Fonte: O DEMOCRATA 05/04/2024
[Edição impressa nº565 Ano XII, de 04 de abril de 2024] Os politicólogos assumem universalmente que os partidos são organizações duráveis cuja esperança de vida deve ser superior à dos seus dirigentes. Tem uma implantação localmentegeneralizada que visa deliberadamente a conquista e o exercício do poder com o apoio popular nas eleições legislativas. Ou seja, não é um simples grupo de pessoas organizadas com tendências diversas em permanente conflito de personalidade sem uma voz de liderança como acontece na Guiné-Bissau.
Ainda na visão de politicólogos qualquer organização social, mesmo que tenha uma duração razoável e disponha de uma implantação generalizada num país, não pode ser um partido político. Para ser partido político tem de definir como seu objetivo prioritário e justificativo da sua existência a conquista e exercício do poder político para poder ser considerado um partido político. Se lhe faltar a ambição de conquistar e exercer o poder, não será mais do que um simples grupo de pressão ou um grupo para-político.
No nosso país confunde-se as fações e os grupos de influencia organizados com várias tendências rivais com os partidos políticos. A maioria dos nossos partidos políticos não teve origem da sociedade civil nem de clubes de intelectuais com a pretensão de alcançar o grande público com as suas ideias e aspirações de conquistar e exercer o poder no país. Por isso, o que vivemos hoje, na nossa esfera política é o aparecimento de pseudopartidos.
Os nossos pseudopartidos não estão ainda dotados de capacidade de auxiliar os eleitores a tomarem decisões certas perante as diversas opções políticas. Não esclarecem politicamente os eleitores na escolha de quem é o melhor, que pode governar o país desempenhando o papel de um intermediário entre o governo, poderes públicos e o conjunto dos cidadãos que democraticamente votam nas sucessivas eleições legislativas e presidenciais.
Os nossos pseudopartidos políticos ainda não conseguem tornar-se num instrumento eficaz da promoção da própria ideia que o inspira como um partido político que pretende governar um país.O que torna ainda mais difícil, quando ganham as eleições, a seleção, no seu seio, dos futuros governantes com qualidades de interesse público e não de interesse partidário de um público para a governança pública do país.
No nosso cenário político partidário não há apoio à maioria parlamentar e ao governo que integra a maioria dos partidários mais representativa no parlamento. Não há, nos pseudopartidos nacionais, uma coesão interna para revitalização permanente dos seus quadros nem a recolha de fundos necessários para todas despesas ordinárias e extraordinárias dos partidos. Assim sendo, os líderes dos pseudopartidos nacionais são empresários que transformaram os partidos num centro de emprego para os jovens militantes.
Para concorrer às eleições os empresários líderes dos Pseudopartidos políticos nacionais não se preocupam com a tarefa de formar a opinião pública e de propor os candidatos de clubes de intelectuais nacionais às eleições. Limitam apenas investir na troca de voto com o emprego na Função Pública. O que, na verdade, transformou os partidos políticos nacionais num verdadeiros Centros de Empregos para os jovens.
Não existe o interesse de colocar o eleitorado perante a necessidade de escolher entre as qualidades políticas e intelectuais dos candidatos a deputados que os partidos políticos lhe apresentam. A técnica é só aliciar os jovens eleitores com o emprego na Função Pública para que eles se esforcem a disciplinar os eleitores a votarem num dos pseudopartidos. Se o partido ganhar as eleições, o jovem, mesmo sem ser um verdadeiro militante do partido, tem emprego garantido na Função Pública. É uma questão de troca do emprego com o voto e não da adesão ideológica e eleitoral ao partido.
Este cenário é uma prova inequívoca que os Partidos políticos na Guiné-Bissau passaram a ser apenas um grupo de pessoas organizadas com várias tendenciais rivais no seu seio. A maioria dos seus deputados não teve origem da sociedade civil nem de clubes de intelectuais nacionais. Não tem a pretensão de alcançar o grande público com as suas ideias nem aspirações de conquistar e exercer o poder político de forma democrática no país.
A conquista e exercício do poder não é, na verdade, o objetivo prioritário e justificativo da existência dos pseudopartidos nacionais. Falta-lhes uma grande ambição de conquistar e de exercer democraticamente o poder. É apenas um grupo de comerciantes de emprego jovem. Comercializam apenas votos com o emprego. A juventude é obrigada a disciplinar os eleitores a votarem num partido porquanto o seu líder a garantira do emprego na função publica.
Na verdade, os pseudopartidos políticos, na Guiné-Bissau, ainda não conseguiram tornar-se num instrumento essencial da promoção da democracia nacional. Não possuem a inspiração própria da ideia de governação democrática do país. Por outro lado, como a nossa classe política não teve origem de clubes de intelectuais nacionais, tornou-se ainda mais difícil quem ganharas eleições legislativas selecionar os futuros governantes com qualidades de interesse público e não de interesse particular de público para dirigir a governação do país.
Por: Drº António Nhaga
Diretor Geral
Sem comentários:
Enviar um comentário