Por LUSA 05/04/24
O Presidente do Quénia, em visita de Estado à Guiné-Bissau, disse hoje que África deve adotar uma postura "de não vitimização" para poder enfrentar os desafios de "uma globalização agressiva e injusta" no acesso aos mercados financeiros.
Falando numa palestra na Universidade Lusófona de Bissau, onde teceu a sua perspetiva sobre o tema 'Integração de África: avanços e desafios', William Ruto, ladeado do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, observou que o continente "tem muitas vantagens" que poderá colocar à disposição do resto do mundo.
Ruto afirmou que África "deve parar de se apresentar como vítima" e organizar-se para poder tirar vantagem dos seus recursos naturais, da sua alta taxa demográfica e da sua energia.
"África tem tudo para ser um continente de soluções e não de problemas", afirmou o líder queniano, que criticou a forma como o continente se depara com o mercado financeiro internacional.
William Ruto disse que países como a Guiné-Bissau e o Quénia "são penalizados" por serem confrontados com taxas de juro na ordem de 10 ou 12%, quando recorrem ao mercado para financiar o desenvolvimento.
Ruto frisou que "outros países" conseguem os mesmos financiamentos a taxas de juros na ordem dos cinco ou seis por cento.
O Presidente do Quénia afirmou que a instabilidade política nos países africanos também são as justificativas para que os investidores não estejam a trabalhar com vários países, uma situação que, defendeu, deve ser alterada "rapidamente".
"Os investidores não gostam desse ambiente", destacou William Ruto.
O chefe de Estado queniano defendeu que a democracia tem solução para este quadro e saudou o "irmão Embaló" pela forma como "mantém a democracia" na Guiné-Bissau.
"A sua grandeza enquanto líder é medida pela sua postura de trabalhar com a oposição pelo bem do seu povo", disse William Ruto, dirigindo-se a Umaro Sissoco Embaló, que tem enfrentado críticas pela forma como dissolveu o parlamento e formou um Governo de iniciativa presidencial quando ainda decorria o prazo de 12 meses após as eleições em que está constitucionalmente impedido de dissolver a Assembleia Nacional.
Ao contrário do inicialmente anunciado, de que a visita terminaria no sábado, Ruto deve regressar ainda hoje ao Quénia.
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