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Por LUSA
As autoridades da Nigéria tentaram hoje pôr fim ao saque de armazéns de alimentos, que continuam a aumentar no país, apesar de ter sido decretado recolher obrigatório, face aos protestos populares que começaram há duas semanas.
De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), vários populares saquearam hoje suprimentos alimentares na cidade de Jos, no centro do país.
No sábado, o chefe da polícia da Nigéria ordenou a mobilização imediata de todas as unidades operacionais na tentativa de retomar o controlo da situação.
Os governadores de vários estados aplicaram uma medida de recolher obrigatório da população, no seguimento de saques a reservas de alimentos que deveriam ser distribuídos durante o bloqueio criado para combater a pandemia de covid-19.
Milhares de jovens, inicialmente mobilizados via redes sociais, foram para as ruas das grandes cidades da Nigéria, há duas semanas, para denunciar a violência policial e a ineficácia e corrupção do poder central, através de manifestações pacíficas.
Na terça-feira, porém, a repressão violenta das autoridades contra milhares de manifestantes em Lagos causou pelo menos 12 mortes, segundo a Amnistia Internacional, e indignou o país e a comunidade internacional.
Os dias seguintes foram marcados por saques, incêndios e distúrbios em Lagos, uma cidade com 20 milhões de habitantes.
Segundo a AFP, hoje a situação estava calma em Lagos, onde o recolher obrigatório imposto na terça-feira, para tentar conter a escalada da violência, foi amenizado no sábado.
A Amnistia Internacional adianta, ainda, que pelo menos 56 pessoas foram mortas em todo o país nas últimas duas semanas.
O Presidente Muhammadu Buhari, um ex-general golpista na década de 1980, entretanto eleito democraticamente em 2015 e em 2019, lamentou as "muitas vidas perdidas", mas não avançou com números oficiais de vítimas até ao momento.
Num discurso transmitido na televisão, na noite de quinta-feira, o Presidente advertiu que não permitiria que ninguém "colocasse em risco a paz e a segurança do Estado" e lamentou ter sido "muito fraco" durante as duas últimas semanas de protesto.