Kim Jong-un (KCNA/EPA) Por CNN, 21/08/2025
Coreia do Norte tem uma base secreta de mísseis que representa uma "potencial ameaça nuclear" para os EUA
A Coreia do Norte tem uma base secreta de mísseis, que até agora não era conhecida do público, perto da sua fronteira norte com a China, que pode representar uma "potencial ameaça nuclear" para grande parte da Ásia Oriental e os Estados Unidos, de acordo com um think tank norte-americano.
A base de mísseis de Sinpung-dong está localizada a apenas 27 quilómetros da fronteira com a China. Estima-se que armazene até nove mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com capacidade nuclear, bem como os seus lançadores móveis, segundo um relatório do think tank Center for Strategic and International Studies (CSIS), sediado em Washington.
A base é uma das cerca de 15 a 20 bases de mísseis balísticos e instalações de armazenamento de ogivas que a Coreia do Norte nunca declarou, segundo o relatório, e que se baseou em análises de imagens de satélite, entrevistas com refugiados e autoridades norte-coreanas, documentos desclassificados e dados de código aberto.
"Estes mísseis representam uma potencial ameaça nuclear para a Ásia Oriental e para os Estados Unidos", avisa o think tank, no relatório.
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| Uma imagem de satélite fornecida pela Planet Labs mostra a Base Operacional de Mísseis de Sinpung Dong, na Coreia do Norte, no dia 12 de agosto |
A Coreia do Norte intensificou o programa de armamento nos últimos anos sob o comando do líder Kim Jong-Un, modernizando rapidamente as suas forças armadas, desenvolvendo novas armas e testando mísseis balísticos intercontinentais que podem atingir praticamente qualquer ponto dos Estados Unidos.
Estas ações violam as sanções das Nações Unidas, que limitam rigorosamente o acesso da Coreia do Norte a materiais e armas. Pyongyang também intensificou a sua cooperação com a Rússia desde a invasão da Ucrânia, enviando tropas para combater nas linhas da frente – aumentando o receio de que Moscovo possa, em troca, ajudar a impulsionar as tecnologias e as linhas de abastecimento norte-coreanas.
Esta base secreta faz parte dos esforços da Coreia do Norte para reforçar o seu programa nuclear, conclui o relatório.
A base fica num vale montanhoso estreito, separado por um riacho, e com uma dimensão de 22 quilómetros quadrados – maior do que o Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova Iorque.
Os especialistas afirmam que a localização da base junto à fronteira oferece uma vantagem geográfica – países como os Estados Unidos podem ter receio em atacá-la, uma vez que um ataque impreciso poderia atingir a China.
“Ao construir bases tão perto da China, a Coreia do Norte também pode tentar alavancar o risco político e a incerteza da resposta de Pequim para dissuadir um ataque”, teoriza Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.
“Os decisores políticos dos EUA e da Coreia do Sul já estão conscientes da relutância de Pyongyang em abdicar destas capacidades na diplomacia do desarmamento, mas o conhecimento público destas bases pode levar mais observadores chineses a ressentirem-se das tentativas norte-coreanas de envolvimento estratégico”, acrescenta o professor.
A base começou a ser construída em 2004, de acordo com imagens de satélite, e está operacional desde 2014, segundo o relatório. Desde então, a base tem sido "bem mantida" e continua em desenvolvimento ativo – possivelmente refletindo os avanços contínuos nos testes de mísseis da Coreia do Norte.
Ainda não é claro qual o modelo de míssil balístico que está armazenado na base – mas os investigadores do CSIS acreditam que está equipado com o míssil balístico intercontinental (ICBMS) Hwasong-15 ou Hwasong-18 da Coreia do Norte, com capacidade nuclear, ou um tipo diferente de ICBM que ainda não foi revelado.
A base também lançadores de transporte ou lançadores móveis, que podem disparar rapidamente e mover-se para uma nova posição.
"Em tempos de crise ou de guerra, estes lançadores e mísseis saem da base, encontram unidades especiais de armazenamento/transporte de ogivas e conduzem operações de lançamento a partir de locais dispersos e previamente pesquisados", refere-se no relatório.
O think tank recolheu imagens de satélite que mostram as diversas instalações da base, incluindo postos de controlo de entrada, edifícios de quartéis-generais, armazéns, instalações de apoio a mísseis e pequenos edifícios residenciais.
Algumas das instalações da base foram deliberadamente cobertas com árvores e arbustos para ocultar as suas entradas, dificultando a sua localização em imagens de satélite, exceto no inverno, "quando a vegetação é escassa”.
A base secreta faz parte do "cinturão de mísseis" da Coreia do Norte, composto por várias outras bases que constituem os principais componentes da "estratégia de mísseis balísticos em evolução" de Pyongyang e das suas crescentes capacidades de dissuasão e ataque nuclear a nível estratégico", refere-se no relatório.
Estima-se que a Coreia do Norte possui entre 40 a 50 ogivas nucleares, além dos meios para potencialmente as lançar para o território continental dos EUA. Kim Jong-Un também intensificou a sua retórica nos últimos anos, prometendo fortalecer o programa nuclear do país e ameaçando usá-lo para destruir a Coreia do Sul em caso de ataque.


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