sexta-feira, 13 de novembro de 2020

SOMENTE O DIÁLOGO NACIONAL!

Por: yanick Aerton

O diálogo é um instrumento que aproxima os atores políticos e permite resolver todos os obstáculos ao entendimento e ao compromisso. 

Mas para que o diálogo prospere, é fundamental que as partes em presença ponham em cima da mesa todas as questões e discuti-las com seriedade para que seja um diálogo win-win, e que os interesses das partes sejam devidamente salvaguardados.

Se ontem, dia 11 de Novembro de 2020, em Côte d’Ivoire, precisamente no Hotel Golf, onde ambos estavam «bunkerizados» durante a guerra civil ano de 2010 que levou ao derrube do ex-PR Laurent Gbagbo, o PR Alassane Ouattara e o ex-PR Henri Bedie, que continua a não reconhecer a vitoria do Ouattara, se sentaram e conversaram sobre a procura de soluções para a grave crise pós-eleitoral, não vejo por que razão o DSP e o PR Umaro Sissoco Embalo não podem conversar como irmãos, suma ermon garandi cu ermoncinho, para debaterem as grandes questões que os distancia um do outro, para assim contribuir para um ambiente mais saudável entre os apoiantes das duas partes.

Sem estar a comparar as duas realidades, mas se formos honestos, vemos nessas duas realidades uma certa similitude. Ora vejamos:

O PR Alassane é um dissidente do PDCI-RDA, o PR Embalo, não é um dissidente do PAIGC, mas por estar de costas viradas com esse partido, aderiu ao projecto que viria a transformar-se no grande partido político, o MADEM G15. Significa isso que os partidos originários dos dois são o PDCI-RDA e o PAIGC, respectivamente.

Por isso, as boas vontades têm de intervir para que essas duas figuras dialoguem de forma a contribuir para o reencontro da grande família da esquerda da política Guineense, em particular, e a reconciliação de todos os Guineenses, em geral.

Se ainda não o fez, o PR Umaro Sissoco Embalo deve estender a mão desde já ao líder do PAIGC, Eng. Domingos Simões Pereira, para um tête-à-tête porque o país precisa que os seus filhos se reencontrem e concentrem todos seus esforços nas tarefas da (ré) construção nacional.

Que o PR Embalo decida sobre o futuro do Aristides Gomes, convidando-o a abandonar as instalações da Nações Unidas e, se processo houver, aguardar em casa, na esperança de uma justiça equipável e justa, porque a sua continuidade ali não contribui para a boa imagem do país, independentemente dos crimes que supostamente possa cometer.

Os Guineenses têm de abandonar a lógica da força, do matchundadi, do ódio, da vingança e de todos os males que caracterizam os povos satânicos. Bu sibi âmi I Kim? 

Não estejamos com ilusões, quem tem o verdadeiro poder é ALLAH/DEUS, que delega uma pequenina parte desse poder a quem quiser, razão pela qual devemos ser racionais.  

Somos todos Guineenses, ninguin ka mas si cumpanher. (E terra cu no djunta i di nos tudo) Pelo facto de estares a desempenhar um alto cargo no Estado, ou teres a oportunidade de ganhar algum dinheirinho ou de, por falta de escrúpulo, teres desviado o dinheiro do Estado que a todos nos pertence e hoje estares a ostentar impunemente essa riqueza adquirida ilicitamente, não faz de ti mais Guineense.

O PR Embalo não tem nada a perder, pelo contrário o seu poder sairá mais reforçado e estará a prestar um bom serviço, caso se dignasse enveredar por esse caminho, o do “rassemblement”, da CONCÓRDIA, que tem sido a sua divisa durante toda a campanha eleitoral - a CONCÓRDIA NACIONAL.

O Eng. Domingos nunca deve recusar a mão estendida do PR Embalo, se for convidado, porque o país e o próprio partido que dirige é que serão os principais ganhadores. É verdade que o DSP teve o apoio de muita gente que vive lá fora, ma itchiga hora di bo tira fidju di djinti pé na pito. 

Há a necessidade da construção de um ambiente político de maior confiança para que os potenciais investidores se sintam encorajados a fazer da Guiné-Bissau o seu destino privilegiado.

O lugar do Eng. Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, é no pais que o viu nascer, a Guiné-Bissau, onde sempre deu a sua valiosa contribuição, primeiro como técnico, depois como quadro dirigente, para mais tarde assumir o cargo de Secretário Executivo da CPLP, lugar coube a Guiné-Bissau, no quadro da rotatividade por ordem alfabética.

Se para uns, o DSP é um inimigo e um alvo a abater, para outros, é um quadro útil que tem muito para dar ao seu país, tendo em conta a sua preparação académica e vastíssima experiência técnico-profissional e de leadership, devendo por isso merecer a consideração dos seus concidadãos. 

Os Guineenses têm de se habituar a respeitar aquele que alguma vez desempenhou um alto cargo, ma li ninki Jesus ou Muhammad cu bin mas, icana ligadu. Forte púbis malbencido! Li ninguin ica ninguin! Triste!

A postura política do DSP pode até ser reprovável (quando deu O DITO POR NÃO DITO, depois de reconhecer a sua derrota e felicitar por telefone o então candidato USE), mas há gente que vê nisso uma forma de defender aquilo que ele entende ser correto e que outros condenam. 

É a política, e tudo isso faz parte da política, por isso não devemos transformar-nos em INIMIGOS DECLARADOS.

Tristemente, nas nossas sociedades os menos capazes são os que se regozijam com o afastamento daqueles que estão melhor preparados, assim para poderem preencher o espaço deixado por eles. E tem sempre sido assim, sobretudo na Guiné-Bissau, onde os mais preparados foram sempre e continuam sendo combatidos, sem tréguas. Isso tem de acabar para reconstruirmos aquela confiança que ontem fez de nós, o melhor povo.

Não pretendo com este artigo fazer outra coisa que não seja convidar os mais radicais de ambos os lados a saírem desse ghetto do ódio e da vingança, para nos reabraçarmos e caminhos juntos.

Isso não significa que se o DSP regressar ao país, ele vai abandonar a sua luta pela conquista do poder político. Longe disso! Cada um dos atores políticos está na política com o objectivo de conquistar o poder, mas isso não deve transformar-nos em inimigos, como disse atrás, e quando a pátria nos chama, devemos responder – PRESENTE.

Que o DSP regresse e se concentre na organização do PAIGC e fazer uma oposição construtiva, enquanto se prepara para os futuros embates políticos. 

A Guiné-Bissau precisa de todos os seus filhos, portanto que cada um procure pagar o seu “kinhon” na construção deste edifício!

VIVA A GUINENDADI!

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