02/09/2020 / Jornal Odemocrata
A chuva que caiu sobre a capital Bissau nos últimos dois meses (julho e agosto) inundou bolanhas e alguns bairros periféricos da capital Bissau, provocando enormes danos e deixado muitas famílias sem teto e agricultores aflitos. O Serviço da Rede de Observação Meteorológica do Instituto Nacional da Meteorologia da Guiné-Bissau alertou que o país continuará a ter grande quantidade de chuva nos próximos dois meses (setembro e outubro) e com a possibilidade de chover até novembro, concretizando uma época chuvosa mais prolongada.
As inundações registadas nos últimos dois meses em Bissau,em consequência das fortes chuvas, levaram moradores de alguns bairros periféricos de Bissau, Bôr, Cuntum Madina, Jericó e Antula a clamaram por ajuda do governo e a pedir aadoção de medidas de segurança às suas vidas, porque essaschuvadas têm deixado esses bairros do litoral e das várzeas completamente alagadas.
Alguns moradores abordados mostraram-se preocupados com a situação e com uma eventual subida do nível das águas durante as chuvas que se preveem, em particular, para o mês de Setembro, em que chove muito e faz fortes ventos. Os agricultores que viram as suas várzeas inundadas também lançaram gritos de socorro para pedir a intervenção urgente das autoridades ligadas ao setor a fim de evitar mais estragosque poderá leva-los a passar fome.
A maioria dos habitantes dos bairros afetados foi unânime em apelar ao governo para que invista na construção deinfraestruturas e na urbanização da cidade de Bissau, sobretudo na construção de grandes valas de drenagem eesgotos que permitam a circulação das águas pluviais, para assim diminuir a inundação e o sofrimento das populações das zonas afetadas.
METEOROLOGIA ALERTA QUE PERÍODO DAS CHUVAS PODE PROLONGAR-SE ATÉ NOVEMBRO
O diretor do Serviço da Rede de Observação Meteorológica do Instituto Nacional da Meteorologia da Guiné-Bissau (INM), Cherno Luís Mendes, alertou que o período das chuvas poderá prolongar-se mais do que o habitual e que o país continuará a ter a grande quantidade de chuva nos próximos dois meses (setembro e outubro) e com a possibilidade de chover até novembro.
O responsável fez essa observação em entrevista na terça-feira, 01 de setembro de 2020, ao seminário O Democrata para falar da previsão da chuva para os próximos dois meses e das medidas preventivas a serem tomadas em consideração para se prevenir de eventuais danos que poderão ser provocados pelo temporal.
Segundo Cherno Luís Mendes, no mês de outubro choverá apenas nos últimos dias. Porém frisou que, de acordo com as previsões agrometeorológicas, essa época das chuvas terá um fim um pouco mais prolongado do que o habitual, isto é, poderá chover até pelo menos aos primeiros dez dias do mês de novembro.
“Isso significa que as condições, em termos de precipitações para o mês de setembro, serão as mesmas que as dos meses anteriores, julho e agosto. Vamos continuar a ter chuvas este mês de setembro. Em termos da intensidade, já é outra coisa. Mas em relação à distribuição no espaço e no tempo, continuaremos a ter grande quantidade da chuva”, assegurou.
Cherno Luís Mendes lembrou que, depois do temporal sentido no início do mês de junho, existe também a possibilidade de ventos fortes ocorrerem em finais de setembro e inícios de outubro, com a deslocação da Frente Intertropical do norte para sul. Por isso, apela à população a ter muita cautela e evitar de recorrer às árvores de grande porte, sobretudo quando chove com intensidade e com ventos fortes.
O diretor do Serviço da Rede de Observação Meteorológica do Instituto Nacional da Meteorologia da Guiné-Bissau esclareceu, na mesma entrevista, que a diminuição da chuva registada no meio do mês de agosto, o mês mais chuvoso na Guiné-Bissau, não está relacionada com nenhum fenómeno ou mito.
“Não houve nenhum fenómeno, não. Quando temos condições atmosféricas favoráveis com forte concentração da humidade na atmosfera e precipitação, chove continuadamente e com maior intensidade. Portanto, tem a ver apenas com a concentração da humidade na atmosfera. Se as condições atmosféricas não forem favoráveis, não favorece a formação de nuvens e, consequentemente, não chove”, afirmou.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S
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