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POR LUSA 14/06/23
A Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou-se hoje "profundamente preocupada" com a evolução dos direitos humanos no Senegal e vê "um precedente sombrio" no uso de armas de fogo pela polícia contra manifestantes, acusados por Dacar de "terrorismo".
"A utilização de armas de fogo pelas forças de segurança durante as manifestações constitui um precedente sombrio para o Senegal", sublinhou o Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACDH) das Nações Unidas, num comunicado citado pela agência France-Presse.
O Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, mergulhou na pior situação de violência dos últimos anos no início deste mês, após Ousmane Sonko, opositor do Presidente, Macky Sal, ter sido condenado a dois anos de prisão por "aliciamento de menores", num caso em que era acusado de violação de uma massagista. O veredicto impede Sonko de concorrer às presidenciais de 2024.
O balanço oficial das autoridades aponta para 16 mortos, em consequência dos confrontos, mas a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional contabilizou 23 vítimas mortais, enquanto o PASTEF, partido de Sonko, denunciou a morte de mais de 20 pessoas.
O Governo do Senegal anunciou hoje a abertura de uma investigação, após a divulgação de vídeos, nas redes sociais, em que aparecem homens armados à paisana, acusados terem atacado violentamente manifestantes.
"Notamos que as autoridades iniciaram investigações e exortamo-las a garantir que sejam céleres, independentes e aprofundadas, e que levem qualquer pessoa considerada responsável pelo uso da força injustificado ou desproporcional a responder pelos seus atos, independentemente do seu 'status' e afiliação partidária", salienta o ACDH, no comunicado.
A agência da ONU registou "pelo menos" 16 mortos, 350 feridos e mais de 500 detidos nos três dias de manifestações.
"Estamos também preocupados com as reiteradas restrições à liberdade de expressão e de reunião pacífica, após as manifestações", referiu o Alto Comissariado.
O ACDH dá como exemplo o caso da Walfadjiri TV, um canal de televisão privado, que cobria as manifestações em direto e que foi suspenso em 01 de junho, "sem justificação legal clara e até hoje não foi reativado".
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