quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Opositores no Senegal libertados após adiamento de eleições

© Reuters

POR LUSA   15/02/24 

Várias figuras da oposição foram hoje libertadas no Senegal, numa altura em que se esperava que o Presidente, Macky Sall, fizesse um gesto de apaziguamento para pôr fim à crise ligada ao adiamento das eleições presidenciais.

Sall tem sido confrontado com os apelos dos principais parceiros internacionais, da oposição e da sociedade civil para que abandone o adiamento para 15 de dezembro das eleições, inicialmente previstas para 25 de fevereiro.

Por outro lado, enfrenta os apelos dos senegaleses que, a favor ou contra a alteração do calendário eleitoral, estão preocupados com o risco de caos e de violência, na sequência da morte de três jovens em manifestações na semana passada.

Foram lançadas novas convocatórias para manifestações na sexta-feira e está igualmente prevista para sábado uma marcha organizada por um grupo da sociedade civil.

"A maior parte dos meus clientes em processos por motivos políticos foram libertados", declarou Cheikh Koureissy Bâ à agência AFP, afirmando que se tratam de várias dezenas de detidos.

A lista de vários deles, fornecida à AFP por Moussa Sarr, inclui Aliou Sané, coordenador do movimento de cidadãos "Y'en a marre" (estamos fartos), Djamil Sané, presidente da câmara de uma comuna de Dacar, e vários membros do antigo partido Pastef, do opositor Ousmane Sonko.

"A pressão internacional está a levar o Presidente Macky Sall a ordenar algumas libertações", disse Souleymane Djim, membro do Coletivo dos Familiares dos Presos Políticos, confirmando que estão em curso algumas libertações.

Um dos principais candidatos anunciados para as eleições presidenciais de 2024, Ousmane Sonko, bem como o seu segundo comandante do dissolvido partido Pastef, Bassirou Diomaye Faye, estão detidos desde 2023. Atualmente, não há notícias sobre a sua possível libertação.

À porta da prisão de Rebeuss, em Dacar, cerca de 50 pessoas aguardam a libertação de familiares e amigos.

"Estou à espera da libertação de um amigo, um irmão chamado Mbaye. Foi detido no dia 01 de agosto e está na prisão há seis meses", contou Khadim Gueye, 40 anos.

"A minha cabeça está noutro lugar, não sei o que dizer, não estou totalmente aliviado. O país ainda não foi libertado", declarou um detido após ser libertado, sem querer identificado.

"Vieram apenas dizer-nos para sairmos", disse Gagné Demba Gueye, 32 anos. "Somos uma moeda de troca, estão a tirar-nos de lá em troca da estabilidade do país", afirmou Gueye, que tinha no pulso uma pulseira com as cores do Pastef.

Desde o início da semana, tem-se falado da possibilidade de uma amnistia que poderia ser discutida pelo Conselho de Ministros, mas não foi feito qualquer anúncio nesse sentido.

O anúncio de Macky Sall de que as eleições presidenciais seriam adiadas a três semanas do fim do mandato provocou protestos num país conhecido pela sua estabilidade, numa região afetada por um número crescente de golpes de Estado.



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