da Unificação.

Na terça-feira, os serviços secretos sul-coreanos informaram que Ri Il-kyu, conselheiro para os assuntos políticos da embaixada norte-coreana em Cuba, desertou para a Coreia do Sul em novembro.

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