Por Jorge Herbert
Assisti ontem (8/5) uma reportagem no Telejornal do canal da RTP1, intitulada “PHOTOMATON”, que nada mais é que o repetir de um filme que confesso já estar cansado de ver em Portugal, sempre que os “representantes dos negócios pouco claros” de determinados lobbies portugueses perdem o poder na Guiné-Bissau. A partir desse momento, repete-se até à exaustão, nalguns órgãos de comunicação social portuguesa, que a Guiné-Bissau é um narco-Estado, uma placa giratória para o tráfico de droga e que as autoridades representativas do Estado estão envolvidas no tráfico de droga e as provas do mesmo nunca são mostradas!
Desta vez, o que assanhou os ânimos desses bons Encarregados de Negócios, é a anunciada visita do Presidente da República Portuguesa à Guiné-Bissau! Todos os outros Presidentes e representantes dos governos do mundo podem visitar a Guiné-Bissau, mas para esses alienados, é uma ofensa, uma perda da própria legitimidade como filho adotivo, que seja o Presidente das Repúblicas (Portugal e Cabo-Verde), dos quais são Encarregados de Negócios na Guiné-Bissau a estabelecerem uma relação de Estado com os seus opositores, seus desalojadores do poder… Aí, o desespero da perda de legitimidade fala mais alto e obriga a vir ao público lembrar ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que os verdadeiros enteados de Portugal são eles e que é uma afronta para eles, o padrasto estabelecer qualquer relação com os seus principais opositores…
Se como Guineense senti-me enojado por ver uma guineense a despir-se do sentido patriótico para enxovalhar o seu próprio país, como contribuinte português também senti profundamente envergonhado e revoltado, ao ver um órgão de Comunicação Social português, financiado com o dinheiro público, dar-se ao trabalho e, ainda, gastar algum do erário público, para fazer uma reportagem de tão baixo nível, com o único objetivo de denegrir a imagem de uma ex-colónia portuguesa e dos seus mais altos representantes do Estado.
Como sentiria Portugal e os portugueses, se a Televisão Pública Guineense ou de um outro país qualquer fizesse uma reportagem a tratar Portugal como um país paraíso dos pedófilos, com base no envolvimento da classe política, inclusive da sua segunda figura do Estado no caso Casa Pia?
Como sentiria Portugal e os portugueses, se num outro país, uma Televisão Pública fizesse uma reportagem a considerar Portugal um paraíso para os corruptos e outros criminosos, tendo como base o processo Marquês e vários outros casos de crimes económicos, cujos praticantes têm ficado quase todos impunes?
Como sentiria Portugal e os portugueses, se por ex, a Televisão Pública Espanhola fizesse uma reportagem em que consideravam Portugal um país de militares ladrões e corruptos, com base no caso de Tancos?
Como sentiria Portugal e os portugueses, se por ex, a Televisão Pública Brasileira emitisse um programa em que considerasse, as Autoridades Civis e Políticos portugueses uns incompetentes, a avaliar pela tragédia de Pedrogão Grande?
A verdade é que todos esses hipotéticos temas de programas televisivos em países estrangeiros, não passam de factos ocorridos em Portugal e fáceis de demonstrar. No caso da entrevista da Dra. Ruth Monteiro, apenas vi insinuações de aumento de tráfico de droga na Guiné-Bissau desde a subida ao poder do atual Presidente e da sua ligação à Jihad Islâmica. Se é revoltante e deprimente ver uma guineense a denegrir a imagem do seu país, no estrangeiro, sem apresentar provas dos seus argumentos, torna-se inqualificável, quando se trata de uma pessoa formada em Direito…
Os representantes do Estado português têm de rever a postura e o tipo de relação de cooperação que querem estabelecer com as suas ex-colónias, porque não faz sentido haver deslocações de comitivas presidenciais para tirarem fotografias em conjunto e haver palmadinhas nas costas e, paralelamente, órgãos de comunicação social financiados pelo Estado estarem a fazer propagandas lesivas da imagem desses países e dos seus governantes.
As autoridades guineenses e dos PALOP’s em geral, têm também a obrigação de exigirem o devido respeito pelo país e a história do seu povo, antes de abrirem as portas ou os braços para receberem o Presidente de um país que promove uma campanha difamatória contra os mesmos.
Mamã Guiné k bó lebsi!
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